Independência? Não pagar essa dívida!

7 de Setembro de 2013 – Rio de Janeiro 

 

 

 

 

 

Que faltam verbas para Saúde, Educação, transporte e serviços públicos em geral dignos para população, estamos cansados de saber. As manifestações de junho expressaram nossa insatisfação e deixaram ainda mais claro que o velho discurso dos governos de que “não há de onde tirar para investir nessas áreas” começa finalmente a se mostrar a maior das mentiras.

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Um exemplo recente que desmente esse discurso é o escândalo do superfaturamento dos contratos do Metrô e da CPTM, “Os governos de São Paulo e do Distrito Federal podem ter gastado até 30% a mais, ou R$ 577,5 milhões, em cinco contratos suspeitos de serem alvo de cartel entre empresas nacionais e estrangeiras do setor metroferroviário”. Isso deixa escapar a verdadede que, para nós, o governo tudo nega e para os
empresários oferece muita fartura.

Para além dos escândalos, o superfaturamento de contratos públicos já é rotina e existem diversas formas de desvio do dinheiro público para a iniciativa privada.

O sucateamento de todo serviço de interesse público, que é um grande problema para nós, trabalhadores, acaba sendo, na verdade, uma grande
solução para os empresários. Vendem mais planos de saúde, mais educação particular, mais carros, e o que é nosso direito tem sido entregue pelo governo.

A dívida pública externa e interna: roubo descarado do dinheiro público

Além disso, existe outra forma ainda mais avançada de roubar muito mais dinheiro público, o pagamento dos juros da dívida pública. A dívida é uma das formas mais eficientes dos paísesimperialistas, dos organismos internacionais (FMI, Banco Mundial, etc.) e dos banqueiros manter sob controle os países semicoloniais. Quando emprestam (FMI, banqueiros, agiotas, etc.), exigem do país várias medidas econômicas (reformas trabalhista, universitária e da previdência; privatizações; etc.) para que sempre tenha dinheiro para fazer o pagamento da dívida. Ou seja, quem manda no país são esses que emprestam para nos controlar. Não sabemos pra que tanto dinheiro emprestado, mas é por isso que os governos (inclusive do PT) retiram dinheiro dos serviços públicos e dão aos banqueiros. O total da dívida brasileira (interna e externa) está próximo de 3,7 trilhões de reais, quase um PIB, que é de 4,4 trilhões de reais.O peso que essa dívida tem sobre as condições de vida dos trabalhadores é enorme. Em 2012, 43,98% do orçamento federal (próximo de 750 bilhões de reais) foi destinado para pagamento dos juros da dívida. Para a Educação foi 3,34% e para a Saúde 4,17%.

Esses dados demonstram que a prioridade do governo é atender seus compromissos com os especuladores. Com o que foi pago da dívida em 2012, daria para construir 8 milhões de casas populares, com preço médio de 70 mil reais. Também 6000 escolas com 700 alunos cada, sendo que o país conta com 3,6 milhões de crianças e jovens fora da escola. O pior de tudo é que o pagamento dos juros da dívida não faz com que ela diminua; representa, na verdade, um gasto eterno que favorece unicamente um pequeno grupo de especuladores às custas do não atendimento das necessidades básicas de milhões de pessoas. Não é possível ter serviços públicos de qualidade com quase metade do dinheiro público comprometido com esta loucura!

Nas periferias, esgoto, lama, péssimas condições de vida

Papo chato né?… Mas porque isso nos interessa?
Toda essa farra feita pelos empresários e governos com o dinheiro público determina a forma como nósvamos viver ao longo de nossas vidas.
Se vivemos o dia todo nas favelas e na periferia, sem nada pra fazer (sem trabalho, sem lazer); se ficamosdoentes, sem dinheiro para ir ao hospital ou se
enfrentamos filas e saímos de lá com mais raiva e com o mesmo problema; se somos obrigados a lutar por vaganas escolas; se somos obrigados a trabalhar o dia inteiroenquanto nossos filhos vão à escola e pouco aprendem ou ficam expostos ao uso de drogas; se somos obrigados a pagar aluguel ou morar muito longe do trabalho; se a condução é tão cara e o nosso dinheiro é tão pouco que
mal dá pra comprar comida, produto de limpeza e quem dirá se divertir um pouquinho; isso é reflexo de como deixamos o governo e os empresários mandar na política.

Sofremos a consequência e o que nos resta é o lixo,enquanto para uma minoria são oferecidos os altos lucros e sua fatal consequência: o luxo.

 

Basta! O dinheiro é nosso, queremos decidir pra onde vai!

Acaba ficando claro que nossos problemas (moradia, saúde, etc) fazem parte do funcionamento de um sistema bem articulado pelos poderosos. Esses
problemas não são simplesmente pela falha de um ou outro governo. As lutas de junho mostraram que os trabalhadores não estão satisfeitos com nenhum governo ou partido, PSDB, PMDB, DEM, PT, etc.

A única solução para que se inverta essa lógica é a organização dos trabalhadores, totalmente independente dos empresários. Precisamos construir um movimento político dos trabalhadores autônomo, capaz de colocar em primeiro lugar as necessidades da população, e decidir como iremos garantir que elas sejam atendidas dignamente.

Sim, somos excluídos, não temos vergonha de ser e nosso grito está cada vez mais forte. Somos excluídos porque vivemos sob o capitalismo, sistema que se
alimenta da desigualdade e quem manda é uma minoria privilegiada à custa daqueles que trabalham e produzem a riqueza.

Chega de trabalharmos a vida toda por muito pouco e enriquecendo os patrões, chega de péssimos serviços públicos, chega de miséria, chega de lixo, chega de uma vida roubada! Em defesa de todos os excluídos, tomemos o rumo de nossas vidas nas mãos. Em defesa de uma sociedade sem opressão e exploração, lutemos contra a violência capitalista, rumo à construção de uma sociedade socialista!

A violência nossa de cada dia…

Para que a sociedade continue tão desigual e com tantas injustiças é que existe a polícia e as forças de repressão. Os que lutam, os pobres, e principalmente a
juventude negra da periferia são perseguidos e assassinados pela polícia todos os dias.
Aterrorizam as periferias e fazem crescer o número de jovens vítimas de seus desmandos. Os jovens de 15 a 24 anos são os que mais sofrem. Amarildo é só mais um triste exemplo. Somos muitos Amarildos!

Agora no Rio de janeiro estão prendendo os jovens do Black Bloc que participaram das manifestações de junho. É a repressão mais uma vez protegendo os ricos e ameaçando os pobres. Defendemos a liberdade imediata de todos os presos políticos. Pelo fim da violência policial. Temos que entender que na lógica capitalista, lixo e sangue é o que está reservado para nós.

Vamos mudar essa situação!

DEFENDEMOS:

Não pagamento das dívidas públicas interna e externa, e investimento desse dinheiro na Saúde, Educação e Transporte públicos!

Estatização do sistema financeiro sob controle dos trabalhadores!

Fim da remessa de lucros para o exterior!

Por um governo dos trabalhadores, baseado em suas organizações de luta, e rumo a uma Sociedade Socialista!