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2011 – Ampliação e Radicalização das Lutas e Rebeliões no Mundo


14 de dezembro de 2011

          

  O ano de 2011 marca sem dúvida uma nova situação mundial

            Em primeiro lugar, a nova situação se manifesta pela ameaça constante do retorno à recessão mundial, haja visto que, mesmo após 3 anos da eclosão da crise de 2008 (a mais profunda desde 1929), a economia mundial não só não retomou os índices de crescimento anteriores, como enfrenta problemas cada vez maiores como o da “crise da dívida” na zona do Euro e nos próprios EUA.

            As tentativas iniciais dos analistas burgueses de dizer que “o pior ficou para trás”, logo deram origem ao pessimismo e aos planos de ataques frontais aos trabalhadores, como congelamentos de salários, aumento de idade para aposentadoria e cortes de verbas e demissões de funcionários da saúde e educação públicas.

            Hoje até mesmo setores da mídia burguesa reconhecem que não estamos diante de uma crise qualquer e que de fato estamos diante de algo maior do que uma simples recessão.

            De nossa parte, julgamos que na verdade o que essa crise traz à tona são as contradições estruturais do capital, combinados com a crise de um padrão de acumulação pautado no recurso ao crédito como forma de suprir e alimentar de forma artificial uma demanda que se apresenta cada vez mais difícil para dar vazão – a preços lucrativos – à imensa capacidade produtiva instalada no mundo, devido ao enorme desenvolvimento tecnológico.

            Uma série de problemas que o sistema vem acumulando desde os anos 80, como a reestruturação produtiva, que eliminou milhões de postos de trabalho, o ataque direto às condições de vida dos trabalhadores, com o rebaixamento salarial, visando aumentar os lucros do empresariado, a exacerbação do endividamento como forma de alavancar o consumo, a restrição de barreiras ao capital, novos instrumentos financeiros como os derivativos, etc, enfim toda  uma pirâmide financeira que cumpria ao mesmo tempo o papel de cobrar a maior remuneração possível tanto da parte das empresas como da parte dos Estados.

            Em 2008 essa pirâmide financeira começou a desabar, ameaçando com a depressão. Os Estados interviram maciçamente e de forma mais ou menos coordenada e impediram a depressão naquele momento.

            No entanto, em que pese todo esse operativo de salvamento, a economia até agora não apresenta sinais de recuperação de demanda privada real e sustentável.

            Assim as dívidas dos sistema financeiro foram incorporadas pelos Estados e repassadas à sociedade (leia-se aos trabalhadores).

            Os Estado, porém, também têm limites em seu potencial de endividamento. A partir de certo ponto, até mesmo os juros tornam-se impagáveis ou muito caros de serem rolados. Assim, sobrevém a segunda etapa dessa crise, que tem sido marcada pela extrema dificuldade de vários países em conseguir vender no mercado seus títulos e dessa forma pagar os juros imediatos, pelas dificuldades cada vez maiores de se conseguir pacotes de salvação de países e agora da própria União Européia e pela sua contrapartida direta, que são os ataques aos trabalhadores.

            A crise econômica prossegue e entra num novo estágio como uma possível crise bancária na Europa. Os grandes bancos franceses e alemães carregam em suas carteiras créditos impagáveis de países europeus periféricos (PIGS) e já começam a entrar eles próprios na alça de mira do  implacável mecanismo de concentração pelo qual os capitais mais fortes engolem os mais fracos. É para salvar os bancos que entram em cena os planos do BCE e a imposição de governos de tecnocratas (Monti na Itália e Papademos na Grécia), praticamente nomeados pelo mercado financeiro, para aplicar as “medidas de austeridade” contra os trabalhadores.

             Assim, o período que se abriu em 2008 se enquadra e ao mesmo tempo expressa uma crise maior, uma crise estrutural que se abriu a partir do ínício dos anos 70 e de lá para cá vem se arrastando e passando por fases e ciclos diversos. Além dos ciclos já analisados por Marx, alguns analistas chamam a atenção para as chamadas ondas longas.

