Desde março de 2019 o Espaço Socialista e o Movimento de Organização Socialista se fundiram em uma só organização, a Emancipação Socialista. Não deixe de ler o nosso Manifesto!

Lutar contra a homofobia e contra o capitalismo

Lutar contra a homofobia e contra o capitalismo

Desde Novembro de 2010 já se somam cinco ataques homofóbicos na região da Av. Paulista. Esses ataques não são um fenômeno isolado. São parte de um processo geral que está em curso na sociedade. Vivemos um momento onde o conservadorismo, ideologicamente imposto pelo capitalismo, está voltando à tona – mais forte do que nunca.

 No ano passado, durante a campanha eleitoral, vários temas “polêmicos” foram usados para confundir a grande maioria das pessoas, para disfarçar o que realmente estava em jogo. Para continuar a aplicação do projeto neoliberal sobre nosso país, os candidatos fizeram pose de “defensores da moral e dos bons costumes”, se colocando contra a descriminalização do aborto e contra o casamento de homossexuais. 

Esses “defensores da moral e dos bons costumes” são os mesmos políticos corruptos que, entra governo, sai governo, impõem uma maiorexploração e a opressão sobre os trabalhadores. A necessidade da classe dominante de aumentar a exploração é ainda maior em tempos de crise do capitalismo. Para dobrar a resistência dos trabalhadores contra a exploração, aumentam as manifestações fascistas, machistas, racistas e homofóbicas. As idéias conservadoras ganham espaço.

Os exemplos desse conservadorismo são vários. Tivemos a infame “campanha” na internet contra a presença dos nordestinos em São Paulo, a campanha para entregar o militante italiano Cesare Batistti ao governo fascista e corrupto de seu país, e na semana que passou, a violenta repressão policial sobre os jovens que protestavam contra o aumento das passagens de ônibus.

Quando nos perguntamos o que está por trás destes ataques e de tanto preconceito, nos deparamos com toda uma lógica social. Para defender osistema capitalista, a classe dominante impõe aos trabalhadores a sua visão de mundo, para fazê-los aceitar uma lógica que privilegia e garante a obtenção de mais e mais lucro, condição para a manutenção e perpetuação do sistema.

E como isso se dá? Ocorre através da exploração do trabalhador, e através da imposição de ideias para que todos permaneçam obedientes. Dentre elas está a família patriarcal, que é um dos pilares da sociedade burguesa. A família patriarcal garante a reprodução de mais mão-de-obra (trabalhadores) e ainda favorece a instauração do conservadorismo, do machismo, do racismo, da homofobia, do consumismo e de muito mais da lógica capitalista.

Pensando nisso percebemos que os homossexuais não se “encaixam” neste padrão da família patriarcal. Não servem para reproduzir a mão de obra. Por isso os homossexuais são perseguidos na sociedade de classes. Os homossexuais são parte da classe trabalhadora, mas são tratados como uma parte “inferior”, “imoral”, “pecadora”, etc. Os preconceitos contra os homossexuais colocam a própria classe trabalhadora contra esse setor da população.

A classe dominante se utiliza desse mecanismo, dessas “diferenças”, para dividir a classe trabalhadora, colocando uns contra os outros. As mulheres, os negros e LGBTs são tratados como inferiores aos demais, como pecadores, como marginais, etc. idéias que os próprios trabalhadores absorvem. Isto torna “natural” que as mulheres, os negros e LGBTs, fiquem com os piores empregos, aceitem salários mais baixos, sofram toda espécie de violência e assédio. Através de divisões artificiais, a classe dominante faz com que alguns trabalhadores discriminem os outros, reproduzindo a lógica de dominação e opressão.
 

Por isso quando pensamos em lutar contra a Homofobia e o preconceito contra os LGBTs, constataremos que o fim da Homofobia e da Opressão só é possível com o fim do próprio capitalismo e da sociedade de classes. E para isso é preciso que a luta dos LGBTs contra a violência e preconceito que estamos sofrendo se unifique com a luta dos trabalhadores em geral, pelo fim da exploração e da opressão.

 Muitos LGBTs são levados a acreditar que podem ser aceitos nessa sociedade capitalista, desde que demonstrem que são “bem sucedidos”, “bem comportados”, “discretos”, usem roupas de marca, frequentem lugares caros, não se misturem com os pobres, etc. Trata-se de uma ilusão, já que esse modelo de “sucesso” é falso, não está aberto para todos, exige que se viva uma vida de aparências, uma escravidão aos objetos de consumo, em que não há verdadeira liberdade. Além disso, os LGBTs continuam sendo assassinados, torturados, estuprad@s, agredidos, demitidos, humilhados e ofendidos.
 

