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Boletim Espaço Bancário – Março 2010


25 de abril de 2010


PUBLICAÇÃO DOS BANCÁRIOS DO ESPAÇO SOCIALISTA – EDIÇÃO BANCO DO BRASIL

O GOVERNO LULA X FUNCIONÁRIOS DO BB

    A CHANTAGEM DA PRIVATIZAÇÃO
    O presidente Lula, acompanhado dos ministros Mantega e Dilma (pré-candidata do PT à sucessão presidencial), esteve reunido com a cúpula do BB por ocasião da divulgação dos lucros de 2009, e no seu discurso os três destacaram a importância do banco como instrumento de combate à crise, enfatizando que "graças a Deus o BB não foi privatizado pelos tucanos".
    Se a crise foi resolvida ou apenas contornada discutiremos em outra oportunidade, pois queremos contestar aqui a chantagem que está sendo feita aos trabalhadores do BB. O PT quer nos transformar em cabos eleitorais de Dilma, com a ameaça de que Serra vai privatizar o BB. Sabemos o quanto foi catastrófico o governo FHC para o BB e para o país de modo geral. Entretanto, o governo Lula deu continuidade às mesmas políticas: privatização (concessões do uso de florestas, reservas de petróleo, rodovias, bancos estaduais, etc.), pagamento da dívida externa, juros estratosféricos, etc.
    No BB, o governo deu continuidade à gestão privatizante, ao modelo de banco comercial voltado para a concorrência com os bancos privados, aplicando a reestruturação de 2007, a reforma estatutária da Cassi, mantendo as metas e o assédio moral, o projeto BB 2.0, etc. Não foram atendidas nossas reivindicações históricas (reposição das perdas, isonomia, PCC/PCS, volta das substituições, etc.) e chegamos ao cúmulo de ter que pagar horas de greve. Só isso já demonstra que o governo e o PT não estão do nosso lado, pois têm praticado uma privatização disfarçada.
    Mas isso não é melhor do que uma privatização escancarada ao estilo do PSDB? Consideramos que a alternativa para os trabalhadores do BB não está entre a privatização disfarçada (PT) e a escancarada (PSDB), e sim em se organizar para lutar CONTRA QUALQUER TIPO DE PRIVATIZAÇÃO.
    Somos oposição ao governo Lula não por considerar que o PSDB é a alternativa, mas porque achamos que a alternativa está na organização independente dos trabalhadores para lutar por seus interesses. Por isso somos oposição à diretoria petista e governista do Sindicato dos Bancários de São Paulo. Um sindicato jamais pode ser aliado do patrão, que no nosso caso é o governo, seja ele de que partido for. Patrão é sempre patrão, por mais que um dia tenha vestido o macacão de operário.

    PARA QUÊ SERVE O LUCRO DO BB?
    O Banco do Brasil teve um lucro de R$ 10 bilhões em 2009. Se a parcela dos lucros reservada para pagamento da PLR referente ao 2º semestre fosse distribuída igualmente, de maneira linear, cada funcionário deveria receber mais de R$ 8 mil (já incluídos os funcionários da Nossa Caixa). Ora, a grande maioria dos funcionários, PEs, caixas e assistentes, recebeu um valor muito menor, enquanto a cúpula ficou com a parte do leão. Isso serve como mais uma evidência da gestão privatizante, que está fazendo dos gestores parceiros da exploração dos funcionários.
    Indo mais longe, se todo o lucro fosse dividido em partes iguais para os 100 mil funcionários, daria 100 mil reais para cada um. Isso seria o certo, já que toda a riqueza que existe na sociedade foi produzida pelos trabalhadores, e deveria pertencer aos trabalhadores. Mas isso não acontece porque as empresas são propriedade privada de uma pequena minoria de capitalistas.
    Mas e quanto ao BB, que é uma empresa de economia mista, cujo acionista majoritário é o Estado? Para onde vai o lucro gerado pelo banco? Vai para o caixa do Tesouro, onde se junta com o restante da arrecadação e entra no ralo dos pagamentos da interminável dívida pública, que em última análise vai parar nos bolsos dos especuladores do mercado financeiro. Por isso defendemos:
    – reestatização das empresas privatizadas;
    – que os lucros das empresas públicas sejam revertidos em melhoria dos serviços públicos para a maioria da população;
    – que a parte dos resultados a ser distribuída aos funcionários seja paga em parcelas iguais para todos;
    – por um BB que financie os trabalhadore e não as empresas.

