Desde março de 2019 o Espaço Socialista e o Movimento de Organização Socialista se fundiram em uma só organização, a Emancipação Socialista. Não deixe de ler o nosso Manifesto!

Boletim 18 – Moção de solidariedade ao Companheiro Didi

Moção de Solidariedade ao Companheiro DIDI e de Repúdio à Direção da Nossa Caixa e ao Governo Serra

O ataque contra um trabalhador é ataque contra a Classe trabalhadora.

O ataque contra uma liderança da classe, é um ataque contra o movimento, numa clara tentativa de desestabilizar e acuar o movimento.

O companheiro Didi, valoroso lutador do movimento nacional de oposição bancária (MNOB) foi vítima de uma ilegalidade, uma arbitrariedade, uma afronta à estabilidade sindical e ao direito de organização. Além disso, um ataque à luta dos trabalhadores, em especial, dos trabalhadores organizados do funcionalismo público.

Os Governos Lula/Serra têm a política de atacar os setores mais organizados da classe para desestabilizá-los e assim, com mais facilidade, implantar as "Reformas" Neoliberais, em especial a "Reforma" Previdenciária, que de positivo não têm nada, apenas ataque puro e simples aos direitos conquistados às duras penas pela Classe trabalhadora. Atacam o trabalho, para prestigiar o capital. É tarefa de todos os trabalhadores defender o companheiro Didi, e todo e qualquer trabalhador ou trabalhadora contra esses ataques e arbitrariedades.

A Nossa Caixa é patrimônio público, que deveria servir à população, com serviços de qualidade, empréstimos com taxas básicas e tarifas sociais. No entanto, o que temos visto nos últimos anos é o sucateamento dos serviços, vendas casadas, taxas abusivas, e imensas filas causadas pela falta de funcionários. As demissões de ativistas, junto com a demissão de trabalhadores mais antigo, têm o claro objetivo de criar condições para privatizar a Nossa Caixa. Às custas do mau atendimento, da precarização dos serviços e da demissão de trabalhadores, querem "sanear" a Nossa Caixa (sic) para entregá-la de mão beijada para algum outro banco maior aumentar seus lucros.

Por isso, exigimos:

  • A Readmissão imediata do companheiro Didi, e o reconhecimento da ilegalidade cometida;
  • O Reconhecimento da estabilidade de emprego para qualquer trabalhador(a) lutador(a), independente de seu vínculo orgânico ao sindicato da categoria.
  • Que os bancos públicos cumpram a função social a que lhes obriga a Constituição do País, com serviços de qualidade, com taxas mínimas e tarifas sociais.

Espaço Socialista

São Bernardo do Campo, 22 de maio de 2008.

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Boletim 17 – Contra o PAC e as reformas – apresentar um projeto socialista alternativo

Boletim 17 – Contribuição para o encontro nacional contra as reformas

Contra o PAC e as Reformas, apresentar um Projeto Socialista Alternativo!

O governo Lula pretende realizar um grande ataque contra a classe trabalhadora, através do PAC e das reformas. A burguesia de modo geral está de acordo quanto ao projeto das reformas, apesar de algumas divergências quanto aos ritmos em que será implantado. Essas divergências superficiais, que se manifestaram na disputa eleitoral de 2006, dizem respeito também às fatias do bolo da corrupção que caberão a cada grupo no loteamento do poder. A burocracia do PT está determinada a cumprir o projeto da burguesia e para isso se associa aos setores mais corruptos dos partidos burgueses, além de controlar de modo stalinista as principais organizações sindicais e populares para impedir a resistência. Para a classe trabalhadora a única alternativa capaz de barrar as reformas é organizar-se e priorizar as lutas diretas para além dos meios parlamentares e dos organismos burocratizados.

Nesse sentido, a realização de um Encontro Nacional para lançar uma campanha de luta contra as reformas, unificando diversos movimentos sociais e forças políticas, constitui um fato bastante positivo e pode fazer peso na conjuntura. A busca de unidade entre as forças de esquerda é uma necessidade real da classe trabalhadora e é amplamente desejada pela vanguarda e pelos ativistas.

As tarefas centrais deste Encontro devem ser a preparação e a organização das lutas contra o PAC e as Reformas, e a aprovação de um Programa Mínimo Alternativo.

As mentiras e a verdade sobre as reformas

Os meios de comunicação, TVs, jornais e revistas, pagos para divulgar os interesses da burguesia, querem convencer a população de que o crescimento é a solução para todos os problemas do país. Mas quando falam em crescimento, na verdade querem dizer aumento do lucro dos empresários, o que não tem nada a ver com a melhoria das condições de vida da maioria da população. A Volks aumentou sua produção, teve lucros bilionários em 2006 e ainda assim está demitindo milhares de operários. Esse tipo de crescimento não interessa aos trabalhadores. Do mesmo modo, não nos interessam as reformas que estão sendo propostas para alavancar o crescimento. Todos os pretextos e justificativas para essas reformas são mentiras inventadas para enredar os trabalhadores numa armadilha, querendo fazê-los crer que as alternativas da burguesia são as únicas possíveis.

Os interesses por trás dessas falsas justificativas precisam ser desmascarados. As reformas foram pensadas de acordo com a lógica da burguesia e só vão gerar mais desemprego e miséria. Os trabalhadores precisam escapar da armadilha ideológica da burguesia e lutar por seus direitos e reivindicações.