            Assim, não temos um novo período de crescimento sustentável mas um pequeno ciclo de 4-5 anos com uma ligeira recuperação e que no entanto já apresenta sinais de um novo agravamento da situação para os próximos 1 ou 2 anos.

            A expressão do novo é a Reação dos Trabalhadores

            Diante disso, a resistência dos trabalhadores e da juventude deu um salto e se colocou como o elemento mais dinâmico a ser enfrentado pelo sistema e seus agentes. Isso porque são empecilhos diretos para a aplicação do receituário do capital que necessita de um aumento brutal do nível de exploração sobre os trabalhadores a fim de poder contornar sua crise.

            Tem havido importantes mobilizações dos trabalhadores em muitos países, mas o foco mais ativo ainda está na juventude. Em geral são os jovens desempregados que marcham nas ruas dos países árabes e ocupam as praças na Europa e Estados Unidos.

            No interior da classe trabalhadora, são os funcionários públicos e de empresas estatais que tem encabeçado as mobilizações e greves gerais na Grécia, Espanha, Itália, Portugal, e agora também na Inglaterra.

            A classe operária dos países centrais ainda não se colocou em movimento com mais peso devido ao papel nefasto das suas direções políticas e sindicais, organicamente integradas ao Estado burguês imperialista e co-gestora das empresas ao lado da patronal. As greves gerais, por mais massivas e importantes, são conduzidas burocraticamente como válvulas de escape, não como forma de luta consequente para derrotar de fato os ataques. São greves de um dia de duração, sem a perspectiva de continuidade, sem auto-organização e fóruns de decisão que rompam o controle da burocracia.

            Além das greves gerais na Grécia, na Espanha e na Itália, além da rebelião da juventude de periferia de Londres, tivemos os rebeliões/revoluções democráticas no norte da África, na Tunísia, no Egito, na Líbia e na Síria.

            Esse processo, também chamado de “Primavera Árabe”, ainda está em aberto, porque não se trata apenas de uma luta na esfera da política contra ditadores que se tornaram odiados. A origem do processo está nas conseqüências sociais da crise econômica internacional. Os povos árabes se colocaram em luta devido ao desemprego em massa, que afeta principalmente a imensa população de jovens desses países, e à carestia, em especial o aumento do preço dos alimentos. Essa situação material estrutural não mudou com a troca dos dirigentes do Estado, portanto as lutas devem continuar.

            Por mais contradições que haja nesses processos, principalmente a partir da Líbia, onde o imperialismo passou a jogar um papel direto de intervenção militar, interferindo nos seus rumos, a ação direta das massas populares tem sido o elemento definidor, embora com muitas e problemáticas  mediações.

            A Primavera Árabe representa uma liberação de energias dos trabalhadores e a partir de agora sua entrada em um confronto mais direto com o capitalismo e não apenas contra regimes ditatoriais das elites locais.

            Em especial é importante observar o caso do Egito, em que a população permaneceu mobilizada e desenvolveu formas de resistência que fizeram com que, 10 meses depois da queda de Mubarak, voltassem a se colocar em luta contra a junta militar. O caso dos trabalhadores portuários que se recusaram a receber uma carga de gás lacrimogêneo vinda dos EUA, e seu reconhecimento pela população, é emblemático dessa resistência e avanço da consciência.

            O caso do Egito é aquele em que a permanência das lutas e o processo de reorganização da classe trabalhadora é maior e mais ativo, mas em todos aqueles países tendem a surgir e se desenvolver processos de mobilização dos trabalhadores potencializados pelo agravamento das suas condições de vida. Os  problemas sociais que estiveram na raiz dessas rebeliões/revoluções não vão se resolver apenas com a democratização burguesa e muito parcial daqueles países.

            Até mesmo na América Latina temos visto lutas com caráter diferenciado. No Chile a juventude protagonizou ao longo de praticamente todo o ano uma luta massiva e radicalizada em defesa da educação pública, contando com apoio de importantes categorias e greves de solidariedade, mas trata-se de uma demanda (ainda reformista) que nenhuma burguesia nacional é capaz de conceder, dentro do marco geral da crise estrutural. Na Bolívia trabalhadores têm tido a necessidade de se organizar e fazer greves diretamente contra o governo de Evo Morales. O mesmo ocorre na Venezuela, onde os questionamentos ao projeto de Chaves começam a ocorrer pela esquerda, embora em menor intensidade.

