Jornal 99: Greve Geral mostra: é possível derrotar na luta Temer e as reformas do capital
6 de maio de 2017
Como já dissemos, Temer é um governo que existe para defender o capital. É um funcionário da burguesia. Quando implementa as reformas atende aos interesses de seus amos, dos capitalistas.
Mas, agora, a classe trabalhadora está se mobilizando e nas ruas.
A maior mobilização da classe trabalhadora desde o começo dos anos 90
Dia 28 de abril o Brasil parou contra as reformas do capital. Estima-se que 40 milhões de trabalhadores e trabalhadoras paralisaram as atividades. Foram realizadas manifestações de ruas reunindo milhares de pessoas.
Também ocorreram atividades de trancamentos de avenidas e rodovias, piquetes em frente a garagens, comércio, entre tantas outras atividades de construção da greve geral.
Uma presença importante nessa Greve Geral foi da juventude construindo esse momento nas escolas, universidades e participando das atividades de piquetes. A unidade entre estudantes e trabalhadores em ação direta foi fundamental para construir essa luta e também fortalecer as futuras gerações.
A última Greve Geral realizada pela classe trabalhadora brasileira foi em 1989. Dois dias, nas principais cidades brasileiras, com paralisação de fábricas, bancos, comércios, transportes e várias outras categorias.
Uma nova conjuntura
Desde as manifestações de 8, 15 e 31 de março entramos em uma outra conjuntura (aspectos mais imediatos da luta de classe) marcada pelo início da resistência da classe trabalhadora.
Com a paralisação da produção e as ruas sendo tomadas há um encorajamento do conjunto da classe que faz aumentar as lutas. Mas, isso não nos levar a um ufanismo, pois ainda atravessamos uma situação política (elementos mais estruturais, profundos da luta de classes) marcada pelos ataques aos direitos sociais e trabalhistas.
Temer e os parlamentares da base governista já declararam a continuidade da votação das reformas, ou seja, há muita luta pela frente.
O elemento mais importante dessa conjuntura é que está apresentada a possibilidade de derrotarmos as reformas. Ainda que isso seja muito difícil, pois elas são fundamentais para Temer e, principalmente, para garantir a lucratividade do capital.
Diferente de 2013, agora é a classe trabalhadora organizada
As mobilizações de 2013 eram de milhões de pessoas e foi um momento político muito importante, mas não tivemos a participação da classe trabalhadora de forma organizada. Os trabalhadores que participaram apresentavam-se na condição de indivíduo e não como categoria profissional organizada ou classe.
Dessa vez é diferente. Categorias votam em assembleias a participação na Greve Geral, os piquetes realizados, a construção de comitês de base nos bairros e cidades, enfim, todas essas atividades serviram para dar um caráter militante à Greve Geral.
A participação da classe trabalhadora organizada para a greve é fundamental porque interfere diretamente na produção e na circulação de mercadorias, atingindo diretamente o coração do capital.
A saída não é Lula
PT e Lula têm tentado “se apropriar” desse movimento e com isso fortalecer a candidatura de Lula em 2018 ou mesmo se houver a antecipação das eleições (como é o caso de propostas que tramitam no Congresso Nacional para que aconteçam as eleições em outubro desse ano).
A unidade com os diversos setores do movimento social, sindical, estudantil e popular é fundamental para fortalecer a luta. Nenhum setor da esquerda tem condição de levar essa luta sozinho. Mas, essa unidade não pode significar qualquer apoio ou compromisso com o projeto petista de canalizar a luta para as eleições, pelo contrário, é fundamental demarcarmos nossa oposição a essa saída.
Lula e Dilma, agora na oposição ao governo, querem que esqueçamos as reformas e as várias medidas contra os direitos da classe trabalhadora realizadas por eles. O PT é um partido, há muito, comprometido com o capital e continua nesse caminho de braços dados.
A importância da greve geral
A greve é o momento em que a classe trabalhadora toma em suas mãos o seu destino. Decide o que e como fazer: arrastão, assembleia, atividade cultural, enfim, não é o patrão quem manda. É um dos poucos momentos de liberdade que temos na sociedade capitalista.
E quando falamos de Greve Geral é ainda mais importante, pois é quando a classe trabalhadora mostra à toda sociedade que sem ela nada funciona. De que adianta prédio, máquina, ônibus, trem, lojas se não tiver o trabalhador e a trabalhadora? Capital não se reproduz.
É por isso que a burguesia e os governos tremem quando tem Greve Geral, pois se trabalhadores e trabalhadoras entenderem essa relação vão perceber o tamanho de sua força no mundo.
Seguir lutando até derrotar as reformas do capital
O tamanho e a importância da Greve Geral, de 28 de abril, devem ser realçadas, mas somente esse dia ainda não é suficiente para derrotar Temer e as reformas. É preciso dar continuidade a essa luta, com a realização de outras manifestações, atos e greves gerais de mais dias.
A construção de uma nova Greve Geral com mais força torna-se decisivo para levar Temer ao nocaute. Enfim, temos um longo caminho pela frente.
Outra questão importante para a continuidade da luta é a construção e o fortalecimento de comitês de base contra as reformas e para preparar novas ações da luta.
Esses comitês cumpriram um papel importante na explicação do significado da reforma com a realização de palestras, panfletagens nas fábricas, agitações nas praças, ônibus, trens, etc.
A organização desses comitês também pode contribuir para a construção da unidade da esquerda nas lutas e do fortalecimento da pressão sobre as direções sindicais burocráticas que querem se aproveitar da força do movimento para negociar pontos da Reformas, mudando apenas uma questão aqui ou outra ali. Para nós não deve haver nenhuma negociação com o governo e os patrões, somente o arquivamento dos projetos derrotará de vez as reformas.