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Bancários – Por um encontro nacional que reorganize o polo combativo da oposição


12 de maio de 2010

O Movimento Nacional de Oposição Bancária (MNOB) surgiu da histórica greve nacional de 30 dias em 2004, como um pólo aglutinador da vanguarda do movimento grevista, sendo composto por lutadores, piqueteiros, líderes que ajudaram na mobilização até o último dia de greve.

Inicialmente, o MNOB abrangia todos os setores que eram contra os banqueiros e contra o governo Lula. Como punição aos grevistas, foi "instituído" desde então o desconto dos dias parados nos bancos federais. Isso deixou claro de que lado estavam Lula e o PT.

De 2004 em diante, o MNOB sofreu um progressivo esvaziamento, como reflexo do próprio esvaziamento das greves e das lutas da categoria desde então. Além disso, muitos companheiros independentes, integrantes de correntes políticas minoritárias ou de coletivos locais também se afastaram, devido à discordância com a forma como a corrente política majoritária do MNOB (PSTU) conduzia o movimento. De modo geral, a linha política já vinha "pronta", tendo sido decidida pelo partido em seus fóruns internos e trazida ao movimento para ser executada pelos demais. Os panfletos, por exemplo, já surgem escritos, cabendo aos demais apenas distribuí-los.

Outro fator que contribuiu para o esvaziamento do movimento foi a falta de organicidade da Oposição. As reuniões só ocorriam quando o PSTU decidia que poderiam ocorrer (houve inclusive casos de reuniões desmarcadas sem aviso aos demais integrantes que não eram do partido).

Além de se enfrentar com os banqueiros, o governo e a Articulação na direção oficial do movimento, a categoria teve que lidar também com os problemas internos de organização da Oposição, que apesar de lutas heróicas, não conseguiu reverter os ataques que a categoria vem sofrendo em seus vários seguimentos.

Numa crise econômica como a atual, os patrões e os governos estão cada vez mais unidos para jogar nas costas dos trabalhadores o ônus da bancarrota capitalista. O atual estágio de esfacelamento da Oposição, numa conjuntura de crise como essa, recoloca na ordem do dia a unidade dos lutadores. Nesse sentido, é necessário organizar um Encontro Nacional da Oposição Bancária, aberto à participação de todos os bancários que tenham claro que os nossos inimigos são os governos, a Articulação e os banqueiros.

A unidade a ser construída precisa se pautar por uma nova metodologia, que corrija os problemas que causaram o esvaziamento do MNOB ao longo dos anos. É preciso que haja democracia na definição da política, uma Coordenação eleita com mandato e tarefas definidas, organicidade nas atividades, prestação de contas regulares, etc. É preciso que os fóruns do movimento sejam respeitados e que o MNOB não seja propriedade deste ou daquele partido.

Proposta de encontro do PSTU: mais do mesmo

A discussão sobre o Encontro está ocorrendo nos fóruns do MNOB, tendo sido indicado o início do mês de julho como data provável de sua realização. No último period, o PSTU tem defendido um Encontro de dois dias. No primeiro dia seriam discutidas ações conjuntas com as várias oposições. No segundo, haveria uma discussão apenas com os setores que atualmente se identificam como MNOB, para tratar de sua reorganização interna. O problema é que o MNOB se reduziu praticamente a militantes do PSTU, de forma que uma reorganização do MNOB nesses moldes continuaria aquém das necessidades da categoria. Os bancários precisam da unidade das oposições para ter condições de lutar contra o controle da Articulação sobre as campanhas salariais. Por isso, é preciso reorganizar uma Oposição Nacional que agrupe todos os coletivos e militantes independentes que tenham atuação combativa na categoria e que se coloquem como oposição aos banqueiros, ao governo e à Articulação.

Nós, do Espaço Socialista, defendemos um Encontro de caráter aberto, democrático e que sirva para construir uma Nova Oposição, uma Frente Nacional de todas as forças de oposição, de caráter mais plural e de base, como foi um dia o MNOB na sua fundação em Caetés-MG 2004.