Jornal 77: Uma nova força da juventude se constrói: construindo o coletivo Primavera Socialista!
7 de abril de 2015
Há algum tempo o Espaço Socialista vem contribuindo para fortalecer a luta da juventude reforçando, especialmente, a luta dxs jovens que estiveram atentxs e se mobilizam desde as Jornadas de junho de 2013.
Embora essas manifestações tenham sido importantes, apresentaram pautas confusas e, em muitos momentos, pouco compreendidas pela maioria. E, ao mesmo tempo em que estimularam muita energia, também resultaram em pouco organização e pouca luta cotidiana da juventude nos seus locais de trabalho e de estudo.
Com isso entendemos que mais do que participar de manifestações e atos, a juventude precisa construir o seu caminho, problematizar suas ações, compreender quais os interesses, de fato, estão em jogo nos momentos de enfrentamento e o que irá defender para fortalecer os interesses da classe social que faz parte.
Para isso, é fundamental a organização da juventude. É preciso, cada vez mais, construirmos diálogos, repensar conjuntamente a realidade que vivemos e o que sofremos e, a partir disso, construirmos espaços coletivos com as pessoas que somam forças e que se mostram dispostas a fazer um enfrentamento real pela transformação dessa sociedade.
Estudos, debates, análises críticas e programáticas testadas na prática diária contribuem para que a juventude da classe trabalhadora possa defender com todo o seu vigor, nos momentos de luta, um projeto de sociedade que promova de fato a igualdade social, ou seja, uma sociedade socialista!
Assim, depois de organizar atividades temáticas e de formação política, promover ações nas escolas, universidades e ações conjuntas e cotidianas com os movimentos sociais (luta contra o aumento da tarifa, por exemplo), nós construímos a I Vivência da Juventude tanto em São Paulo como em Maceió.
Com isso, buscamos consolidar o comprometimento real de jovens que desenvolveram a compreensão política da necessidade de sua atuação aliado à percepção de que, além de tudo estar errado nessa sociedade, é necessário construirmos caminhos que levem à luta pela superação da desigualdade entre as pessoas e pelo fim da sociedade de classes!
A consolidação dessa luta
Também após um período de debates, experiências práticas e coletivas realizamos, em 14 de março último, a I Plenária Nacional do Coletivo e avançamos no perfil político de uma juventude combativa!
Foram necessários amplos e ainda insuficientes debates sobre a compreensão política e as tarefas do Coletivo. Com a importante diversidade de ideias e as contradições apresentadas nas reflexões, consolidamos um acúmulo que subsidia uma atuação em que busca mudanças reais e efetivas de nossa realidade. Também indicamos que apenas uma plenária não esgota as pautas e diretrizes para o Coletivo, afinal a compreensão política da atual conjuntura e do momento histórico das lutas requer muitos estudos, debates e ações cotidianas, as quais perseguiremos constantemente em nossa vida militante.
Colocou-se ainda como um ponto de destaque a preocupação com a formação teórica e política constante no Coletivo, que buscará estudar e se preparar para intervenções qualificadas no movimento social.
Nesse período realizamos várias atividades e estudos, nos quais indicamos análises, críticas e caminhos para avançarmos na luta. Frente a essa realidade, nos definimos como anticapitalistas, pois compreendemos que esse sistema só fortalece um pequeno grupo de empresários, expropria a nossa força de trabalho e que, além dessa injustiça, utiliza várias estratégias para se garantir influente e se manter predominante buscando naturalizar essa desigualdade. Assim têm em suas mãos a mídia, a religião, o sistema jurídico, a polícia e o exército, garantindo ainda a repressão contra quem luta.
Assim, buscamos a alternativa de construir uma sociedade em que a democracia de fato exista, onde toda a classe trabalhadora que produz toda a riqueza possa decidir sobre o que produzir, quanto, como e sobre a distribuição para que o ser humano e o restante da natureza possam ser respeitados acima de tudo, ou seja, uma sociedade sem exploração e humana. Por isso nos definimos como anticapitalistas.
Daí deriva a importância de sermos antigovernistas, pois, os governos burgueses têm reforçado e intensificado a exploração para manter o lucro, como no Brasil. E daí também o fato de não acreditarmos no sistema de democracia burguês (Câmara, Senado, etc.) que criam e aprovam leis que favorecem e reforçam esse sistema de exploração e de dominação. E daí a busca pela luta internacionalista e pela união da classe trabalhadora no mundo contra o imperialismo e pela revolução mundial!