Lançar um movimento nacional contra as reformas

Defendemos que este Encontro forme um amplo Fórum Nacional Contra as Reformas, que deve se propor as seguintes medidas:

  • Multiplicar os Encontros contra as reformas em todas as regiões do país, organizando as entidades e movimentos sociais em cada Estado e em cada cidade.
  • Publicar um boletim contra as reformas para ampla agitação entre as massas.
  • Impulsionar a formação de comitês locais contra as reformas, por local de trabalho, de estudo e de moradia, como forma de enraizar e estruturar o movimento pela base.
  • O papel das organizações políticas que se colocam no campo da classe trabalhadora é fundamental para impulsionar qualquer processo de luta. Mas a condição para o sucesso é a mobilização das massas desde a base, de modo que os trabalhadores possam controlar democraticamente as lutas e tornar-se os sujeitos de sua emancipação.

Disputa ideológica e projeto estratégico

Apesar de pressentirem que as reformas da burguesia lhe serão prejudiciais e desejarem uma alternativa, os mais amplos setores da classe trabalhadora permanecem desmobilizados, porque não vislumbram outro projeto capaz de ultrapassar as restrições que a ordem capitalista impõe.

Esse problema é realimentado todos os dias pela mídia burguesa mas também pela ação das direções burocráticas como a CUT, Força Sindical, UNE, UBES, PT, PC do B… Essas direções reproduzem de outra forma o mesmo discurso da burguesia de que não há alternativa, portanto, temos que nos adaptar ao capitalismo.

É justamente essa alternativa que é preciso resgatar, para construir um movimento de luta que conheça seus meios e seus fins.

As forças de esquerda têm o dever de impulsionar a organização da classe trabalhadora para lutar. Mas na etapa atual do capitalismo, a cada dia se torna mais difícil manter as conquistas existentes, que dirá obter outras. O sistema chegou a seus limites estruturais, o que não lhe permite oferecer concessões significativas aos trabalhadores. Ao contrário, precisa retomar os direitos conquistados antes. Coloca-se a questão de superar essa sociedade. Por isso torna-se necessário oferecer um horizonte mais amplo do que a simples negação do projeto da burguesia. Os trabalhadores precisam compreender que devem lutar não apenas contra as reformas, o governo, ou um determinado patrão, mas por uma solução abrangente e definitiva para seus problemas: o socialismo.

Somente a retomada do projeto socialista pode oferecer a perspectiva de uma alternativa global para os problemas da classe e da humanidade. Uma sociedade em que os trabalhadores detenham a propriedade coletiva dos meios de produção, controlando todos os aspectos da economia, da política e da cultura, sendo senhores de nossas próprias vidas. É esse projeto que precisa ser recolocado em discussão e reconstruído na prática.

Reconstruir a perspectiva socialista requer um imenso esforço e combinação entre atuação prática e disputa ideológica. Infelizmente, a maioria da esquerda tem desprezado a disputa ideológica sobre a consciência dos trabalhadores em função de pressões imediatistas, de sua adaptação aos aparatos sindicais e ou eleitorais o que tem atrasado o desenvolvimento da consciência e da luta dos trabalhadores. é preciso corrigir essa defasagem para qualificar nossa intervenção junto aos trabalhadores.

Propostas para um programa socialista dos trabalhadores

Para enfrentar os ataques do governo Lula e da burguesia e combater a catástrofe social do sistema capitalista, os trabalhadores precisam impor sua própria lógica, através da sua luta, sua organização, sua consciência de classe e seu programa. Propomos a seguir alguns pontos de programa para superar a barbárie capitalista que avança sobre o país:

  • Não pagamento da dívida pública, interna e externa, e investimento desse dinheiro num programa de obras e serviços públicos sob controle dos trabalhadores, para gerar empregos e melhorar as condições imediatas de saúde, educação, moradia, transporte, cultura e lazer.
  • Redução da jornada de trabalho para 30 horas semanais, sem redução do salário.
  • Carteira de trabalho e direitos trabalhistas para todos, em todos os ramos da economia, da cidade e do campo; fim das terceirizações e do trabalho precário.
  • Salário mínimo do DIEESE (R$ 1.564,52) para toda a classe trabalhadora
  • Reestatização das empresas privatizadas, sob controle dos trabalhadores, com reintegração dos demitidos.
  • Estatização do sistema financeiro sob controle dos trabalhadores.
  • Reforma agrária sob controle dos trabalhadores, fim do latifúndio, por uma agricultura coletiva, orgânica e ecológica voltada para as necessidades da classe trabalhadora.
  • Por um governo socialista dos trabalhadores baseado em suas organizações de luta.
  • Por uma sociedade socialista.
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Boletim 16 – 8 de março – Dia internacional de luta das mulheres

8 DE MARÇO – DIA INTERNACIONAL DE LUTA DAS MULHERES

CONTRA O SISTEMA CAPITALISTA E SEUS REPRESENTANTES!

 

O ESGOTAMENTO DO PROJETO IMPERIALISTA

 

George W. Bush, líder máximo do imperialismo no planeta, vem ao Brasil num momento em que seu projeto de hegemonia global demonstra vários sinais de esgotamento. No Oriente Médio a resistência afegã e iraquiana continua impondo perdas humanas, materiais e financeiras ao exército imperialista de ocupação liderado pelos EUA e aos seus governos títeres, o que origina um forte desgaste político. Do mesmo modo, o fracasso de Israel em destruir a resistência do Hezbollá no Líbano paralisou o governo sionista, braço armado dos EUA na região. Nesse contexto, o partido de Bush perdeu para os democratas o controle do Congresso estadunidense e vê crescer a resistência também na América Latina contra seu projeto de dominação e superexploração.

