Scorcese e os bons comunistas
13 de dezembro de 2008
SCORCESE E Os Bons Comunistas
(Comentário sobre o filme “Gangues de Nova York”)
Nome original: Gangs of New York
Produção: Estados Unidos, Alemanha, Itália, Inglaterra (UK), Holanda
Ano: 2002
Idiomas: Inglês, Irlandês (Gaélico)
Diretor: Martin Scorsese
Roteiro: Jay Cocks
Elenco: Leonardo DiCaprio, Daniel Day-Lewis, Cameron Diaz, Jim Broadbent, John C. Reilly, Henry Thomas, Liam Neeson, Brendan Gleeson, Eddie Marsan, Larry Gilliard Jr.
Gênero: crime, drama, história
Fonte: “The Internet Movie Database” – http://www.imdb.com/
No século XIX a Inglaterra era o país mais desenvolvido do mundo. O país que primeiro atravessou a Revolução Industrial, que criou o capitalismo e depois o imperialismo. Marx e Engels sabiam que somente lá poderia começar o socialismo. Por isso, articularam a partir da Inglaterra sua luta pelo socialismo internacional. Ao tentar entender porque a revolução socialista era continuamente abortada na Inglaterra, Marx e Engels se depararam com o problema da Irlanda. O motivo que impedia o proletariado inglês de se levantar para derrubar a burguesia de seu país era o proletariado irlandês.
A Irlanda era uma possessão inglesa. O povo irlandês vivia na miséria e imigrava em massa para procurar emprego na Inglaterra. Ao buscar emprego na metrópole, faziam concorrência aos operários ingleses. O operário inglês e o irlandês viviam presos ao ambiente imediato da luta pelo emprego, pelo prato de comida de cada dia. Nessa luta, seu rival era o operário do outro país. A luta entre operários das duas nacionalidades impedia que a classe operária como um todo se unisse para derrubar o explorador comum de ambos.
Marx e Engels estavam cientes desse problema e por isso vinculavam o sucesso da revolução na Inglaterra ao sucesso da luta nacionalista irlandesa. Era urgente que a Irlanda se tornasse a pátria independente dos irlandeses para que se travasse a luta definitiva e verdadeira contra o verdadeiro inimigo das massas exploradas em ambos os países, a luta contra o sistema capitalista. Marx e Engels por isso filiaram-se ao movimento dos fenianos, conspiradores que lutavam pela causa milenar da independência da ilha celta.
Mas os fenianos foram derrotados e a Irlanda permaneceu por mais um século sujeita ao domínio inglês (entre outras coisas porque estavam eles próprios divididos em católicos e protestantes). A conseqüência disso foi a Grande Fome que dizimou o país. Algo como um terço da população irlandesa morreu de fome e outro tanto imigrou para os Estados Unidos. Chegando lá, em nova York, encontraram o cenário armado para uma outra luta. Não a luta de um país onde se poderia construir o socialismo, mas a de uma potência emergente que ainda exercitava seu imperialismo nascente sobre as frações dispersas de seu próprio território.
Os Estados Unidos lutavam para dominar o sul e o oeste e submetê-los ao poder de sua indústria nascente e de sua economia dinâmica e competitiva. Praticavam também o genocídio dos indígenas do oeste e a anexação de metade do México, as terras que lhes dariam o petróleo do Texas e o ouro da Califórnia. Eram os anos da guerra civil estadunidense e da conquista do oeste. Nesse momento se forjaria a grande potência capitalista do século XX. Os irlandeses e outros milhões de imigrantes de toda a Europa tomaram parte ativa nessa construção.
