Algumas ponderações acerca das últimas mobilizações na UFAL
25 de outubro de 2013
Juventude do ES
Maceió, AL
Em 2007 foi aprovado o projeto de expansão universitária que visava aumentar o acesso à universidade pública, o REUNI. Esse projeto teria como finalidade aumentar o número de vagas e de universidades federais pelo país sob o pretexto de democratização do ensino público. Porém, a realidade que o projeto trouxe para a grande maioria dos estudantes é desanimadora: a falta de estrutura e condições básicas de formação revelam as tristes condições por trás da bandeira de democratização do ensino.
A precarização da educação pública se mostra em todas as partes: desde a falta de estrutura física básica para atender às demandas, até a assistência estudantil que permita a permanência dos estudantes na universidade. Blocos sucateados, ausência de efetivo de professores que atenda às necessidades dos cursos, falta de segurança dentro dos campi, vagas insuficientes no Restaurante Universitário (R.U.) e a falta de materiais básicos para a formação prática se configuram como a rotina dos estudantes das universidades federais que aprovaram o REUNI. O processo de interiorização da universidade abre campi sem o mínimo infraestrutura como R.U., residência universitária e salas de aula suficientes. Todos esses problemas, somados à falta de assistência estudantil necessária para manter os estudantes na universidade, tornam incerta a permanência daqueles que almejam a carreira acadêmica.
O REUNI é nada mais, nada menos, que o projeto de sucateamento da educação pública que o governo federal impõe com a necessidade de fortalecer a iniciativa privada. Esse não é um privilégio somente da educação: saúde, segurança e outros serviços básicos oferecidos pelo Estado também são vítimas do ataque neoliberal que vem sendo desferido pelo governo federal. Uma série de insatisfações com a situação do país teve vazão em junho, quando, no país inteiro, a população mostrou que não está disposta a tolerar o depreciação do serviço público no cenário político brasileiro. Sobre as mais diversas pautas, foi para a rua protestar contra o desmonte arquitetado pelo governo do PT.
Na UFAL, o projeto de universidade posto para os estudantes também vinha sendo questionado. Em maio deste ano, estudantes de vários cursos se mobilizaram para reivindicar melhor segurança dentro do campus. A mobilização por segurança, ainda em seus primeiros passos, foi interrompida pela avassaladora jornada de junho, porém, em outubro, os estudantes da UFAL mostraram que ainda estão ávidos por lutar.
Em reunião ampliada do DCE, delibera-se que seria construída uma aula pública e um ato nos últimos dias 21 e 22 respectivamente. Com as pautas de assistência estudantil, segurança e estrutura, estudantes de vários cursos tentam agitar as pautas nas passagens em sala e panfletagens pelo campus A.C. Simões e em assembleias nos demais campi. A aula pública se deu tratando da situação precarizada da universidade no atual contexto da sociedade capitalista, onde ficou claro qual é o papel estratégico da universidade dentro da atual conjuntura do capital, tanto nacional quando internacionalmente. Compareceram várias pessoas que estavam se aproximando do movimento estudantil.
No dia seguinte, o ato marcado se seguiu com a presença dos camaradas de Palmeira dos Índios, Arapiraca, Santana do Ipanema e os estudantes da residência universitária que, indo até o gabinete do reitor, colocaram suas indignações junto com estudantes de diversos centros acadêmicos do campus A.C. Simões. A vice-reitora Raquel Rocha, funcionando como o braço do Estado na universidade, recebeu a carta de reivindicações construída pelos estudantes que versava sobre as questões mais emergenciais que afetavam todos os estudantes da UFAL – foi, também, dela que os estudantes cobraram respostas. Após algumas horas, foram definidas datas para reuniões: dia 23 reunião com os estudantes da Residência Universitária; dia 31 com os universitários de Palmeira dos Índios e Arapiraca; entre os dias 25 e 29 reunião com a comunidade discente do campus AC Simões.
É importante ressaltar que, apesar da pressão que foi exercida sobre a vice-reitora e os pró-reitores, essas reuniões não se configuram como uma resposta concreta aos estudantes com relação a seus problemas. Demonstram tão somente uma postura evasiva por parte da reitoria frente às reivindicações colocadas, uma maneira de desgastar o movimento com promessas de datas e reuniões que não costumam levar a lugar algum – nossa história recente prova que tais agendamentos, por si mesmos, não garantem qualquer melhoria qualitativa na situação da universidade.
Outro ponto que devemos salientar foi a total ausência do Partido Comunista Revolucionário (PCR) e seu coletivo de massas Correnteza. Uma vez tendo perdido o aparelho do DCE, que usaram para sustentar-se (a duras coxas, diga-se de passagem) no movimento geral da UFAL, os mesmos se eximiram de todos os processos de luta postos para os estudantes da universidade reafirmando as críticas que alguns setores do movimento estudantil da UFAL sobre suas prioridades: tão somente a disputa do aparato do DCE para sua auto-construção política. O PCR, conhecido no ME geral da UFAL por suas reuniões a portas fechadas com a reitoria, vira as costas para os mais gritantes anseios dos estudantes demonstrando sua total falta de responsabilidade com o movimento.
Uma coisa fica clara dentro desses processos de luta: a necessidade de reunir as pautas a cerca da situação da universidade e colocar o caminho da luta direta na ordem do dia. Devemos compreender as mobilizações que ocorreram nesta semana como o início de um processo de embates que está posto para os lutadores. Afirmamos que um calendário de reuniões com a reitoria não irá resolver os problemas trazidos pelo REUNI: é necessário seguir no caminho da luta, aglutinando demandas que ainda não foram listadas e unificando as lutas de todos os campi e de todos os cursos. É necessário o fortalecimento dos centros acadêmicos, por meio do estreitamento de laços políticos reais com as bases que representam, para que a luta do movimento estudantil por uma universidade pública, gratuita e de qualidade tenha verdadeiros êxitos.
Das ruas, das praças, quem disse que sumiu?
Aqui está presente o movimento estudantil!!