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Em quem você vai votar?


25 de abril de 2010

Chega este tempo de eleições e uma das principais questões que envolvem a maioria das pessoas que gravita a orbita da esquerda, seja ela a tradicional (PT, PCdoB)  ou a “oficialmente” revolucionária (PSTU, PCO)  é justamente a questão de em quem se vai votar, que tem chances de se eleger, quem comporá chapa com quem, etc. Do lado da esquerda parlamentar oficial, esta questão é de “vida ou morte” literalmente, pois ela dirige seus esforços para este fim em si, que são as eleições, uma vez que ela depende do parlamento para sobreviver. Já a esquerda dita revolucionária faz malabarismo teóricos e escolásticos, evocando os “ensinamentos” (sic) de Lenin, contidos no “Esquerdismo : doença infantil do comunismo” e outros escritos “sagrados” para justificar a sua eterna submissão ao calendário eleitoral. De outro, há uma série de ex-militantes de diversos partidos e grupos de esquerda que frente a atual situação de apatia do movimento de massas e da ofensiva política da direita, embarcam na questão de que tem-se que votar no mal menor, no caso no reformismo do PT, pois este partido pode fazer administrações melhores que a da direita, minorar o sofrimento dos marginalizados, etc. O que fazer ?

VOTAR NO PT?

            Do ponto de vista do regime democrático burguês, o voto é um dos pilares em que se baseia a “pretensa” legitimidade dos governantes. Neste sentido a farsa (transformada em festa) eleitoral tem como fundamento as campanhas milionárias para ludibriar os trabalhadores em geral e manter a dominação da minoria privilegiada sobre a maioria explorada. As eleições são parte de um mecanismo profundamente complexo de dominação no qual o resultado já se sabe a priori quem será o vencedor, no caso a burguesia, independente de que partido venha ocupar o poder.

            Mesmo se o PT, por exemplo, vier a ganhar as eleições em tal ou qual cidade, seu governo será igual, em essência, ao de qualquer partido burguês, talvez com menos denúncias de corrupção aqui e algumas ações no campo filantrópico ali. Qualquer administração está subordinada primeiro as dominação da burguesia e em segundo às conjunturas econômicas que lhes permitam fazer tal ou qual obra e o PT não foge desta regra. Se compararmos por exemplo, a administração do PT em Santo André e do PSDB em São Bernardo, não se nota diferença alguma, seja no quesito de obras, seja na relação com os trabalhadores do funcionalismo, seja na organização dos trabalhadores. Tanto uma como outra fizeram obras que privilegiaram a classe média e a burguesia, focaram esforços em reduzir os custos da máquina administrativa para pagar as dívidas com os banqueiros, reprimiram e arrocharam o salário do funcionalismo e estiveram a todo o momento contra a auto organização dos trabalhadores e suas lutas. É óbvio que não poderia esperar outra coisa tanto do PSDB como do PT, aquele por ser um partido burguês declarado e de não ter dúvidas de que lado está na luta de classes. Ao PT, que dizem Ter uma base “operária”, a muito tempo é um partido social democrata típico, inimigo da auto organização dos trabalhadores e do socialismo, com profundas relações com setores da burguesia, apesar d0esta nutrir uma certa desconfiança em relação a esse partido.

            Neste sentido, votar no PT é hoje uma escolha ilusória dentro da ilusão que são as eleições. Se este partido vai ou não fazer  obras ou combater a corrupção, se ganhar as eleições, não depende da vontade partidária e sim da sua relação com os interesses da burguesia. E o fato de fazer obras, que tem sido observado, não torna este partido melhor que os outros uma vez que estas obras primeiro tiverem como objetivo melhorar a infra estrutura das cidades para o desenvolvimento dos negócios capitalistas e em segundo lugar, aquelas pequenas obras populistas que foram feitas junto aos setores marginalizados, tiveram como objetivo a construção de currais eleitorais e de impedir a auto organização dos trabalhadores.