    A DECADÊNCIA DO SINDICALISMO PETISTA: O CASO BANCOOP
    O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região já foi exemplo de combatividade, quando liderou grandes greves na década de 1980, época de avanço nas lutas dos trabalhadores e de construção da CUT e do PT como referência de organização da classe. Na década de 1990, sob o pretexto de que o fim da URSS representava o fim do socialismo, essas entidades abandonaram o campo da luta e se tornaram instrumentos auxiliares da gestão do capitalismo.
    Acompanhando essa trajetória, o nosso sindicato se converteu ao peleguismo e se transformou numa espécie de “conglomerado empresarial”, com ramificações como a Bangraf (gráfica equivalente à de um jornal de grande porte), a Bancredi (que faz empréstimos para bancários, num seríssimo conflito de interesses para uma entidade que deveria ter como finalidade lutar pelo aumento dos nossos salários) e também a Bancoop, cooperativa habitacional envolvida há anos num escândalo policial.
    A Bancoop está sendo acusada de arrecadar dinheiro dos cooperados e não entregar os apartamentos, e ainda por cima cobrar valores adicionais sob o pretexto de aumento dos custos. Está em curso uma investigação por conta da suspeita de que o dinheiro tenha sido desviado para campanhas do PT. Três dirigentes da entidade morreram num acidente de carro no interior de Pernambuco em 2004, o que dificulta o esclarecimento e a punição de possíveis crimes (o processo aberto pelo Ministério Público está em: http://www.scribd.com/doc/11291599).
    Aproveitando-se do escândalo, os partidos rivais do PT querem fazer uso eleitoral do caso Bancoop para desgastar a candidatura Dilma. Para nós bancários não interessa a disputa entre partidos acostumados a governar para os poderosos e sim a disputa para recuperar o nosso sindicato para a luta. O caso Bancoop é mais um exemplo de como o sindicalismo petista degenerou e desmoralizou a entidade, depois de 30 anos no seu controle. Por isso defendemos:
    – rodízio dos dirigentes sindicais, com a proibição de reeleições indefinidas;
    – transparência na gestão financeira, nas prestações de contas e nas decisões sobre gastos;
    – fim do imposto sindical e de qualquer financiamento da patronal e do Estado;
    – proporcionalidade na composição da diretoria conforme a votação das chapas;
    – reuniões periódicas e deliberativas de delegados sindicais e representantes de base.

    A DECADÊNCIA DO SINDICALISMO PETISTA: O CASO MARCEL
    O dirigente da ContrafCUT Marcel J. Barros, coordenador da Comissão de Empresa, que representa os funcionários nas negociações com o BB, foi agraciado no início de 2009 com uma comissão equivalente a AP6. Que empenho terá um dirigente sindical em lutar pelo nosso salário quando o seu problema pessoal foi resolvido?
    O comissionamento de dirigentes sindicais é um atentado contra a organização independente dos trabalhadores. Por isso defendemos a escolha dos representantes dos trabalhadores nas negociações diretamente em assembléias de base, contra a sua indicação “biônica” por burocratas sindicais que estão há anos afastados do dia a dia do trabalhador.
    Como parte da luta pela organização independente dos trabalhadores, defendemos na reunião dos Delegados Sindicais do BB de São Paulo, Osasco e Região, em 24/02/2010, a seguinte moção, que foi assinada por 20 representantes de base:
    “Queremos que o senhor Secretário Geral da CONTRAF-CUT, MARCEL JUVINIANO BARROS deixe qualquer fórum que envolva negociação dos interesses dos bancários frente  aos banqueiros e ao governo tendo em vista que o sindicalista, sem estar trabalhando, foi nomeado a cargo de confiança (AP6) do Banco do Brasil.”

QUEM SOMOS
    O Espaço Socialista é uma organização formada por trabalhadores para a intervenção na luta de classes e tem como objetivo a construção do socialismo. Consideramos que “a emancipação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores” (Marx) e defendemos a necessidade de elevar a consciência dos trabalhadores, resgatar os métodos da democracia operária, garantir a participação das bases, retomar a formação teórica e política, e combater a burocratização dos sindicatos e outros organismos de luta. Para conhecer em detalhe nossas idéias, visite www.espacosocialista.org ou escreva para espacosocialista@hotmail.com. Venha conosco construir uma sociedade socialista! Venha construir o Espaço Socialista!