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Unidade com CUT e Força Sindical?


8 de fevereiro de 2009

Chamado à unidade com a CUT e Força Sindical, ajuda ou atrapalha o desenvolvimento da consciência dos trabalhadores

Há alguns dias, a Conlutas enviou uma Carta às centrais sindicais que diz: “Construamos a unidade na luta em defesa do emprego, contra a redução de salários e dos direitos dos trabalhadores”…

“Acreditamos ser necessário, e possível, a unidade concreta na luta contra as demissões e à resistência dos trabalhadores que estão em curso… E que realizemos um Dia Nacional de Protesto, com paralisações e manifestações em todo o país, e que possa apontar para a preparação de formas de luta mais radicalizadas, como a Greve Geral.”
Ora, em princípio, ninguém seria contra a unidade, mesmo limitada a apenas um ponto – a luta contra as demissões –  desde que essas centrais estivessem demonstrando uma disposição mínima de lutar contra as demissões.

O problema é que elas estão fazendo o oposto: não apenas barram as mobilizações, como defendem um programa de apoio às reivindicações dos patrões de pedir dinheiro ao estado, redução de jornada com redução de salários, PDV’s (Plano de Demissões Voluntárias), suspensão temporária de contratos de trabalho, antecipação do seguro desemprego, flexibilização de direitos em troca de alguns meses a mais de emprego e depois …demissão do mesmo jeito.

E essas centrais fazem sua propaganda aos quatro ventos. Não há confusão quanto ao que elas defendem. A confusão na cabeça dos trabalhadores é sobre a existência ou não de outra saída…

É nesse ponto que a CONLUTAS deveria estar intervindo com toda a força, desmascarando a traição dessas centrais e apresentando um outro rumo aos trabalhadores.
A questão é justamente a necessidade de disputar a consciência dos trabalhadores contra essas saídas propostas pelas centrais pelegas, e não chamá-las para uma luta conjunta que não tem a menor possibilidade de se realizar, já que o programa dessas entidades é patronal e governista – a não ser que a CONLUTAS ceda ao programa dessas centrais, o que não está colocado.

Ao fazer esse chamado insistente e descolado da realidade, às centrais pelegas, O PSTU faz com que a CONLUTAS perca uma  grande oportunidade de se diferenciar e apresentar um perfil claro e completamente oposto ao das centrais servis. Isso em nada contribui para que a classe trabalhadora possa romper definitivamente com esses entraves ao movimento.

 

Outra defasagem: a ausência de uma discussão mais qualificada junto aos trabalhadores

Por sinal, a ausência de uma intervenção mais qualificada junto aos trabalhadores, a fim de contribuir para elevar seu nível de consciência, tem sido uma marca constante da atuação que o PSTU vem imprimindo à CONLUTAS.

Para ficar apenas em uma defasagem elementar, até agora não tivemos nenhum material nacional em quantidade massiva que possa ser distribuído aos milhões entre os trabalhadores e estudantes, colocando a posição de nossa entidade e fazendo o contraponto com as centrais pelegas. Também não houve o chamado às reuniões das instâncias de base como as estaduais e regionais da CONLUTAS.

Essa defasagem de trabalho ideológico prático junto aos trabalhadores é muito grave, porque não combate a fundo as falsas idéias apresentadas pelo sistema.

Um exemplo disso são as 802 demissões na GM de São José dos Campos, onde o  sindicato é dirigido pela CONLUTAS. Não puderam ser evitadas, pois os próprios trabalhadores da fábrica e da região não se dispuseram a ir à greve. Pode-se apontar outros motivos, mas isso também demonstra a falta de um trabalho ideológico mais qualificado, mesmo em um sindicato dirigido há muitos anos pelo setor majoritário na CONLUTAS. O lema “demitiu, parou” demonstrou-se imediatista demais perante a campanha ideológica dos patrões e da mídia, pois chamava a uma ação só depois do ataque.

A situação é ainda mais grave, pois na Schrader Bridgeport Brasil, outra fábrica de São José, a patronal está pressionando o sindicato a aceitar a redução de jornada com redução de salários em 20%, utilizando-se de um documento assinado pelos empregados.
Pode-se alegar as dificuldades do isolamento, mas esses dois exemplos mostram claramente a dificuldade de os trabalhadores enfrentarem a crise desprovidos de uma saída mais de fundo, sem uma consciência anticapitalista e socialista. E, lamentavelmente, a esquerda em geral e o PSTU em particular não tem respondido à altura essa necessidade.

Por isso, alertamos para a importância de uma ampla campanha de agitação e propaganda junto à classe trabalhadora, não para chamar uma unidade artificial com as centrais pelegas, mas para chamar a unidade na luta por uma alternativa dos trabalhadores contra a crise e o capitalismo.

Juntamente ao chamado e a solidariedade às lutas em curso, é preciso apresentar um programa que parta das reivindicações imediatas – a primeira delas: o emprego – e vá em direção à necessidade de que os trabalhadores e suas organizações de luta assumam o controle da riqueza social, pois são os únicos que podem apresentar uma solução real para a crise econômica, social e ambiental.