            Isso porque esses governos não representam alternativas de ruptura com  o capitalismo, no máximo mais uma forma de administração do capital pela burocracia de Estado e do exército, submetida aos limites da propriedade privada e da segurança para o capital que opera nesses países. Em um contexto de crise e de acirramento das contradições do capitalismo, as propostas de convivência e conciliação com o capital só podem levar a choques diretos com os trabalhadores.

            Avanços e Limites dos movimentos como Indignados e Occupy Wall Street

            Nos últimos meses têm ganho força movimentos como os Indignados na Espanha e o Occupy Wall Street nos EUA. De certa forma representam o ressurgimento, no contexto da crise, dos movimentos antiglobalização que chamaram a atenção no final dos anos 90/início dos anos 2000. No entanto, em que pese sua semelhança, há também diferenças importantes.

            Os movimentos antiglobalização restringiam-se aos dias das reuniões dos organismos internacionais do capital (OMC, G-8, FMI, Banco Mundial, etc), enquanto os atuais tendem a buscar maior permanência no tempo e a ocupação de espaços públicos, de modo a chamar a atenção e criar espaços alternativos de debate e convivência. Além disso, seus alvos são mais diretos, como as praças financeiras e corporações e colocam no centro de sua crítica o fato de que o Estado está utilizando do dinheiro público para a salvação de bancos e corporações  que correspondem a 1% da população enquanto os outros 99% são deixados à sua própria sorte.

            As mobilizações que se espalharam pelo mundo em 2011, aquelas que partem mais da iniciativa da juventude do que da burocracia sindical, podem ser o espaço para o surgimento de embriões de novas formas de organização da classe, às quais os revolucionários devem estar atentos, como assembleias, comitês, redes sociais, mídia alternativa, que podem se converter em espaços de organização e oferecer possibilidades novas.

            No entanto, em que pese esses avanços ocorridos, frutos sem dúvida do novo contexto mundial pós-crise de 2008, com o desemprego e corte das verbas para os serviços públicos diretamente nos países centrais, há ainda defasagens importantes que deverão ser superadas.

            Entre elas está o fato de que esses movimentos não colocam como seu alvo o sistema capitalista como um todo, mas apenas suas partes mais diretamente beneficiadas com a ajuda dos governos, como os bancos e o sistema financeiro.

            Porém a crise que o mundo atravessa não é financeira (apenas) e sim da economia como um todo, é uma crise societal em termos estruturais. A falta desse diagnóstico mais profundo encontra correspondência no fato de que esses movimentos não apresentam uma proposta de sociedade alternativa ao capitalismo, ficando como uma negação difusa dos valores consumistas do mercado, do sistema financeiro e das corporações. Isso abre espaço para que esses movimentos possam ser assimilados ou reprimidos, a partir do momento em que não consigam se colocar como alternativas concretas de ação para o conjunto dos trabalhadores, única força social capaz de dar sustentação a qualquer proposta de superação positiva do capital.

            Para afetar de fato o sistema e ao mesmo tempo mudar a lógica de funcionamento da sociedade, colocando em seu lugar um novo modelo de sociedade, é preciso que os trabalhadores apontem para o questionamento e superação do próprio modo de produção da riqueza social: as relações capitalistas de produção, que são as raízes da forma de distribuição e de funcionamento da economia.

            As propostas comportamentalistas expressas por esses movimentos são demandas necessárias e muitas vezes menosprezadas pela esquerda, como o combate ao consumismo, a busca de uma relação humana em equilíbrio com o ambiente, o combate à hierarquia burocrática imposta pelas direções de muitos movimentos e partidos, mesmo de esquerda, a busca por relações igualitárias entre os gêneros e etnias, a retomada das identidades culturais, etc. São traços muito positivos que devem ser assimilados pelos movimentos dos trabalhadores e socialistas se quisermos realmente batalhar por uma revolução socialista.

