Nota sobre a agressão ao Bolsonaro
7 de setembro de 2018
Espaço Socialista e Movimento de Organização Socialista (MOS)
Os marxistas revolucionários apostam na mobilização e organização da classe trabalhadora para derrotar a burguesia em qualquer forma de aplicação de seu projeto, seja através de Bolsonaro, Marina, Alckmin, Ciro Gomes, Lula, Meirelles, Amoedo, Álvaro Dias…
Ações isoladas como a que ocorreu com Bolsonaro, embora sejam expressões da revolta e indignação dos trabalhadores com os políticos burgueses, não resolvem os problemas sociais que atingem a nossa classe, e podem dar argumentos para ações de caráter militar do Estado e mesmo de grupos da direita e da ultradireita que apoiam esses candidatos.
Não apoiamos ações individuais porque entendemos que só a luta coletiva, organizada e determinada contra a totalidade das opressões do sistema pode mudar a vida da classe trabalhadora e do povo pobre.
Entretanto, como comunistas, não reivindicar ações isoladas não significa que temos a não-violência como um valor genérico universal e muito menos que nos solidarizamos com Bolsonaro. Não apoiar ações individuais não pode levar ao silenciamento dos posicionamentos fascistas e do papel cumprido por Bolsonaro ao longo de sua trajetória política e ultimamente como presidenciável. Os interesses da classe trabalhadora precisam ser demarcados e, mesmo diante desse acontecimento, não podemos recuar das nossas lutas intransigente contra a burguesia e em especial contra os diversos grupos de direita.
Entre todos os candidatos, Bolsonaro é aquele que mais prega a violência, sendo contra os movimentos sociais e defendendo o armamento para o agronegócio atacar as ocupações de terras, ensinando crianças a atirar e simular tiro com qualquer objeto, defendendo as agressões verbais a repórteres, às mulheres, sendo declaradamente homofóbico e contrário à luta LGBT, defendendo a criação de campos de concentração para os imigrantes venezuelanos, além de defender a Ditadura Militar, as torturas e os assassinatos contra os lutadores da classe trabalhadora brasileira.
É, ainda, um dos maiores defensores das ações genocidas praticadas pelas polícias e Exército, que exterminam diuturnamente a população pobre e negra das favelas.
Esse episódio demonstra que Bolsonaro é vítima de seu próprio discurso de ódio e intolerância. Não esqueçamos que dias atrás ele disse veementemente que metralharia seus opositores, utilizando o termo “petralhas”, que na verdade se entende por “petistas”.
Ainda não é possível medir as consequências desse acontecimento, mas os militantes do movimento social e da esquerda precisam acompanhar atentamente, porque não está descartado que os grupos de direita e seus apoiadores possam desencadear ações para vingar essa ação.
Por fim e não menos importante, ainda queremos saber, depois de quase 6 meses do assassinato e silenciamento do Estado: quem matou Marielle?