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A revolução dos “jacobinos negros” no Haiti

A revolução dos "jacobinos negros" no Haiti

É parte fundamental da luta dos trabalhadores negros a tarefa de reconstituir a história de resistência contra os séculos de escravidão, exploração e opressão. Ao contrário do que é normalmente veiculado, os negros jamais aceitaram passivamente o processo de serem raptados na África, vendidos como escravos, tratados como animais e explorados durante séculos nas Américas. Inúmeras formas de resistência foram praticadas, desde as saídas individuais desesperadas, como os suicídios, fugas, assassinato de capatazes, senhores e autoridades, saídas "por dentro do sistema" como a compra da liberdade através de cartas de alforria, até as formas coletivas, como as rebeliões, fugas em massa, quilombos e a revivescência das religiões, dos costumes e da cultura africanas.

No Brasil subsistem inúmeras comunidades de remanescentes quilombolas, herdeiros da resistência de seus ancestrais contra a escravidão. O mais famoso episódio de resistência contra a escravidão e também o mais atípico dos quilombos, pelo seu tamanho, longa duração e heroísmo de sua guerra contra os escravistas, foi o quilombo dos Palmares (1597-1695), cuja memória do principal líder, Zumbi, é celebrada no dia 20 de Novembro, dia nacional da consciência negra.

Fora do Brasil, um dos mais marcantes episódios da luta dos negros foi a revolução haitiana. O jornalista e militante negro Cyril Lionel Robert James (1901-1989), nascido no Caribe e tendo vivido a maior parte na Inglaterra e Estados Unidos, publicou em 1938 um clássico da historiografia marxista intitulado "Os Jacobinos Negros", que narra a história da luta dos negros haitianos contra a escravidão e o domínio colonial e a trajetória de seus principais líderes. A obra de C.L.R. James faz uma análise rigorosamente marxista e científica das classes e frações de classes da sociedade haitiana, suas aspirações e ideologias, e suas relações com o mundo colonial, no momento em que o capitalismo experimentava a Revolução Industrial na Inglaterra e a Revolução Francesa.

Breve história do Haiti

O Haiti se localiza na parte ocidental da ilha de São Domingos (inicialmente batizada de Hispaniola por Colombo), com uma área territorial coincidentemente quase idêntica ao do Estado de Alagoas, em que existiu o quilombo de Palmares. A parte oriental forma a República Dominicana. A ilha de São Domingos foi inicialmente uma colônia espanhola, onde já em 1560, no primeiro engenho de cana de açúcar, de propriedade do governador Diego Colombo, filho do navegador, aconteceu a primeira revolta de escravos. Depois do massacre dos povos originários, de etnia arauaque e taino, as mesmas que habitavam o restante das ilhas do mar do Caribe, estabeleceu-se uma próspera colônia de "plantation", especializada na produção de cana de açúcar, com base no trabalho escravo de negros africanos.

Em fins do século XVII, piratas franceses, em sua maioria originários da região da Normandia, começam a se estabelecer na parte ocidental de São Domingos, a partir de suas bases na lendária ilha de Tortuga, espécie de capital da pirataria no Atlântico. A língua hoje falada no Haiti, o "créole", tem origem em grande parte no dialeto normando. Em 1697 foi assinado um tratado entre as coroas da Espanha e da França, reconhecendo a soberania dos franceses sobre o território que mais tarde constituiria o Haiti.

Ao longo do século XVIII a riqueza da colônia francesa cresce enormemente, a ponto de se tornar responsável por dois terços do comércio exterior francês. Os proprietários de São Domingos acumulam uma riqueza gigantesca, comparável a dos nobres na metrópole. Por volta da década de 1790, a colônia francesa contava com uma população de cerca de 500 mil escravos negros, contra pouco mais de 30 mil brancos. Havia também alguns milhares de negros libertos, mulatos e mestiços, que chegaram a gozar dos direitos de homens livres, e também do direito de possuir por sua vez propriedades e escravos. Quando eclode a Revolução em 1789, os proprietários na colônia, brancos e mulatos, vêem a oportunidade da independência em relação ao domínio francês. Entretanto, os escravos tinham outros planos…

A revolta dos escravos e seus líderes

Um dos traços característicos do regime escravista na São Domingos francesa era a crueldade, traço bastante ressaltado por James. Os constantes abusos, maus-tratos, castigos, torturas e mortes de escravos criavam um clima de ódio e revolta explosivos. Quando o governo revolucionário na metrópole proclama a libertação dos escravos nas colônias, os proprietários estavam mais preocupados com suas rivalidades internas, pois os mulatos queriam reaver os direitos que lhes haviam sido recentemente cassados, o que os brancos tentavam impedir. Os negros se aproveitaram disso e iniciaram uma rebelião, em 1791. O levante foi coordenado a partir dos rituais de vudu, cujos batuques ecoavam pelas florestas, unindo os negros nas senzalas aos seus irmãos nos quilombos, percorrendo toda a colônia e preparando o momento do ataque.

A primeira fase da revolução foi caótica, com os negros atacando repentinamente os brancos, assassinando os senhores e suas famílias, incendiando as propriedades e as cidades. Em meio a esse caos, os ingleses e os espanhóis se aproveitam para invadir partes da colônia francesa. É então que, em 1794, emerge a figura de Toussaint Breda, que depois adotaria o sobrenome de L'Ouverture, um escravo de mais de 40 anos, que trabalhava como secretário de um proprietário mais esclarecido (o qual inclusive salvou do massacre). Toussaint, homem de inteligência extraordinária (James o compara a Napoleão), foi alfabetizado em francês erudito e latim, tendo a oportunidade de ler a obra do abade Raynal sobre a escravidão no Caribe e os comentários de Júlio César sobre a guerra contra os gauleses.

Com este cabedal, e também o conhecimento dos ideais iluministas que guiaram a primeira fase da Revolução Francesa, propôs-se a liderar um exército de negros e constituir na colônia um novo estado, irmanado à França revolucionária. O ideal de Toussaint era um país unido à França sob um regime democrático e politicamente igualitário, em que brancos e negros teriam direitos iguais. Com este ideal, ele chegou a ter a aliança de Rigaud, líder dos mulatos, com o qual posteriormente rompeu e derrotou em batalha. Além de líder militar, Toussaint era também político e administrador competente, capaz de conter os excessos vingança contra os brancos, conseguir a cooperação dos proprietários, atender as reivindicações dos negros, que deixaram de ser escravos, e negociar com outros países, como a Inglaterra e os Estados Unidos.

Desfecho da revolução

A narrativa de James é uma defesa apaixonada da luta dos explorados e oprimidos, mas não deixa de apontar, de maneira implacável, os erros e limites de seus líderes, de forma a servir de lição para as lutas dos trabalhadores em vários outros cenários. Toussaint pretendia manter a economia haitiana em funcionamento, e para isso não encontrou outra forma que não forçar os ex-escravos a continuar trabalhando nas fazendas e engenhos, sob direção dos proprietários remanescentes. Ele jamais deixou de acreditar na França e sua revolução, sem perceber que, sob Napoleão, o regime caminhava para a estabilização e o estancamento das conquistas revolucionárias.

Em 1801, Napoleão enviou seu próprio cunhado a São Domingos, o general Leclerc, no comando de um exército que chegou a ter 34 mil soldados. Inquieto com a ameaça de retorno à escravidão, o sobrinho de Toussaint, chamado Moïse, comanda um ataque contra os brancos, pelo qual foi punido pelo tio. A punição de Moïse criou um abismo de desconfiança entre Toussaint e os negros, que passaram a achar que seu líder trabalhava pela restauração da escravidão. Toussaint acabou preso por Leclerc e enviado para a França, morrendo no cárcere em 1803, sem jamais ser ouvido por Napoleão, a quem tentaria convencer da necessidade de manter a liberdade dos negros como condição para manter a fidelidade da colônia à França.

Enquanto isso, em São Domingos, os tenentes de Toussaint que permaneceram no comanndo do exército por ele formado, Dessalines, Christophe, Clairveaux, Maurepas, Pétion, conduzem uma guerra implacável contra Leclerc, que acabaria morrendo de febre em 1803, assim como parte de seu exército. A vitória final dos negros conduz ao massacre dos brancos e proprietários que restaram. A independência é proclamada em 1804 por Dessalines e o país adota o nome de Haiti, que na língua indígena significa "lugar montanhoso".

A história do Haiti até os dias de hoje

Logo após a independência, o Haiti se viu cercado por um isolamento internacional comparável somente ao bloqueio que hoje pesa sobre Cuba. O exemplo da revolução dos escravos, terrível para os senhores de todo o continente, precisava ser combatido e cercado a qualquer custo, para garantir a paz dos dominadores. A economia regrediu para uma agricultura de subsistência e a dívida para com a França sugou as riquezas do país durante décadas. Em 1913 o país foi invadido por fuzileiros estadunidenses. Entre 1957 e 1986 viveu sob a ditadura de François Duvalier, apelidado "Papa Doc", e seu filho Claude Duvalier, o "Baby Doc", que governavam por meio dos esquadrões da morte chamados "Tonton Macoutes". Um dos líderes da resistência à ditadura, o padre Jean-Bertrand Aristide, foi presidente do país duas vezes desde então. Tendo por fim capitulado ao neoliberalismo, acabou mesmo assim removido do poder pelos Estados Unidos, em 2004.

Desde então, o país vive sob ocupação estrangeira, com uma tropa da ONU liderada pelo Brasil, que cumpre assim vergonhosamente o papel de braço armado do imperialismo para oprimir a população miserável do Haiti e impedir suas lutas. No início de 2010 o Haiti foi vítima de um fortíssimo terremoto, que destruiu a já precária infra-estrutura do país, e em outubro deste ano alastrou-se uma epidemia de cólera. O país mais pobre do hemisfério, o primeiro em que os trabalhadores protagonizaram uma revolução que levaria à independência, se ressente da falta de novos jacobinos e revolucionários que liderem seu povo contra a dominação.

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Para acabar com o racismo é preciso superar o capitalismo

Para acabar com o racismo é preciso superar o capitalismo

O racismo é um problema social e histórico. Ele não existe porque os negros possuam qualquer "característica de inferioridade" ou os brancos sejam "naturalmente" opressores.