Optamos em construir um tipo de militância no dia a dia e em todos os espaços onde estamos para contribuirmos com o desenvolvimento da consciência de classe entre a juventude e xs trabalhadorxs, contra todas as formas de exploração e opressão.
Nesse sentido, buscamos romper com todas as formas de preconceito e ressaltamos a luta contra o machismo, racismo, LGBTfobia e os demais preconceitos com os diversos grupos sociais oprimidos.
A força para transformar
Com tudo isso, a construção desse Coletivo expressa a necessidade do fortalecimento da unidade de juvens e trabalhadorxs nas lutas nos locais de trabalho, de estudos, nas greves e nas ruas para enfrentar a burguesia e buscarmos colocar no horizonte a necessidade de construção da sociedade socialista.
O Coletivo expressa a necessidade de ruptura com o senso comum, com o consumismo imposto e que se choca com os nossos baixos salários e com o desemprego crescente. Expressa a nossa disposição de utilizar o nosso tempo livre com algo que nos fortalece e a negação em enfraquecer nossas forças rodando nos shoppings das cidades ou vivendo somente de entretenimento.
Saímos das chamas de nosso individualismo, rompemos os padrões impostos por essa sociedade desigual e, tortos e despojados pelas ruas, nascemos como Coletivo Primavera Socialista!
Fortalecer a Greve dos professores desde a sala de aula
Nas últimas semanas temos contribuído para o fortalecimento da Greve dos Professores do Estado de São Paulo por melhores condições de trabalho. Por um lado, o Governador Geraldo Alckmin deslegitima a luta dos professores, dizendo que não está tendo greve e que essa novela todo ano se repete. Por outro lado, o que tem surpreendido nessa greve é o movimento dos estudantes secundaristas. Muitos alunos têm acompanhado o Comando de Greve e se mobilizado pelas suas próprias reivindicações, apoiado a luta e juntado mais pessoas em favor da greve.
A Educação pública sofre a cada dia com o enorme sucateamento e descaso. E os problemas estruturais da Educação no Brasil demonstram o quanto a lógica capitalista tem sido imposta nas escolas. Estamos numa escola em que é imposta a progressão continuada que precisa de um tipo de aula e de um Caderno do Aluno (apostilas didáticas com conteúdo limitado e igual para todas as pessoas), que não consideram o nível de conhecimento e sequer preparam para o tal mundo do trabalho – além de não haver material para todos. Em que as avaliações são distantes da realidade de alunos e professores. Onde a arquitetura prisional, as câmeras, a ronda escolar, heranças da Ditadura Militar, pressionam alunos e e professores. Além da precarização e intensificação do trabalho do professor, que precisa ter muitas aulas por salário, do autoritarismo das direções que busca abafar a voz de alunos e professores.
E se não bastasse tudo isso, desde o fim do ano, o Governo do Estado, PSDB, tem cortado verbas destinadas a limpeza, materiais e pequenas obras. É mais do que nítido que em meio a crises econômicas os primeiros gastos a serem cortados são aqueles que envolvem a classe trabalhadora. como Educação, saúde, transporte ou lazer. Se já não temos investimento suficiente nessas áreas para termos serviços dignos, os cortes têm consequências árduas para nós.
As escolas são obrigadas a reafirmam os discursos neoliberais na busca de parcerias com empresas privadas, que direcionam para a privatização do ensino público em benefício das escolas particulares e empresas. Isso explica, em parte, o controle que o Estado vem exercendo sobre professores, alunos e comunidade para que não discutam e entendam a destruição das escolas e a falta de diálogo com os professores. Afinal, mantê-la como um “depósito” para conter os problemas sociais e retirar das ruas crianças e adolescentes é a necessidade do sistema capitalista nesse momento e sob o domínio do Estado.
É assim, motivos para lutar não faltam e é por isso que a Greve também ensina. Professores dando o exemplo na luta e deixando esse legado para os alunos, que sentem cotidianamente na pele também a exploração e a opressão que o capital nos causa.
Todo apoio à greve dos professores desde a sala de aula até a participação no Comando de Greve e nas Assembleias Estaduais, juntos na luta!