Desde março de 2019 o Espaço Socialista e o Movimento de Organização Socialista se fundiram em uma só organização, a Emancipação Socialista. Não deixe de ler o nosso Manifesto!

Jornal 90: Declaração política entre Espaço Socialista e MOS (Movimento de Organização Socialista)


22 de junho de 2016

Apresentação

Desde julho de 2015, o Espaço Socialista e o Movimento de Organização Socialista (MOS) iniciaram um processo de discussão e intervenção conjunta para uma maior aproximação entre as duas organizações.

Esse processo de aproximação que vem se aprofundando revela a necessidade da unidade de lutadores e lutadoras pela revolução. Após uma ruptura com o PSTU, em 1998, o Espaço Socialista é fundado. O ano passado, retomado o contato com o MOS, formado em 2012, também composto de militantes que romperam com o PSTU e com outros agrupamentos da esquerda institucionalizada não governamental, o cenário de lutas e de ataques à classe trabalhadora nos colocou esse desafio.

Com a perspectiva de fusão das duas organizações estamos construindo, desde então, discussões, elaborações conjuntas, organismos comuns, materiais assinados pelas duas organizações (faixas, panfletos, jornais) e a intervenção prática na realidade.

Com isso, buscamos em 2017, no ano do centésimo aniversário da Revolução Russa, reafirmar essa fusão a partir da comprovação na realidade da importância e da necessidade da unidade na luta anticapitalista, antigovernista e socialista.

Dentro de uma compreensão marxista da realidade, as duas organizações apontam que a saída para a classe trabalhadora no Brasil e no mundo passa pela estratégia da revolução, frente à crise estrutural do capital mundializado e contra sua barbárie crescente.

Criticamos as saídas e o viés burocrático-eleitoral que têm norteado a esquerda institucionalizada não governamental. Ainda que seja necessário ocupar espaços legais, entendemos que não faz sentido se não for para procurar impulsionar as lutas e contribuir para a construção dos setores mais explorados do proletariado e da classe trabalhadora.

Acreditamos na necessidade urgente da formação de organismos de frente única e de luta direta desses setores, portanto, toda organização que tem como estratégia a saída revolucionária para o país precisa ter uma política de combate/desmascaramento do Estado burguês de suas instituições, de seu regime democrático burguês e de seu modo de vida destrutivo e explorador.

Por acreditarmos que a libertação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores, as duas organizações apostam no resgate do verdadeiro centralismo democrático e não dessa deformação que vigora na maior parte das organizações que se reivindicam como revolucionárias.

Insistiremos na construção e no fortalecimento da democracia operária não contaminada por uma estrutura frouxa ou uma federação de tendências, própria de agrupamentos que têm como estratégia a disputa das eleições burguesas e dos aparatos sindicais.

O centralismo democrático reivindicado pelas duas organizações busca retomar o que existiu no partido bolchevique, até os primeiros anos da Revolução de 1917, com amplo debate e publicidade de ideias e posições.

O debate interno nas organizações marxistas é um debate da própria classe trabalhadora, que apresenta em seu seio diversas divergências. Publicizá-lo é combater, dessa forma, a estrutura de seita de grande parte da esquerda, fechada em dogmas e “verdades revolucionárias”. E busca contribuir na formação e no avanço da consciência da classe operária e dos demais explorados e oprimidos.

O entendimento das duas organizações é que com o resgate do verdadeiro centralismo democrático reforçaremos a intervenção conjunta que se contrapõe a infinidade de rachas existentes na esquerda, o que possibilitará o fortalecimento de uma atuação independente das amarras do Estado contra os inimigos da classe trabalhadora.

Embora reconheçamos a importância dos processos revolucionários socialistas do século XX e parte de seu legado, é também compreensão comum entre as duas organizações não reivindicar “modelos” como Cuba, Coréia do Norte, os antigos estados do Leste Europeu, China e ex-URSS, assim como o chamado “Socialismo do Século XXI” de Hugo Chávez-Nicolas Maduro, Rafael Corrêa, Evo Morales e Daniel Ortega, pois, buscamos construir uma intervenção comum na luta de classes calcada na independência de classe e na estratégia da Revolução Socialista.

Não reivindicar por completo os “modelos” acima citados não significa desprezar o internacionalismo. É uma tarefa de toda organização revolucionária buscar relações com a luta dos trabalhadores de todo o mundo e construir efetivamente os laços internacionais da classe, ainda que haja uma série de motivos que levem a dispersão da esquerda revolucionária.

Reafirmamos que temos como marco para nossa atuação os embates da classe trabalhadora, a democracia operária e o internacionalismo, ainda que na atual dispersão da esquerda revolucionária, não tenhamos relações com nenhum agrupamento internacional.

Para evitar qualquer tipo de cooptação do Estado capitalista, de seus regimes, das burocracias parlamentares e sindicais que atuam em seu interior as duas organizações defendem que suas finanças estejam totalmente desatreladas e independentes do Estado burguês e de qualquer organismo de frente única de massas.

Frente a uma conjuntura defensiva e de muitos ataques à classe trabalhadora, de crise da consciência socialista com retrocesso na consciência das camadas exploradas, produto de seguidos processos de restauração capitalista (na ex-URSS, Leste Europeu, Cuba e China, “Socialismo do Século XXI”, o lulopetismo no Brasil, Syriza na Grécia, etc.), o combate à fragmentação da esquerda que tem a estratégia da Revolução, passa a ser decisivo.

A dispersão, em centenas de agrupamentos no Brasil e milhares no mundo, da esquerda que tem como estratégia a revolução, nos faz presas fáceis para o Capital e seus agentes e torna-se um impeditivo para nos tornar referência nos processos de luta e resistência da classe trabalhadora, desperdiçando as oportunidades de avançar a luta.

A realidade de exploração do capital que a cada dia reafirma sua barbárie tem exigido de lutadores e lutadoras a unidade para o fortalecimento da classe que a tudo produz, nada decide e pouco usufrui. É urgente transformarmos essa realidade capitalista miserável e que impõe a dispersão dos que lutam! Esse processo de aproximação e provável fusão entre o Espaço Socialista e o Movimento de Organização Socialista busca atender essa necessidade e reescrever a história de forma diferente, demostrando que é possível atuar em outra perspectiva: ao invés da separação, a unidade da esquerda marxista que tem a revolução como estratégia. Pelo fortalecimento da classe trabalhadora, a unidade revolucionária!!