O racismo está ligado à exploração. As classes dominantes sempre buscaram aproveitar-se das diferenças de cor, gênero, nacionalidade, região, etc, para construir assim uma hierarquia na exploração. Essa hierarquia ao mesmo tempo divide os explorados em níveis diferentes de exploração (mais e menos explorados) e também justifica que uns sejam mais explorados por… serem negros.

No Brasil, conforme o capitalismo se estabelecia como sistema econômico, o racismo do período escravista foi assimilado, pois isso permitia aos empresários aplicar níveis mais intensos de exploração sobre os negros e as mulheres negras em particular, embora desde o inicio tivesse havido inúmeras formas de resistência. No topo dessa hierarquia de exploração encontram-se a burguesia e seus agentes: o Estado, a mídia, a Igreja, setores da classe mais alta que incorporam os interesses da burguesia.

Assim, a conclusão mais importante que tiramos, mas que não é de forma alguma unânime, é que para acabar de vez com o racismo é preciso acabar também com o capitalismo e com toda forma de exploração do homem pelo homem.

As lutas por mudanças mínimas, mesmo dentro do capitalismo, no sentido de questionar e enfrentar o racismo e incorporar a população negra são fundamentais, mas devem ser sempre consideradas como paliativos, que ainda não são a saída para o problema do racismo. A luta pela libertação real do povo negro é parte fundamental da luta da classe trabalhadora contra a exploração capitalista, e portanto o racismo deve ser considerado um problema a ser discutido e enfrentado por todos os trabalhadores, no sentido de unificar a nossa classe, com as suas características e diversidades, contra a burguesia que, por sua vez, também tem negros em seu meio.

Muitas correntes políticas ou acadêmicas, ao terem um enfoque apenas limitado à questão racial, sem um conteúdo de classe, sem abordá-la como parte da luta geral dos trabalhadores, acabam caindo no jogo da burguesia, que muitas vezes realça a opressão de raça apenas para silenciar sobre a dominação de classe, deixando a estrutura social capitalista livre do combate prático-crítico e livre para aprofundar a desigualdade e a exploração.

De fato, nos dias atuais é ainda mais difícil concebermos um movimento de libertação real do povo negro do racismo, sem que se enfrentem os limites do sistema capitalista – a lógica do lucro.

O sistema capitalista, que sobrevive cada vez mais da ajuda externa do estado, não reserva possibilidades de melhorias efetivas e sustentáveis para a maioria da população negra. O máximo possível dentro dos limites da lucratividade do capital é a ascensão de uma pequena elite negra, ao mesmo tempo em que a grande maioria permanece exatamente como estava antes.

Unir trabalhadores negros e brancos pela emancipação geral

Impor um conjunto de políticas efetivas de reparação para os negros requer, portanto, esforços para ligar a luta histórica dos negros no Brasil como parte da luta do proletariado por sua emancipação, pois o negro de hoje está também inserido no mercado de trabalho, e justamente em posições mais exploradas. Assim, a luta racial deve assumir também um caráter de classe e ter como preocupação a identificação dos verdadeiros aliados e inimigos.

Não partir do referencial de luta anticapitalista é o principal limite ao qual estão presos aqueles setores que hoje se acomodam e aplaudem as políticas governamentais, ao mesmo tempo se calando para o fato de que, este mesmo governo que pede paciência aos negros é também o que cede bilhões aos banqueiros e empresários todos os anos, mantendo justamente a exclusão da maioria.

Políticas eficazes de reparação do racismo só poderão ser conquistadas enfrentando-se os patrões e seus agentes: os governos de plantão.

A bandeira das cotas proporcionais deve ser levantada, juntamente com outras políticas de reparação, e com a luta dos demais trabalhadores por um programa geral que responda não apenas à questão de raça, mas também à questão de classe. Esse programa unitário de trabalhadores negros e brancos deve apontar para a ruptura com a lógica do capital e para que os explorados – brancos e negros – se unam para estabelecer uma forma de poder da classe trabalhadora, voltada para enfrentar os grandes problemas sociais.

Essa unidade tão necessária entre trabalhadores negros e brancos em sua diversidade – e que não será facilmente alcançada, por todos os preconceitos e modelos que nos foram impostos no decorrer de séculos – é um desafio que temos que ser capazes de realizar na prática das lutas e de um programa global.

Nesse sentido, a proposta de cotas deve estar inserida numa proposta mais geral de lutas do conjunto da classe trabalhadora por emprego, moradia, saúde, educação digna e de qualidade. Que essas questões imediatas sejam impostas mediante a luta direta da classe como um todo. Que os resultados obtidos possam ser estabelecidos a partir de cotas que reconheçam as desigualdades hoje existentes e, ao mesmo tempo, lutem para superá-las. É preciso que a aliança entre os trabalhadores negros e brancos preserve os direitos específicos de cada setor, para que possamos enfrentar e vencer o capital e todas as formas de exploração e opressão da humanidade.

Assim, por exemplo, a reivindicação de que os empregos gerados pela luta sejam divididos em cotas proporcionais, deve vir combinada com a luta pela redução da jornada de trabalho sem redução salarial, de modo que todos os trabalhadores se beneficiem desta mudança, através da geração dos milhões de empregos necessários. Nas universidades públicas, do mesmo modo, a luta pelas cotas deve se juntar à luta por mais vagas para que todos possam estudar.

É evidente que tudo isso só poderá ser imposto mediante a luta contra os interesses capitalistas e, em última instância, levará a uma ruptura do próprio sistema, ao questionar qual classe deve ter o poder na sociedade, se os trabalhadores (negros e brancos) ou a burguesia.

Somente uma sociedade socialista no profundo sentido da palavra – de socializar os meios de produção sob o controle e a serviço dos trabalhadores e da humanidade – é que pode colocar um fim à exploração e à desigualdade social entre os seres humanos, inaugurando um novo período na história humana onde tudo seja decidido democraticamente, respeitando-se as diferenças de gênero e raça, como diferenças físicas e não sociais.

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Mulher: De Mãe Terra à Servidão Capitalista

Mulher: De Mãe Terra à Servidão Capitalista

Como essa história começou…

O planeta Terra tem, pelo menos, quatro bilhões de anos. Há vestígios de mamíferos de mais ou menos oitenta milhões de anos. Há três milhões de anos, a espécie humana, nossos antepassados, se espalhavam da África para as outras partes do mundo.

Nessa época, o centro dos grupos era a dupla mãe e criança. A mãe era, então, o centro, e onde a mãe estava, todos se agrupavam. Não existia uma relação autoritária que determinava o comportamento e o modo de pensar do restante do grupo. Existia a poliandria (a mulher relacionava-se com mais de um homem) e a paternidade era desconhecida. Todos eram irmãos.

 

A relação macho e fêmea não era escravizadora de uma das partes. Na relação pais e filhos a criança não era educada para executar tarefas importantes para os adultos, mas para se tornar criativa, autoconfiante e independente o quanto antes. Não existia a competição, que causa lutas pelo poder para que o mais forte domine: as relações eram de cooperação e de ajuda mútua. Para a sobrevivência da nossa espécie, todas as fêmeas aprendiam a cuidar das crianças e ambos os sexos aprendiam a repartir os frutos ou a caça. A mulher não dependia economicamente do homem e podia optar por machos cooperadores e não violentos que compartilhassem o alimento.

 

Provavelmente, foi da necessidade de comunicação entre a mãe e a criança que surgiu a fala, aprendida no primeiro ano de vida; foram as mulheres, como responsáveis pela coleta e distribuição de alimentos, que desenvolveram a tecnologia da pedra lascada para descascar e despedaçar os frutos; depois inventaram a fabricação de cestos para carregá-los. Alguns estudiosos afirmam que foram as mulheres que deduziram, pela primeira vez, as alterações nos astros devido aos intervalos dos dias entre as menstruações.

 

Afirma-se que, durante um longo período, não havia chefes, os grupos se governam entre si. A mulher, embora com a função definida, que era a de perpetuar a espécie com a maternidade e os cuidados com a sobrevivência e alimentação dos bebês, não exercia a dominação e agia de forma igualitária. As crianças eram educadas para serem independentes, cooperadoras e generosas e a relação com os pais não era autoritária nem repressiva.

 

Pouco antes da descoberta do fogo, devido ao frio intenso, as mulheres perceberam que da pele curtida dos animais era possível fazer roupas. Com a descoberta do fogo, o homem passou a buscar uma função definida, ou uma identidade, também para si. É provável que, nessa época, tenha surgido a divisão sexual do trabalho, isto é, as mulheres cuidavam de hortas (horticultura simples) e faziam cerâmicas (arte), enquanto os homens caçavam.

 

Podemos notar que, nessas sociedades, a mulher já passou a trabalhar mais do que o homem, ou seja, a mulher passou a ter menos tempo livre do que o homem. Já se vislumbra o surgimento da dupla jornada para a mulher, pois, além de se preocupar com procriação e a alimentação, tinha que se preocupar também com as cerâmicas. Em muitos lugares, a mulher, além de dominar o processo do plantio comercializava o produto de seu trabalho exercendo seu poder de decisão.

 

Com o crescimento dos grupos há a necessidade de se dividir. Alguns acreditam que foi da disputa entre grupos que as relações de competição e violência começam a aparecer.

 

Com o desenvolvimento das atividades pastoris, que ganharam espaço na vida do homem, criou-se a necessidade de possuir grandes rebanhos e a preocupação com a transferência da fortuna, ou seja, a  herança. Essa preocupação trouxe outras duas: a de reconhecimento da paternidade da criança para transmissão dessa herança e a de estabelecimento da monogamia (a mulher deveria relacionar-se com apenas um homem) para se ter a certeza dessapaternidade.  Nessa época as mulheres tornaram-se ainda responsáveis pela ordenha dos animais, o que possibilitou o desenvolvimento da produção de laticínios.