 

 

O VERDADEIRO PAPEL DE BUSH

 

Bush representa o autoritarismo, a ignorância, a ganância, a corrupção, o vício, o que faz com que as massas em todo mundo o odeiem. Porém mais do que simplesmente uma pessoa detestável, Bush é na verdade o representante máximo do sistema capitalista mundial. Mesmo politicamente enfraquecido, continua sendo o principal agente do imperialismo. Apesar de pequenas diferenças com outras potências, fala e age em nome das transnacionais, dos especuladores, da burguesia e das burocracias opressoras em todos os países.

 

A OBEDIÊNCIA DE LULA

 

É na condição de fiscal do imperialismo que Bush vem à América Latina, começando sua visita pelo Brasil, onde sabe que pode contar com um aliado fiel na figura de Lula. Há países no continente em que Bush não se atreve a pisar, mas aqui ele sabe que será muito bem recebido por seu “companheiro”. O governo brasileiro tem sido um dos mais submissos do continente: remunerando os especuladores com os fartos juros dos títulos da dívida, abrindo seu mercado interno, facilitando a ação das transnacionais e sua exploração dos recursos naturais e do povo brasileiro, massacrando o povo do Haiti no vergonhoso papel de tropa de ocupação terceirizada, etc.

 

O PERIGO DAS REFORMAS

 

Apesar de toda a submissão já demonstrada pelo governo Lula, o capital quer mais o capital quer mais. Bush vem ao Brasil para impor a aceleração das Reformas, como a da previdência, a sindical e trabalhista, a universitária; bem como as medidas de contenção de gastos sociais do Estado. Essas reformas são tidas como necessárias para a lucratividade dos negócios da burguesia nacional e internacional, mas trarão ainda mais desemprego e miséria para os trabalhadores e trabalhadoras. Lula está totalmente comprometido com esse projeto e vai bater continência para o chefe em visita ao Brasil, mostrando como o capital está sendo bem servido por medidas como o PAC e como o povo brasileiro está exemplarmente “sob controle”.

 

AS REFORMAS NA VIDA DAS MULHERES

 

Essas medidas de contenção de gastos atingem profundamente as mulheres da classe trabalhadora. As propostas de aumento do tempo de trabalho para a aposentaria, de não investimento nos serviços públicos, de diminuição dos direitos referentes à licença maternidade, a falta de investimento para garantir o cumprimento da Lei Maria da Penha agregadas aos baixos salários, empregos precarizados, e dupla jornada de trabalho aumentam ainda mais a violência que nos cercam.

 

 

SINDICATO É PARA LUTAR

 

Enquanto uma parcela dos trabalhadores e trabalhadoras luta contra o PAC e a reformas, alguns sindicatos colaboram com Lula freando mobilizações, greves, fechando portas para desempregad@s e permitindo que a patronal destrua a organização nos locais de trabalho. Além disso, nas categorias que possuem um número elevado de mulheres, alguns sindicatos têm promovido as Semanas da Beleza contribuindo para o estelionato dermatológico. Cruzam os braços para os verdadeiros ataques à auto-estima da mulher trabalhadora, isto é, a opressão, carga elevada de trabalho, baixos salários, exigência para que realize o trabalho doméstico e o pouco tempo dedicado ao estudo, ao descanso e ao prazer.

 

A NECESSIDADE DE ORGANIZAR A RESISTÊNCIA

 

A caravana de Bush vai passar, mas os planos do imperialismo ficarão, por isso é importante lutar. No dia 25 de Março se realizará em São Paulo, no Ibirapuera, um Encontro Nacional para organizar a luta contra as reformas sendo convocado por várias entidades como CONLUTAS, Intersindical, MTL e Pastorais Sociais. Será fundamental para construir um movimento unitário da classe trabalhadora  contra o projeto do capital. Diante do ataque às condições de vida da população, os trabalhadores             e trabalhadoras só podem contar com suas próprias forças e sua organização para reverter a situação de miséria, retrocesso social e para avançar em suas reivindicações. É preciso enfrentar e quebrar a lógica capitalista,  que se baseia no lucro e na exploração, ao invés de levar em conta as necessidades da sociedade. Esta é a única forma de resolver os problemas sociais, de gênero e ambientais que o país e o mundo enfrentam. 

 

 

POR UM PROGRAMA SOCIALISTA DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS!

 

– Fora os EUA do Iraque e do Afeganistão! Fora as Tropas brasileiras do Haiti! Não às sanções ou agressões ao Irã e à Coréia do Norte! Fim da ocupação da Palestina, fim do Estado de Israel! Por uma República Palestina unitária, laica, socialista!

– Não ao PAC e às Reformas do governo Lula a serviço do capital e do imperialismo!

– Não pagamento das Dívida Externa e Interna! Investimento do dinheiro dos juros (240 bilhões de reais previstos  em 2007) em um Plano de Obras e Serviço Públicos sob controle dos trabalhadores!

– Reestatização, sob controle dos trabalhadores, das empresas privatizadas, com readmissão dos demitidos!

– Reforma Agrária e Expropriação do agronegócio, sob controle dos trabalhadores!

– Redução da Jornada de Trabalho sem redução dos salários para 36 horas ou menos com cotas proporcionais para negros e negras, para combater de fato o desemprego! Obrigatoriedade do registro em carteira e direitos trabalhistas a todos os trabalhadores! Reposição das perdas salariais e salário Mínimo do DIEESE (R$ 1564,52)!

