Tirem as mãos da Venezuela! Que o povo venezuelano decida o seu próprio destino!
28 de janeiro de 2019
Como consequência da crise econômica mundial, parte da crise estrutural do capital, a Venezuela vem enfrentando também o aprofundamento da crise política. Os EUA, aproveitando-se da situação e com o apoio de governos de direita na América Latina, avançam na tentativa de intervenção. Nesse momento, ocorre uma tentativa de golpe de Estado contra Nícolas Maduro, que poderá ter repercussão por todo o continente.
A oposição burguesa e o imperialismo se aproveitam da instabilidade
Como consequência da crise econômica mundial, que teve como uma de suas consequências a queda do preço do petróleo no mercado, o principal produção do país, a Venezuela enfrenta o desabastecimento, a inflação, etc.
Essa situação aprofundou a crise política no país e os setores de direita tentam derrubar Maduro, como tentaram derrubar Chávez. Chamaram plebiscito, organizaram marchas, realizaram sabotagens, atentaram contra o governo. Todas essas ações serviram para o enfraquecer, mas efetivamente não conseguiram derrubá-lo.
Sob liderança dos Estados Unidos com Donald Trump e em conluio com o Grupo de Lima (composto por governos de 13 países caribenhos e latino-americanos, inclusive o Brasil) iniciaram várias medidas para derrubar Maduro, inclusive com ameaças de intervenção militar. Entre essas ameaças está o boicote econômico, em que se negam vender até remédios e alimentos para a Venezuela. Medidas que somente prejudicam a população pobre.
Esse cenário que fortalece a burguesa mais ligado ao imperialismo traz ainda maiores retrocessos. Parte de nossos debates sobre a situação venezuelana pode ser encontrados bit.ly/2CK1mYW.
E a última medida com apoio desses países foi a “autoproclamação” de Juan Guaidó, líder da oposição burguesa na Assembleia Nacional, a Presidente interino da Venezuela.
Quase que imediatamente Guaidó foi reconhecido pela maioria dos presidentes dos países da América Latina e que se subordinam ao imperialismo estadunidense.
Contra a intervenção do Imperialismo e do Grupo de Lima na Venezuela
Por princípio, combatemos de forma categórica a ingerência do imperialismo nos países semicoloniais e dependentes. Nesse sentido, rechaçamos esse processo político que objetiva derrubar Nícolas Maduro para colocar a Venezuela e suas riquezas naturais sob domínio dos Estados Unidos.
Argumentam em favor da democracia, mas estimulam golpes. É uma falácia. Sabemos dos muitos golpes militares que já foram patrocinados pelos Estados Unidos. Sabemos da democracia que Bolsonaro está defendendo no Brasil. Na verdade, buscam ampliar o domínio da direita e da extrema direita na América Latina para aprovarem e aplicarem leis de retirada de direitos da classe trabalhadora como as que já estão em andamento nos diversos países.
A política econômica de Maduro tem conduzido à crise e prejudicado a classe trabalhadora
A partir da queda dos preços do petróleo no mercado mundial abriu uma grave crise econômica e social no país.
Primeiro Chávez e depois Maduro optaram por gerenciar essa crise ao invés de adotar medidas para enfrentar o imperialismo como direcionar toda renda do petróleo para atender as necessidades da classe trabalhadora, estatizar as empresas e colocá-las sob controle dos trabalhadores, realizar uma profunda Reforma Agrária com a entrega de terras aos camponeses para a produção de alimentos.
Enfim, deveriam ter adotado todas as medidas capazes de enfrentar as crises a favor da população pobre. Ao contrário disso, mantiveram os privilégios dos militares (chamados “boliburguesia”) e da burocracia estatal.
Por outro lado, menos dinheiro foi destinado para os programas sociais, ocorreu o aumento da pobreza e do desemprego.
No entanto, gostemos ou não (mesmo com comparecimento de menos da metade dos votantes) Maduro foi eleito nas eleições de 2018. E Juan Guaidó sequer participou desse processo, não tem um mandato presidencial. Assim, avaliamos que está em curso um processo de golpe de Estado contra o regime de Nícolas Maduro, que possui mandato popular e governa em aliança com a burocracia estatal e as Forças Armadas.
Fazemos oposição a Maduro
Mas, mesmo com sua eleição, desde a perspectiva das ideias de esquerda, marxistas, nos colocamos em oposição aos diferentes gerenciamentos do Estado burguês, sejam os dirigidos diretamente por setores da burguesia e imperialismo, sejam os dirigidos pelas burocracias.
Consideramos os governos chavistas como burgueses e somos oposição a Maduro. O seu projeto econômico contribui para a crise econômica e social e reforça essa oposição.
No entanto, não são governos como de Bolsonaro, acusado de ligação às organizações criminosas e milicianas no Brasil, ou o impopular Macri na Argentina, ou Trump eleito de forma indireta que devem legitimar ou não o governo Maduro.
Defendemos processos políticos liderados pela própria classe trabalhadora, produtora da riqueza social, em defesa de seus próprios direitos, organizada em seus locais de trabalho, estudo e moradia e decidindo sobre os rumos do país em todos os aspectos, inclusive sobre a legitimidade ou não do governo Maduro.
Só a classe trabalhadora pode construir uma saída para a Venezuela
Contra o imperialismo, a oposição burguesa venezuelana, a burguesia e a boliburguesia da América Latina somente a classe trabalhadora, que produz as riquezas sociais em especial o petróleo, pode construir um rumo para acabar com a crise que afeta as necessidades do povo venezuelano.
É urgente e necessária a unidade da oposição de esquerda ao Maduro e à oposição burguesa. Somente a forte unidade da classe trabalhadora em luta e de suas organizações poderão adotar medidas radicais de expropriação da burguesia, de não pagamento da dívida pública e demais, que buscarão barrar essa crise, superar o capitalismo e criar uma vida digna para o povo venezuelano.
Somente assim se dará fim à ingerência dos Estados Unidos e de seus capachos na Venezuela. Abaixo qualquer intervenção externa na Venezuela!
Que os trabalhadores da Venezuela decidam sobre os destinos do país e suas formas de organização! Pela organização independente da classe trabalhadora!