Os eventos dessa epopéia irlandesa são retratados em “Gangues de Nova York”, o filme que pode ser considerado a culminação da carreira de Martin Scorcese, um dos grandes concorrentes ao Oscar 2003. Infelizmente a carreira do filme e sua correta percepção são prejudicadas pelo particular momento geopolítico em que foi lançado. Os ataques terroristas aos Estados Unidos fizeram de Nova York o divisor simbólico entre as visões de mundo favoráveis e aquelas contrárias ao imperialismo estadunidense. O que é no mínimo irônico, pois Nova York sempre foi a menos estadunidense das cidades estadunidenses; aquela que era olhada com desconfiança pelo restante do país, por estar cheia de estrangeiros e intelectuais, categorias que no dicionário do xerife texano que governa o país são sinônimos de comunistas.
Mesmo assim, N.Y. tornou-se o símbolo de um mundo dividido entre “aqueles que estão conosco e aqueles que estão contra nós” nas palavras do já citado e simplório xerife texano. Num contexto como esse, um filme sobre as lutas internas que marcaram a história da cidade adquire um “status” que ultrapassa o de mera criação artística, de fato cultural. Torna-se uma ferramenta da luta política, num mundo político dominado por injunções midiáticas. O filme tende a ser apropriado no imaginário estadunidense como um possível manifesto e uma homenagem aos valores estadunidenses, algo que ele absolutamente não é.
Um “status” com certeza incômodo para seu criador, um diretor cuja filmografia está consagrada a expor as fraturas sociais e psicológicas que se ocultam sob as aparências da normalidade burguesa e da prosperidade estadunidense. Isso talvez explique a demora de Scorcese para chegar à versão definitiva do trabalho. O filme já estava em fase de finalização por ocasião do ataque às duas torres do W.T.C., que obrigou o diretor a uma demorada revisão para prepará-lo para lançamento num contexto mais adequado. Uma demora digna de Kubrick, na qual se misturaram razões geopolíticas, comerciais e artísticas, que fritaram o cérebro do pobre Scorcese.
O fato é que “Gangues” e seu diretor mereciam uma época mais feliz para o filme ser lançado, uma época onde pudesse ser mais serenamente avaliado. Como grande artista que é, o diretor nova-iorquino entregou uma obra destinada a sobreviver a esse mesquinho debate contemporâneo. Uma obra mais complexa do que podem entender os comentaristas que quiserem ver o mundo dividido em preto e branco. Procurar em “Gangues” os avatares do Bushs e Bin Ladens de hoje é uma violência contra os personagens. Os chefes das gangues do filme estão muito acima dos chefes das gangues que hoje vandalizam o mundo. Fazer esse tipo de comparação redutora e imediatista significa passar longe do escopo do filme.
O objetivo da obra era transportar o espectador para o momento do nascimento da cidade, no qual se poderiam enxergar os germes para os conflitos e patologias já devassados pelo diretor em seus outros filmes. A solidão retratada em “Taxi-driver”, o absurdo de “Depois de horas”, a neurose de “Cabo do medo”, o mundo do crime, retratado de forma colorida e folclórica em “Os bons companheiros” e “Cassino”, ganham um retrato épico em “Gangues”. O épico é o gênero das grandes narrativas históricas e do nascimento e ascensão dos povos. Os personagens épicos carregam em si características arquetípicas que se perpetuarão em seus descendentes. O que os distingue é que esses descendentes jamais alcançarão a completude, a estatura e a integridade próprias dos épicos.
Por força de seus méritos artísticos, “Gangues” acabou indicado ao Oscar, embora os acadêmicos que o fizeram provavelmente tenham entendido o filme, incorretamente, como um manifesto patriótico. É costume da Academia transformar as críticas mais ácidas aos valores nacionais, como “Beleza americana”, em homenagem a esses mesmos valores. Essa metamorfose só e possível num país cuja ideologia que se caracteriza por uma certa fluidez, uma peculiar dialética da assimilação sobre a qual falaremos mais adiante. Essa assimilação é uma maneira de atenuar a crítica, fingindo respeitá-la, sem acatá-la de fato. Para os espectadores do resto do mundo, o Oscar funciona mais como uma maneira de prestar tributo ao talento dos envolvidos na realização do filme.