 

Na antiguidade houve um grande aumento da população que precisava ser alimentada e com novas técnicas surgiu a agricultura.Esse trabalho pesado, difícil e que ninguém queria fazer, exigia arado, máquinas e… escravos. O homem passou a escravizar o próprio homem. Deixou-se de produzir para a sobrevivência e passou-se a produzir também para acumular, para ter excedentes, lucrar.

 

Os grupos maiores tomavam as terras dos menores e viviam em constantes disputas e guerras. Os que perdiam as terras viravam escravos, mendigos, ladrões, etc. Quando muita terra era acumulada por um grupo formavam-se as aldeias. Depois formavam as cidades.

As sociedades que já se apresentavam divididas entre ricos, pobres e escravos dividiam-se também entre a cidade e o campo. Com a necessidade da autoridade para manter essas divisões  e aumentar seus domínios os governantes iniciaram a formação de exércitos.

 

Com o aprimoramento das técnicas a natureza reagiu com secas e inundações e o homem, diante do medo, passou a precisar de algo além da esfera humana, que tivesse poder sobre a natureza e que controlasse todos os passos da mulher, um deus (masculino) todo-poderoso. A religião incentivou a mulher a dedicar-se inteiramente ao amor e ao casamento com lealdade. A partir desse momento a mulher passou a ser propriedade sexual do homem e era punida com morte se perdesse a virgindade antes do casamento ou se cometesse o adultério depois.

 

Com a formação dos estados a mulher era obrigada a ter e a educar o maior número possível de filhos, que iriam cuidar da terra e defender o Estado. As crianças passaram a ser educadas e controladas para obedecer. Para as meninas ensinavam a “arte doméstica” e para os meninos as profissões dos pais, que exigiam iniciativa e coragem.

 

Durante o pastoreio combinado a horticultura existiu a poliginia (homem possuía mais de uma mulher) porque a mulher poderia ser também mão de obra, ou seja, trabalhar também no campo.

 

Quando o pastoreio passou a ser combinado com a agricultura existiu a monogamia (homem possuía somente uma mulher) pois o trabalho do campo passou a ser feito, na maior parte, pelo homem.

 

Os casamentos eram feitos por interesse de alianças entre as famílias, de modo que a sexualidade da mulher passou a ser controlada e a ter duas funções definidas: a de esposa (frígida, em que o sexo é pecado) e a de prostituta (especialista em sexo, geralmente de classes mais pobres). Em alguns lugares as mulheres ricas eram participativas, pois todo o trabalho era exercido pelas mulheres escravas.

 

O homem rico (que alguém trabalhava por ele) com tempo livre desenvolvia armas, cultuava-se e passava o dia todo se dedicando às relações políticas, filosofia, escultura, teatro, esporte, curtindo a vida e explorando com vários impostos o homem pobre e com o trabalho não pago, o escravo.

 

As relações de poder se consolidaram junto com os tabus que introjetaram na mulher o sentimento de inferioridade: a menstruação que significava fecundidade passou a ser motivo para punição (podia contaminar o homem com doenças respiratórias e com a morte!); a relação sexual, com mulher, que não era para procriar dizia-se que podia levar o homem à derrota e a morte; ao casar deveria seguir o marido, quando arrancada de sua família deveria obedecer às ordens das sogras e cunhadas. Com a dominação econômica e da família a dependência psicológica da mulher também se estabeleceu, às vezes, recompensada com a forte relação afetiva com os filhos.

 

Tornou-se necessário também para a sociedade patriarcal a divisão entre as mulheres, para facilitar a dominação masculina e a competição por casamentos mais ricos.Essa divisão foi incentivada com a criação dos padrões de beleza femininos e com a ideologia de que as mulheres são traidoras, perigosas e ameaçadoras da unidade entre os homens. Os homens permaneceram convivendo em grupos, fazendo alianças, se especializando para manter o poder ou para buscar determinados privilégios (soldados, sacerdotes, rei).

 

Mesmo com tudo isso tivemos na história grandes transgressoras!

 

Nessas sociedades agrárias teve origem a sociedade dividida em classes sociais em que vivemos hoje, que tem como base de sustentação a exploração de uns poucos sobre muitos.

 

Como essa opressão se desenvolveu…

 

Na Idade Média, o infanticídio de meninas (assassinato ainda bebês) era comum e a mulher, considerada um objeto, passava a ter um alto preço. As virgens eram ainda mais valorizadas. Era permitido, aos maridos, bater na mulher e os raptos e estupros eram freqüentes. A mulher rica adquiria algum poder quando o marido saía para guerrear. A que era pobre, era obrigada a trabalhar na lavoura pesada. Dessa maneira faziam parte da força de reservas. Assim apossavam-se também da cultura e, uma parte delas, da religião.

 

As mulheres celibatárias (solteiras que se dedicavam à igreja) ficavam livres dos trabalhos domésticos, da reprodução e do domínio masculino. Em contrapartida eram proibidas de ajudar nas missas e de educar meninos. Mesmo assim o único escritor da Europa, por cinco séculos, foi… uma monja (Hroswitha de Gandersheim). O culto à Virgem Maria definia o tipo ideal de mulher e as que não se enquadravam, eram consideradas bruxas. Novas perseguições começaram.

Em alguns lugares as mulheres foram proibidas de freqüentar a universidade e de ensinar. Onde lhes permitiam, fundaram universidades de Medicina, formaram-se em Físicas, Advogadas, Astrônomas, etc.

 Milhões de mulheres ligadas às áreas da medicina (cirurgiãs, curandeiras, médicas, etc) foram acusadas de bruxaria e queimadas vivas, num dos maiores genocídios (destruição) da história com até 400 execuções por dia. Dessas mais de 80% eram mulheres pobres.

Na sexualidade a regra passou a ser a da mulher frigida (que não sente prazer). A mulher que sentia prazer (que atingia o orgasmo) era considerada prostituta e tinha parte com o demônio.

Dessa forma, podemos perceber que do início ao final do feudalismo (século V ao XV) o regime patriarcal (em que autoridade máxima é a do pai/homem) os homens das classes possuidoras, com a complacência dos homens das classes despossuídas, apoiados em um modo de acumular e possuir riqueza e pela religião  transformaram o medo em uma arma destruidora de mulheres.  

 

O sistema capitalista, que também é fruto dessa destruição, inicia seu caminho. Com o desenvolvimento da ciência e da tecnologia um outro modo de produzir começou a funcionar. O que era feito à mão passou a ser feito pelas máquinas. Depois, várias máquinas foram colocadas juntas para produzirem em grandes quantidades, ou vários trabalhadores passaram a trabalhar para um só patrão lucrar.  Assim foram inauguradas as fábricas de roupas e calçados.  O poder passou a ser de quem era proprietário dos meios que produziam (máquinas, ferramentas, fábricas, terra, etc) e não de quem realmente produzia a riqueza.

 

Neste período a mulher continuou sendo considerada jurídica e politicamente inferior sem poder exercer o direito de gerir propriedade. Como reforço, para as mulheres das classes proprietárias (burguesas) se construíram ideais de feminilidade e amor romântico na tentativa de torná-las mais frágeis e sem preparo para exercer atividades públicas. Aquelas precisavam do trabalho e que conseguiram sobreviver à caça às bruxas, encaravam a contradição entre a fragilidade e a força. Ainda mais amedrontadas, submissas, reprimidas em sua sexualidade e em seu saber, estavam prontas para dar à luz aos filhos e filhas que educariam de acordo com todas as regras de submissão que o capitalismo necessitava para a classe operária. Somente com a submissão dos trabalhadores os patrões poderiam transformá-los em mercadorias, comprando uma pequena parte de suas energias física e mental (força de trabalho) e roubando a maior parte.

 

As mulheres chegaram às fábricas e às minas de carvão ganhando menos que os homens e trabalhando mais. A tecnologia, que deveria servir para deixar as trabalhadoras com mais tempo livre, é utilizada visando somente o ganho do patrão. A morte por estafa e tuberculose fez a população feminina diminuir nas regiões industrializadas.

 

As mulheres trabalhadoras sempre foram questionadoras e, muitas vezes, revolucionárias. Questionavam através da sexualidade, do saber, tomaram parte nos levantes e revoltas. Na Revolução Francesa a miséria fez com que avançassem contra a Monarquia por pão para os filhos. Muitas foram decapitadas.

 

No ano que o  Manifesto Comunista foi escrito houve o primeiro encontro de feministas, em que reivindicavam o fim da sociedade de dominação patriarcal. Exigiam o direito de votar, de estudar e, até, o fim da escravidão. Essas mulheres, geralmente da classe média que não trabalhava, não sofriam as mesmas pressões das operárias. As operárias trabalhavam em lugares insalubres, tinham jornada de trabalho de até doze horas, não tinham intervalo para comer, etc.

 

Enquanto os operários de todo o mundo uniam-se em sindicatos, contra os patrões que ficavam com todo o fruto de seu trabalho, as mulheres também lutavam pela semana de seis dias, depois de cinco dias, contra o trabalho infantil, pela jornada de dez horas, depois oito horas de trabalho diário. Foram nessas condições que surgiram várias greves e aquela, em que cento e cinqüenta mulheres foram queimadas vivas por reivindicarem melhores condições de trabalho, que lembrada ainda hoje com o 8 de março.  

 

No período da I Guerra Mundial as mulheres já votavam, mas a sociedade insistia em valorizar as que ficavam dentro de casa e que serviam ao homem, ou seja, buscava um voto alienado na medida em que não era bem vista a participação feminina na vida política, o que de fato acontecia. A qualquer sinal de libertação feminina, as teorias a serviço do sistema nunca deixavam por menos: o padrão de sexualidade feminina passou do orgasmo clitoriano para o orgasmo vaginal.Já imaginam o porquê!

 

Na Revolução Russa foram as mulheres que convocaram a primeira greve geral que serviu de estopim contra a Monarquia. Assumiram a consciência socialista e foram intransigentes em todas as frentes contra a opressão e a servidão doméstica e por uma Rússia livre. Conquistaram o direito de decidirem sobre seus corpos, o direito ao divórcio, o direito de exigir judicialmente do pai o sustento para os filhos. Reivindicaram e organizaram restaurantes, lavanderias e creches públicas para terem mais tempo livre do trabalho doméstico. Saíram do espaço privado (dentro de casa) para realizar encontros, conferências e congressos internacionais que as unificassem em suas reivindicações e as colocassem em condição de atuarem com os demais trabalhadores. Mas, com a guerra civil e, posteriormente, com a chegada de Stálin ao poder, as mulheres mais combativas foram expurgadas. Houve um grande retrocesso em suas conquistas: volta da família tradicional, desemprego, ilegalidade do aborto, etc.