Enfim, é preciso lutaremos tod@s unificad@s por uma sociedade Socialista! Somente no socialismo, quando não houver mais exploração do homem pelo homem, quando não houver mais violência e dominação, quando tod@s forem realmente iguais, homens e mulheres, negros e brancos, hetero e homossexuais, será possível sermos plenamente livres e exercermos nossa liberdade sexual.

 O Espaço Socialista faz um chamado aos trabalhadores LGBTs para que se somem à luta contra as verdadeiras causas profundas da homofobia, do preconceito e da violência, que tem sua origem na sociedade de classes. Lutemos junt@spela emancipação dos trabalhadores e pelo socialismo! E para isso se faz necessário fortalecer nossa organização e construir a unidade com os movimentos de luta da classe trabalhadora.

Aprovação do PL 122/06. Punição aos agressores!

 Pelo casamento civil homossexual!

Pela liberdade sexual!

 Pelo fim de toda e qualquer forma de opressão!

Pelo fim do capitalismo! Por uma sociedade socialista!
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Os limites da discussão de homossexualidade na esquerda

Homossexualidade não é obra do Satanás, não é doença e também não é uma opção, (como sabemos ninguém escolhe ser homem, bem como não escolhe ser mulher), mas então o que é homossexualidade?

Essa é uma questão sobre a qual, independente do que pensamos ou achamos, devemos promover e encarar um debate franco e fraterno se quisermos extirpar de nossas fileiras a homofobia, sob pena de não a combatermos na sociedade, pois propor – isso quando é proposto – o fim da homofobia na sociedade quando não a combatemos em nossas fileiras, é retórica pura simples.

Porque homossexuais devem viver nas sombras ou na marginalidade, mesmo quando participam de organizações políticas, mesmo as mais revolucionárias como essa NOVA CENTRAL que estamos em vias de construir?

A discussão LGBTT: Breve histórico

Do fim do século XIX até o início do século XX a liberdade sexual era uma das bandeiras do socialismo. Na Revolução Russa, logo após a tomada do poder pelo Partido bolchevique e durante a vigência dos sovietes, a homossexualidade era aceita, considerada como parte da liberdade sexual, algo próprio e inerente ao ser humano. A criminalização e discriminação eram combatidas. Com a chegada de Stalin ao poder a liberdade sexual e a discussão homossexual se tornam crime.

Dessa mesma forma, na Alemanha nazista, a liberdade deixa de existir no momento em que se proclama a pureza da raça, a estrutura familiar e sua moral como papel regulador e pequeno braço do Estado para o controle social, necessárias para o bom funcionamento da sociedade capitalista, fragilizada pela recente investida socialista. Para melhor perseguir os homossexuais dizia-se que relação sexual entre pessoas do mesmo sexo era "prática bolchevique".

Nesse período os homossexuais não se reconheciam publicamente e viviam em plena escuridão em suas casas, bares gays clandestinos e banheiros públicos. A comunicação se dava através de uma linguagem de códigos, para que não fossem reconhecidos.

Após o conturbado período das duas grandes guerras e com a polarização da Guerra Fria, o Brasil vive o Golpe Militar, que abafa e erradica a possibilidade de lutas sociais e questionamentos. Com a discussão atrasada e marginalizada a homossexualidade passa a ser tratada como doença mental.

Histórico do movimento LGBTT na esquerda brasileira.

Na década de 1970, com as mobilizações políticas contra o Golpe e a ditadura militar, os homossexuais começam a se organizar enquanto movimento social pela liberdade sexual e política. Esse movimento organizou-se a partir do jornal Lampião de Esquina, com o objetivo de discutir a homossexualidade e todo tipo de opressão.

No entanto, em 1978, no ciclo de debates da "Semana do Movimento da Convergência Socialista", com o objetivo de organizar um partido socialista, o grupo do Lampião de Esquina não foi convidado a participar pois eles ainda não tinham nenhuma identificação com a luta de classes. Isso gerou vários questionamentos sobre a necessidade da esquerda discutir a homossexualidade.

Na década de 1980 o movimento homossexual já está mais organizado com o grupo SOMOS e participa ativamente de atividades políticas com outros setores oprimidos. Organiza o I Encontro Nacional para discutir a homossexualidade e a intervenção com outros setores oprimidos e explorados na sociedade. Após esse Encontro um grupo de homossexuais participa do 1º de maio de 1988 no ABC paulista e reafirma que a luta dos trabalhadores é também uma luta dos homossexuais.

PT + CUT = extermínio do movimento LGBTT.

