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8 de março é dia de…LUTA!


8 de março de 2016

Todos os anos, na mídia, no trabalho, na escola é sempre a mesma coisa: chega o 8 de março e todos querem transformar esse dia numa festa, querem nos dar os parabéns, algumas pessoas até nos trazem flores…. Olha, não é que as mulheres não mereçam muitas homenagens, mas se a gente parar para pensar um minuto, a coisa não está assim para esta alegria toda, não é mesmo?

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Para começo de conversa, a data do dia Internacional de Luta da Mulher não surgiu de nenhuma comemoração! Ela foi criada porque as mulheres lutadoras sentiram necessidade de ter no calendário um dia para reforçar a luta por emancipação, para lembrar as 125 operárias que morreram queimadas num incêndio da fábrica têxtil em que trabalhavam em 1911, para se homenagear a greve das trabalhadoras russas em 1917.

Na História, a luta das mulheres é sempre deixada em segundo plano. Não tivemos acesso à educação como os homens por muito tempo. Fomos reconhecidas como parte “importante” da sociedade e pudemos exercer o direito a voto só a partir do século dezoito, na Arábia Saudita isso só foi alcançado agora em 2015. E até hoje ainda sofremos com várias violações de direitos.

Não adianta nada os parabéns e as flores numa sociedade capitalista, machista e racista, que nos nega moradia digna, Saúde e Educação públicas de qualidade e assedia no transporte público, que os nossos corpos deixam de nos pertencer em vários aspectos, inclusive com ataques diários para nos enquadrar em padrões de beleza e de comportamento que nos fazem sofrer e ao mesmo tempo buscam nos impedir de usar as roupas que quisermos, porque isso nos coloca em perigo e a culpa que deveria cair sobre o agressor recai sobre nós.

Contudo, nós, mulheres da classe trabalhadora, somos vítimas de uma falsa moral e de uma prática injusta que afeta diretamente nossos comportamentos e corpos. Isso fica bem visível e grave em relação ao aborto, que leva à morte milhares de mulheres todos os anos e que agora ainda se junta à questão do Zica Vírus: As mulheres ricas pagam por abortos seguros e não têm suas vidas postas em risco porque o dinheiro garante a segurança. As mulheres pobres que não podem pagar por abortos seguros sofrem com a ausência de políticas públicas, de educação sexual e de métodos contraceptivos. E usam métodos caseiros ou clínicas clandestinas, em que a vida é o que menos importa.

As mulheres também sofrem mais com o desemprego. A taxa entre as mulheres é de 9,6% enquanto entre os homens é de 6,6%. Além disso, nas camadas mais pobres da população, a maioria das famílias é chefiada por mulheres com trabalhos precarizados que sustentam filhos e netos. E mesmo diante da crise, com o aumento dos preços de tudo e dos alimentos, resistem para sobreviver.
Ainda assim, estamos à beira de mais ataques aos nossos direitos: a Reforma da Previdência anunciada por Dilma irá atingir diretamente as mulheres, pois aumenta a idade de aposentadoria das mulheres, de 60 para 65 anos. Já trabalhamos mais com a dupla e a tripla jornada! Também deputados insistem em impedir debates contra o machismo e a homofobia nas escolas. Calem a boca vocês, deputados com seus partidos!

As várias formas de violência enfrentadas pelas mulheres estão em todos os cantos do mundo. Na Europa, as mulheres refugiadas estão sendo perseguidas e estupradas, mais de 10 mil crianças imigrantes já desapareceram.

No Brasil, a violência contra a mulher não diminui mesmo com a Lei Maria da Penha. Todos os anos são milhares assassinadas, estupradas e que cometem suicídio. E com os cortes de verbas dos governos Alckmin e Dilma nem mesmo as Delegacias da Mulher, as Casas Abrigo e os hospitais de referência estão sendo mantidos! Mas, o dinheiro está indo para o pagamento de dívida que não foi a gente que fez!

São tantas as necessidades da mulher trabalhadora que esses tapinhas nas costas, que recebemos no dia 8 de março, chegam a ser uma afronta para nós!

Enquanto uma pequena parcela da sociedade e seus governos enriquecerem por se apropriar da riqueza produzida por mulheres e homens da classe trabalhadora, combateremos a opressão, o machismo, o racismo, a homofobia e todas as suas consequências em nossas vidas e lutaremos por uma sociedade igualitária e justa!

Lutamos por emprego! Por moradia digna! Por saúde e Educação públicas de qualidade! Pelo fim das várias formas de violência contra a mulher! Pela legalização e descriminalização o aborto! Por poder sair de casa sozinhas! Para decidirmos sobre nossos corpos! Pelo fim da padronização de como devemos ser, nos vestir e nos comportar! Pelo fim da sociedade do capital, que necessita de toda essa situação para manter a exploração e o lucro!