 

Na Alemanha derrotada pela guerra os valores da família e da propriedade eram pregados contra as mulheres com o lema “criança, igreja e cozinha”. Para os casais em que as mulheres não trabalhassem fora de casa, o estado concedia empréstimos e havia abatimento no valor se o casal tivesse mais filhos. O aborto, obviamente, era crime. As mulheres deficientes ou prostitutas eram esterilizadas. As judias, mortas. Quando a possibilidade de uma segunda Guerra começou a aparecer, as mulheres foram incentivadas a trabalhar nas fábricas para substituir a mão-de-obra masculina que iria combater, mas deveriam continuar a ter filhos, inclusive as solteiras.

 

Os grandes países capitalistas sempre lucraram com as guerras – são dependentes delas. E as mulheres, principalmente as trabalhadoras, sempre sofreram das mais diferentes formas, com o aumento da exploração, privação, ausência dos companheiros e filhos, estupros, etc.

 

Na década de 70, com mais avanços tecnológicos, menos trabalhadores produzem cada vez mais e os produtos ficam mais baratos. Os patrões, que querem continuar lucrando alto, pagam menos para os trabalhadores e mandam muitos embora. Os trabalhadores ganhando pouco ou sem emprego não conseguem comprar todas as mercadorias que os patrões precisariam vender para manter seus lucros.

 

Tudo isso acirra a competição entre os países. Os mais ricos, além de lucrar com a exploração da classe trabalhadora, encontram uma forma de lucrar fácil e rápido. Passam a emprestar cada vez mais dinheiro para os países pobres, com juros muito altos.

 

A que ponto chegamos…

Nesse panorama, em que existe a divisão entre países dominantes e dominados, a situação da mulher no mundo apresenta-se ainda mais fragmentada.

 

As mulheres da classe trabalhadora são requisitadas, cada vez mais, para ocupar os postos de trabalho, antes ocupados pelos homens, para receber salários mais baixos nas indústrias e contribuir com as despesas da casa. Mantêm a jornada de oito horas diárias no trabalho e, em média, outras quatro horas em casa. O grau de violência continua elevado: ganham menos que os homens em funções iguais na fábrica e continuam sem tempo livre do trabalho doméstico. No caso da trabalhadora camponesa a situação é ainda pior em razão do desgaste físico e da violação aos direitos trabalhistas. A mulher negra, quando consegue entrar no mercado de trabalho formal, é obrigada a aceitar um valor ainda mais baixo pela venda da sua força de trabalho e acumula uma violência sobre a outra.

 

A estrutura de família imposta pela burguesia tornou-se fortemente questionada com a situação da mulher trabalhadora. A mulher já não tem tempo para ter vários filhos e educá-los, cuidar do marido, trabalhar oito horas fora e quatro em casa, sentir prazer, descansar e ter lazer.  Manter a mulher dentro de casa só é possível com uma certa renda e, mesmo assim, a classe que defende esta estrutura é altamente hipócrita. Prega, baseada no catolicismo uma família leal, o direito à vida e a justiça, mas tem todo o tempo e condição financeira para realizar o adultério e a poligamia, o aborto em clínicas especializadas e manter a apropriação do trabalho alheio.

 

A mulher burguesa apresenta-se submissa ao marido e a família a fim de manter a riqueza e o poder. As de classe média que não trabalham assumem parcialmente os afazeres da casa e o cuidado com os filhos. Outras se dedicam aos estudos, às artes e tornam-se profissionais liberais.

Na junção do sistema capitalista com o religioso quase sempre, em várias partes do mundo, a mulher e sua sexualidade tornaram-se objetos de ataques: Em alguns lugares, ainda hoje, é proibida de participar de ritos religiosos; meninas são obrigadas a casar ainda com o corpo em formação; meninas são circuncidadas (retirada do clitóris) mulheres são infibuladas (costura-se os grandes lábios da vulva deixando-se só um pequeno orifício)  para não sentirem prazer.

Há alguns anos atrás, o movimento feminista, novamente organizado, voltou a cena para questionar a discriminação econômica, reivindicar participação nos órgãos de decisão das empresas, dos sindicatos e da política e principalmente o direito ao orgasmo. Houve algumas conquistas, que no capitalismo são tidas como concessões.

 

No entanto hoje o retrocesso se impõe: muitas mulheres já estão desempregadas, as profissões em que a maioria é mulher são as que encontramos salários mais baixos, o vaticano proíbe o uso de preservativo em meio aos altos índices de soros positivos, a castidade volta a ser discutida entre as jovens, o número de mortes por abortos clandestinos aumenta a cada dia, etc.

 

 

As mulheres no I Congresso das Operárias Metalúrgicas em São Bernardo, no ABC paulista, na década de 70, já constatavam as más condições de vida, a falta de creches nos locais de trabalho, a violência dos chefes e a discriminação sexual presentes ainda hoje em nossos meios.

 

A conquista de alguns direitos na Constituição Federal, como igualdade de direitos trabalhistas, previdenciários e sociais, o fim da proibição da maternidade e o direito a terra, foram conquistas das lutas das trabalhadoras, em sua tripla jornada, que a partir dos sindicatos, se juntaram aos demais trabalhadores.

 

Desde essa época até hoje, a participação das mulheres na CUT (Central Única dos Trabalhadores) foi diminuindo em contraste com o aumento do trabalho feminino. A cota de 30% de mulheres nos órgãos de decisão nunca refletiu a quantidade de mulheres no mercado de trabalho e, mesmo, se mantém.

 

A tal Secretaria de Mulheres, que no início era coordenada por homens, está totalmente submetida e trabalhando para implementar as políticas do governo Lula para as mulheres, ou seja, pôr fim à licença maternidade e aos direitos trabalhistas com a próxima contra-reforma trabalhista.

As mulheres que a coordenam calaram-se diante da Reforma da Previdência (que atingiu diretamente a classe que vende a força de trabalho, aumentando o tempo de contribuição e extinguindo a aposentadoria por idade) e da investida do governo contra as domésticas, há pouco tempo. Estão há muitos anos fora das fábricas, já fazem parte da burocracia sindical e não conseguem galgar os espaços parlamentares da mesma forma que os homens desse meio. Com o passar dos anos, foram implementando a lógica que distancia cada vez mais as mulheres da participação política e sindical.

 

Hoje ao se sentirem ameaçadas com a Reforma Sindical, buscam rever seu espaço entre as trabalhadoras promovendo as Semanas da Beleza, em que alguns serviços são oferecidos sem custo em troca da promoção de marcas de cosmético, contribuindo para o estelionato dermatológico (estímulo ao consumo de produtos e cirurgias para elevar a auto-estima). Enquanto isso, cruzam os braços para os verdadeiros ataques à auto-estima da mulher trabalhadora, ou seja, a opressão, a carga elevada de trabalho, os baixos salários, a dupla jornada, a cobrança pelo trabalho doméstico, e o pouco tempo dedicado ao prazer. Os sindicatos, em sua maioria, não deixam por menos.

 

Somente agora, no início do novo milênio, surgiu uma nova coordenação de lutas (Conlutas) entre os trabalhadores e as trabalhadoras iniciam uma tímida organização, que ainda não incorpora as desempregadas ou subempregadas.

 

A maioria das organizações que era de esquerda no período da Ditadura Militar sucumbiu. Hoje quase todas estão no poder sob fajutas denominações de socialistas, de comunistas, de verde, de trabalhadores. Aproveitaram-se da queda da burocracia stalinista do Leste Europeu para confundir a classe trabalhadora contra o socialismo, único sistema capaz de colocar a mulher, e conseqüentemente a humanidade, em uma situação superior.

 

As nossas jovens trabalhadoras estudantes, que ingressam agora no mercado de trabalho, novamente enfrentam os problemas das más condições de trabalho, baixos salários, jornadas de trabalho irregulares, falta de direitos trabalhistas com pomposos nomes como: estagiárias, operadoras de telemarketing, teleoperadoras, etc. Estão complemente desamparadas.

 

A situação se complica se observarmos o papel que a mídia burguesa cumpre contra a mulher e a favor do sistema de exploração.

 

Tem sido cada vez mais constante atrelar o corpo da mulher, com seus atuais padrões de beleza, a propagandas pouco inteligentes, racistas e que fazem apologia às drogas. Vide net.com, Antártica, Coca-Cola., etc. As novelas e os programas televisivos buscam, cada vezmais, imprimir na consciência das trabalhadoras o modo burguês de viver com amensagem “se você trabalhar, você consegue!”,  ao mesmo tempo em que não existe trabalho para todas.

A tentativa de humilhar as mulheres de nossa classe é constante e necessária para o sistema que vive do lucro. Ao mesmo tempo em que ressaltam o padrão de beleza da mulher brasileira impõem o padrão de beleza americano. Introjetam em cada uma que “está feia”, “gorda”, “fora de moda”, “que cabelo não pode ser assim”, etc para consumirem os caros produtos de beleza. Mas muitas não têm como consumir.

 

Isto tudo mostra a que ponto chegamos!

 

As pesquisas não conseguem esconder…

Até os órgãos de imprensa da burguesia revelam:

 

O número de domicílios chefiados pelas mulheres cresceu 37%, passando de 18,1% para 24,9%. Apesar do aumento na taxa de ocupação, as mulheres se empregam prioritariamente em ocupações chamadas "extensões da vida doméstica", como trabalhadoras domésticas ou sem remuneração (27,4%). Elas ganham em média 30% a menos do que os homens. (Folha de São Paulo, 23 de maio de 2006)

 

Pela primeira vez o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) captou em estatísticas que as mulheres que trabalham fora têm uma jornada extra com afazeres domésticos muito maior do que a dos homens. Segundo o instituto, a jornada complementar média das mulheres trabalhadoras chega a ser o dobro da dos homens no lar, estejam eles trabalhando fora ou não. Em média, as mulheres gastam 22,1 horas por semana em tarefas domésticas, como arrumar ou limpar a casa, cozinhar ou preparar alimentos, passar roupa, lavar roupa ou louça. Orientar ou dirigir ordens a empregadas domésticas, cuidar de filhos, limpar o quintal também são consideradas tarefas domésticas. Enquanto isso, os homens disseram dedicar 9,9 horas semanais para cuidar da casa. Em outras palavras, as mulheres trabalham em casa mais de quatro horas diárias. Já para os homens essa média diária cai para duas. (Folha On-line, Rio 12 de abril de 2006).