– Fim da dupla jornada e por mais tempo livre dos trabalhos domésticos! Creches públicas, gratuitas e com qualidade nos locais de trabalho e ensino ou imediato Auxílio Babá!

– Licença gestante de 6 meses. Redução da jornada, após a volta ao trabalho, até a criança completar  2,6 anos!

– Não à ditadura do parto normal na rede pública e do parto cesariana nos hospitais particulares!

– Apoio psicológico e políticas de inclusão ou recolocação no mercado de trabalho para as mulheres vítimas de violência doméstica! Que o alcoolismo e a dependência química sejam tratados como problemas de saúde pública tendo garantido o tratamento pelo SUS e planos de saúde!

– Por um programa específico para a saúde dos trabalhadores e trabalhadoras negras;

– Campanha massiva de orientação sexual e prevenção; distribuição gratuita e sistemática de preservativos masculinos e femininos, pílulas e injeções anticoncepcionais e do dia seguinte; descriminalização e legalização do aborto! Contra todo tipo de preconceito e discriminação! Pelo reconhecimento da união civil homossexual!

– Por uma sexualidade livre dos preconceitos religiosos, de raça, de orientação sexual e não submetida às imposições do capital!

– Por um governo socialista dos trabalhadores e trabalhadoras e suas organizações de luta! Por uma sociedade socialista!

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Boletim 13 – Bancos lucram bilhões… e para o bancário… nada

BANCOS LUCRAM BILHÕES… E PARA O BANCÁRIO… NADA

 



Em um país no qual milhões de pessoas estão submetidas à miséria, ao desemprego, aos péssimos salários, os banqueiros lucram bilhões (lucratividade média de 40%). A cada ano seus lucros aumentam às custas da exploração dos trabalhadores bancários e também às custas da população com a cobrança de taxas caras e absurdas. No entanto, no momento da campanha salarial, os banqueiros têm a cara de pau de oferecer 0%. Isso não nos causa nenhuma estranheza, pois os capitalistas acumulam suas fortunas pela apropriação do trabalho alheio. Nós trabalhamos e eles ficam ricos. A história tem demonstrado que os interesses dos trabalhadores e dos patrões são opostos.

Mas, não são só os bancos privados que têm provocado os trabalhadores, pois os bancos públicos (BB, CEF, etc), apesar da lucratividade superior a dos privados, vão no rastro dos privados e apresentam a mesma proposta. Essa situação é muito grave porque parte importante do lucro desses bancos vai para o Tesouro Nacional e para o pagamento das dívidas externa e interna.

A primeira conclusão importante é que tanto os bancos públicos como os privados estão juntos nesse ataque aos trabalhadores.



 

APESAR DOS BANQUEIROS, DOS SINDICATOS, DO GOVERNO, DA CUT, OS BANCÁRIOS RESISTEM E PODEM VENCER

 



Em uma atitude histórica e heróica os trabalhadores bancários do país responderam à provocação dos banqueiros e saíram à greve. O ato heróico dos bancários ganha em tamanho porque também teve que passar por cima das diretorias sindicais ligadas à CONTRAF/CUT, que fizeram de tudo para que a greve não saísse e não prejudicasse o seu candidato a presidente. A direção sindical vinha apostando erroneamente nas negociações (foram 5 reuniões sem que os banqueiros saíssem do 0%).

Em muitos Estados, bancários deixaram para trás os dirigentes sindicais e impuseram a greve. A partir da paralisação dos trabalhadores em vários estados, os banqueiros foram obrigados a apresentar outra proposta (ainda muito ridícula) de 2,85%. Essa é a prova de que só uma luta forte e nacional que envolva trabalhadores de bancos públicos e privados pode dobrar os banqueiros sanguessugas. Essa campanha salarial tem demonstrado que só a luta pode fazer com que nossas reivindicações sejam atendidas.

Em São Paulo a traição foi ainda mais criminosa porque, como já dissemos, o sindicato apostou nas negociações e deixou os bancários do restante do país – que já estavam em greve por tempo indeterminado há mais de 10 dias – isolados em sua luta. O centro financeiro do país somente entrou em greve depois de vários dias de paralisação no restante do país.

A direção do sindicato de SP mais parece representar os banqueiros do que os bancários, ou seja, com uma direção sindical dessas os patrões deitam e rolam.



 

 

AMPLIAR A GREVE PARA TODOS OS BANCOS – PRIVADOS E PÚBLICOS – DE TODAS AS REGIÕES

 



Todos sabemos da teimosia e insensibilidade dos banqueiros. Se não for por pressão e mobilização eles não vão ceder. Negociação sem mobilização não dá em nada.

Como parte da traição da direção do sindicato, os bancários dos bancos privados estão abandonados à própria sorte. Uma greve bancária, para demonstrar a sua força, não pode deixar ileso o coração financeiro do país que é a Avenida Paulista, onde se localizam muitas concentrações importantes e sedes de bancos que têm funcionado normalmente.

Para incorporar os companheiros dos bancos privados é necessário a organização de piquetes e passeatas nas agências desses bancos e a formação de comandos de greve pela base, possibilitando a participação de trabalhadores nesses comandos. É preciso criar uma política para os bancos privados, levando em consideração todas as suas debilidades no que diz respeito à possibilidade de mobilização interna. É preciso colocar em pauta o direito à estabilidade no emprego, que é na verdade a pedra fundamental para fortalecer a atuação concreta desses trabalhadores e para que a luta da categoria siga, de fato, unificada.



