Derrota na Embraer mostrou os limites de um sindicalismo imediatista
11 de abril de 2009
Derrota na EMBRAER mostrou os limites de um sindicalismo imediatista
Nesta polêmica, não se trata de questionar a combatividade do sindicato dos metalúrgicos de São José, nem suas intenções, mas sim um modelo de atuação que ao nosso ver não está à altura para enfrentar os grandes ataques desse período de crise.
O que precisa ser discutido é por que em uma categoria dirigida ao longo de mais de 20 anos por um sindicato que recebe acompanhamento direto da direção nacional do PSTU, e que tem prioridade da CONLUTAS, os trabalhadores tendem a agir da mesma forma que em outros locais cujas direções não são de luta?
Ou seja, por que no caso das demissões da GM, e agora, da Embraer, o sindicato não conseguiu realizar uma greve ou formas de luta mais radicalizadas? Por que não foi possível sequer juntar e organizar os demitidos em assembléias ou atos massivos?
Foi culpa dos próprios trabalhadores? Ou isso reflete uma defasagem no tipo de trabalho que vem sendo realizado todos esses anos nos sindicatos dirigidos pela esquerda em geral?
Ao nosso ver, embora haja dificuldades objetivas, a segunda opção é a que predomina. As dificuldades de mobilização refletem a falta de um trabalho político e ideológico mais estrutural junto aos trabalhadores, o que caracteriza uma concepção de sindicalismo imediatista e economicista.
Se em períodos “normais” o sindicalismo imediatista já é limitado, num período de crise essas limitações se transformam em derrotas, pois esse tipo de atuação não dá conta das questões de fundo colocadas em toda crise estrutural – como a questão do lucro, dos objetivos da produção e da propriedade, a questão de que classe deve ter o poder político, qual rumo apontar para a sociedade.
A crise deve reorientar totalmente o tipo de atuação sindical. É necessário disputar cotidianamente a consciência das massas, discutindo a necessidade de os trabalhadores apresentarem uma outra saída para a sociedade, que rompa com a lógica do lucro e com a ordem de poder da burguesia, apontando uma perspectiva de futuro da construção de uma outra ordem política e social, sob controle dos trabalhadores.
Enfim, trata-se de estabelecer um elo entre as lutas imediatas e a proposta socialista revolucionária, pois a burguesia defende cotidianamente a ideologia capitalista de manter a produção voltada para o lucro e para o mercado. Se não fizermos essa disputa política e ideológica, deixaremos os trabalhadores à mercê da ideologia burguesa de que a lucratividade das empresas é sagrada e não pode ser questionada.
Os metalúrgicos, tanto da GM como da EMBRAER, ao não terem desenvolvido uma consciência anti-capitalista, nem um programa alternativo, pela falta de um trabalho político nesse sentido, não enxergaram a possibilidade de resistir, pois não vêem uma forma de ir além da lógica do lucro, nem de fazer de sua luta uma campanha de todos os trabalhadores. Nesse sentido o lema anterior “Demitiu, Parou” embora correto em princípio, se mostrou insuficiente.
Diante das dificuldades provocadas pela falta desse trabalho mais ideológio e político, a orientação da direção da CONLUTAS (PSTU), foi de se juntar à CUT e à Força Sindical, buscando uma “unidade”… Então vimos as cenas em que Zé Maria saiu de braços dados com o Paulinho da Força.
Isso não seria tão problemático se a Força estivesse mobilizando contra as demissões. Mas neste caso, ficou nítido que o Paulinho só queria se promover em cima da luta da EMBRAER. Tanto é assim, que a Força Sindical não organizou protestos em nenhuma categoria contra as demissões…
Essas são as conseqüências da falta de uma intervenção mais política e ideológica nos sindicatos. É preciso um novo tipo de atuação, à altura dos desafios colocados pelo aprofundamento da crise .