Scorcese, como de praxe, foi muito competente na direção. E a seleção musical, sempre um ponto forte em seus filmes, merece destaque em “Gangues”, cuja trilha está repleta de baladas irlandesas, canções da época e batucadas tribais. O elenco também trabalha muito bem. Leonardo DiCaprio, um “mala-sem-alça” de proporções mundiais depois de “Titanic”, atravessou um período de merecido ostracismo, para agora reconquistar o prestígio de ator competente. Cameron Diaz está bem naquele que é o papel mais importante de sua carreira. Mas o filme é mesmo de Daniel Day-Lewis.
Sua concepção do personagem “William Cutting” é uma das mais vigorosas interpretações vistas recentemente. O “Açougueiro” que comanda o crime na região das Cinco Pontas exerce um poder tão incontrastável que se torna inevitável até mesmo para “Amsterdã”, o personagem de DiCaprio, gravitar na sua órbita. Mesmo que “Amsterdã” seja o filho de Vallon (Liam Neeson, o perfeito mártir irlandês), líder rival derrotado pelo Açougueiro logo no início do filme, na apoteótica cena de abertura. A indecisão de Amsterdã na busca pela vingança apenas diminui seu personagem no contraste com o do Açougueiro.
Bill Cutting acaba se tornando o personagem principal do filme, à revelia do fato de que se trata do vilão da história, o inimigo dos estrangeiros, que os expulsaria todos do país à bala, se tivesse os meios. Apesar de criminoso, ou talvez justamente por isso, como veremos, considera-se um legítimo cidadão do país. Seu patriotismo orgulhoso, sempre evocando a morte heróica de seu pai na guerra de 1812-1815 contra os ingleses, torna-se uma paródia grotesca. Assim como a ressurreição da luta entre puritanos e “papistas” (católicos), que movimentou a Guerra Civil inglesa dois séculos antes. Uma miscelânea de valores religiosos, nacionalistas e racistas move “the butcher” contra seus inimigos.
E não obstante, o homem que cultiva um violento preconceito contra irlandeses, negros e chineses aceita a todos em seu serviço. A seu modo, o Açougueiro se pauta por princípios de lealdade e honradez inatacáveis. Sua vontade de poder é disciplinada por um sentido de decência todo particular, uma austeridade moral com a qual ele se destaca num mudo sórdido onde vigora a lei do mais forte e do mais esperto. Bill Cutting diz a Amsterdã que o padre Vallon foi o único homem honrado que conheceu, por isso foi o único inimigo que valeu à pena matar. Apesar de criminoso, assassino e arbitrário, Bill Cutting tem repugnância a figuras como o político W. Tweed. Um homem que não tem lealdade a princípios, que não é “nem quente nem frio”, bandeia-se para o lado de uma das gangues, depois para o outro, interessado apenas em votos.
É nisso também que o “Açougueiro” se diferencia dos seus pretensos seguidores nos dias de hoje, a rigidez moral. Ele é capaz de sobressair, com toda sua violência e malignidade, por cima da pequenez de Amsterdã, com sua hesitação para iniciar de vez a vingança pela morte do pai. Como diz Monk (outro coadjuvante sensacional), Amsterdã é, a princípio, apenas mais um irlandês ignorante querendo “morrer para destruir o mundo”. Mais um lutador que só consegue enxergar a batalha como luta pessoal, despertando tardiamente para sua dimensão épica e histórica. Quando o filho de Vallon resolve reassumir a luta e o legado de seu pai, já é tarde demais. Sua imagem já está queimada perante o público, como traidor e pusilânime, e a própria luta já está condenada, absorvida no contexto maior dos conflitos que incendiaram a cidade.