 

CONSTRUIR UMA OPOSIÇÃO FORTE E DEMOCRÁTICA

 



Para que essa e outras lutas sejam vitoriosas a organização da Oposição Bancária (MNOB) é fundamental. A existência de sindicatos comandados por diretorias ligadas à CUT é um entrave às nossas lutas. Em toda greve se repete sempre a mesma situação: temos que enfrentar o governo, os banqueiros e também os sindicatos cutistas, ou seja, até aqueles que supostamente deveriam estar do nosso lado, isto é, os dirigentes sindicais estão do outro lado da trincheira.

Mas é necessário aperfeiçoar o funcionamento da Oposição. As decisões devem ser tomadas pelo conjunto dos seus membros, sem monopólio de nenhum grupo. É preciso que os interesses do movimento de conjunto estejam acima dos interesses particulares de cada grupo/partido. Essa é uma lição que temos que tirar dessa experiência da luta da categoria com suas atuais direções burocráticas cutistas. Ou seja, precisamos apresentar formas alternativas de organização e de decisão pela base. Temos que apresentar a Oposição como alternativa de direção à categoria não só nos momentos de greve, mas durante todos os enfrentamentos cotidianos.

É preciso que a Oposição seja não apenas um grupo que se coloca contra a direção do sindicato, mas que seja de fato diferente da direção cutista. Precisamos de uma Oposição democrática, aberta a todos os trabalhadores bancários, sejam eles independentes ou organizados em tendências.

Por isso, venha ajudar a construir a Oposição Bancária (MNOB), formado por trabalhadores como você: que não têm rabo preso com os patrões nem  com o governo. Em 2004, a Oposição ajudou à construir a greve vitoriosa de trinta dias que o governo, a CUT  e os banqueiros tentaram nos derrotar e que nesse momento joga suas forças para impulsionar um COMANDO NACIONAL DE BASE, que coloque os interesses dos bancários em primeiro lugar construindo e fortalecendo uma greve nacional unificada dos bancários de todo o país.

Nós, militantes do Espaço Socialista, pensamos que essa é uma das muitas formas da Oposição contribuir com a luta dos bancários.



 

CONSTRUIR UMA ALTERNATIVA SOCIALISTA

 



Somos uma organização socialista que luta contra o capitalismo e todas as suas formas de exploração e opressão (como o machismo, o racismo, homofobia, etc). Lutamos contra a propriedade privada, construída graças a apropriação daquilo que os trabalhadores produzem, ou seja, construímos casas e moramos na favela ou nos cortiços, construímos carros e andamos nos ônibus lotados e inseguros, enfim, nada daquilo que produzimos pode ser utilizado para a sociedade. A nossa categoria é um bom exemplo de como é o capitalismo: milhões nada têm e poucos detêm a riqueza produzida.

Também lutamos pela estatização de todo o sistema financeiro com controle dos trabalhadores, de forma que possamos financiar a pequenas taxas de juros a construção de casas para os trabalhadores, escolas, hospitais, etc. Mas para isso é necessário derrotar os capitalistas que nunca vão querer largar esse filé.



 



VOTO NULO NELES!



 



No 2º turno dessa eleição também defendemos o VOTO NULO porque os dois candidatos já deram mostras que governam para os ricos e banqueiros. Para os pobres sobram as migalhas, como bolsa-escola e outros tantos programas assistenciais.

A burguesia está muito bem servida nessas eleições. De um lado, ela tem Alckmin, o candidato Daslu/Opus Dei, com um programa neoliberal agressivo. Do outro, ela tem Lula, o operário padrão do imperialismo, que também implanta o neoliberalismo (vide reforma da previdência). Outro importante serviço que Lula presta aos patrões (industriais e banqueiros) é o controle sobre as organizações do movimento social (CUT, UNE, MST, etc.). Não dá para escolher entre o ruim e o pior. Na realidade, não há voto útil.

Só a luta muda a vida! Lutar é preciso, votar não é preciso! Nossos sonhos não cabem nas urnas!

Se você quer conhecer o conjunto das nossas propostas entre em contato com o ESPAÇO SOCIALISTA.

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Boletim 12 – Todos juntos na luta pelo passe livre

Boletim Nº 12 – Outubro de 2006.

TODOS JUNTOS NA LUTA PELO PASSE LIVRE!

 

A luta pelo Passe Livre cresce em todas as capitais e grandes cidades. Com esse Encontro vamos dar mais um passo para enfrentar as empresas de transporte do ABC e as prefeituras que lhes dão cobertura nos aumentos de passagens, ônibus lotados e atrasados.

É fundamental construirmos a mobilização nas escolas e nos bairros. Todo estudante e todo desempregado deve saber da Luta pelo Passe Livre e suas propostas.  

Nós do Espaço Socialista, propomos que se aprovem as bandeiras de luta e um calendário de ações na Semana Nacional de Luta Pelo Passe Livre de outubro, com atividades nas escolas e manifestações de rua. Não podemos sossegar até conseguirmos nosso objetivo!

Passe Livre para todos os estudantes e desempregados!

– Estatização do sistema de transporte no ABC e sua colocação sob controle social dos trabalhadores dessas empresas, sindicatos, associações de bairro e dos estudantes.

– Abertura da contabilidade dessas empresas para que se saiba quais são realmente os custos do transporte na região.

– Redução do preço da passagem de ônibus ao seu valor de custo, sem fins lucrativos.    

 

NO SEGUNDO TURNO, NEM LULA, NEM ALCKIMIN! VOTE NULO E VAMOS À LUTA !

