A Classe trabalhadora reage lutando: Todo apoio às greves!!!
22 de março de 2015
Com a recessão e a crise econômica no Brasil os governos e os empresários buscam retirar ainda mais direitos dos trabalhadores para manter a lucratividade das grandes empresas e corporações: mexeram no PIS, na pensão de viúvas e viúvos, no auxílio acidente e no seguro desemprego e o ajuste fiscal corta mais verbas no funcionalismo público.
No Rio de Janeiro (Pezão – PMDB) os cortes de gastos atingiram cerca de R$ 2,6 bilhões em todas as suas secretarias, em Minas Gerais (Fernando Pimentel – PT) reduziu 20% nos gastos com contratação de servidores, em Pernambuco (Paulo Câmara – PSB) o contingenciamento é de 320 milhões, Alagoas (Renan Filho – PMDB) e Maranhão (Flavio Dino – PC do B) preveem cortes de 30% dos cargos comissionados e no Paraná (Beto Richa – PSDB) os cortes atingem cerca de 1 bilhão em custeio para conter o déficit estimado para este ano.
No estado de São Paulo (Alckmin – PSDB) reduzirá aproximadamente 6,6 bilhões das despesas previstas para esse ano, sendo a Educação pública uma das maiores afetadas. Em condições já precarizadas a situação atenua-se, escolas que já não tinham verbas e funcionários para suprirem suas necessidades agora vivenciam uma situação caótica.
Intensificam os ataques e aumenta a resistência
No Paraná, o governo tentou retirar vários direitos e atrasou o 13º do ano passado, mas os trabalhadores reagiram. Protagonizaram a maior greve entre as categorias e contaram com a adesão das comunidades escolares, obrigando o governo a recuar das medidas.
A vitória dessa luta animou outras categorias do estado. Os garis, que têm um salário que chega no máximo em 1180 reais, rejeitaram a proposta da patronal e iniciaram a greve dia 17 de março. Reivindicam reajuste salarial, roupas mais leves no verão, mínimo de 3 trabalhadores por caminhão (há casos em que trabalham em dupla, portanto, mais trabalho e mais desgaste), entre outras reivindicações para melhorar as condições de trabalho.
No Rio de Janeiro a COMLURB ofereceu apenas 3% de reajuste salarial para os garis, uma verdadeira provocação a essa categoria que protagonizou umas das maiores lutas de trabalhadores no ano passado. Enfrentou prefeito, Tribunal do Trabalho – que havia julgado ilegal a greve – e imprensa, mas ganhou o apoio da população e conquistou vitória importante. Agora, novamente entram em greve. O prefeito do Rio de Janeiro alega que não tem como reajustar salários por conta da crise econômica, mas tem dinheiro para as Olimpíadas, para os cargos de confiança e para pagar as empreiteiras.
Em São Paulo, duas greves impediram demissões na Volks/ABC e na GM/SJC. E agora tem a greve dos professores e a luta dos trabalhadores da SABESP contra as demissões.
Alckmin aumentou a conta de água e ameaçou demitir funcionários da SABESP. Os trabalhadores conseguiram, pelo menos por enquanto, reverter 390 demissões programadas pela empresa. Esses trabalhadores prestam serviço exatamente onde mais são necessários, que é na manutenção da tubulação. Isso no momento em que a população está sem água e sofrendo o racionamento.
E na Educação continua aprofundando a destruição da escola pública. Logo no início do ano ocorreu o fechamento de salas e a demissão de 35 mil professores contratados (categoria “O”). Mas, faltam professores nas escolas e aprovados em concurso aguardam na fila. Alckmin não discute sequer reposição salarial com uma categoria que já carrega um histórico de baixo salário, acumula perdas de mais de 70% em relação a outros profissionais graduados e concursados, que não possui direitos básicos como FGTS, auxílio alimentação, etc.
Nas escolas as condições de trabalho, que na prática significam condições de ensino e de aprendizado, continuam péssimas. Salas lotadas, falta giz, cadeiras, laboratórios (ciências, informática, bibliotecas, etc.), quadras sem condições de uso, falta até material de limpeza e higiene.
A violência também aumenta dentro das escolas e os estudantes são, cada vez mais, vigiados e punidos e os professores assediados. Dessa forma, a escola vem perdendo a sua função social e se tornando um espaço de repressão e contenção da juventude, especialmente nos bairros de periferia.
Motivados por esse cenário da Educação pública, no dia 13 de março, cerca de 15 mil professores reuniram-se na Avenida Paulista e aprovaram a greve por tempo indeterminado enfrentando um governo que não reconhece o direito de greve, não busca dialogar com a categoria, passa por cima das necessidades básicas das escolas, insiste no corte de verbas, na demissão e apostam na passividade.
Sem a greve a situação dos professores apenas pioraria, pois demonstraria que a categoria concorda com um governo que destrói a Educação e busca retirar ainda mais as nossas conquistas tentando impor a obrigatoriedade do cumprimento de mais horas na escola, a digitação em tempo real das aulas com a Secretaria Digital, a implementação do Novo Modelo de Tempo Integral. Além de alterações que mexem diretamente na vida funcional do professor como a revisão de cálculos para aposentadoria, mudanças no Estatuto do Magistério, gestões coercitivas e carreiras meritocráticas.
As reivindicações dos professores cobram o desmembramento de classes superlotadas, exigem o máximo de 25 alunos por turma, recontratação dos professores categoria “O”, melhorias nos espaços educacionais, aumento do vale-transporte e vale-alimentação para todos, além da equiparação salarial de 75,33% com as demais categorias com formação de nível superior e salário mínimo do DIEESE para jornada básica.
Com uma semana de greve são quase 86 mil professores parados, numa demonstração clara de indignação e de necessidade da luta.
Quanto aos atos dos dias 13 (convocado pela CUT, UNE e MST) e 15 (convocado por setores de direita) reafirmamos a convicção de não participar de nenhum dos dois. Nem apoiamos o governo Dilma e nem estamos com a oposição de direita. Seguimos em oposição de esquerda ao governo do PT e seu bloco, na luta por 10% do PIB para a Educação pública já, contra a política de corte de verbas e destruição dos serviços públicos implementadas pelos governos, direcionando verbas públicas para a iniciativa privada, para bancos e empresários que não aceitam queda em seus lucros. Para se ter ideia de como a economia continua privilegiando os banqueiros em 2015 mais de 1 trilhão de reais serão utilizados com o pagamento da dívida pública.
Somente a unidade da classe trabalhadora para impor um cenário favorável à luta
Esses são alguns exemplos práticos da reação dos trabalhadores contra os planos dos governos, que não suportam tanta humilhação e descaso. O nosso instrumento de luta continua sendo a mobilização e a greve. É necessário que todas as categorias se solidarizem e entrem na luta contra o desemprego, o não aumento de salário, a intensificação do trabalho, o corte de verbas, o aumento de preços, etc.
Num momento em que os governos e o empresariado querem retirar vários dos nossos direitos, a vitória dessas greves pode fortalecer as lutas dos demais trabalhadores. Não podemos perder para fortalecer quem sempre sai ganhando, a burguesia.
Todo apoio e solidariedade às greves! Piquetes (nas cidades onde acontecem greves), virais nas redes sociais, moções de solidariedade, apoio financeiro aos fundos de greve, etc. Unidade na luta!