A conclusão do filme tem um efeito frustrante. É possível inclusive que “Gangues” não faça sucesso entre as platéias de fora dos Estados Unidos, menos interessadas no marketing de manifesto patriótico e de “o nascimento de uma nação”. A história é por demais complexa. A batalha entre a gangue dos nativistas de Cutting e os estrangeiros de Amsterdã desaparece em meio ao caos que tomou conta da cidade. N.Y. se revoltou contra a lei de recrutamento decretada por Lincoln para reunir tropas para a guerra contra o sul. Para as massas miseráveis da cidade, parecia sem sentido ir lutar numa guerra para libertar os negros miseráveis do sul. Num exemplo típico de miopia dos explorados, que vêem no outro explorado o seu inimigo e não no explorador comum de ambos, a ralé de N.Y. caçou e linchou negros nas ruas. Como se deles fosse a culpa da guerra civil e do recrutamento compulsório.
E assim chegamos ao ponto crucial do filme, que é a lição revelada no diálogo entre o milionário Schermerhorn e o político Tweed: “usa-se uma metade da ralé para matar a outra metade.” A sabedoria da classe dominante para se manter no poder consiste em dividir as classes subalternas entre si, cultivando rivalidades entre suas frações. Enquanto as gangues continuarem disputando as migalhas que se derramam da opulenta mesa dos ricos, permanecerão incapazes de olhar para cima, e de virar a mesa.
Algo similar ao que aconteceu na Inglaterra e frustrou a revolução sonhada pelos fenianos Marx e Engels. A rixa entre ingleses e irlandeses ganhou um decalque na luta entre nativistas e estrangeiros. Um decalque que é representativo da impotência estadunidense em superar os limites do capitalismo. Os cidadãos dos Estados Unidos seguem sendo um povo individualista e tribalista. O épico estadunidense é o épico que não aconteceu, como a revolução socialista na Inglaterra. A epopéia do nascimento da cidade é o drama da luta entre gangues. A luta de classes se dissolve na luta de gangues. O movimento de massas se resolve no conflito de indivíduos. As gangues se confrontam indiferentes ao confronto da cidade contra as autoridades. As frações da ralé permanecem inimigas até mesmo no momento em que o poder constituído volta suas baterias de artilharia contra elas. Somente então, quando foram ambas as gangues massacradas, Amsterdã percebe que já não importa mais. A gangue dos ricos já venceu o jogo. Bill Cutting, o Açougueiro, representa a aristocracia da bandidagem a serviço da bandidagem da aristocracia. Ele próprio é uma vítima do jogo, orgulhoso e impotente.
Além dessa complexidade dramática, o filme também traz algumas lições valiosas. A primeira elas deve-se à coragem do diretor de mostrar a história de seu país como ela foi. Ou seja, uma história marcada pela violência. N.Y. também teve seus tumultos de rua, reprimidos na base da baioneta, como todas as grandes metrópoles européias da época. Ao contrário da imagem edulcorada que fazem de si mesmos, os estadunidenses tiveram um passado marcado por matanças e massacres. Não estamos aqui falando apenas do velho oeste. O bang-bang também corria solto nas metrópoles governadas pelas gangues.
A segunda lição é uma espécie de desconstrução indireta da imagem de Lincoln. Um presidente venerado como herói e como pai da pátria também gozou de seus momentos de impopularidade, ônus de todos os grandes estadistas. A sua guerra para libertar os escravos era vista por certas camadas como uma guerra que escravizava os brancos aos negros e ao poder de um governo despótico. Era assim que os habitantes do país viam a si mesmos: um conjunto de tribos rivais. A tribo dos negros, a dos irlandeses, a dos chineses, a dos judeus, cada uma querendo cravar seu pedaço do sonho estadunidense. Não era fácil governar um país dividido em tribos, foi o que Lincoln aprendeu.
A terceira lição diz respeito àquilo que chamamos de dialética da assimilação, peculiar à ideologia estadunidense. Neste país a ideologia capitalista do individualismo e da concorrência é convertida em chauvinismo e patriotismo. Na terra das oportunidades, há lugar para todos, basta ser forte e esperto. Aceite as regras do jogo e garanta o seu. Defender a “América” é defender a possibilidade de enriquecer. Criticar a “América” é para perdedores. A “América” é uma mãe compassiva, que aceita a todos em seu seio, desde que todos aceitem as regras do jogo.