            No entanto, é preciso afirmar que essas demandas só podem ser de fato conquistadas se se expandirem em nível geral e não apenas numa pequena vanguarda, por mais esclarecida que seja.   Isso exige uma revolução nas relação gerais da sociedade e na sua lógica de funcionamento e não apenas uma mudança nas ideias e comportamentos éticos, o que exige a contraposição à ordem capitalista e suas instituições, pois a raiz de de todas as formas de alienação está na produção e distribuição, na relação alienada dos produtores com o seu trabalho.

            O desafio é que esses movimentos busquem se ligar aos trabalhadores e suas lutas avançando ao mesmo tempo para definições programáticas mais diretas contra os governos por uma alternativa de sociedade ao capitalismo como um todo. A falta de uma definição socialista e revolucionária custa caro nos dias atuais.

            Se esses movimentos ficarem restritos à propaganda comportamental e à ocupação de espaços delimitados, podem se esgotar e serem reprimidos ou destruídos devido ao desgaste e banalização, ou mesmo assimilados pelo sistema, como mais uma forma ou momento possível de vida para alguns, desde que não afete os pressupostos estruturais da produção voltada para o maior lucro possível.

            O Brasil também entra em um novo momento. Dilma mostra a que veio.   

            No caso do Brasil, ao contrário do restante do mundo, os bancos ainda não estão sendo questionados. Ao invés disso, a “cidadania do crédito” (ou seja, o endividamento em massa dos trabalhadores) tem sido a fiadora da estabilidade do governo Dilma/PT/PMDB, pois a garantia do acesso ao consumo tem sido a miragem que faz com que os trabalhadores suportem o aumento da exploração e a deterioração das suas condições de vida, que tem como um dos seus aspectos o sucateamento dos serviços públicos, às custas do ataque sistemático aos trabalhadores do setor público e das estatais.

            O Brasil não está fora da realidade mundial, como os governos e a mídia tentavam veicular. Agora, governos, empresários e a grande mídia substituem o discurso cinicamente ufanista por um outro aparentemente mais “responsável” de que o país deve se preparar para a crise que se aproxima novamente. Porém essa preparação na verdade se traduz pela imposição por parte da burguesia de uma série de ataques aos trabalhadores, de modo que se possa diluí-los ao longo do tempo, com apoio das direções burocráticas como PT, CUT, CTB, UNE, e assim tentar diminuir o impacto e a resistência dos trabalhadores à degradação de seu nível de vida.

            Essas medidas de antecipação/adequação são duras e representam uma mudança de ritmos de ataques com relação aos anos anteriores.

            Esses ataques têm levado a que também no Brasil tenhamos visto em 2011 um ano de mais e maiores lutas dos trabalhadores. Greves como nas obras do PAC, dos transportes, trens e ônibus, correios, bancários, professores em vários estados. No caso da juventude, várias ações como greves e ocupações de reitorias foram retomadas, com destaque para a ocupação e greve dos estudantes na USP contra a permanência da polícia no campus e sua função de repressão, que está a serviço de manter um projeto que está levando cada vez mais à privatização da universidade.

            A não existência de um instrumento de organização mais amplo, a partir do fracasso do Conclat em 2010, mesmo com os problemas e limites que uma nova central unitária teria, cobrou seu preço em 2011, pois ainda que a CSP-Conlutas tenha tido um papel importante em algumas lutas, a sua ação esteve muito aquém do que seria necessário para enfrentar a burguesia e o governo e lutar contra o controle da burocracia sobre o movimento.

            Devemos batalhar pela unidade da esquerda e pela construção de fóruns de oposição à burocracia sindical, estudantil e dos movimentos sociais, que encaminhem ações unitárias, lutas e campanhas políticas inter-categorias.

            Devemos reativar a proposta de um Movimento Político dos Trabalhadores, que coloque em pauta uma alternativa socialista contra a crise. Esse Movimento deve se consolidar na luta, a partir da base, e pode ser o ponto de partida para uma participação classista, socialista e revolucionária nas eleições, ainda que o seu objetivo deva ir além das eleições.

            As lutas apontam melhores condições e novos desafios para a intervenção socialista. 

