A juventude negra da classe trabalhadora
13 de novembro de 2017
Em todos os dados sociais e econômicos a população negra está em desvantagem em relação à população branca. Somos livres assim? Aqui, destacaremos a situação juventude.
O genocídio de jovens negros e da periferia
Dos assassinatos de jovens entre 15 e 29 anos de idade, cerca de 30 mil, no Brasil, 23.100 são negros, ou seja, 70% do total. A taxa de homicídio de jovens negros é 4 vezes superior à de jovens brancos: 36,9 negros e 9,6 brancos por cada 100 mil pessoas.
Nos últimos anos, enquanto entre os brancos a taxa de homicídio caiu 26,1%, entre os negros cresceu 46,9%. Essa é a média nacional.
Em 16 estados houve aumento proporcional da diferença de mortes de negros em relação à “não negros”. Em Sergipe, por exemplo, essa diferença foi de 171%!
Violência policial
A ação policial também tem como alvo em geral a população negra, seja com prisão ou morte. E a juventude negra da periferia sofre ainda mais com essas ações.
Entre os anos de 2009 e 2011, 61% das vítimas de morte por policiais eram negras. Quando se considera os jovens entre 15 e 19 anos, duas de cada três mortes pela Policia Militar eram negras. Em relação às prisões em flagrantes: são presos 2,5 negros para cada 1 branco.
Em alguns estados é ainda mais alarmante. A taxa nacional de encarceramento de negros é de 292 por 100 mil habitantes (é muito alto!), mas em São Paulo e em Santa Catarina esse número pula para 595 e 566 por 100 mil habitantes, respectivamente.
Sistema carcerário
Boa parte dos que não são mortos pela polícia estão encarcerados. Dos cerca de 24 mil adolescentes no sistema carcerário, 57% são negros.
Crimes contra o patrimônio ou envolvimento com drogas representam 70% dos motivos. E 12% estão relacionados aos crimes contra a vida.
Em relação ao tempo para cumprimento de pena para esses crimes: para o primeiro, previsão inferior ao de 8 anos. Para o segundo, ao de 4 anos. E parte significativa está presa sem ainda ter sido julgada, a chamada “prisão provisória”.
Vê-se que o foco nem é o crime mais grave, mas o relativo à defesa do patrimônio.
Encarceramento em massa
Vivemos em uma das mais profundas crises do capitalismo. E toda crise desse sistema tem uma regra: a riqueza fica concentrada nas mãos de poucas pessoas, enquanto a maioria fica ainda mais pobre, desempregada, sem acesso à escola, ao lazer, dentre outros problemas.
E o que a burguesia faz? Inicia o extermínio dos “indesejáveis”, isto é, mata e prende aqueles que podem se rebelar contra essas injustiças, fazer uma revolução e mudar as coisas a favor da classe trabalhadora e dos pobres.
Mas a burguesia, o governo e seu Estado não podem matar todos. Por isso adotam outras formas de parar a juventude como o encarceramento em massa, ou seja, jogam na prisão para manter essas pessoas sob controle.
O resultado é que a população carcerária tem hoje mais de 650 mil pessoas, cresceu 618% desde os anos 90. E desses, aproximadamente 35% estão presos sem condenação. Também desses, os negros representam cerca de 60%.
Coincidência?
Não é. Trata-se de uma política da burguesia brasileira, que utiliza o Estado, de um lado, para exterminar a juventude negra e, de outro, para impor o controle social sobre os negros em geral e sobre a juventude negra em particular.
Dizemos Estado porque não envolve só as polícias, mas todas as instituições. Os governos elaboram essas políticas e o Ministério Público em conjunto com o Judiciário atuam no encarceramento.
Um exemplo é o número de mortes de jovens decorrentes de “autos de resistência”, quando os policiais justificam a ação por ter havido resistência à prisão. No Rio de Janeiro, 99% dos inquéritos são arquivados por orientação do Ministério Público sem qualquer investigação das circunstâncias das mortes.
O capitalismo cria seus preconceitos, discrimina, explora e quando não suporta, elimina. Eliminemos o capitalismo!