Os estrangeiros de todas as cores e credos são bem-vindos, desde que, ao desembarcar, passem a rezar pela cartilha do capital. A tolerância e o multi-culturalismo são o orgulho dos liberais estadunidense. Assimilar negros, orientais, judeus, faz parte do marketing do sistema. Nessa terra, todos tem sua chance. Os preconceitos contra os estrangeiros, alimentados pela direita religiosa fundamentalista, da qual participa o xerife texano, são apenas a contraparte dialética desse marketing da assimilação. É preciso que haja cripto-fascistas reacionários que odeiam os estrangeiros, os não-cristãos e os não-brancos para que os liberais possam jactar-se de seu heroísmo defendendo as minorias. Duas contrapartes de uma mesma dialética, que atravessa a luta épica de “Gangues de Nova York”.
É nesse mundo de homens violentos e políticos inescrupulosos que se desenrola a trama do filme. O mundo do vale tudo, do cada um por si, do salve-se quem puder, que é o mundo do capitalismo americano. Um mundo onde toda conduta é legítima, todo meio de ganhar a vida é aceitável, ninguém tem direito de censurar os negócios de ninguém. A lei e a ordem são apenas aparências a serem usadas como pretexto para descartar concorrentes que usaram das mesmas práticas, mas não tiveram a esperteza de contar com sócios na polícia e no poder.
A livre-iniciativa que vale para o empreendedor é a mesma que vale para o criminoso. Um negócio só se torna ilegal quando passa a prejudicar os donos de outro negócio. Foi assim com o comércio de bebidas alcoólicas, com o comércio de narcóticos, com a jogatina. A legalidade ou a ilegalidade mudam onde e quando houver políticos e legisladores atentos aos interesses prejudicados por esses negócios. Os políticos trabalham a soldo do capital. Política é comércio e comércio é política. Se na América do Sul os políticos são corruptos, nos E.U.A. eles são mercenários profissionais, expressamente contratados pelas grandes companhias para fazer ou desfazer regulamentos e leis (ou guerras, o Iraque e o Líbano que o digam) que convierem aos grandes negócios.
O filme propicia portanto, através dessas lições, a descoberta de um conceito que é apropriado para designar o tipo de capitalismo que surgiu nos Estados Unidos: o capitalismo bandido. Sabemos que não é correto do ponto de vista teórico apor adjetivos ao termo capitalismo. Não é correto, no rigor científico do conceito, falar por exemplo em “capitalismo selvagem”. O capitalismo é sempre capitalismo, seja qual for a forma sob a qual se apresente. É sempre uma forma de organização da produção social contrária à realização das potencialidades humanas. Há países onde o sistema propicia condições de vida melhores para seus habitantes do que as de outros. Mas mesmo nesses países mais desenvolvidos o sistema continua sendo a negação do trabalho e portanto do homem. Todo capitalismo é selvagem. Isso tem que ser aceito como princípio.
O sentido de se manter esse rigor do termo é evitar que se considere alguma espécie de capitalismo melhor que a outra. Feita essa ressalva, pode-se reconhecer que dentro do universo do capitalismo existem versões particulares do sistema dotadas de peculiaridades que as diferenciam como espécies. Há o capitalismo europeu, mais rígido e atenuado; há o sul-americano, atrasado e corrupto; há o asiático, autoritário internamente e agressivo externamente. E há o capitalismo bandido nos Estados Unidos.
Um capitalismo construído pelos chamados “barões ladrões”. Os Estados Unidos se orgulham de sua tradição de grandes empreendedores: os grandes financistas golpistas de Wall Street saqueando fundos de pensão; os agentes das mega-corporações em Washington assalariando políticos e acionando os marines para proteger seus impérios de além-mar; os mafiosos construindo impérios da jogatina em pleno deserto de Las Vegas; todos violentos e ambiciosos, mas indignos de sequer amolar as facas de um William Cutting, “the butcher”.
Daniel M. Delfino
20/02/2003