            Assim, o elemento novo que tem surgido cada vez com mais força é a resistência dos trabalhadores nos centros do capital, particularmente na Europa, com as greves gerais e manifestações na Grécia, na Espanha, na Itália, e agora iniciando-se nos EUA com as ocupações, irradiando-se para outras países, colocando cada vez mais a luta de classes em uma arena mundial.

            Permanece a crise de alternativas socialistas, com a dificuldade dos trabalhadores encontrarem respostas pela positiva à crise. Em geral os movimentos têm estado limitados ainda à negação e resistência às políticas do capital de utilizar o dinheiro público para salvar o empresariado, cortando dos trabalhadores. Não aparece ainda alguma alternativa de massas pela positiva. Isso é reflexo de que estamos ainda em um momento inicial das lutas nesta nova etapa.

            O setor operário-industrial da classe trabalhadora ainda não se incorporou os processos de luta mesmo nos países centrais, isso porque até agora o capital tem conseguido a duras penas impedir a recessão global ou mesmo uma depressão que obrigasse a entrada em ação direta dos destacamentos mais concentrados e poderosos da classe trabalhadora em defesa de seus empregos e condições de vida. Prevalece ainda uma lógica extremamente competitiva entre as economias e empresas (e também entre os trabalhadores) a partir de ameaças da patronal de deslocamentos de empresas e ramos inteiros para países com melhores condições de exploração. Isso deixa os trabalhadores na defensiva.

            A economia como um todo permanece em ritmo lento de crescimento, tendendo à estagnação ou mesmo à recessão, que tem sido parcialmente contrabalanceada pelo desempenho das economias dos países periféricos (entre eles os chamados BRIC’s). No entanto, essas economias que até aqui têm sustentado altas taxas de crescimento (comparadas aos países centrais) também apresentam limites. Com a dificuldade das economias centrais se recuperarem e um possível novo momento da crise, o crescimento dos países periféricos tende a diminuir, colocando uma nova situação.

            Ao se recolocarem em movimento, os trabalhadores criam melhores condições para que possam voltar a se enxergarem como classe, enfrentando os mesmo inimigos em terreno mundial. Ao mesmo tempo em que aumentam os desafios, devido à polarização com as forças de repressão do Estado e com os movimentos de ultra-direita. Em vários países, e também no Brasil, a direita tem se organizado, com ações e manifestações de caráter proto-fascista, agressões racistas, xenófobas, homofóbicas, violência contra a mulher. Além disso, o Estado de modo geral tem se tornado mais autoritário, criminalizando e reprimindo greves, ocupações, piquetes, manifestações, ações diretas e formas de divergência política que partem dos trabalhadores.

            Apesar desse aspecto negativo de reorganização das forças de direita, melhoram as condições para que os trabalhadores comecem a se reconhecer como  uma classe em si, com interesses semelhantes ou que se combinam nos vários países, enfrentando os  mesmos inimigos em escala global: o capital e seus agentes, sejam as burguesias dos diversos países e os organismos internacionais, sejam as instituições do Estado.

            O trabalho de impulsionar as formas concretas de luta dos trabalhadores e da juventude deve ser combinada com a formação e organização de base nos locais de trabalho e de estudo. A luta por buscar elevar o nível de consciência dos trabalhadores, buscando elucidar os nexos entre os problemas concretos e sua lógica, que é geral, e a busca pela reconstrução ideológica e prática do projeto socialista, são os desafios colocados para o(s) próximo(s) ano(s).

            O Estado e a burguesia ainda têm muitos recursos para administrar a crise e oferecer alternativas por dentro do sistema. Os revolucionários precisam apresentar a alternativa socialista de forma mais concreta, reforçando a propaganda do socialismo, explicando a todo momento como seria uma sociedade em que os trabalhadores controlam a produção e a colocam a serviço das necessidades humanas, em relação equilibrada com o ambiente, etc. É importante oferecer essa perspectiva, ainda que no plano da propaganda, para mostrar que existe sim uma alternativa concreta ao capital.

            Mas não há dúvida que há uma nova situação mundial que coloca mais tarefas e desafios mas também melhores possibilidade de se retomar a agitação, propaganda e organização em torno da idéias e propostas socialistas-revolucionárias. O ano de 2011 confirma isso.