O PT e a CUT, em sua fundação, discutem a liberdade sexual, o direito à união civil de pessoas do mesmo sexo, a criminalização da homofobia e outros. No entanto, muitas propostas foram engavetadas e substituídas por um plano neoliberal, mais importante para sustentar o governo.

Além disso, o governo Lula, para garantir coligações e acordos partidários para chegar ao poder, aproxima-se do PP e do PL, ligados à igreja evangélica, que condena o movimento homossexual e considera a homossexualidade um distúrbio mental, ou pior, obra do demônio e não algo natural.

Outro exemplo é o vice-presidente da República, José Alencar, um cristão que só aceitou a parceria com o governo do PT com o engavetamento de todos os projetos contrários aos "princípios cristãos".

A CUT, que deveria estar do lado dos trabalhadores, na prática se opõe ao movimento LGBTT, ao permitir que sejam demitidos, por justa causa, trabalhadores que assumem a homossexualidade, em seus locais de serviço.

PSTU + CONLUTAS + PSOL + INTERSINDICAL + ANEL = Quase não há discussão sobre homossexualidade

O PSTU, que surge de uma das principais tendências do movimento operário, que integrou a Convergência Socialista, que levantava a discussão sobre a homossexualidade, parece ter esquecido o seu passado. Não privilegia a discussão. Na CONLUTAS ocorre o mesmo e a discussão sequer é fomentada. Não se tem orientação política e encaminhamentos nas categorias e entidades.

Com a unificação da CONLUTAS e Intersindical esse forte instrumento de luta não apresenta nenhuma discussão sobre a situação do movimento LGBTT, muito menos sobre o dia a dia opressivo para esse trabalhador.

A Pastoral Operária que também constrói o CONCLAT e que tem como fundamento os princípios cristãos e tem como líder Maximo o PAPA Bento XVI, pronuncia "que a existência da pedofilia na igreja é culpa da homossexualidade". Gostaríamos de saber como a Pastoral Operaria fará a discussão de homossexualidade no CONCLAT já que a igreja condena tais práticas sexuais.

A ANEL, que poderia ser uma organização combativa de estudantes, tratou com descaso a questão da homossexualidade. O Congresso de Estudantes de 2009, que tinha 20 GT's, possuía apenas um para a discussão das opressões. Em sua plenária final, ao invés de discutir planos de lutas que fortalecessem a ação de todos os oprimidos, só se preocupou em fundar uma nova entidade estudantil, passando por cima de quem levantasse outras preocupações.

Percebemos que a trajetória da esquerda não favorece a aproximação dos homossexuais combativos e ainda os distancia quanto à necessidade da organização para atuação conjunta. Nós chamamos a todos para fazermos discussões sobre o movimento LGBTT. Reivindicamos a unidade de todas as correntes e partidos de esquerda para discutirmos o movimento LGBTT e políticas para o desenvolvimento livre da sexualidade.

1º Por uma campanha nacional organizada pelos movimentos sociais e sindicatos em defesa dos direitos dos GLBTT´s.

2º Que a luta contra a opressão homossexual e o fim do capitalismo seja unificada;

3º Pela equiparação dos direitos e benefícios civis e trabalhistas para os homossexuais;

4º Pela garantia total aos GLBTT´s dos direitos civis, humanos e sociais reconhecidos aos heterossexuais!

5º Aprovação já do PL 112/06 que criminaliza a homofobia;

6º Pela livre manifestação afetivo-sexual dos GLBTT´s!

7º Liberdade aos setores oprimidos – mulheres, negros e homossexuais;

8º Educação de qualidade que conscientize e liberte;

9º Pela transformação das Paradas em manifestações de luta! Contra a mercantilização da Parada!

10º Fim da exploração do homem pelo homem!

Karen e Tarcísio.

Opressão racial um capítulo a parte!

O racismo no Brasil é algo muito perverso, pois tem como uma de suas principais característica, transformar suas vítimas em criminosos. Isso pode ser percebido facilmente quando observamos as discussões sobre as cotas raciais universitárias.

O movimento sindical, sob a falácia de que somos todos iguais e de que negros e brancos amargam a escravidão dos baixos salários e péssimas condições trabalho (em que pese o fundo de verdade), nega-se a encarar o problema e discutir as especificidades do povo negro.

A CUT levou mais de dez anos após sua fundação para incluir em sua agenda a temática racial.

A CONLUTAS o fez em seu Congresso de Fundação, mas isso não garantiu que o problema fosse enfrentado como se deve.

O CONCLAT não tem essa discussão em sua agenda, nosso movimento não é de minorias, mas de minorizados pela burguesia, e, infelizmente pelo movimento sindical também!

Eduardo Rosas

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