 

A taxa de mortalidade de negros é superior à de brancos no Estado de São Paulo. A AIDS, por exemplo, mata duas vezes mais negros que brancos, segundo constatou pesquisa da Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo. O levantamento analisou as causas dos 236.025 óbitos que ocorreram no Estado no ano de 1999. A pesquisa foi concentrada nesse ano porque os atestados de óbito forneciam informações mais completas, de cor e raça, do que em outros anos. O estudo aponta ainda que a taxa de mortalidade materna das gestantes negras representa mais de seis vezes a de grávidas de cor branca. (Folha de São Paulo, 03 de agosto de 2006.)

 

no ano de 2004, 7,1% dos homens estavam desempregados, enquanto 12,1% das mulheres não tinham ocupação formal. A taxa de desemprego entre brancos e negros mostra que 10,5% dos negros estavam sem emprego, em 2004, e 8,2% dos brancos desempregados. A taxa de mulheres negras desempregadas ou sua faixa salarial não constam no estudo.(Cidade Repórter, 17 de setembro de 2006)

 

O número de vítimas de maus-tratos aumenta de forma assustadora e, hoje, o problema é tão grave que virou também questão de saúde pública. Pais, filhos, ex e atuais maridos são, em geral, os principais agressores — e não pessoas estranhas, como poderia se supor—. Mulheres que sofrem violência doméstica podem apresentar quadros de ansiedade, fobias e depressão. No mundo, um em cada cinco dias de falta no trabalho feminino é conseqüência da violência doméstica. Conforme artigo publicado na Revista de Saúde Pública, ed. fev. 2005, “O Brasil é o país que mais sofre com a violência doméstica, perdendo 10,5% do seu PIB. A cada quatro minutos, uma mulher é agredida no país. Em 85,5% dos casos de violência física contra mulheres, os próprios parceiros são os agressores.”O perfil da mulher, vítima de violência pelo próprio parceiro, aponta para jovens casadas, católicas, com filhos, pouco tempo de estudo e baixa renda familiar. Em 72% dos casos foi observado quadro sugestivo de depressão clínica e 78% das entrevistadas apresentaram sintomas de ansiedade e insônia: Em termos globais, as conseqüências do estupro e da violência doméstica para a saúde das mulheres são próximas aos efeitos das doenças cardiovasculares e mais expressivas que as encontradas para todos os tipos de câncer. O alcoolismo é um dos principais fatores associado a atos de violência doméstica. Entre os casos estudados, 70% dos parceiros costumam ingerir bebidas alcoólicas e 11% são usuários de drogas ilícitas.(Agência Notisa, 04 março de 2005).

 

Desde que a pessoa tenha dinheiro para pagar, o aborto é permitido no Brasil. Se a mulher for pobre porém, precisa provar que foi estuprada ou estar à beira da morte para ter acesso a ele. Como conseqüência, milhões de adolescentes e mães de família que engravidaram sem querer recorrerem ao abortamento clandestino, anualmente. A septicemia, resultante da presença de restos infectados na cavidade uterina, é causa de morte freqüente entre as mulheres brasileiras em idade fértil. A simples menção ao assunto provoca reações tão emocionais quanto imobilizantes. Então, alheios à tragédia das mulheres que morrem no campo e nas periferias das cidades brasileiras, optamos por deixar tudo como está. E não se fala mais no assunto.(Folha de São Paulo, 26 de agosto de 2000). Estimativas recentes mostram:Os números variam de 750 mil a 1.4 milhão de abortos por ano no Brasil. (Folha de São Paulo, 22 de setembro de 2006)

 

A igualdade para além do capital

Tudo o que observamos e vivemos até aqui mostra que esse sistema, que sobrevive com a exploração de uns poucos sobre muitas, jamais vai conceder a verdadeira igualdade entre os seres humanos.

 

Nós, mulheres, saímos da situação de mãe da Terra para a servidão na Terra. No entanto, o sangue derramado de tantas lutadoras pela sobrevivência da espécie humana com a verdadeira justiça não pode ter sido em vão.

 

Uma parte das mulheres saiu de dentro de casa e atingiu postos de trabalho antes inimagináveis. Outras sequer conseguiram sair da escravidão doméstica. No entanto, em ambos os casos o esforço de nosso trabalho serve, principalmente, aos interesses de reprodução da força de trabalho, ou seja, gerar filhos para mão-de-obra.

 

Diante disso os nossos modos de vida, nossos sentimentos, nosso saber, tudo que nos envolve é moldado como produto de consumo. Quando precisam de mais filhos, mulheres devem ficar em casa. Quando fazem filhos demais, legalizam o aborto. Quanto de menos, criminalizam. Quando precisam reduzir salários, mulheres vão para o mercado de trabalho. E quando a criminalidade se instala entre a juventude, a mãe não é presente.

 

Assim percebemos que a tão disseminada igualdade é verdadeiramente uma farsa. Todas as conquistas, conseguidas com muita luta, fizeram com que a espécie humana chegasse ao século XXI. Mas o próximo século estará questionado se não arrancarmos com unhas, dentes, foices e martelos a verdadeira igualdade.

 

O que não podemos deixar para amanhã

A luta que nossos antepassados iniciou não pode parar! A unidade de todos os explorados é uma necessidade. A competição e o medo não podem mais submeter a mulher da classe trabalhadora! A nossa organização é caso de vida ou… morte!

 

Tempo livre do trabalho doméstico:

O planeta está entrando em colapso pela força de destruição do homem capitalista. Somente nós, classe trabalhadora, podemos barrar essa situação.

 

A mulher não pode mais passar tanto tempo de sua vida cuidando dos afazeres domésticos. Juntos homens, mulheres e jovens precisam assumir as tarefas domésticas para que juntos decidamos sobre as formas de produzir (quantidade, distribuição, tipo) e sobre a sobrevivência da humanidade.

 

O direito ao trabalho fora de casa não pode representar, para a mulher, dupla punição. A organização das mulheres em organizações e sindicatos não pode representar a tripla punição.

 

 

 

Violência contra a mulher:

Pelo que observamos a violência física e, principalmente, a psico-social contra a mulher é inerente ao sistema capitalista. Mas o pior é observar que a nossa classe, que sofre todo o tipo de exploração, também se vale da violência para reprimir, amedrontar, para não aceitar sua decisão e escravizar a mulher. Entendemos a violência contra a mulher sob três aspectos:

 

1) Psicossocial: Os poderes do homem e da religião obrigam a mulher a dedicar a maior parte de seu dia ao trabalho doméstico. Introjetam na mulher o sentimento de culpa. As cobranças diretas ou indiretas desses afazeres agridem a mulher no seu mais profundo íntimo. É constante encontrarmos mulheres cansadas, desanimadas, com dificuldades de sentir prazer, deprimidas ou doentes psicologicamente por não terem tempo ou condição financeira para dançar, praticar esporte, voltar a estudar, militar, etc. Muitas são humilhadas, xingadas ou simplesmente ignoradas por estarem nessa situação. Comportamentos autoritários, impositivos, ameaças têm sido regra no ambiente familiar e fora dele.

 

2) Sexual: O estupro, nesses últimos anos, tem passado de doença psicológica do homem perturbado pelo sistema a absurdos argumentos para justificá-lo. A mulher tem sido constantemente violentada quando decide sobre o seu corpo. Muitas são forçadas em casa, outras ainda crianças.

 

3) Física: Essa varia de pequenas agressões até aquelas que põem fim à vida.

 

Formação política, de consciência de classe e socialista:

Concluímos que na sociedade capitalista jamais conseguiremos uma verdadeira igualdade. Por que devemos lutar pela sobrevivência desse sistema?

 

A sociedade socialista – que é a ponte entre esse mundo de necessidades para o de liberdades, que não permitirá o uso da tecnologia contra o ser humano e que possibilitará a mulher um outro tipo de vida – deverá ser objeto de nossa compreensão e dedicação para a luta.

 

Todas as mulheres da classe trabalhadora precisam ter formação política para aprender a avaliar e lutar contra esse sistema opressivo, com todas as armas. Sabemos que não podemos contar com a mídia burguesa, com a religião e, muito menos com o homem ou a mulher da burguesia. Essa formação precisa ser pensada e impulsionada por todas as pessoas que não abandonaram a luta pelo socialismo. A nossa classe precisa ser despertada e as mulheres precisam de tempo livre do trabalho doméstico para se formarem em todos os sentidos que a atuação política exige.

 

O que devemos defender para minimizar o sofrimento da mulher trabalhadora

 

Jornada de trabalho:Por mais tempo livre dos trabalhos domésticos!

  1. Redução da jornada de trabalho, sem redução do salário, sem a dupla jornada e com cotas proporcionais para as mulheres negras;
  2. Divisão das tarefas domésticas entre todos os membros da casa;
  3. Creches públicas, gratuitas e com alta qualidade de ensino com funcionamento 24 horas, nos fins-de-semana e inclusive nos locais de trabalho e estudo. Enquanto as creches não estiverem prontas devemos exigir o Auxílio Babá, em que a pessoa responsável pela criança de até 12 anos, recebe um salário médio para contratar uma pessoa de confiança que cuidará de seu agregado;
  4. As organizações políticas e sindicatos  devem criar condições (contratar babá ou creche), durante as atividades militantes, para a participação de mães trabalhadoras e pais com a guarda dos filhos;
  5. Lavanderias públicas, gratuitas e com qualidade em todos os bairros.

