Boletim 04 – As demissões de professores da Fundação Santo André
3 de janeiro de 2009
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As Demissões estão a serviço da Privatização da FSA!
Nos últimos dias temos recebido cartas da reitoria tentando justificar o injustificável: a demissão sumária das seis professoras da FAFIL por uma manobra da reitoria que não aceita ser questionada em seus atos.
Este é um momento decisivo da luta que vem se travando nos últimos anos. De um lado a política de privatização da FSA, implementada pelas várias reitorias em conjunto com as administrações municipais – inclusive as do PT. Do outro, alunos e professores que lutam, defendendo as características públicas da FSA, a fim de tornar uma Universidade Pública. A luta pela readmissão é a prioridade nesse momento, mas não podemos deixar de compreender que as demissões visam a privatização completa da FSA.
As professoras foram demitidas não por serem más profissionais, mas por questionarem sobre o mau uso do dinheiro público na FSA. Nos últimos 30 anos contribuíram para elevar o nome da Fundação, foram eleitas por seus cursos para representá-los. São trabalhadoras do serviço público, portanto, não poderiam ser demitidas sem o aval de toda comunidade escolar na decisão.
Ao passar por cima, o que a reitoria está tentando é acabar de vez com qualquer caráter público da FSA, igualando seu funcionamento ao de uma ou empresa particular, onde o patrão ou gerente manda embora ou expulsa qualquer um que ouse questionar suas ações. Assim, com o poder totalmente concentrado, abre-se o caminho para a corrupção, a arbitrariedade e a repressão de qualquer funcionário ou aluno, sem que o reitor e o Conselho tenham que dar explicações a respeito da gestão e do dinheiro pra ninguém. Isso é inadmissível!
A lógica de privatização faz parte das transformações mais nocivas do capitalismo: é a transformação de todas as atividades humanas em mercadoria, em geração de lucro para o capital.Quem não puder pagar, não pode estudar.
A lógica de privatização vem sendo implantada na FSA há vários anos.
Quando a FSA foi criada, funcionou gratuitamente no primeiro ano. Nos anos seguintes, o Estado arcava com os gastos de manutenção e cobrava-se apenas uma ajuda de custo. Era praticamente gratuita. Mas, com o passar do tempo, o Estado – através da prefeitura – foi passando para os estudantes as despesas, aumentando as mensalidades até à situação de hoje, em que a FSA custa o mesmo que uma faculdade particular.
A política de privatização teve outro aspecto negativo. O direcionamento total do ensino para o mercado, num processo de competição desenfreada com as outras faculdades. A FSA se endividou e investiu muito dinheiro em novos prédios e equipamentos sem saber se haveria alunos suficientes para repor esse dinheiro e em que prazo.
Agora, dentro de uma lógica empresarial, estão buscando o retorno do investimento no menor prazo possível. O resultado é mensalidades exorbitantes, numa faculdade que não tem fins lucrativos e que sempre foi bem mais barata que as particulares. O número de inadimplentes tende a aumentar… e novamente o problema da exclusão de alunos.
O outro lado dessa moeda é a precarização e ataque aos cursos não voltados diretamente para o mercado, como Ciências Sociais, Pedagogia, Letras, História, Geografia. A FAFIL está abandonada em investimentos, mas está sendo obrigada a pagar a conta feita pelos gestores da FSA. Suas mensalidades também estão muito caras.
A demissão das professoras conta com a conivência dos vereadores e o aval do prefeito de Santo André (João Avamileno – PT). Isso porque a privatização do ensino vem sendo implementada por todas as administrações inclusive e cinicamente as do PT. As prefeituras, os governos e Lula, cortam cada vez mais as verbas para a Saúde e Educação Públicas, mandam esse dinheiro para os agiotas internacionais do mercado financeiro (FMI).
Neste momento, o governo Lula está dando mais um grande passo para a privatização total do ensino, remetendo verbas públicas – através de bolsas e crédito educativo – para preencher mais de 100.000 vagas nas faculdades particulares, ociosas devido às altas mensalidades e baixa qualidade. Ao invés de investir o dinheiro público na melhoria e criação de mais universidades públicas, como a do ABC, Lula manda esse dinheiro para garantir os lucros dos tubarões do ensino!
Ao se colocarem a serviço do capital, adotam todas as medidas contra os trabalhadores e estudantes que criticavam nos governos anteriores.
Assim, podemos afirmar que com as demissões, a intenção não é apenas punir as rebeldes que questionaram as atitudes de um reitor ditador, mas tentar enterrar o mínimo de democracia e autonomia universitária e o projeto de universidade pública e gratuita do ABC.
Só a Luta Pode Reverter as Demissões e o Processo de Privatização!
Por tudo isso, a luta contra a demissão dos professores da FSA possui um caráter muito mais amplo. É parte de uma luta maior que envolve os estudantes de todos os cursos da Fundação, de outras faculdades e estudantes secundaristas, enfim é parte da luta dos trabalhadores contra o capital, o governo e os partidos que estão a seu serviço.
Temos um grande caminho a percorrer. Não podemos ter ilusões na justiça que é morosa e comprometida com a ordem capitalista, pende sempre para o lado dos “de cima”.
Também temos que saber quem está do nosso lado, pois tem gente querendo se promover para as próximas eleições, visando interesses partidários preocupados com o seu próprio enriquecimento e com o empresariado da região. Não podemos ser ingênuos e subestimar o poder de ação dos inimigos da educação. Estamos de lados opostos na luta!
Toda forma de ação que vise a readmissão das professoras é válida, mas não podemos nos enganar achando que isto será resolvido na Câmara municipal ou através dos advogados sem uma forte pressão dos alunos e da população trabalhadora do ABC.
Precisamos ir às ruas, denunciar para a população do ABC
que a FSA foi criada para os filhos da classe trabalhadora mas que estão querendo que ela sirva apenas para uma elitezinha ignorante manter seu “status”, com mensalidades abusivas priorizando cursos voltados para a lógica de mercado, secundarizando os cursos de humanas.
Que a política de jogar um trabalhador contra outro – implementada pelo PT – está se alastrando, pois estes professores foram demitidos com o apoio de outros professores despreocupados com o nível educacional e pensando apenas em benefício próprio.
Que a luta pela universidade pública do ABC é mais que necessária e que é possível, pois o ABC continua sendo a região com maior arrecadação no estado.
– Abertura e auditoria das contas da FSA sob controle da comunidade! – Fora o reitor ditador! Eleição Direta de todo o corpo diretivo com participação majoritária dos alunos!
– Que a produção científica seja direcionada para a melhoria da vida dos trabalhadores! -Tomemos as ruas! Pela reintegração dos Professores demitidos e pela universidade pública e gratuita do ABC!
Como alunos, ex-alunos, estamos nessa luta com os professores demitidos e lutamos incondicionalmente com todo trabalhador por emprego, melhores condições de trabalho e educação de alto nível para os filhos de nossa classe.
Rompamos com as velhas formas de se fazer movimento. Chega de estrelismos, de individualismo e de atos que levem apenas ao esvaziamento e a desilusão.
Que os próprios alunos e professores em luta assumam o controle do movimento para fazer valer os seus direitos.