 

A ESQUERDA REVOLUCIONÁRIA OFICIAL E AS ELEIÇÕES

            Do lado da ultra esquerda oficial, a questão é aparentemente mais complexa. Aparente porque o objetivo de concorrer na eleições é o mesmo que de qualquer partido : eleger. Como não tem chances de chegar a cargos executivos, foca toda sua ação nas eleições para vereador e deputado. Esta opção pela necessidade desesperada para eleger de pelo menos um vereador está ligada a uma questão também de vida ou morte para estas organizações que é manter, com o dinheiro do parlamento os inúmeros profissionais partidários que segundo a pseudo tradição leninista, devem se dedicar integralmente a revolução. Como o número de militantes dispostos a sustentar burocratas vem diminuindo, cada vez mais estas organizações giram em função do calendário eleitoral, seja das eleições normais ou para as direções sindicais, outra fonte de renda para estes partidos.

E o mais incrível são os argumentos apresentados para esconder esta realidade e justificar a eterna participação nas eleições. Nas discussão preparatórias, são feitos textos e textos com centenas de citações de Lenin sobre participar das eleições, como participar, que é um crime não participar, que na eleições esta a oportunidade de ouro de fazer política, etc ,etc,  etc.

Mas surge a questão: mesmo assim, por que não votar nos candidatos da esquerda revolucionária ? por que não fortalecer um “polo revolucionário de esquerda e dos trabalhadores” frente ao reformismo do PT e frente aos partidos burgueses?

Por simples razão: através das eleições não é possível formar pólo revolucionário algum. As eleições, como foi dito anteriormente, são uma farsa sobre o controle da burguesia. Nelas se concentram toda a mentira, a hipocrisia e a desilusão com a política em geral. Isto não é sem razão uma vez que para a burguesia quanto menos discussão, projetos, idéias forem debatidas, melhor. Não é a toa que as campanhas eleitorais são um circo. Acreditar que se pode discutir com os trabalhadores nesta época é um duplo engano. Primeiro que não só deve procurar os trabalhadores neste época, como fazem os outro partidos; segundo que muitos trabalhadores estão cheios de serem enganados pelos mesmos partidos.

O FAZER NAS ELEIÇÕES?

Neste marco fica a pergunta: o que fazer frente as eleições uma vez que a maioria de uma forma ou de outra vai ou fazer campanha ou votar?

Como fica claro do nosso ponto de vista as eleições são um engodo e que independente em quem se vote, a vida continuará a mesma para os explorados. Por outro lado há a necessidade de que os revolucionários procurem cavar no meio desta situação difícil do movimento de massas em espaço para que suas idéias cheguem aos mais explorados da sociedade, pois são eles quem acabarão com a exploração.

A primeira questão que salta aos olhos como necessidade para uma genuína ação revolucionária é romper com a passividade dos movimento de massas e dos mais destacados ativistas. É romper com as formas alienadas de militância e de ação, de subordinação política e sindical. Para isso o papel dos revolucionários é se inserir nas estruturas sociais dos explorados principalmente os bairros populares e nas estruturas sociais (escola, trabalho, etc) para a realização de um trabalho de conscientização e de organização, interessada somente em que estes trabalhadores tomem em suas mãos suas lutas.

A Segunda questão é a denúncia sistemática e em todos os momentos das estruturas de poder. Um trabalho pedagógico está por ser feito uma vez que pouco tem sido feito neste campo e há espaço para isso pois muitos  trabalhadores e jovens estão desiludidos com as eleições e partidos. Canalizar este descontentamento para forma progressivas de organização e consciência é um dever em primeira instância para os revolucionários.

E em terceiro lugar realizar uma CAMPANHA PELO VOTO NULO como forma de materializar a denúncia do regime democrático burguês e dos partidos em geral. Uma campanha que esteja centrada em levar as setores de massa as nossas idéias sobre o sistema, regime e governo, rompendo com a passividade e alienação que significam as eleições. Podemos fazer plenárias, palestra, pixações, panfletos, sobre o tema. Podemos fazer uma verdadeira campanha contra as eleições. Cabe aos revolucionários empunhar esta bandeira.

