Todo o apoio à luta dos trabalhadores da USP
No dia 5 de maio teve início a greve dos servidores técnico-administrativos da USP, categoria que reúne 15 mil trabalhadores, organizados pelo Sintusp, sindicato combativo filiado à Conlutas.
A greve faz parte da campanha salarial da categoria, que tem como principal reivindicação econômica um reajuste de cerca de 17% referente a perdas acumuladas. A greve também se faz em torno da defesa da universidade pública e da livre organização dos trabalhadores, o que se materializa em uma série de outras reivindicações:
- Fim da Univesp (Universidade Virtual do Estado de São Paulo), projeto de educação à distância, sem aulas presenciais, com o conteúdo sendo transmitido via internet. O objetivo desse projeto é fornecer uma pseudo-formação universitária de segunda linha para setores da população que não podem ingressar na Universidade, maquiando as estatísticas de ensino superior com uma falsa ampliação. Além disso, o projeto ataca a carreira docente da Universidade, pois desobriga o Estado de contratar professores na quantidade necessária para prover um ensino de qualidade.
- Aumento das verbas destinadas à manutenção da Universidade. Os governos estaduais e o governo federal têm reduzido as verbas destinadas à educação para desviar o dinheiro público para as grandes empresas capitalistas atingidas pela crise mundial.
- Fim da tentativa da reitoria da USP de obrigar cerca de 5 mil funcionários (um terço do quadro funcional) a prestar novo concurso, sob ameaça de demissão. Muitos dos servidores ameaçados já estão na Universidade há mais de vinte anos.
- Fim dos processos judiciais e multas contra o Sintusp e o DCE (Diretório Central dos Estudantes) e fim dos 50 processos administrativos e sindicâncias contra servidores e alunos. Essas medidas repressivas são uma represália ao movimento de 2007, que teve seu auge na ocupação do prédio da reitoria que reverteu os projetos do governo Serra que retiravam a autonomia financeira e administrativa da Universidade. Na ocasião, o Sintusp apoiou a luta dos estudantes. A resposta da reitoria foi a demissão ilegal do diretor da entidade, Claudionor Brandão, em 2008. Uma das pautas centrais do movimento é a reintegração de Brandão.
Desde o início da greve a reitoria se recusava a negociar com os representantes dos trabalhadores. Mas no dia 01/06 a truculência chegou ao auge com o pedido da reitora Suely Vilela de que a tropa de choque da PM invadisse o campus da Cidade Universitária para reprimir os piquetes, sobre o pretexto de supostos "danos ao patrimônio público". Trata-se de uma medida ilegal, já que o estatuto da Universidade garante a sua inviolabilidade e proibe o aparato policial de adentrar ao campus.
A invasão da PM provocou imediata reação de outros setores da comunidade acadêmica. Os docentes (que se organizam numa entidade separada, a Adusp, filiada ao Andes-Sindicato Nacional) e os estudantes realizaram um ato de protesto em conjunto no dia 02/06. Nas assembléias do dia 04/06, professores e estudantes também entraram em greve, em solidariedade aos funcionários. Trata-se de uma greve fortemente política, de apoio aos trabalhadores e de repúdio ao autoritarismo da reitoria e do governo estadual.
O governo Serra, em plena vigência da democracia burguesa, se comporta de forma tão ou mais agressiva que a ditadura militar. A última invasão da Polícia na USP, para reprimir a greve dos funcionários ocorreu há 30 anos, em plena ditadura militar, quando se iniciava a organização popular do movimento contra a ditadura. Em 2007, com a reitoria ocupada pelos estudantes, o governo Serra não se atreveu a enviar a polícia ao campus.
Agora, em 2009, o movimento dos trabalhadores, estudantes e professores se choca frontalmente contra a política de Serra e Lula de destruição da educação pública, sucateamento dos serviços públicos em geral, arrocho salarial dos servidores. Essa política é central tanto para o PSDB como para o PT, pois trata- se de um projeto da burguesia brasileira e mundial, que visa esvaziar as funções do Estado e desviar os recursos públicos para o socorro ao capital, seriamente ameaçado pela crise estrutural.
Devido à sua importância, o movimento está sendo duramente atacado, o que demonstra a disposição da burguesia de usar a força para reprimir movimentos que contestem os aspectos centrais de sua política. A imprensa burguesa, por sua vez, cumpre mais uma vez o papel nefasto de desinformar a população e apresentar os setores em luta como "vândalos, arruaceiros, bandidos", tentando colocar a opinião pública contra o movimento.
Por fim, no dia 09/06, um ato conjunto de trabalhadores, estudantes e professores, com apoio de caravanas de outros campi e de representantes de outras entidades, visando forçar a reabertura das negociações, foi alvo de uma violenta repressão da polícia. Cenas de guerra foram vistas no campus da USP, com uso de bombas de gás lacrimogêneo, bombas de efeito moral, espancamento e prisão de manifestantes, entre os quais Claudionor Brandão.
O Espaço Socialista se solidariza com a luta de trabalhadores, estudantes e professores e colocará todas as suas forças numa campanha de apoio à greve e às suas reivindicações.
Também estamos impulsionando uma campanha de apoio, com abaixo assinado em outras categorias, panfletagens, atos e reuniões de solidariedade, moções, etc.
- Fora a Polícia Militar do campus!
- Fora Suely Vilela, Paulo Renato, serra e seu autoritarismo!
- Não à Univesp e à precarização da formação universitária!
- Pela revogação de todos os processos administrativos e judiciais envolvendo lideranças do movimento!
- Pela reintegração de todas as lideranças do movimento, incluindo o diretor do SINTUSP, Claudionor Brandão!
- Fora as fundações privadas, que se aproveitam da estrutura da universidade como balcão de negócios!
- Por uma universidade pública, gratuita e de qualidade para todos