Desde março de 2019 o Espaço Socialista e o Movimento de Organização Socialista se fundiram em uma só organização, a Emancipação Socialista. Não deixe de ler o nosso Manifesto!

Jogos do PAN: Corrupção e repressão


3 de janeiro de 2009

Ney Nunes – União Comunista – RJ

 

O Rio de Janeiro vai sediar em julho os Jogos Panamericanos. Esse evento que, em tese, deveria ser de celebração da vida e da paz, um encontro dos povos americanos através do esporte, vai, na verdade, se caracterizar como uma das maiores intervenções repressivas na cidade. A principal preocupação dos organizadores é com a “segurança”, mas obviamente não a segurança da maioria do povo carioca, e sim das autoridades, turistas e atletas presentes. Os investimentos públicos nessa área somam perto de quatrocentos milhões de reais, mobilizando uma força policial de 18 mil homens.

            O Pan-2007 vai ficar marcado também como uma das maiores negociatas, com um orçamento, que pulou de oitocentos milhões para 3,2 bilhões de reais, principalmente devido “a instalações e infra-estrutura do evento superdimensionadas, não aproveitamento das instalações já existentes e irregularidades em licitações”, segundo um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU).

Quando o próprio TCU (órgão do aparato estatal que na maioria das vezes se presta a encobrir as irregularidades cometidas pelos governantes) aprova por unanimidade um relatório com esse conteúdo, fica evidente o quanto de corrupção e desperdício de recursos públicos estão presentes na preparação desse Pan-2007.

            Estão unidos nessa farra com o dinheiro do povo, o Presidente Lula (PT), o Governador Sérgio Cabral (PMDB) e o Prefeito Cesar Maia (DEM). Assim, podemos ver que as diferenças entre esses políticos a serviço da burguesia são pequenas diante da oportunidade de sangrar os cofres públicos. Os empreiteiros e os empresários da indústria do turismo serão os grandes beneficiados, além daquelas empresas que vão receber muito dinheiro através de concessões de estádios e outras instalações pela Prefeitura carioca.

            No tocante a segurança, montou-se uma articulação que envolve todo o aparato repressivo do Estado, começando pela ABIN (antigo SNI), polícias federal, rodoviária, militar, Guarda Nacional e Guarda Municipal. Diante do quadro de violência cotidiana que vive o Rio de Janeiro, onde a maioria do povo vive imprensada entre o banditismo e a repressão policial indiscriminada, a opção dos governantes foi sitiar a cidade, cercando áreas consideradas mais perigosas com tropas de choque da Polícia Militar e da Guarda Nacional.

           

Desde o final do ano passado os moradores vêm denunciando as conseqüências desse cerco. Em ato público no Complexo do Alemão em outubro de 2006, eles informaram que sofrem diariamente humilhações de todo tipo, como roubos, extorsão contra comerciantes, invasão de casas, agressões e ameaças de morte. Sem falar nas ditas “balas perdidas”, oriundas dos tiroteios que acontecem a qualquer hora do dia ou da noite. Mas essas manifestações não foram suficientes para impedir a escalada repressiva. Agora, com a proximidade do início do Pan, ela se intensificou. Só na região do Complexo do Alemão e bairros do entorno, num período de dois meses são mais de setenta baleados e trinta mortos. As escolas estão fechadas e os alunos sem aula, serviços públicos interrompidos, falta água e energia, o comércio funciona precariamente. Um estado de guerra, guerra contra o povo pobre do Rio de Janeiro.