Lula e Alckimin representam o mesmo projeto de ataques às condições de vida e de ensino dos estudantes e dos trabalhadores. Ambos querem fazer a Reforma Trabalhista, que pretende acabar com os direitos trabalhistas e a Reforma Previdenciária que pretende aumentar ainda mais o tempo de trabalho para se aposentar.  Ambos estão comprometidos com o FMI, com os grandes empresários e banqueiros. Portanto quanto menos votos tiverem, menos força terão para nos atacar. A única saída é apostarmos em nossas própria luta e organização. É hora de retomarmos o movimento estudantil!      

Aumento das vagas nas universidades públicas e cursos técnicos. Ao invés do PROUNI dar dinheiro para as Universidades Particulares caras e de baixa qualidade, que se abram mais vagas nas universidades públicas já existentes.

– As Vagas nas Universidades Públicas devem ser principalmente para os alunos de escolas públicas.

– Por uma Universidade Pública do ABC que atenda as necessidades dos trabalhadores e da população da região e não os lucros das empresas. Além dos cursos tecnológicos é preciso criar  muitos outros como medicina, enfermagem, meio ambiente, jornalismo, geografia, letras, filosofia, sociologia, etc.

– Reparar a injustiça da escravidão e do racismo. Cotas nas Universidades de acordo com o percentual de negros da região.

– Que as universidades particulares sejam estatizadas e transformadas em Universidades Públicas e Gratuitas.

– Para se ter o dinheiro para aplicar essas medidas, que se aumente o IPTU dos ricos da região, se cortem os salários abusivos dos políticos e cargos de confiança das prefeituras e se deixe de pagar os juros das dívidas das prefeituras aos banqueiros.

– Em nível nacional, Não pagamento das dívidas externa e interna ao FMI e grandes agiotas financeiros. Essa Dívida já foi paga. Aplicação desse dinheiro (200 bilhões de reais/ano) nos serviços públicos como saúde, educação, transporte, lazer, moradia e cultura .

 

NÃO À SUPER-EXPLORAÇÃO! EMPREGOS E SALÁRIOS DIGNOS!

– Com o avanço cada vez maior da tecnologia, a única forma de combater de fato o desemprego é a redução em todo o país da jornada de trabalho para 35 h semanais (hoje são 44 h) ou menos, sem redução dos salários. Isso permitiria manter os empregos atuais e ainda gerar milhões de vagas qualificadas e não bicos, para os jovens que estão atingindo a idade de trabalhar. A tecnologia tem que servir para melhorar a sociedade e não para gerar mais desemprego, miséria e criminalidade. 

– Cotas para negros nos concursos públicos e demais empregos de acordo com o percentual da região.

– Salário Mínimo do DIEESE – 1800,00.

– Por um poder das organizações dos trabalhadores e da juventude que reorganize a sociedade através de decisões realmente democráticas.

 

ABAIXO O CAPITALISMO. POR UMA SOCIEDADE SOCIALISTA!

O capitalismo é um sistema desumano por natureza. Sua única preocupação é o lucro. Por isso a sociedade é tão injusta e desorganizada, piorando a cada dia.

Por um lado temos tudo que é preciso para vivermos bem como máquinas e robôs, avanços da medicina e da comunicação. Mas no capitalismo, esses avanços não são usados para melhorar a vida das pessoas e sim para gerar cada vez mais lucros, num ciclo sem fim que está levando a sociedade e a natureza à destruição.

A juventude precisa lutar por uma outra sociedade onde as riquezas produzidas pelo ser humano sejam usadas de forma racional e democrática de acordo com as necessidades humanas e não a serviço dos lucros e do capital. Uma sociedade socialista de fato.

O Espaço Socialista é um coletivo que atua nas lutas imediatas e luta para ligá-las com o objetivo maior, acabar com toda forma de exploração e opressão. Se você simpatiza com essas propostas, conheça o Espaço Socialista.

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Boletim 11 – Todo voto é nulo

TODO VOTO É NULO!

 

            Existem três tipos de campanha pelo voto nulo. A primeira e mais disseminada nas eleições de 2006 é a dos setores que estão “decepcionados” com o governo Lula, acham que “os políticos são todos iguais”, pensam que “nada nunca muda mesmo” e que “a política não vale à pena”. A segunda e mais tradicional é a dos anarquistas e ultra-esquerdistas que consideram que em nenhuma hipótese os inimigos do sistema podem cogitar em participar das instituições. A terceira e mais difícil é a que defende o voto nulo programático, ou seja, mantendo o foco num programa socialista, considera que o mesmo não se encontra presente nas atuais eleições e portanto não endossa nenhuma das candidaturas em disputa. É neste terceiro tipo de campanha que nos engajamos.

            Ao dizermos que o programa socialista não está presente nas eleições, isso significa que nos colocamos em uma polêmica direta com os agrupamentos que compõem a frente de esquerda PSOL/PSTU/PCB. Esta frente teria o propósito e a missão de colocar o socialismo em discussão nas eleições. Acontece que um programa não é apenas um conjunto de princípios, ideais e palavras de ordem, mas também se materializa em atitudes práticas. A prática política da frente de esquerda não é socialista, é eleitoralista, aparatista e burocrática.