 

 

 

 

Violência contra a mulher: Por uma vida digna e justa para a nossa classe!

  1. Fim da escravidão doméstica;
  2. Investimento, do Estado, em uma campanha massiva de orientação sexual, prevenção contraceptiva e prevenção à AIDS e outras DST´s nas escolas, bairros, postos de saúde, sindicatos, televisão, rádio, etc;
  3. Distribuição gratuita e sistemática de preservativos masculinos e femininos, pílulas e injeções anticoncepcionais e do dia seguinte nos postos dos SUS e nos planos de saúde;
  4. Pela descriminalização e legalização do aborto. Pela obrigatoriedade do atendimento pelo SUS e planos de saúde. Não podemos entender o aborto como um método contraceptivo. Mas ele é um fato. Ao contrário do que dizem o aborto, bem assistido, é uma defesa da vida da mulher enão faz mais mal para o corpo da mulher do que o parto. O atendimento público, com qualidade, é necessário para as mulheres da classe trabalhadora que não conseguem pagar uma clínica. A lei existente hoje prevê prisão de 01 a 03 anos para a mulher e para quem o realiza. O suposto pai sequer é mencionado. Para deixar de ser crime um dos projetos de lei em tramitação no Congresso Nacional (majoritariamente composto por homens da direita) poderá ser aprovado. Ele propõe a permissão da interrupção da gravidez de até 12 semanas em qualquer circunstância, de até 20 semanas em caso de estupro e em qualquer tempo nos casos de má-formação do feto ou risco à saúde da mulher. Prevê a utilização dos SUS e dos planos de saúde para tais práticas.
  5. A mulher deve decidir sobre o seu próprio corpo, em todos os sentidos;
  6. As relações de companheirismo e fraternidade devem prevalecer entre as mulheres para resistirem e trazerem todos os camaradas em seus locais de trabalho, estudo e militância contra os Assédios moral e sexual;
  7. Apoio psicológico e políticas de inclusão ou recolocação no mercado de trabalho para as mulheres vítimas de violência doméstica, além das medidas de assistência  social. A nova legislação (Lei Maria da Penha 11.340/06) avança quando trata da violência contra a mulher e por trazer a possibilidade de que todo boletim de ocorrência de violência doméstica se transforme em inquérito policial. Além de uma condenação penal de até três anos de prisão, o agressor ainda pode ter decretada a separação, condenação em alimentos, perda da guarda dos filhos além de outras medidas como afastamento do lar, perda do porte de armas, determinação de que se mantenha distanciado da vítima e até o direito de a mulher reaver seus bens e cancelar procurações em nome do agressor. Noentanto não aponta nada quanto àsituação, existente em muitos casos, da dependência financeira da mulher e quanto a um dos principais fatores associado a atos de violência doméstica, que é o alcoolismo;
  8. Que o Estado reconheça o alcoolismo e a dependência química como problemas de saúde pública e garanta para a nossa classe o tratamento pelo SUS e planos de saúde;
  9. Combate à prostituição de crianças e adolescentes atacando as verdadeiras raízes – a  pobreza, a violência e o tráfico de drogas – que levam crianças e adolescentes à situação de exploração sexual-comercial. Com a redução da jornada de trabalho com emprego para todos, a qualidade de ensino nas escolas públicas, o lazer, o esporte, etc;
  10. Combate ao tráfico de seres humanos. O Brasil, de acordo com a Organização Internacional para Migrações, OIM, é o país sul-americano com o maior número de casos de tráfico humano. O tráfico internacional de mulheres, crianças e adolescentes movimenta anualmente entre US$ 7 e US$ 9 bilhões, tornando-se uma das atividades mais lucrativas do crime organizado transnacional. Estima-se que o lucro das redes com cada ser humano transportado ilegalmente de um país para outro chegue a US$ 30mil. Apesar de ser possível constatar aumento dos casos, poucos traficantes de fato são presos. Não podemos fechar os olhos para essa situação. A mulher, que desesperadamente quer sobreviver, não pode continuar sendo mercadoria do tráfico internacional de seres humanos para prostituição e trabalho escravo;
  11. Não aceitamos que a teoria do criacionismo (que coloca a mulher em posição de submissão e humilhação) seja parte dos conteúdos ensinados nas escolas;
  12. Pela abolição do padrão estético bulímico e anoréxico, que busca valorizar a mulher trabalhadora atribuindo-lhe a auto-estima da mulher burguesa, o que tem contribuído, entre outras coisas, na supressão de mulheres gordas ou negras do acirrado mercado de trabalho, por exemplo, em shopping centers; Devemos estar atentas a todo o malabarismo feito pela imprensa burguesa e já assumido por alguns sindicatos de impor o estelionato dermatológico.
  13. Que sejam abolidas as formas subjetivas de contratação em processos seletivos ou concursos públicos com tais como: foto, dinâmica de grupo, etc;
  14. Contra todo tipo de preconceito e discriminação. Estudos da esquerda sobre homossexualismo pouco contribuem em relação à mulher homossexual. A luta contra o preconceito e a discriminação deve considerar, inclusive, a dificuldade, da mulher homossexual, de manter sexo seguro;
  15. Reconhecemos a união civil homossexual, inclusive com direitos à adoção;
  16. Por uma sexualidade livre dos preconceitos religiosos, de raça, de orientação sexual e não submetida às imposições do capital.

 

Emprego: Pela não dependência financeira que humilha e maltrata!

  1. Redução da Jornada de trabalho com salário mínimo do Dieese para todas as mães do campo e da cidade que trabalham fora com cotas proporcionais para as mulheres negras;
  2. Carteira assinada e com todos os direitos trabalhistas a todas mulheres que trabalham em situações precárias e terceirizadas. Exemplo: estagiárias, operadoras de telemarketing, empregadas domésticas, trabalhadoras do campo, etc;
  3. Contra a revista íntima no emprego;
  4. Não a discriminação da mulher negra. Nesse mercado de trabalho injusto e racista é o que vemos o tempo todo. Não podemos aceitar que se torne natural a qualificação da mulher negra apenas para atividades domésticas, cujas origens advêm da nossa herança escravista patriarcal;
  5. Pela diminuição da idade de aposentaria para a mulher que trabalha fora ou dentro de casa. A mulher da nossa classe trabalha a vida inteira. O tempo de contribuição não pode ser um impedimento para a sua aposentadoria. Se a mulher está vivendo mais, certamente está trabalhando mais;
  6. Licença Gestante de 6 meses, tempo ideal para a amamentação exclusiva, com redução da jornada após a volta ao trabalho (entrar uma hora mais tarde e sair uma hora mais cedo) para complementarcom o leite materno a alimentação da criança até completar dois anos e meio.A mulher trabalhadora tem direito de amamentar! Pesquisas científicas comprovam a necessidade da amamentação. Doenças alérgicas, algumas do sistema imunológico, alguns tipos de cânceres, obesidade, diabete e doenças cardiovasculares podem ser associadas à falta de amamentação ou à amamentação irregular. O sistema capitalista exige filhos, mas não quer permitir à mulher trabalhadora a possibilidade de tê-los sem grande sofrimento.

 

Saúde: Por qualidade de vida e por vida!

  1. A nossa luta deve ser, cada vez mais, por hospitais públicos e com qualidade. Existe tecnologia para isso. A quantidade de valor que é retirado dos trabalhadores também possibilita isso. A nossa classe, que trabalha muito, merece ser bem tratada.
  2. Não aceitamos a ditadura do parto normal e até do fórceps na rede pública e do parto cesariana nos hospitais particulares. A mulher deve ser bem instruída para decidir com segurança sobre o tipo de parto e ter boa assistência;
  3. Orientação e diagnósticos precisos para que a mulher decida se realiza ou não a cirurgia para retirada do útero, que tem servido, para muitos médicos, como instrumento de esterilização das mulheres trabalhadoras;
  4. A nossa classe deve se mobilizar contra o descaso aos portadores de câncer. A falta de medicamentos e tratamentos adequados está reduzindo o tempo de vida dos trabalhadores portadores de doenças causadas pelo tipo de vida imposta pelo capitalismo;
  5. Por um programa específico para a saúde da mulher negra, incluindo no SUS diagnósticos rápidos e tratamento de doenças específicas da população negra, como a anemia falciforme e outras.
  6. Inclusão da disciplina de orientação sexual no currículo das escolas.

Formação: Para a transformação e pela transformação

  1. Devemos estar atentas e buscar impulsionar, com os demais trabalhadores, uma política de formação que busque a participação ativa e efetiva da mulher na transformação da sociedade, respeitando suas características;
  2. As mulheres da classe trabalhadora podem aprender a observar os elementos contraditórios que apresenta o sistema do capital e obter uma formação marxista-socialista;
  3. Devem ter amplo acesso a materiais e cursos também da história do movimento operário, das lutas ou revoluções, que abordem e destaque as lutadoras;
  4. Da mesma forma, devem poder conhecer o movimento sindical e estudantil até o seu significado hoje, com enfoque na mulher militante na organização da classe;
  5. Realizar estudos sobre as próprias categorias onde estão inseridas;
  6. Conhecer legislação, estatuto ou regimento das organizações em que atuam;
  7. Incentivo a falar em público, escrever e assumir tarefas;
  8. Preparação para assumir tarefas de direção;
  9. Cotas proporcionais, ao número de mulheres nas categorias ou organizações, nos órgãos de direção com cuidados (tempo, situação financeira) que facilitem a participação;
  10.  Pelo fim da discriminação à mulher nos livros didáticos.
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O que devemos defender para minimizar o sofrimento da mulher trabalhadora

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Jornada de trabalho: Por mais tempo livre dos trabalhos domésticos!

  1. Redução da jornada de trabalho, sem redução do salário, sem a dupla jornada e com cotas proporcionais para as mulheres negras;
  2. Divisão das tarefas domésticas entre todos os membros da casa;
  3. Creches públicas, gratuitas e com alta qualidade de ensino com funcionamento 24 horas, nos fins-de-semana e inclusive nos locais de trabalho e estudo.
  4. Enquanto as creches não estiverem prontas devemos exigir o Auxílio Babá em que a pessoa responsável pela criança de até 12 anos recebe um salário médio para contratar uma pessoa de confiança que cuidará de seu agregado.
  5. As organizações políticas e sindicatos devem criar condições (contratar babá ou creche), durante as atividades militantes, para a participação de mães trabalhadoras e pais com a guarda dos filhos;
  6. Lavanderias públicas, gratuitas e com qualidade em todos os bairros;

Violência contra a mulher: Por uma vida digna e justa para a nossa classe!

