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Quanto mais votos nos partidos da ordem, maior será a legitimidade dos ataques


26 de agosto de 2018

Movimento de Organização Socialista (MOS)

O Brasil vive uma profunda crise: o desemprego oficial é de 13 milhões, mas na verdade a situação é muito pior, pois quase cinco milhões desistiram de procurar emprego e pelo menos 6,5 milhões estão subocupados. No total quase 28 milhões precisam de emprego. A economia está estagnada.

O capitalismo continua em crise e quem paga a conta é sempre as trabalhadoras e trabalhadores, mas essa crise não é nossa, não devemos pagar por ela. Os Bancos continuam com os lucros gigantescos, inclusive aumentando, e as empresas demitem cada vez mais. A reforma trabalhista torna mais grave a situação acabando com direitos e permitindo aumentar a exploração sobre o povo trabalhador.

Além disso, a reforma da previdência que a burguesia quer implementar agravará ainda mais a situação de miséria e barbárie, muitos não terão a expectativa de se aposentar antes de morrer. Mas um governo com popularidade tão baixa e com tantas crises e denúncias, como o governo Temer, não teve condições políticas de atacar ainda mais a população. Assim a burguesia está utilizando as eleições para formar governos com mais legitimidade para impor seus ataques.

Se em algum momento na história o sufrágio foi considerado um avanço democrático, há muito tempo ficou claro que se tornou centralmente uma forma de criar ilusões para os explorados que podemos interferir e melhorar o capitalismo. Entretanto a crise de confiança nas instituições burguesas, como pesquisas recentes revelaram, e a dificuldade da burguesia em emplacar um candidato mostram que há muitas contradições e conflitos nesse processo.. A popularidade que o fascista Bolsonaro tem vem em parte de um falso perfil anti-sistema.

A classe trabalhadora não deve alimentar nenhuma ilusão que elegendo determinado candidato, que ele poderá implementar medidas que efetivamente melhorem nossa vida e muito menos que resolvam o impacto da crise capitalista. A experiência do PT na presidência poderia ter servido de lição de que não é possível usar as instituições burguesas em prol da classe trabalhadora.

A única alternativa da classe é se organizar e acreditar nas suas próprias forças, com independência da burguesia e do Estado-burguês. Investir nas eleições como possibilidade de avanço para os explorados, consome e divide nossas poucas forças e nos desorganiza.

Isso não significa ignorar a importância dos poucos direitos democráticos, muito pelo contrário, pois eles estão seriamente ameaçados. No Estado do Rio, 1,7 milhões de eleitores vivem em localidades controladas diretamente por milícias e/ou pelo tráfico. Além disso a cada dia que passa direitos básicos sāo retirados da classe trabalhadora. Mas certamente a defesa das poucas liberdades democráticas que temos não se confunde com a posição de aperfeiçoar ou melhorar as instituições burguesas.

Nesse sentido é importante utilizar o limitadíssimo espaço democrático que as eleições permitem para apresentar propostas, denunciar a crescente exploração e barbárie que a burguesia impõe ao povo e convocar o conjunto da classe trabalhadora para se organizar, seja em sindicatos, em coletivos, locais de moradias, para se enfrentar com nossos inimigos de classe – os patrōes, banqueiros, latifundiários e todos os exploradores e opressores.

A defesa do voto nulo não necessariamente cumpre esse objetivo. Não temos o voto nulo como princípio. Ainda que a única garantia de que os ataques não sejam vitoriosos seja a força da própria classe trabalhadora, independente de quem seja eleito, quanto maior a votação nos partidos da ordem capitalista e naqueles que defendem os ataques e a retirada de direitos, maior será sua legitimidade para implementar os ataques à classe trabalhadora. Por isso indicamos o voto crítico nas candidaturas que se opõem à reforma de previdência e a reforma trabalhista e que são parte das lutas da classe trabalhadora e da esquerda socialista. Para presidente indicamos o voto em Vera Lúcia do PSTU e em Guilherme Boulos do PSOL.