Por que apoiar a luta dos estudantes da USP?
29 de novembro de 2011
A MÍDIA MENTE: O PROBLEMA CENTRAL NÃO É A MACONHA. A LUTA DOS ESTUDANTES NA USP É CONTRA A PRIVATIZAÇÃO DA UNIVERSIDADE, PELO DIREITO DE LIVRE EXPRESSÃO E PELO AMPLIAÇÃO DO ACESSO A UNIVERSIDADE PÚBLICA
As ações repressivas da polícia no campus da USP já passaram dos limites e acreditar que um movimento com milhares de estudantes em luta, como acontece lá hoje, é principalmente em defesa de 3 estudantes que fumavam maconha – esse foi apenas o estopim que incendiou um descontentamento que já era generalizado contra o regime interno, que exclui a ampla maioria das decisões – é ser ingênuo e cair nas mentiras da mídia, que tem interesses. O movimento estudantil da USP luta contra o projeto de privatização e sucateamentoda universidade; pelo direito do trabalhador ter umaeducação pública, gratuita e de qualidade; por uma USP aberta a quem dela realmente precise. Lutam também contra os interesses dos grandes empresários da educação e do governo, que têm ano após ano piorado a situação da universidade, principalmente nos cursos de licenciatura.
Assim, a brutal repressão da PM foi para intimidar os que resistem a esse projeto. A mídia, ao reduzir a discussão para a maconha, presta assim um serviço à desinformação e desvio do foco do que realmente está em discussão.
UNIVERSIDADE PÚBLICA PARA OS TRABALHADORES!
Não é verdade que na USP só estudam “filhinhos de papai”. Há muitos estudantes trabalhadores ou de classe média baixa. Muitos desses moram nos alojamentos do CRUSP. São esses estudantes que estão lutando contra o processo de precarização e privatização na USP. Entretanto, também é verdade que a maioria dos trabalhadores não consegue ter acesso a uma USP, UNICAMP ou UNESP.
O problema é que tanto os governos estaduais quanto o federal investem uma migalha (apenas 4,5% do PIB na Educação), quando o mínimo recomendável seria 10% do PIB já!
Com poucas universidades, as vagas ficam restritas.
A limitação de vagas leva à seleção, que se concretiza num vestibular extremamente concorrido, uma peneira que não permite à maioria dos trabalhadores e a seus filhos estudarem nas Universidades Públicas existentes.
Isso também é parte de um plano que visa beneficiar as redes particulares, pois a maioria dos trabalhadores são obrigados a recorrer, quando muito, ao ensino pago e de pior qualidade.
Temos que lutar para que haja investimento e vagas para todos, com o fim do vestibular nas Universidades Públicas, para que sejam acessíveis aos trabalhadores e seus filhos!
O GOVERNO NÃO QUER VOCÊ NA USP
Não investir na USP é proposital para depois alegar que para salvar a universidade é preciso recorrer ao investimento privado. Há muito tempo a pesquisa na USP é voltada para os temas de interesse das empresas em vez de se voltar para temas de interesse do ser humano e do ambiente, como pesquisa de prevenção/cura de doenças, métodos de redução de impactos ambientais, aprimoramento de fontes alternativas de energia, etc. Já existem hoje 30 fundações de direito privado cumprindo este papel dentro da USP, com isenção de impostos e gerando altos lucros a empresários. A ameaça de cobrança de mensalidades ronda a universidade há anos e o setor de trabalhadores que conseguiu lá estudar tem sido expulso aos poucos por diversas medidas.
A POLÍCIA FAZ PARTE DESTE PROJETO
A mídia tenta enganar o povo trabalhador dizendo que a polícia está na USP para garantir a segurança dos estudantes, mas quem mora na periferia sabe muito bem que a polícia não garante segurança alguma, nem acaba com o problema das drogas, e sim massacra ainda mais o trabalhador, com muita humilhação e violência. A USP tem sim problemas de roubo e violência, mas a culpa disto é do próprio abandono e descaso do governo, que torna a universidade despovoada e mal iluminada. A polícia não é a solução nem na USP nem em lugar algum, porém, ela tem servido para reprimir e monitorar os estudantes que lutam contra o projeto do governo, revistá-los e cadastrá-los em um arquivo da reitoria, para impedir que se mobilizem contra seu projeto de privatização.
Na verdade, o que a reitoria e o governo do Estado de São Paulo querem é criar um ambiente interno que não permita que a maioria descontente com o projeto de privatização e de manutenção da universidade seja questionado, por isso, a presença da PM no campus tem objetivo de funcionar como instrumento de repressão direta àqueles que lutam. Além da PM, a reitoria já vinha se utilizando de processos administrativos com fins claramente políticos, pois hoje existem dezenas de estudantes ameaçados de expulsão da universidade e inclusive trabalhadores com risco de serem demitidos só por lutarem por melhores salários e condições de trabalho.
ESTUDANTES LUTAM POR EDUCAÇÃO GRATUITA E DE QUALIDADE E SÃO PRESOS
Os estudantes hoje em greve na USP são milhares, e não uma minoria como diz a mídia, e reivindicam além disso outras coisas que vão no sentido de defender a USP pública, gratuita e de qualidade. Para isso, os estudantes em protesto ocuparam a reitoria da universidade e foram retirados de lá por 400 homens da tropa de choque, sem identificação em seus uniformes, sofrendo humilhações e violência, acabando 73 deles presos e hoje sofrendo um inquérito que os acusa criminalmente por desobediência e dano ao patrimônio público, recebendo tratamento de criminosos, sendo que faziam uma manifestação política. Após a entrada, a própria tropa de choque recebeu ordens para quebrar tudo na reitoria e o governo se articulou com a mídia para difamar os estudantes, os acusando de vândalos e maconheiros, desviando assim o foco da luta legítima contra a repressão e pela educação pública, jogando a população contra os estudantes. É preciso refletir bem: a mídia nunca apoiou nenhum movimento que questionava as elites e é claro, não iria apoiar este também.
A REPRESSÃO SÓ SERVE AO GOVERNO E AO PATRÃO, TODO APOIO AOS LUTADORES!
Diversas ações repressivas têm sido aplicadas pelo governo federal e estadual para abafar o descontentamento dos trabalhadores e impedir que lutem por melhorias – a instalação das UPPs nas favelas do Rio de Janeiro; a nomeação de militares como subprefeitos em São Paulo; a criminalização das greves e movimentos sociais; etc. Aos trabalhadores, a repressão nunca serviu, sempre massacrou e retirou seus direitos, já ao governo e aos patrões, por muitas vezes ela é a única que garante que a maioria se submeta calada aos seus interesses. A luta contra medidas repressivas é fundamental para não perdermos nossos direitos já conquistados, e todo trabalhador deve se unir contra a perseguição dos que lutam. Por isso, defendemos a luta dos estudantes na USP e junto a eles lutaremos por educação pública, gratuita e de qualidade. Para isso, exigimos:
√ Retirada já dos inquéritos criminais contra os 73 estudantes!
√ Fim dos processos administrativos contra estudantes e trabalhadores que lutam!
√ Fim do convênio da USP com a polícia militar. Fora a PM!
√ Não aos projetos de privatização nas universidades públicas!
√ 10% do PIB para a Educação pública Já!
√ Por educação pública, gratuita e de qualidade para todos os trabalhadores, defendemos o acesso de todos à universidade pública!