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Liberdade imediata a todos os presos políticos do Rio de Janeiro! Fim dos Processos!


18 de outubro de 2013

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As mobilizações que vêm ocorrendo nestes últimos meses começam a demonstrar, ainda como um suspiro, a indignação da classe trabalhadora acerca da situação em que se encontra. Todas estas manifestações são válidas e expressam vários pontos que merecem atenção. Os trabalhadores no Brasil não querem mais aceitar a forma como vêm sendo tratados há muito tempo e de fato não devem ficar parados frente à retirada de seus direitos e muito menos frente a sua exploração. As lutas nas ruas expressam muito bem o caráter falso da democracia burguesa, elas surgem como uma tesoura que rasga as vendas que tapam os olhos da população. A partir disso, entendemos que só a luta é capaz de mudar esta situação.

Desde junho, as mobilizações vêm se tornando cada vez mais frequentes. Sinalizam que está havendo um avanço na consciência da classe, demonstram a realidade do capitalismo mundial e exigem a imposição de uma agenda de reivindicações que faz com que os patrões e o Estado se posicionem frente às pressões impostas pelos trabalhadores em luta.

Qualquer mobilização no sentido de garantir os interesses de quem é diariamente explorado vai inevitavelmente promover revolta na elite.

Inicialmente há uma tentativa de frear as mobilizações de forma ideológica, fazendo com que os trabalhadores não tenham consciência de seus interesses e até mesmo fazendo com que não se identifiquem as lutas por seus próprios interesses. Como as tentativas promovidas pelos filisteus da burguesia não surtiram efeito, outra situação se abre; agora, o capitalismo mostra sua verdadeira face e faz transparecer a sua essência, antidemocrática.

Ora, se vivemos em um país democrático, por que nós trabalhadores não podemos nos manifestar? Se vivemos numa democracia, por que os professores no Rio de Janeiro têm que ficar mais de três meses em greve lutando contra a precarização do trabalho? Se vivemos numa democracia, por que a polícia, que segundo o Estado deveria proteger a população, bate nos professores quando estes exigem seus direitos? Se vivemos numa democracia, por que vários estudantes e trabalhadores estão presos neste momento simplesmente por lutar? A resposta para isso é categórica: não vivemos numa democracia, a polícia não está nas ruas para proteger nossa integridade, a polícia nada mais é do que o “cão de guarda” da burguesia. A democracia burguesa, portanto, em nada atende aos interesses dos trabalhadores.

A repressão aumenta. No último dia 15, em um grande exemplo de luta unitária dos trabalhadores e da juventude, a polícia do RJ usou armas de fogo contra os lutadores, não só mirando, mas atirando. O fato de não ter havido mortes ou ferimentos graves é mero acaso, já que as condições estavam de fato colocadas. Além disso, foram usadas também bombas fora do prazo de validade, o que mostra que mesmo dentro da lógica da repressão, há irregularidades. O dia terminou com o saldo de 186 lutadores presos.

E isso é muito significativo, expressa o desespero da elite e de seus representantes, evidencia que nossas mobilizações estão causando impacto e que não devemos parar nossa luta; isso porque, enquanto os filhos da elite estão nas melhores escolas, comem a melhor comida e têm acesso à melhor saúde, os filhos e filhas da classe explorada não encontram vagas nas escolas públicas, estão morrendo de fome nas periferias, não há saúde pública de qualidade e nossos filhos morrem esperando nas filas. Nossa paz se fundamenta na luta por princípios coletivos!

No lugar de atender as reivindicações, repressão

Como não conseguem mais iludir os trabalhadores, os governos apelam para a violência policial. Lançam mão do arsenal de leis que a burguesia fez para se defender dos trabalhadores, tratando os manifestantes como criminosos, enquadrando-os em leis fascistas (nenhum corrupto foi enquadrado ou condenado por essas leis), forjando provas (muitas imagens comprovaram a falsificação de provas), enfim, usando métodos típicos de regimes repressivos e fascistas.

Neste momento, aproximadamente 60 pessoas continuam presas nas casas de detenção cariocas, que deveriam ser a residência do governador e do prefeito, tantas são as denúncias contra eles. Essas prisões visam, além da tentativa de condenar os lutadores, ameaçar outros para que não ousem lutar.

O Estado conta também com o judiciário, instituição reacionária e que legitima as prisões. Cumpre fielmente o seu papel: reprimir os trabalhadores e proteger os ricos, deixando-os livres para continuarem cometendo os piores crimes contra a humanidade. É assim com Carlinhos cachoeira, o banqueiro Daniel Dantas e tantos outros corruptos. É um órgão a serviço da burguesia.

Neste momento, é fundamental a mais ampla unidade em torno da luta pela libertação imediata de nossos presos políticos, bem como a retirada de todos os processos contra os lutadores.

É um direito dos que lutam se defenderem da violência estatal. É um direito dos explorados se organizarem e utilizarem as táticas que julgarem convenientes para enfrentar a exploração, a repressão e o Estado.

As palavras de consolo da burguesia não nos comovem mais e por isso não devemos ter mais nenhuma confiança nos governos, devemos seguir na luta e exigir nas ruas nossos interesses. Não podemos admitir a truculência da PM do Rio, que, a mando dos ditadores Sergio Cabral e Eduardo Paes, buscam reprimir nossas mobilizações. Nossos companheiros estão presos porque se indignaram e foram às ruas lutar por nossos direitos, não podemos aceitar isso, não vamos tolerar mais essa polícia que só serve aos empresários, banqueiros, governantes e quem mais possuir muito dinheiro. Não vamos tolerar mais esse governador e prefeito que não representam o povo, eles estão no poder exclusivamente para cumprir os interesses da burguesia.

Liberdade imediata dos presos políticos! Fim de todos os processos contra os lutadores.

Nenhuma confiança na democracia burguesa!

Pela desmilitarização da PM!

Fora Cabral, vá com Paes!

Só a luta é quem muda!

Espaço Socialista, Outubro de 2013