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Jornal 81: Capitalismo? Para que nos quer?


15 de agosto de 2015

“Precários nos querem, rebeldes nos terão!” Essa foi uma constatação da juventude portuguesa expressa nos muros durante as manifestações contra a austeridade. Mas, parece ser a decisão de grande parte dos jovens, nos vários cantos do mundo, diante das duras consequências da crise estrutural do capital.

Com a falta de perspectiva de vida, a falta de emprego (que sempre representou para o jovem um “libertar-se”) e a decadência que atinge as várias esferas da vida realmente torna-se uma contradição ser jovem e não ser rebelde a ponto de necessitar lutar para revolucionar essa sociedade.

“Geração lascada”, “Geração Perdida”, “Geração do milênio e sem emprego”, “Juventudes perigosas” são algumas das denominações reservadas à força de trabalho de 15 a 24 anos, em uma das fases mais importantes e intensas da vida, sob o capitalismo.

Segundo o último relatório da OIT (Organização Internacional do Trabalho), de 2013, o desemprego entre a juventude chegaria a uma média de 12,9% até 2017. No entanto, em várias partes do mundo o desemprego já ultrapassou esse índice.

Na Europa, mesmo com o programa “Garantia para a Juventude”, o desemprego varia de 7% (Alemanha) a 50,1% (Grécia). Os chamados NEET (sem Educação, sem emprego e sem formação) amargam longos anos sem emprego e os que conseguem alguma vaga estão submetidos a contratos temporários e sem direitos.

Na África do Sul, as taxas de desemprego entre os jovens chegam a 26,4%.  No Norte da África, como na Tunísia, onde iniciou a Primavera Árabe, é de 30%.

Nos EUA, a taxa divulgada em alguns sites (como o index mundi) é de 17,3% e deixa claro que considera apenas quem está desempregado há mais de um ano.

A situação na América Latina não é diferente. Segundo a OIT a “América Latina tem neste momento a geração mais bem educada de sua história e a que mais sofre com as condições irregulares do mercado” (http://www.istoe.com.br/reportagens/416144). Ainda assim, apresenta uma taxa de desemprego de 13,3%. E, considerando essa região, o Brasil apresenta um índice acima dessa média, de 15,7%.

Entendemos que o desemprego entre a juventude é uma das consequências da crise e o emprego, nesse caso, está acompanhado do corte de direitos. E ao observarmos esses números podemos considerar que estão acima dos índices divulgados de desemprego do restante da classe trabalhadora em cada um desses locais.

Isso significa que para aumentar os lucros se busca produzir mais com menos jovens, força-se salários mais baixos e favorece o corte de direitos para a classe trabalhadora de conjunto.

Não é à toa que nas várias partes do mundo a juventude da classe trabalhadora tem demonstrado a sua rebeldia e negado, das mais diversas formas, os níveis de exploração capitalista.

 Contra as crises capitalistas: luta revolucionária!

A exploração capitalista, especialmente em períodos de crise, aumenta a falta de perspectiva de vida e o tédio assolam que o nosso cotidiano. Sentir as duras consequências do desemprego, a dificuldade em estudar, viver a miséria cultural, a falta de lazer, os altos números de assassinatos na periferia, o aumento do racismo, do machismo e da lgbtfobia contribuem para termos a certeza de que precisamos encontrar caminhos, porque definitivamente não é essa a sociedade que queremos.

A Organização das Nações Unidas (ONU) diz buscar saídas e lutar contra a radicalização da juventude no mundo, ou seja, controlar as nossas ações para nos mantermos dentro da ordem institucional burguesa. As organizações extremistas recrutam jovens com salários acima da média para seus exércitos, as ruínas ou a morte.  A ultradireita faz propaganda de valores cristãos, mas no cotidiano da juventude pratica o ódio. Na aparência a mídia, parte integrante e reprodutora das ideias burguesas, exige que sejamos cidadãos. Mas, propaga todas as políticas de cortes de direitos e criminalização da juventude.

Essa realidade ou essas circunstâncias exigem que a nossa pauta seja a da luta revolucionária, não temos outra saída! A organização política cotidiana da juventude em cada local de trabalho, estudo e moradia precisa se contrapor ao sistema de exploração e do lucro que suga as nossas energias e atrofiam as nossas potencialidades, mas também necessita pautar a construção da sociedade socialista onde poderemos realmente viver.

Não há justiça para a classe trabalhadora, não pode haver paz para os governos!

Manifestações, greves e mobilizações já fazem parte do cotidiano da juventude da classe trabalhadora. São as mais diversas reivindicações: Contra o corte de direitos, por emprego, por escola e universidade públicas de qualidade, por saúde, por transporte público que atenda as necessidades, por moradia, contra as várias formas de violência e infinito. Contudo, ainda pouco avançamos.

Precisamos ultrapassar todos esses limites que nos são impostos! Não podemos esperar ou confiar em governos e partidos que aplicam medidas, ainda mais duras em períodos de crise, contra a juventude e a classe trabalhadora de conjunto para manter o lucro do empresariado, como faz o governo Dilma e todos os demais! Também não podemos esperar ou confiar em organizações políticas que silenciam ou dão apoio velado a esses governos!

Fortalecermos cada greve e cada manifestação; mobilizarmos nos nossos locais de trabalho contra o corte de direitos e por emprego, nas universidades e escolas contra os cortes de verbas, por Educação pública e de qualidade; lutarmos em cada periferia por condições de vida digna, enfim, construir e unificar as lutas da juventude da classe trabalhadora por todos os lados esse é o nosso caminho! Que os capitalistas paguem pela crise!