Todo apoio à ocupação da reitoria da USP!
4 de outubro de 2013
O Espaço Socialista declara publicamente apoio irrestrito aos estudantes e trabalhadores(as) que estão ocupando a reitoria da Universidade de São Paulo (USP) na luta por eleições diretas para o cargo de reitor. Repudiamos a atitude autocrática do conselho universitário da USP que aprova até hoje que o governador do Estado de São Paulo decida com plenos poderes quem ocupará o cargo mais alto da universidade, mesmo que essa decisão contrarie abertamente a opinião da comunidade universitária da USP.
Em assembleia realizada na noite de terça-feira (01 de outubro), mais de mil estudantes, junto com funcionários da universidade, decidiram por greve geral dos estudantes e ocupação da reitoria. As pautas do movimento reivindicam eleições diretas e paritárias para reitor, diretores e chefes de departamento, fim da lista tríplice na eleição, dissolução do conselho universitário e uma estatuinte livre, democrática e soberana. Vale destacar que o atual reitor, João Grandino Rodas, não foi o mais votado nas eleições da reitoria da USP em 2009, ficou em segundo lugar da lista, mas mesmo assim o governador de São Paulo na época, José Serra (PSDB), escolheu Rodas para ocupar o cargo – não foi a primeira vez que isso aconteceu, a última foi durante a ditadura civil-militar. Não é a toa que em suas disputas por cargos na universidade Rodas sempre recebe o apoio dos setores mais conservadores, os mesmos que defenderam o regime integralista de Plínio Salgado e a ditadura civil-militar que assolou o Brasil.
Quando assumiu o cargo de reitor, Rodas, em seus discursos, prometia que a democracia seria
ampla dentro da USP, que os confrontos entre reitoria e movimento estudantil acabariam, que as decisões seriam discutidas com a comunidade universitária etc. De 2009 até hoje o que vimos é o contrário disso tudo. Repressão aos estudantes e trabalhadores, chegando ao fatídico dia em que Rodas prendeu e acusou de dano ao patrimônio público, dano ambiental, descumprimento de ordem judicial e formação de quadrilha 72 estudantes que ocupavam a reitoria em 2011 contra a presença da polícia no campus e o avanço da privatização da universidade. Após o ocorrido se seguiu um longo período de dura repressão na universidade, a acusação criminal dos 72 e uma série de processos administrativos que culminaram inclusive em expulsões. Hoje fica ainda mais claro que os estudantes e trabalhadores da USP não aguentam tamanha falta de democracia, imposição da PM dentro da universidade (mesmo sem tentar outros meios) com o argumento de frear a violência, decisões autocráticas etc.
Em momentos de crise, como é o que vivemos, o Estado sempre torna explícita sua principal
função: manter a sociedade dividida em classes e reprimir duramente aqueles que lutam para que isso mude, seja dentro da universidade ou fora dela. O país passa por um processo de intensificação das lutas sociais, onde no mês de junho atingiu o ponto máximo. Mas se engana quem pensa que esse processo começou em junho e que ele já passou, a luta dos(as) professores (as) no Rio de Janeiro é um ótimo exemplo de que a situação de calamidade pública não tem saídas satisfatórias dentro do capitalismo. Pelo contrário, a tendência é que isso se agrave e que as medidas repressoras do Estado só aumentem, como vemos na Europa.
Por isso o movimento estudantil deve estar organizado ao lado dos (das) trabalhadores (as) para acabar com essa falta de democracia nas universidades públicas Brasil a fora. Não é apenas em São Paulo que isso acontece, nesse momento o governo federal (PT) impõe a qualquer custo a privatização dos hospitais universitários em todo o país. A resistência precisa ser forte e apontar propostas para que saia da defensiva e torne públicas alternativas melhores ao que é (im)posto pelo Estado. O Espaço Socialista se soma à essas lutas, destacando sempre que a saída é pela esquerda, na união dos estudantes com a classe trabalhadora!
Fora Rodas! Pelo fim da lista tríplice na USP!
Por uma gestão democrática, com participação imediata dos estudantes, servidores técnicos e docentes nas decisões!
Contra o avanço das medidas privatistas e fora PM do campus!
Não á repressão! Pelo fim de todos os processos contra trabalhadores (as) e estudantes!
Pelo fim do vestibular!
Por educação pública, gratuita e de qualidade para todos os trabalhadores, defendemos o acesso de todos à universidade pública!
Pela unidade da luta de estudantes, professores (as) e demais trabalhadores (as) contra o projeto educacional do capital de destruição das universidades e escolas públicas!
Espaço Socialista, Outubro de 2013