Antes mesmo de ter chances de chegar ao poder como Lula, HH atenua o discurso, se omite quanto a qualquer medida de ruptura, esconde o socialismo e se transforma em “Heleninha paz e amor”. Além disso, a frente de esquerda está se desfazendo antes mesmo de encerradas as eleições. A Intersindical, claramente impulsionada por setores do PSOL, surge com o projeto de impedir a ruptura dos sindicatos com a CUT e a sua adesão à CONLUTAS, por sua vez um projeto caro ao PSTU. Se a justificativa para a constituição da frente era a necessidade de unidade para as lutas, que é uma necessidade real da classe trabalhadora, as forças políticas que a compõem demonstram assim que não estão de fato comprometidos com ela.

            É por isso que a luta por um programa socialista não passa pela candidatura de HH e sim pelo fortalecimento das lutas imediatas em curso: contra as demissões na Volks, nas campanhas salariais como a dos bancários, na luta pelo passe livre, na luta por terra e moradia; em todos os pontos em que os interesses vitais dos trabalhadores estão confrontados com os da burguesia. É para esse cenário que voltamos as atenções, é aí que concentramos nossas forças.

Nesse sentido, a campanha pelo voto nulo programático não é exatamente uma campanha contra a frente de esquerda, pois sabe que a frente é um arranjo temporário que logo será desfeito. E que a unidade que interessa de fato é aquela que será construída pelos próprios trabalhadores em suas lutas, estejam aquelas organizações presentes ou não. A campanha pelo voto nulo programático é também, e principalmente, uma campanha contra a burguesia.

            A burguesia está muito bem servida nessas eleições. De um lado, ela tem Alckmin, o candidato Daslu/Opus Dei, com um programa neoliberal agressivo. Do outro, ela tem Lula, o operário padrão do imperialismo, que implanta o neoliberalismo com mediações. Sem Lula, a rejeição popular à FHC poderia ter resultado em mobilizações de massa, ameaçando a “estabilidade” e o regime. Com Lula no controle das organizações do movimento social (CUT, UNE, MST, Igreja, etc.), a insatisfação se transformou em esperança vaga de melhoria, inoperância prática e ausência de resistência material.

            Entretanto, uma vez utilizado Lula para desarmar o movimento social, a burguesia calculou que poderia descartá-lo. Passou então a expor o “modus operandi” da política burguesa: “mensalão”, mala preta, dólares nas cuecas, etc.; práticas que a cúpula do PT adotou com risível amadorismo. Com a exposição da corrupção, as gangues partidárias preferenciais da direita, que tradicionalmente monopolizavam o butim da corrupção, esperavam poder inviabilizar Lula para as eleições de 2006. Queriam se livrar da concorrência da camarilha sindical petista, a qual sempre foi vista como um estranho no ninho.

Essa estratégia comportava uma série de variáveis imprevisíveis, que estão se desdobrando nesse momento. De um lado, a burguesia foi bem-sucedida ao desmoralizar o PT. Com isso, não foi apenas o projeto eleitoral da camarilha de Dirceu e Cia. que saiu avariado. A própria idéia original do partido, a idéia da mobilização popular como alternativa de mudança, sofreu um duro golpe. Muitos passaram a pensar que “a esquerda também não presta”, “a esquerda também se corrompe”, etc. O maior crime de Lula e do PT está na desmoralização da esquerda inteira.

            Por outro lado, o próprio regime em si também acusou o golpe, pois aumentou a percepção de que as eleições não mudam nada e não servem para nada. Não se pode subestimar que Lula foi, para uma boa parte da população, durante duas décadas, o último cartucho, a “última esperança” de um “salvador da pátria”. Se nem mesmo Lula e o PT agiram diferentemente dos demais, o que fazer?

            Vem daí, do desencanto dos que apostavam no PT como alternativa de mudança, boa parte do voto nulo “decepcionado”.

            A grande questão é que, decepções à parte, ao contrário do que a velha direita putrefata e seus lacaios na mídia planejavam, a campanha de denúncias não foi suficiente para fazer a massa do eleitorado rejeitar Lula. A campanha de Alckmin, vulgo “picolé de chuchu”, o candidato menos carismático que se poderia inventar, claramente não decolou. Ninguém vê no PSDB, PFL e adjacências os porta-vozes autorizados da ética.

            Logo, as eleições de 2006 estão especialmente apáticas, devido à percepção generalizada de que não há alternativas reais em disputa. A eleição se transformou num ritual burocrático que não vai interferir com a realidade material. Todos têm pressa de que acabe logo, para se verem livres do horário político na televisão.

            Mas é preciso explicar ainda porque a campanha de denúncias não foi suficiente para fazer a massa rejeitar Lula. O enfrentamento que a burguesia travou com Lula em 2005 foi prematuro. De fato provocou a ruptura de um setor mais esclarecido da população com o PT, revoltados com a corrupção. Mas o fator numérico decisivo nessas eleições será o apoio de Lula entre os mais pobres. Uma revista semanal antes respeitável (Carta Capital nº. 406) estampou uma triunfante capa com a imagem de “Lula pai dos pobres”. E convenientemente esqueceu de acrescentar: “mãe dos ricos”. Bastaria perguntar aos banqueiros e especuladores que ganharam fortunas obscenas com Lula para saber para quem ele governa.

            Por que os mais pobres votam maciçamente em Lula? Por um lado, trata-se do efeito material dos diversos tipos de bolsa-esmola distribuídos nas regiões mais pobres, no pior estilo demagógico dos velhos coronéis e caciques. Antes que digam que alguém que é contra os programas assistenciais certamente não passa de “um pequeno-burguês que faz suas três refeições por dia e não sabe o que é a fome”, é preciso lembrar que, se Lula estivesse realmente interessado em governar para os pobres, o grosso do gasto público não estaria sendo desviado para os especuladores da dívida. E os pobres estariam sendo estimulados e organizados para arrancar com suas próprias mãos, em massa, a terra, a moradia, o emprego e tudo de que necessitam. Pelo contrário, estão contentes com suas esmolas, como quer a burguesia.

