A privatização das ferrovias e suas consequências – José Luis
23 de setembro de 2012
Este texto é uma contribuição individual, não necessariamente expressa a opinião da organização e por este motivo se apresenta assinado por seu autor.
a privatização das ferrovias e suas consequências
José Luis – Funcionário Publico – ABC
O apagão ocorrido em 29 de março (o 5º deste ano) em São Paulo, ocasionou um quebra-quebra, começando na estação de Francisco Morato e foi estendendo-se as demais estações, sendo os alvos principais as catracas e as bilheterias, em razão dos constantes atrazos e altas tarifas cobradas, prejudicando milhões de usuários. Logo o governo do PSDB achou um culpado: -a própria população! Principalmente por recorrer ao transporte ferroviário, cujo movimento saltou de 353 milhões em 2003, para 700 milhões em 2011, mas com sua infra-estrutura e equipamentos obsoletos e sem manutenção, com rede elétrica com mais de 50 anos de uso (*1). No Rio de Janeiro, ocorre situação mais grave, com a rede metropolitada adminstrada pela Supervias, empresa esta, que ganhou uma concessão de 50 anos de operação. A ação desta empresa é a mesma de outras operadoras privadas, operar as linhas mais lucrativas e sucatear as demais elevando absurdamente as tarifas, sem melhorias, afetando principalmente o transporte de passageiros, resultando em contínuos atrasos causando revoltas na população (*2).A situação das ferrovias brasileiras é a mesma de norte a sul; locomotivas e vagões abandonados e depredados, corroídos pela ferrugem, linhas desativadas e galpões e armazéns em ruínas. Quando e como esta tragédia começou?As ferrovias chegaram ao país , com a construção da Estrada de Ferro Petrópolis em 1854 por iniciativa do Barão de Mauá, logo o capital inglês se apropriou da iniciativa da construção e direção da maior parte do parque ferroviário brasileiro. As ferrovias alavancaram o desenvolvimento econômico do país, muitas cidades foram criadas a margem das ferrovias e cidades antes isoladas por obstáculos naturais tornaram-se metrópoles, como o exemplo da cidade de São Paulo. No final do século XIX e começo do XX, o Brasil tinha uma das maiores redes do planeta. Nos anos 40, começaram a apresentar sinais de decadência, pois já não davam altos lucros aos trustes ingleses. Mesmo com a estatização e a criação da RFSA esta tendência não foi revertida, nos anos 50 o capital internacional começou a dominar o cenário econômico do país, e impuseram ao governo a prioridade para as rodovias para satisfazer as multinacionais da indústria automobilistica, com o consequente abandono das ferrovias. Tal tendência foi seguida pela ditadura e os governos que a sucedera. Lentatamente foram desativadas linhas ferroviárias e estações foram abandonadas, sendo substituídas pelo oneroso e encarecido sistema rodoviário.
Com FHC iniciou-se a era das privatizações selvagens de toda infra-estrutura do país, como transporte, energia, mineração, comunicação entre outras que foram apropriadas em grande parte pelo capital internacional
O sistema ferroviário foi o mais afetado, pios somente interessavem as linhas mais lucrativas, como o transporte de minérios, imediatamente subiram as tarifas a níveis astronômicos. Outras linhas que não eram lucrativas foram desativadas ou abandonadas como o transporte de passagerios de longo percurso, com demissões massivas, deixando pequenos produtores desamparados, O mesmo se deu nas rodovias onde se deu a famosa “farra dos pedágios” com preços exorbitantes e aumento dos postos de pedágio. Com o PT no poder, logo tratou de por fim as esperanças de retomar o patrimônio público. Os discursos contra a privatizaçao só ficou na retórica. Lula continou a política nefasta de privatização, com as obras da ferrovias Norte-Sul e Transnordestina, entregues a grupos privados, sem contar que o mesmo editou medida provisória e patrocinou no Congresso a sua aprovação a extinção da RFSA, atendendo a trustes que controlam a malha ferroviária (*3).
Com o governo Dillma segue a mesma política que visa a privatizaçã dos aeroportos e correios, caracterizando como mais a direita dos governos de “esquerda” da América Latina.
Na contramão das nações desenvolvidas que modernizaram e ampliou a rede ferroviária. A burguesia brasileira praticamente destruiu o sistema ferroviário, cujas conseqüências nefastas o pais sofre atuallmente. Dependência excessiva do petróleo importado, sistema rodoviário congestionado e oneroso, estradas mal conservadas, expostas a freqüentes acidentes e assalto de quadrilhas organizadas, extorção das altas tarifas de pedágio, elevando assim os fretes e seguros. Nas cidades, ruas esburacadas, com trânsito em colapso, devido ao excesso de automóveis particulares, pois além do transporte ferroviário e metrôs, caros e ineficientes, temos também o transporte de ônibus caro, insuficiente e de péssima qualidade. Resultado: Meio ambiente deteriorado com altos níveis de poluição nas cidades, deterioração de bairros inteiros e desmatamentos para construção e alargamentos de rodovias. Este é um dos motivos de que o Brasil apresentou crescimento pífio na bonança econômica que durou até 2008, e por que do custo de vida ser alto e de ser tão caro produzir no Brasil.
A Privatização ou melhor “privataria” das ferrovias e outros patrimônios públicos, pode ser considerado um dos maiores crimes contra a nação e seu povo, que foi praticamente uma recolonização , só superada pelo saque da China pelas potências imperialistas até 1949 e no desmonte e liquidação da URSS pela burocracia em conjunto com a máfia russa.
Tal situação vai agravar as condições de vida dos trabalhadores brasileiros cabe a nós lutadores classistas socialistas “autênticos” convocar os movimentos populares, sem terra e outros movimentos sociais, bem como as centrais sindicais não vinculadas ao governo do PT, como a Conlutas e Intersindical, mobilizar a população nas ruas, exigindo a retomada do patrimônio público de volta ao povo brasileiro, reestatizando-as e reduzindo suas tarifas, mas sob o controle dos trabalhadores, evitando o perigo de surgir novas burocracias nefastas que destruiram as estatais, justificando sua privatização, que a exemplo das fábricas ocupadas que estão melhor geridas pelos seus operários do que nas mãos dos patrões.
Publicações consultadas:
*1- Folha de São Paulo – Caderno Cotidiano, páginas C1 e C4 de 30.3.2012.
*2- Privatização e Sucateamento – Boletim CMI por Latuff 26.2.2002.
*3- Artigo de Roque Ferreira – Coordenador Geral dos Sindicatos Ferroviários de Bauru, MS e MT-CUT/FNITST. “Este pais, durante 40 anos, não investiu em ferrovias e o pouco que a gente tinha foi privatizado. Em muiots casos, não se exigiu a responsabilidade daquele privatizou para fazer os investimentos necessários”. – discurso de Lula na inauguração da duplicação da rodovia BR-060 Brasília-Anapolis.