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Jornal 87: O desemprego é estrutural e a mulher da classe trabalhadora brasileira tem sido duramente atacada


13 de março de 2016

2O aprofundamento da crise estrutural do capital afeta diretamente o mundo, as consequências são diversas. O desemprego tem sido uma das principais expressões da crise a nível mundial. E não se trata, aqui, de índices de desempregadas/os “aceitáveis” ao capitalismo (exército de reserva). Hoje, o capital não consegue mais controlar o crescimento deste exército de acordo com as suas necessidades, tornando o desemprego algo incontrolável, que tem colocado em xeque seu funcionamento vital.

Se antes a quantidade de mulheres sem emprego já era grande – e boa parte dela se dedicava a trabalhos domésticos – ou mesmo aos trabalhos informais e precarizados –, agora, este número só tende a aumentar, empurrando a mulher brasileira mais à margem, tornando-se ainda mais oprimida.

De acordo os dados do IBGE (2016), a população brasileira é composta de 205 milhões de habitantes, sendo 51% de mulheres. A participação das mulheres ocupadas no mercado de trabalho representou, no último trimestre de 2015 e em Janeiro deste ano, cerca de 47,7%, em 2015 (1). Enquanto isso a taxa de homens ocupados é de 64% (idem). O que revela que a mulher ainda é minoria no mercado de trabalho, mesmo que representem um número maior que os homens com idade para trabalhar (IBGE, 2015) (2) . No universo das mulheres ocupadas, o total das mulheres no trabalho precário e informal é de 61%, no qual e a mulher negra é maioria (3).

No que tange ao desemprego, entre as mulheres é maior do que entre os homens. No primeiro trimestre de 2015, a taxa entre as mulheres foi de 9,6%, taxa maior do que no período anterior que foi de 7,9%. Entre os homens, a taxa foi de 6,6% (2).

As desigualdades refletidas no mundo do trabalho têm raízes históricas e sociais e contribuem para a própria manutenção da sociedade de classes. A mulher foi, e ainda é, um seguimento social historicamente subordinado e colocado numa posição de duplamente oprimida: de servidão ao marido e ao patrão.

 O exército de mulheres desempregadas reflete a sua subordinação em duas vias: a primeiro, que é histórica, é a necessidade do capital de oprimir mulheres que não estão no mercado de trabalho, colocando a mulher como serva do lar, voltadas ao trabalhado doméstico, que consome horas de sua vida, não permitindo assim o desenvolvimento das suas potencialidades, para a ciência, o conhecimento etc.. Esse trabalhado não mercantil  cria as condições indispensáveis para a reprodução da sua força de trabalhado e de seus maridos e filhos. (ANTUNES, 2010, p.27) (4) .

 A segunda via é que, para as mulheres desempregadas – independentemente de sua qualificação –, o espaço no mundo do trabalho lhe é ainda mais dificultado pela sua condição social de mulher. Numa sociedade onde as relações de gênero também refletem essas desigualdades, essas mulheres serão as primeiras a serem demitidas, como reflexo da divisão sexual do trabalho. Para homens e mulheres, numa sociedade dividida em classes, as “oportunidades” não são iguais, o desemprego tem fechado as portas para essas mulheres, colocando em risco, dessa forma, a sua própria sobrevivência.

 É preciso unidade da classe trabalhadora! Sem trabalhadoras/es, a burguesia é incapaz de exercer o seu papel de classe dominante, uma vez que a classe trabalhadora é quem propicia as condições de existência das/os capitalistas (MARX, apud MÉSZÁROS, 2007) (5).

 Lutamos por igualdade entre mulheres e homens, com direito ao trabalho para todas e todos! Com redução da jornada de trabalho, para que possamos ter uma vida mais plena, e não viver para trabalhar. Lutamos por uma revolução social, que nos permita ser socialmente iguais.

 Nesse contexto histórico a luta por uma sociedade emancipada passa pela mulher. Sem as mulheres a luta vai pela metade! Pois, a opressão a mulher contribui com os interesses do capital. Superar essas desigualdades faz parte da construção de uma sociedade humanamente livre!

 Referências

  1. Disponível em: http://migre.me/t70dX. Acessado em 24 de fev 2016.

  2. Disponível em: http://migre.me/t70er. Acessado em 24 de fev 2016.

  3. Disponível em: http://migre.me/t70fp. Acessado em 19 de Jan 2016.

  4. ANTUNES Ricardo, Produção liofilização e a precarização estrutural do trabalho. In: LOURENÇO Edvânia (org) et all. O avesso do trabalho II, trabalho, precarização e saúde do trabalhador. Parte I,  Cap I Mudanças no mundo do trabalho. 1.ed, São Paulo: Expressão Popular, 2010, p. 21- 40.

  5. MARX, Karl, ENGELS, Friedrich, Manifesto comunista. Apud MÉSZÁROS. O desafio e o Fardo do tempo histórico. Desemprego e “precarização flexível”. São Paulo: Boitempo, 2007, p 142-160.