  1. Fim da escravidão doméstica;
  2. Investimento, do Estado, em uma campanha massiva de orientação sexual, prevenção contraceptiva e prevenção à AIDS e outras DST's nas escolas, bairros, postos de saúde, sindicatos, televisão, rádio, etc;
  3. Distribuição gratuita e sistemática de preservativos masculinos e femininos, pílulas e injeções anticoncepcionais e do dia seguinte nos postos dos SUS e nos planos de saúde;
  4. Pela descriminalização e legalização do aborto. Pela obrigatoriedade do atendimento pelo SUS e planos de saúde. Não podemos entender o aborto como um método contraceptivo. Mas ele é um fato. Ao contrário do que dizem o aborto, bem assistido, é uma defesa da vida da mulher e não faz mais mal para o corpo da mulher do que o parto. O atendimento público, com qualidade, é necessário para as mulheres da classe trabalhadora que não conseguem pagar uma clínica. A lei existente hoje prevê prisão de 01 a 03 anos para a mulher e para quem o realiza. O suposto pai sequer é mencionado. Para deixar de ser crime um dos projetos de lei em tramitação no Congresso Nacional (majoritariamente composto por homens da direita) poderá ser aprovado. Ele propõe a permissão da interrupção da gravidez de até 12 semanas em qualquer circunstância, de até 20 semanas em caso de estupro e em qualquer tempo nos casos de má-formação do feto ou risco à saúde da mulher. Prevê a utilização dos SUS e dos planos de saúde para tais práticas.
  5. A mulher deve decidir sobre o seu próprio corpo, em todos os sentidos;
  6. As relações de companheirismo e fraternidade devem prevalecer entre as mulheres para resistirem e trazerem todos os camaradas em seus locais de trabalho, estudo e militância contra os Assédios moral e sexual;
  7. Apoio psicológico e políticas de inclusão ou recolocação no mercado de trabalho para as mulheres vítimas de violência doméstica, além das medidas de assistência social. A nova legislação (Lei Maria da Penha 11.340/06) avança quando trata da violência contra a mulher e por trazer a possibilidade de que todo boletim de ocorrência de violência doméstica se transforme em inquérito policial. Além de uma condenação penal de até três anos de prisão, o agressor ainda pode ter decretada a separação, condenação em alimentos, perda da guarda dos filhos além de outras medidas como afastamento do lar, perda do porte de armas, determinação de que se mantenha distanciado da vítima e até o direito de a mulher reaver seus bens e cancelar procurações em nome do agressor. No entanto não aponta nada quanto à situação, existente em muitos casos, da dependência financeira da mulher e quanto a um dos principais fatores associado a atos de violência doméstica, que é o alcoolismo;
  8. Que o Estado reconheça o alcoolismo e a dependência química como problemas de saúde pública e garanta para a nossa classe o tratamento pelo SUS e planos de saúde;
  9. Combate à prostituição de crianças e adolescentes atacando as verdadeiras raízes – a pobreza, a violência e o tráfico de drogas – que levam crianças e adolescentes à situação de exploração sexual-comercial. Com a redução da jornada de trabalho com emprego para todos, a qualidade de ensino nas escolas públicas, o lazer, o esporte, etc;
  10. Combate ao tráfico de seres humanos. O Brasil, de acordo com a Organização Internacional para Migrações, OIM, é o país sul-americano com o maior número de casos de tráfico humano. O tráfico internacional de mulheres, crianças e adolescentes movimenta anualmente entre US$ 7 e US$ 9 bilhões, tornando-se uma das atividades mais lucrativas do crime organizado transnacional. Estima-se que o lucro das redes com cada ser humano transportado ilegalmente de um país para outro chegue a US$ 30mil. Apesar de ser possível constatar aumento dos casos, poucos traficantes de fato são presos. Não podemos fechar os olhos para essa situação. A mulher, que desesperadamente quer sobreviver, não pode continuar sendo mercadoria do tráfico internacional de seres humanos para prostituição e trabalho escravo;
  11. Não aceitamos que a teoria do criacionismo (que coloca a mulher em posição de submissão e humilhação) seja parte dos conteúdos ensinados nas escolas;
  12. Pela abolição do padrão estético bulímico e anoréxico, que busca valorizar a mulher trabalhadora atribuindo-lhe a auto-estima da mulher burguesa, o que tem contribuído, entre outras coisas, na supressão de mulheres gordas ou negras do acirrado mercado de trabalho, por exemplo, em shopping centers; Devemos estar atentas a todo o malabarismo feito pela imprensa burguesa e já assumido por alguns sindicatos de impor o estelionato dermatológico.
  13. Que sejam abolidas as formas subjetivas de contratação em processos seletivos ou concursos públicos com tais como: foto, dinâmica de grupo, etc;
  14. Contra todo tipo de preconceito e discriminação. Estudos da esquerda sobre homossexualismo pouco contribuem em relação à mulher homossexual. A luta contra o preconceito e a discriminação deve considerar, inclusive, a dificuldade, da mulher homossexual, de manter sexo seguro;
  15. Reconhecemos a união civil homossexual, inclusive com direitos à adoção;
  16. Por uma sexualidade livre dos preconceitos religiosos, de raça, de orientação sexual e não submetida às imposições do capital.

Emprego: Pela não dependência financeira que humilha e maltrata!

  1. Redução da Jornada de trabalho com salário mínimo do Dieese para todas as mães do campo e da cidade que trabalham fora com cotas proporcionais para as mulheres negras;
  2. Carteira assinada e com todos os direitos trabalhistas a todas mulheres que trabalham em situações precárias e terceirizadas. Exemplo: estagiárias, operadoras de telemarketing, empregadas domésticas, trabalhadoras do campo, etc;
  3. Contra a revista íntima no emprego;
  4. Não a discriminação da mulher negra. Nesse mercado de trabalho injusto e racista é o que vemos o tempo todo. Não podemos aceitar que se torne natural a qualificação da mulher negra apenas para atividades domésticas, cujas origens advêm da nossa herança escravista patriarcal;
  5. Pela diminuição da idade de aposentaria para a mulher que trabalha fora ou dentro de casa. A mulher da nossa classe trabalha a vida inteira. O tempo de contribuição não pode ser um impedimento para a sua aposentadoria. Se a mulher está vivendo mais, certamente está trabalhando mais;
  6. Licença Gestante de 6 meses, tempo ideal para a amamentação exclusiva, com redução da jornada após a volta ao trabalho (entrar uma hora mais tarde e sair uma hora mais cedo) para complementar com o leite materno a alimentação da criança até completar dois anos e meio. A mulher trabalhadora tem direito de amamentar! Pesquisas científicas comprovam a necessidade da amamentação.
  7. Doenças alérgicas, algumas do sistema imunológico, alguns tipos de cânceres, obesidade, diabete e doenças cardiovasculares podem ser associadas à falta de amamentação ou à amamentação irregular. O sistema capitalista exige filhos, mas não quer permitir à mulher trabalhadora a possibilidade de tê-los sem grande sofrimento.

Saúde: Por qualidade de vida e por vida!

  1. A nossa luta deve ser, cada vez mais, por hospitais públicos e com qualidade. Existe tecnologia para isso. A quantidade de valor que é retirado dos trabalhadores também possibilita isso. A nossa classe, que trabalha muito, merece ser bem tratada.
  2. Não aceitamos a ditadura do parto normal e até do fórceps na rede pública e do parto cesariana nos hospitais particulares. A mulher deve ser bem instruída para decidir com segurança sobre o tipo de parto e ter boa assistência;
  3. Orientação e diagnósticos precisos para que a mulher decida se realiza ou não a cirurgia para retirada do útero, que tem servido, para muitos médicos, como instrumento de esterilização das mulheres trabalhadoras;
  4. A nossa classe deve se mobilizar contra o descaso aos portadores de câncer. A falta de medicamentos e tratamentos adequados está reduzindo o tempo de vida dos trabalhadores portadores de doenças causadas pelo tipo de vida imposta pelo capitalismo;
  5. Por um programa específico para a saúde da mulher negra, incluindo no SUS diagnósticos rápidos e tratamento de doenças específicas da população negra, como a anemia falciforme e outras.
  6. Inclusão da disciplina de orientação sexual no currículo das escolas.

Formação: Para a transformação e pela transformação

  1. Devemos estar atentas e buscar impulsionar, com os demais trabalhadores, uma política de formação que busque a participação ativa e efetiva da mulher na transformação da sociedade, respeitando suas características;
  2. As mulheres da classe trabalhadora podem aprender a observar os elementos contraditórios que apresenta o sistema do capital e obter uma formação marxista-socialista;
  3. Devem ter amplo acesso a materiais e cursos também da história do movimento operário, das lutas ou revoluções, que abordem e destaque as lutadoras;
  4. Da mesma forma, devem poder conhecer o movimento sindical e estudantil até o seu significado hoje, com enfoque na mulher militante na organização da classe;
  5. Realizar estudos sobre as próprias categorias onde estão inseridas;
  6. Conhecer legislação, estatuto ou regimento das organizações em que atuam;
  7. Incentivo a falar em público, escrever e assumir tarefas;
  8. Preparação para assumir tarefas de direção;
  9. Cotas proporcionais, ao número de mulheres nas categorias ou organizações, nos órgãos de direção com cuidados (tempo, situação financeira) que facilitem a participação;
  10. Pelo fim da discriminação à mulher nos livros didáticos.

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Os limites da discussão de homossexualidade na esquerda

Homossexualidade não é obra do Satanás, não é doença e também não é uma opção, (como sabemos ninguém escolhe ser homem, bem como não escolhe ser mulher), mas então o que é homossexualidade?