A luta de classes não se faz colocando o candidato dos pobres contra os dos ricos, se faz com o conteúdo programático peculiar ao caráter ontológico de cada classe. O programa da burguesia é o capitalismo e suas crises. O programa da classe trabalhadora é o socialismo. Fora disso, não há alternativas reais. Administrar o capitalismo, “democratizá-lo” ou “humanizá-lo” resulta no desastre que foi o governo Lula, a continuidade agravada da era neoliberal de FHC.

Mas mesmo fora dos setores diretamente beneficiados pelos bolsa-esmola, o apoio popular a Lula é maciço. O povo reconhece que houve corrupção, mas não reconhece à direita a prerrogativa de acusar Lula por isso. Trata-se de uma versão brasileira do “esse governo é uma m@#$%, mas é o meu governo”, que os trabalhadores chilenos diziam de Allende. O povo se conforma e se resigna com a idéia de que “todos roubam”, e de que, se é para roubar, que seja “um dos nossos”.

Portanto, salvo algum acidente de percurso muito sério e também muito improvável, Lula estará reeleito no 1º. turno. O que fazer com a indignação dos que não aceitam a corrupção, nem de Lula nem de ninguém, muito menos da turma de Alckmin, e não vêem em HH uma alternativa viável? Essa indignação primária e despolitizada, porque desprovida de conteúdo de classe, resultou na campanha pelo voto nulo dos “decepcionados”. A principal materialização dessa campanha é a corrente que circulou na internet pregando que a eleição estaria anulada se mais de 50% votassem nulo.

            Prontamente, a burguesia tratou de acabar com a festa e mobilizou um de seus esbirros, o Ministro do STF Marco Aurélio de Mello, para dar sua doutoral interpretação de que não existe a possibilidade de cancelar as eleições por meio do voto nulo. Essa interpretação está errada à luz do espírito da lei, como demonstrou o estudo do companheiro bancário e advogado Márcio Cardoso. Mas o aspecto mais importante a ser lembrado aos defensores do voto nulo “indignado” é que não é o voto em si, ou seja, a atitude de ir até as urnas e apertar um botão qualquer, e sim a atitude de ir para as ruas, que pode fazer alguma diferença.

Se as eleições fosse mudar alguma coisa, a burguesia não colocaria uma urna em cada esquina (se é que alguém acredita que o resultado que sai das urnas eletrônicas, a cujo programa ninguém tem acesso, realmente reflete o conteúdo das votações, que é impossível de ser verificado). Mesmo que fosse através de um voto nulo maciço, seria fácil demais para ser verdade.

O propósito da campanha do voto nulo programático não é cancelar a eleição com uma batelada de 50% de votos nulos (infelizmente, tal hipótese, assim como o 2º. turno, é muito improvável); ainda que seja divertidíssimo imaginar o que a burguesia faria para lidar com esse imbróglio jurídico. A questão é que a burguesia sairia do imbróglio, pois os fundamentos estruturais de seu poder material não teriam sido abalados. O propósito do voto nulo programático é organizar as forças de oposição para destruir materialmente o poder da burguesia de uma forma que jamais possa ser recuperado. Nesse sentido, o resultado da votação em si é secundário.

É por isso que todo voto é nulo, inclusive o voto nulo. A atual eleição é nula, porque é politicamente morta como alternativa real de mudança. Todo voto é nulo, seja aquele entregue a algum candidato, seja o voto em um número que não existe.

Mas os defensores da ordem não se limitam a tentar barrar preventivamente a avalanche de votos nulos indignados naturalmente esperada. Tentam ainda convencer o eleitor de que o seu voto é o responsável pela realidade do país. Inventam uma série de slogans para estimular a participação, fazendo do voto o limite máximo da cidadania, quando na verdade, trata-se de um ato de renúncia à política. Dizem que “o Brasil é tão bom quanto seu voto”, exortam o eleitor a ser “responsável” e ainda por cima passam sermão no povo, dizendo que a culpa da eleição de políticos corruptos é do eleitor.

            Como se a farsa da democracia representativa funcionasse. Como se existisse algum canal pelo qual os eleitores pudessem realmente controlar seus representantes. Como se a causa de termos um Congresso de mensaleiros e sanguessugas fosse da amnésia do eleitor, que não se lembra em quem votou. Como se o povo não fosse, no intervalo das eleições, alienado por telenovelas, futebol, programas de auditório e telejornais imbecilizantes que o impedem de pensar sobre sua realidade. Na realidade, o voto do eleitor brasileiro não conta para nada. A opinião de Wall Street sobre qual candidato é “confiável” é o que decide. De nada adianta dizer “vota Brasil!” se o mercado vota todos os dias.

Essa pérfida campanha quer que o eleitor se recolha num ato de contrição, arrependa-se do pecado de sua despolitização e volte a sonhar com um novo salvador da pátria. Quer trazer o povo de volta ao redil das ilusões na “democracia”. É por isso que o voto nulo incomoda tanto a essas vestais da ordem. Por que mostra que, na realidade, o Brasil não vota.

Na realidade, não há voto útil. Só a luta muda

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vida! Lutar é preciso, votar não é preciso! Nossos sonhos não cabem nas urnas!

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