           

 

Recebemos esta carta da direção do PSTU do MS e a publicamos, conforme o pedido, na integra. O companheiro Marcio Cabral não quis responder, pois acredita que a carta é, na verdade, a confirmação do que foi dito na matéria publicada no jornal anterior sob o título “Zeca do PT (do PSDB,…)

Esclarecimentos- PSTU- Regional Campo Grande/MS

Campo Grande (MS), 12 de Maio de 2000.

Prezados Companheiros do “Espaço Socialista”,

Solicitamos aos companheiros a publicação no próximo número do Jornal “Espaço Socialista” da matéria abaixo lançada, matéria esta concernente a esclarecimentos quanto à opinião formulada por Márcio Cabral, constante no nº 1 de abril/2000 respectivo:

Com relação ao artigo Zeca do PT (do PSDB, do PFL, do PPB, do PTB, das construtoras…), escrito por Márcio Cabral, oportunidade em que foi feita alusão ao papel do PSTU de Mato Grosso do Sul quanto à campanha eleitoral do candidato, à época, Zeca do PT (eleições de 98), dito artigo merece os esclarecimentos seguintes:

No Estado nós não coligamos com quaisquer Frentes e/ou Partidos, tendo lançado, portanto, nossos candidatos em legenda única, tanto para o cargo majoritário de Senador, quanto para os proporcionais, quais sejam, Deputado Federal e Deputados Estaduais.

No que concerne ao Cargo de Governador, não tendo sido lançado candidato para o mesmo, o PSTU, após ampla e democrática discussão em sua base, deliberou pelo chamado “Voto Crítico” ao candidato da Frente Popular, com exigências e denúncias diretas para que este (Zeca do PT) rompesse com os Partidos Burgueses. Portanto, não houve apoio “de fora” àquela Frente.

O programa do PSTU se diferenciou sim da Frente Popular supramencionada, tendo em vista ter destacado com amplitude as caracterizações das candidaturas lançadas pela direita, o ataque aos trabalhadores do Governo de FHC e as mazelas do neoliberalismo com a política do FMI (…), mesmo o programa ter sido bancado pelo PT.

Denunciamos com veemência, através de farto material de campanha distribuído em escolas públicas, em Universidades e nos locais de trabalho de seus militantes, o caráter burguês de dita Frente Popular.

Após a eleição de 98, não houve tal crise total, não perdendo vários de seus filiados diretamente para o aparato do Governo. O que houve, isto sim, foram afastamentos de três militantes por razões diversas que não crise política e, inclusive, o afastamento do próprio companheiro Márcio, sendo que os filiados democráticos são os que estão no Governo..

Mesmo com a ironia do companheiro Márcio, de fato o PSTU chama o PT e o Pc do B (e também o PCB) para compor uma frente classista (“vala comum”), pois os considera Partidos Operários, até porque suas fileiras são formadas pela grande massa trabalhadora e estudantil. Dessa forma, é questão de visão política e estratégica quanto à formação de uma frente classista. Se o comp. Márcio não mais comunga dessa idéia …

E mais… o que muito nos estranha hoje na matéria citada é que o “camarada” Márcio (ainda o consideramos integrante do campo revolucionário) se esquece o que é tática, estratégia e, até mesmo, como diferenciar um partido revolucionário do “ponto conspirativo” (para jogá-lo na vala comum) da institucionalidade burguesa do partido legal exigido por sua via eleitoral a qual somos obrigados a participar com toda essa compreensão que temos (do que fazermos quando lá porventura chegarmos).

Entendemos que esta é a discussão mais correta e coerente a ser feita entre revolucionários.

Por fim, não há quaisquer militantes do PSTU exercendo cargos no Governo Popular encabeçado pelo PT.

PSTU – Regional Campo Grande/MS