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Encontro no ABC discute unidade da esquerda e luta contra a crise econômica


11 de abril de 2009

Há muito o Espaço Socialista tem insistido na necessidade de construirmos a unidade entre setores de esquerda para as tarefas imediatas, para o enfrentamento cotidiano com a burguesia e para a construção de uma ferramenta de luta que possa servir de referência para os trabalhadores e ganhá-los para a luta anticapitalista. Temos feito esse esforço porque acreditamos que os desafios colocados para os socialistas só podem ser enfrentados com unidade. É uma exigência do período histórico.

É nessa perspectiva que, desde o ano passado, temos defendido que a Conlutas e a Intersindical – duas entidades ligadas a sindicatos, categorias, organizações e partidos de esquerda – impulsionem um encontro nacional de base, aberto a todos os trabalhadores, trabalhadoras e desempregados para que possamos discutir e deliberar sobre ações concretas para enfrentar a crise econômica.

Informar, esclarecer, organizar e mobilizar os trabalhadores pela base é ir além das ações de cúpula e é, ao nosso modo de ver, a melhor maneira de enfrentarmos os planos do governo e dos patrões.

A fim de contribuirmos com essa luta pela unidade da classe trabalhadora e das organizações de esquerda propomos realizar no ABC paulista um Encontro Regional de base, aberto a todos os setores antipatronais e antigovernistas para discutirmos ações concretas de intervenção, preparar o Dia Nacional de Lutas e outras ações deliberadas.

Mas, apesar de praticamente toda a esquerda brasileira falar em unidade, observamos que na prática as coisas são bem diferentes.

 

Dois projetos em disputa: o dos trabalhadores e o da burguesia

Além da necessidade, o Encontro Regional ganhava ainda maior importância por ser o ABC paulista a sede do Seminário organizado pela CUT, PT, Sindicato dos
Metalúrgicos do ABC, prefeituras, governos federal e estadual em conjunto com FIESP.

Esse Seminário teve o objetivo claro de promover o pacto social, em que a direção do movimento sindical abre mão das lutas pelos direitos dos trabalhadores para que os patrões continuem tendo lucros.

Nas crises capitalistas, como esta em que estamos vivendo, é necessária a
discussão sobre o projeto que cada classe social tem para a sua superação. A burguesia e seus aliados indicam um caminho: redução de direitos, de salários e medidas que garantam a lucratividade. Os revolucionários indicam as lutas por questões imediatas – como salário, diretos e emprego – e por questões estratégicas – como a luta contra o capitalismo e a construção de um outro tipo de sociedade.

Esse é grande desafio da esquerda, construir uma alternativa de poder e recolocar na ordem do dia a discussão sobre a necessidade da revolução como alternativa ao capitalismo.

Para o Espaço Socialista trata-se de mostrar aos trabalhadores que há outro caminho a seguir: o caminho da luta, única forma de manter os nossos direitos e de mostrar para os patrões e seus aliados que não aceitamos pagar pela crise.

 

Um encontro vitorioso

Essa discussão sobre projeto é uma disputa ideológica contra a burguesia e referencial para fazermos um balanço do Encontro Regional do ABC, realizado em 22/03, em São Bernardo.

Apesar do boicote de várias correntes de esquerda que atuam no ABC, contamos com a organização ativa da APEOESP (Sindicato dos Professores – subsedes Santo André e São Bernardo) na construção do Encontro e com a participação de mais de 80 trabalhadores e trabalhadoras (professores, estudantes, servidores municipais, bancários, etc).

O Encontro Regional do ABC aprovou: a construção de um Comitê permanente (Comitê de Luta contra o desemprego e a exploração capitalista); a participação no Dia Nacional de Lutas; a organização de um debate sobre concepção de movimento sindical e a participação no 1º de maio antigovenista, de esquerda e independente.

Como a Conlutas e a Intersindical mudaram a data do Dia Nacional de Lutas – de 01 de Abril para 30 de março – como forma de unidade com a CUT, a Força Sindical e demais centrais governistas, o Encontro Regional do ABC deliberou não participar do ato unificado, mas irmos a locais de trabalho e estudo a fim de discutirmos com os trabalhadores sobre a crise econômica e também apresentar as propostas programáticas aprovadas no Encontro.

Com a realização de atividades como estas pudemos observar, através da recepção dos trabalhadores, a inquietação quanto às ameaças de corte de direitos e desemprego que já atingem a nossa classe e indicam que os efeitos da crise podem provocar uma mudança na situação política.

O fato lamentável foi o boicote do PSTU ao Encontro no momento em que a classe trabalhadora mais precisa de unidade. Lamentamos, pois o PSTU é a corrente hegemônica na Conlutas, tem maior possibilidade e responsabilidade em impulsionar as lutas e construir a entidade como alternativa de esquerda e dos trabalhadores. No entanto, não estranhamos. O partido tem se recusado na prática a construir a Conlutas e a Conlute na região do ABC, não marca-se plenária, reunião ou atividades conjuntas. E quando propomos qualquer iniciativa para sairmos do profundo isolamento e impulsionarmos a construção ou fortalecimento da Conlutas na região, somos acusados de estarmos realizando fóruns paralelos.

Embora ainda reunindo poucos esse Encontro torna-se vitorioso pois, num momento de extrema fragmentação da esquerda, indica um reconhecimento dos trabalhadores da necessidade de construção da unidade dos lutadores em torno de um programa anticapitalista.

Sendo assim, o Comitê de Luta contra o desemprego e a exploração capitalista reitera o chamado à unidade na luta a todas as organizações, partidos, grupos e entidades de esquerda e antigovernistas e ao fortalecimento das atividades dirigidas para o avanço na consciência dos trabalhadores e desempregados a fim de se colocarem em movimento contra a exploração e pela unificação das lutas da classe trabalhadora.