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Nota sobre a saída do MTST da CSP-Conlutas


24 de julho de 2012

 Desde o início da construção da Conlutas o Espaço Socialista tem acompanhado as dificuldades e as debilidades da Central em unir a luta sindical e popular. Foi acreditando nessa possibilidade e necessidade de superação dessas dificuldades que apoiamos a chegada do MTST à CSP-Conlutas.
Observamos que durante todo esse período pouca informação tínhamos, na imprensa da Central, sobre o movimento popular no Brasil e suas lutas localizadas, com exceção do Pinheirinho em SJC/SP.
Não acompanhamos na Central nenhuma campanha sistemática, estendida às lutas mais imediatas, sobre a questão da moradia e de denúncia dos programas habitacionais dos governos federal, estaduais e municipais, que jogam para as periferias mais distantes o trabalhador com baixa renda e deixam sem moradia o trabalhador precarizado ou desempregado.
A nossa insistência em discutirmos o agravamento da crise mundial e seu desenvolvimento e aprofundamento no Brasil, entendida como uma crise estrutural do capital, que intensifica a retirada de direitos da classe trabalhadora e promove um nível ainda mais elevado de pauperização e miséria, tem sido para demonstrar o quanto precisamos fortalecer os movimentos de trabalhadores e a unidade da classe.
Já não mais podemos travar lutas isoladas; o trabalhador precisa reaprender a lutar pelas necessidades do outro trabalhador. Não podemos mais lutar somente por aumento salarial. Temos que lutar por emprego, por novos postos de trabalho, por condições dignas de trabalho, por moradia, contra o alto custo de vida, por Educação e Saúde de qualidade para a classe trabalhadora. Mas, essas lutas precisam ser interligadas, apoiadas e unificadas efetivamente pela Central. A consciência de unidade da classe precisa ser construída na prática cotidiana e em todos os meios militantes.
Buscando desenvolver essa prática, o Espaço Socialista passou a acompanhar de perto, a partir de Santo André no ABC paulista, desde o início de março de 2012, a luta do MTST, com os Novos Pinheirinhos, no movimento por moradia e nas estruturas da CSP-Conlutas.
Essa Ocupação representa a maior luta popular, na região, desde 2003, ocasião da Ocupação Santo Dias em São Bernardo do Campo. No entanto, o que estamos presenciando, nesse caso, é uma forte ausência política da CSP-Conlutas. Isso se concretiza desde a não visibilidade às Ocupações na imprensa da Central, passando pela não presença efetiva nas mobilizações, chegando ao fato de a corrente majoritária encabeçada pelo PSTU retirar-se do Comitê de Apoio e Solidariedade à Ocupação.
Diante de toda essa situação e a partir dos motivos apresentados pelo MTST na Carta de Saída da CSP-Conlutas, entendemos que a CSP-Conlutas, ao adotar a política e os métodos da direção majoritária de construção do partido em detrimento da construção e fortalecimento de uma central sindical e popular, continua enfraquecendo a luta e a unidade dos trabalhadores. Sabemos que não existe construção de nenhum movimento sindical e popular forte e realmente de esquerda sem a participação efetiva de trabalhadores organizados e em unidade.
A CSP-Conlutas não pode estar a serviço da construção de um movimento em específico ou de qualquer que seja o partido, mas sim dos movimentos e organizações dos trabalhadores em geral. Fortalecer a Central é fortalecer cada uma das organizações e dos movimentos da esquerda antigovernista, anticapitalista e que organiza a luta da classe trabalhadora! A instrumentalização da Central por uma organização ou movimento leva a rachas e à perda da unidade, tal como se viu desde o Conclat e, agora, com a saída do MTST.
Por outro lado, não manifestamos nosso apoio à decisão do MTST de romper com a Central; inclusive, sem antes abrir essa discussão com as entidades e organizações que compõem a CSP-Conlutas. Todas e todos os militantes que, no seu dia a dia, constroem a Central e lutam para que seja sindical e popular mereciam e necessitavam participar desse debate para compreender e contribuir com esse processo que vem se desenvolvendo com o PSTU e com a CSP-Conlutas.
O Espaço Socialista permanecerá no apoio à luta por moradia, continuará impulsionando o Comitê de Apoio e Solidariedade à Ocupação Novo Pinheirinho em Santo André e insistirá em fortalecer a CSP-Conlutas, pois acreditamos que somente a luta e a unidade da classe impedirão processos de desagregação impostos por discussões realizadas pelas direções dos movimentos sem o envolvimento de suas respectivas bases.

Espaço Socialista, Julho 2012.