Em memória aos 17 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás
16 de abril de 2013
Nunca esqueceremos, nunca perdoaremos!
Na tarde desta terça-feira (16-04-2013), os movimentos Terra Livre, Via Trabalho, MUPT e MLT fizeram uma manifestação para relembrar os 17 anos do massacre de Eldorado dos Carajás, no qual a polícia militar do estado do Pará assassinou 19 trabalhadores rurais sem terra, ligados ao MST.
120 trabalhadores do campo e da cidade fecharam a AL-101 norte, nas proximidades da cidade de Maragogi, no litoral alagoano, para chamar a atenção da população e das autoridades constituídas para reivindicar a apuração dos fatos e a punição dos assassinos responsáveis pelo massacre de 1996. Na ocasião, os trabalhadores que ocupavam a fazenda Macaxeira (no sudoeste do Pará) marchavam em direção a Belém para cobrar a efetivação da reforma agrária durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Com a autorização do governador do Pará, Almir José de Oliveira Gabriel (PSDB), e com a legitimação do governo FHC, a polícia militar, com todo o seu aparato bélico, abriu fogo matando 19 trabalhadores. Segundo a perícia feita nos corpos e nas armas dos policiais, a maioria das mortes ocorreu após a rendição dos manifestantes, sob a tutela do Estado.
Após os 17 anos decorridos desde esse crime de Estado, apenas 2 dos 154 acusados foram condenados. Mesmo assim, ambos estão em liberdade em virtude de uma liminar concedida pelo Supremo Tribunal de Justiça (STJ). Advogados do coronel Pantoja, [um dos assassinos] entraram com o pedido no STJ para transformar os 200 anos de prisão em regime fechado em prisão domiciliar.
Ao mesmo tempo em que os movimentos relembram o massacre, a luta por moradia digna e justiça social continua. Devido a isso, trabalhadores do estado de Alagoas ocupam um condomínio abandonado há 20 anos em Maragogi, reivindicando moradias para 120 famílias que não têm onde morar.
As lutas dos movimentos sociais do campo pela reforma agrária e dos movimentos da cidade por moradia são um reflexo das contradições e das disparidades sociais existentes no Brasil, que excluem centenas de milhares de famílias e trabalhadores do acesso a terra e moradia dignas. Enquanto concentram-se mãos de poucas pessoas a maior parte de nossas terras e dos terrenos nas cidades.
Neste 17 de abril de 2013, além de não deixarmos cair no esquecimento o massacre de Eldorado dos Carajás, também é tempo de reavivarmos nossas lutas no campo e na cidade por uma sociedade justa e livre de toda e qualquer forma de opressão.
Espaço Socialista Alagoas, 17 de Abril de 2013