Essa é uma questão sobre a qual, independente do que pensamos ou achamos, devemos promover e encarar um debate franco e fraterno se quisermos extirpar de nossas fileiras a homofobia, sob pena de não a combatermos na sociedade, pois propor – isso quando é proposto – o fim da homofobia na sociedade quando não a combatemos em nossas fileiras, é retórica pura simples.

Porque homossexuais devem viver nas sombras ou na marginalidade, mesmo quando participam de organizações políticas, mesmo as mais revolucionárias como essa NOVA CENTRAL que estamos em vias de construir?

A discussão LGBTT: Breve histórico

Do fim do século XIX até o início do século XX a liberdade sexual era uma das bandeiras do socialismo. Na Revolução Russa, logo após a tomada do poder pelo Partido bolchevique e durante a vigência dos sovietes, a homossexualidade era aceita, considerada como parte da liberdade sexual, algo próprio e inerente ao ser humano. A criminalização e discriminação eram combatidas. Com a chegada de Stalin ao poder a liberdade sexual e a discussão homossexual se tornam crime.

Dessa mesma forma, na Alemanha nazista, a liberdade deixa de existir no momento em que se proclama a pureza da raça, a estrutura familiar e sua moral como papel regulador e pequeno braço do Estado para o controle social, necessárias para o bom funcionamento da sociedade capitalista, fragilizada pela recente investida socialista. Para melhor perseguir os homossexuais dizia-se que relação sexual entre pessoas do mesmo sexo era "prática bolchevique".

Nesse período os homossexuais não se reconheciam publicamente e viviam em plena escuridão em suas casas, bares gays clandestinos e banheiros públicos. A comunicação se dava através de uma linguagem de códigos, para que não fossem reconhecidos.

Após o conturbado período das duas grandes guerras e com a polarização da Guerra Fria, o Brasil vive o Golpe Militar, que abafa e erradica a possibilidade de lutas sociais e questionamentos. Com a discussão atrasada e marginalizada a homossexualidade passa a ser tratada como doença mental.

Histórico do movimento LGBTT na esquerda brasileira.

Na década de 1970, com as mobilizações políticas contra o Golpe e a ditadura militar, os homossexuais começam a se organizar enquanto movimento social pela liberdade sexual e política. Esse movimento organizou-se a partir do jornal Lampião de Esquina, com o objetivo de discutir a homossexualidade e todo tipo de opressão.

No entanto, em 1978, no ciclo de debates da "Semana do Movimento da Convergência Socialista", com o objetivo de organizar um partido socialista, o grupo do Lampião de Esquina não foi convidado a participar pois eles ainda não tinham nenhuma identificação com a luta de classes. Isso gerou vários questionamentos sobre a necessidade da esquerda discutir a homossexualidade.

Na década de 1980 o movimento homossexual já está mais organizado com o grupo SOMOS e participa ativamente de atividades políticas com outros setores oprimidos. Organiza o I Encontro Nacional para discutir a homossexualidade e a intervenção com outros setores oprimidos e explorados na sociedade. Após esse Encontro um grupo de homossexuais participa do 1º de maio de 1988 no ABC paulista e reafirma que a luta dos trabalhadores é também uma luta dos homossexuais.

PT + CUT = extermínio do movimento LGBTT.

O PT e a CUT, em sua fundação, discutem a liberdade sexual, o direito à união civil de pessoas do mesmo sexo, a criminalização da homofobia e outros. No entanto, muitas propostas foram engavetadas e substituídas por um plano neoliberal, mais importante para sustentar o governo.

Além disso, o governo Lula, para garantir coligações e acordos partidários para chegar ao poder, aproxima-se do PP e do PL, ligados à igreja evangélica, que condena o movimento homossexual e considera a homossexualidade um distúrbio mental, ou pior, obra do demônio e não algo natural.

Outro exemplo é o vice-presidente da República, José Alencar, um cristão que só aceitou a parceria com o governo do PT com o engavetamento de todos os projetos contrários aos "princípios cristãos".

A CUT, que deveria estar do lado dos trabalhadores, na prática se opõe ao movimento LGBTT, ao permitir que sejam demitidos, por justa causa, trabalhadores que assumem a homossexualidade, em seus locais de serviço.

PSTU + CONLUTAS + PSOL + INTERSINDICAL + ANEL = Quase não há discussão sobre homossexualidade

O PSTU, que surge de uma das principais tendências do movimento operário, que integrou a Convergência Socialista, que levantava a discussão sobre a homossexualidade, parece ter esquecido o seu passado. Não privilegia a discussão. Na CONLUTAS ocorre o mesmo e a discussão sequer é fomentada. Não se tem orientação política e encaminhamentos nas categorias e entidades.

Com a unificação da CONLUTAS e Intersindical esse forte instrumento de luta não apresenta nenhuma discussão sobre a situação do movimento LGBTT, muito menos sobre o dia a dia opressivo para esse trabalhador.

A Pastoral Operária que também constrói o CONCLAT e que tem como fundamento os princípios cristãos e tem como líder Maximo o PAPA Bento XVI, pronuncia "que a existência da pedofilia na igreja é culpa da homossexualidade". Gostaríamos de saber como a Pastoral Operaria fará a discussão de homossexualidade no CONCLAT já que a igreja condena tais práticas sexuais.

A ANEL, que poderia ser uma organização combativa de estudantes, tratou com descaso a questão da homossexualidade. O Congresso de Estudantes de 2009, que tinha 20 GT's, possuía apenas um para a discussão das opressões. Em sua plenária final, ao invés de discutir planos de lutas que fortalecessem a ação de todos os oprimidos, só se preocupou em fundar uma nova entidade estudantil, passando por cima de quem levantasse outras preocupações.

Percebemos que a trajetória da esquerda não favorece a aproximação dos homossexuais combativos e ainda os distancia quanto à necessidade da organização para atuação conjunta. Nós chamamos a todos para fazermos discussões sobre o movimento LGBTT. Reivindicamos a unidade de todas as correntes e partidos de esquerda para discutirmos o movimento LGBTT e políticas para o desenvolvimento livre da sexualidade.

1º Por uma campanha nacional organizada pelos movimentos sociais e sindicatos em defesa dos direitos dos GLBTT´s.

2º Que a luta contra a opressão homossexual e o fim do capitalismo seja unificada;

3º Pela equiparação dos direitos e benefícios civis e trabalhistas para os homossexuais;

4º Pela garantia total aos GLBTT´s dos direitos civis, humanos e sociais reconhecidos aos heterossexuais!

5º Aprovação já do PL 112/06 que criminaliza a homofobia;

6º Pela livre manifestação afetivo-sexual dos GLBTT´s!

7º Liberdade aos setores oprimidos – mulheres, negros e homossexuais;

8º Educação de qualidade que conscientize e liberte;

9º Pela transformação das Paradas em manifestações de luta! Contra a mercantilização da Parada!

10º Fim da exploração do homem pelo homem!

Karen e Tarcísio.

Opressão racial um capítulo a parte!

O racismo no Brasil é algo muito perverso, pois tem como uma de suas principais característica, transformar suas vítimas em criminosos. Isso pode ser percebido facilmente quando observamos as discussões sobre as cotas raciais universitárias.

O movimento sindical, sob a falácia de que somos todos iguais e de que negros e brancos amargam a escravidão dos baixos salários e péssimas condições trabalho (em que pese o fundo de verdade), nega-se a encarar o problema e discutir as especificidades do povo negro.

A CUT levou mais de dez anos após sua fundação para incluir em sua agenda a temática racial.

A CONLUTAS o fez em seu Congresso de Fundação, mas isso não garantiu que o problema fosse enfrentado como se deve.

O CONCLAT não tem essa discussão em sua agenda, nosso movimento não é de minorias, mas de minorizados pela burguesia, e, infelizmente pelo movimento sindical também!

Eduardo Rosas

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Mulheres!

No sistema capitalista vocês são as que mais trabalham e menos recebem.
É claro que existe muito Homens que trabalham mais do que vocês, mas o
mínimo, mesmo que seja o mínimo do mínimo, eles recebem.
Esse sistema necessita, constantemente, de reciclar o seu acúmulo de
produção, isto é, ter e explorar cada vez mais trabalhadores novos e com
total energia potencial.
— Entretanto, nesta sociedade, quem cria, quem educa, alimenta, veste,
orienta e até sustenta as famílias, hoje, cada vez mais, além de ser a base
da reprodução; Não são vocês, Mulheres???
— O que vocês recebem para procriar?
— O que vocês recebem para amamentar?
— Nada! Muito menos o principal que deveriam receber em troca dessas
ações, que é o aval social de que seus filhos serão respeitados como
seres-humanos e terão o direito único, que dessas ações vocês poderiam
cobrar:—O DIREITO DE VIVER E NÃO O DE SE VENDER.
Na maioria das vezes sem receber nada em troca, a não ser a Morte que ainda
é universal à todos.
Por isso, Mulheres, REBELEM-SE!
Não sustentem um sistema tão nocivo à Vida como é o CAPITALISMO.
IMPONHAM-SE COMO SUJEITO, DOMINANTE DE SI MESMO!
Diminuam a quantidade de gravidez!
Imponham o uso da camisinha e de outros meios!
Se possível, nesta atual sociedade, não tenham filhos! Mostrem que vocês
não são objetos , exclusivos, muito menos para esse fim, em uma sociedade
tão deplorável como esta.
Vocês, nós, seres-humanos, fomos iludidos, embriagados através de "
histórinhas" , valores éticos e morais, incompatíveis com o nosso verdadeiro
valor em si, o valor de ser, e não o de Ter-que se vender.
Sejamos solidários uns com os outros; E então, encontraremos um eixo de
harmonia em nossas relações sociais
Sejamos solidários porque gostamos e necessitamos um dos outros, e não
porque queremos TER algo à mais de outrem;
Mais do que Mulheres, vocês são Seres, e como todos dessa Natureza tão
bela, mas tão maltrada, merecem respeito.
E principalmente, porque são pessoas, seres-humanos e não Coisas.

IRMÃS! VOCÊS SÃO MUITO!!!
MERECEM MUITO!
ESSA LUTA É DE TODOS NÓS!

Geraldo e Lucidelma – Assis/SP

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