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Nova edição da Revista Primavera Vermelha: Da crise estrutural do capital à crise da alternativa socialista


23 de novembro de 2018

Da crise estrutural do capital à crise da alternativa socialista: elementos para pensar a Revolução Brasileira

Apresentamos a quarta edição da Revista Primavera Vermelha, impulsionada pelo Espaço Socialista e Movimento de Organização Socialista, organizações em processo de discussão. É uma de nossas contribuições para o desenvolvimento teórico de seus militantes e ativistas do movimento.

“Nos momentos normais” da luta de classes a formação teórica é muito importante e no momento político pelo qual passamos se torna ainda mais fundamental e decisiva.

Há muito a compreendermos como a crise econômica, a localização e o papel a ser desempenhado pelo Brasil no mercado mundial, a relação com o imperialismo, o papel das instituições como Forças Armadas e, principalmente, o Judiciário e o crescimento da direita não só na cena política, como talvez a grande novidade, na eleição de uma bancada numerosa nas assembleias legislativas, no Congresso Nacional e o enraizamento entre setores populares de ideias identificadas com a direita.

Mas, essas ideias não nascem do nada, há uma razão. É resultado da situação que a classe trabalhadora enfrenta com os efeitos da crise econômica. Uma crise das mais graves de nossa história.

E não se trata simplesmente de mais uma crise cíclica do capital, a qual, em tese, bastaria algumas medidas capazes de deslocar as contradições e, assim, iniciar um novo ciclo de crescimento e expansão do capital. É mais grave e mais profunda. É a chamada crise estrutural do capital, conceito desenvolvido por Mészáros.

Para fazer frente a essa crise o capital vai lançando mão de medidas que, somente quem analisa o mundo a partir de alguns fenômenos, as vê como solução. No entanto, a realidade sempre se impõe e expõe os limites dessas medidas, incapazes de deslocar de maneira mais segura as contradições trazidas pela crise.

É esse conceito e a sua relação com o de crises cíclica (e as consequência que derivam dessa distinção) que o texto de Cristina Paniago aborda. Além dessa importância, o texto também procura “popularizar” esse conceito que, ao nosso modo de ver, é fundamental ser apropriado pelos militantes e ativistas como base para se pensar o programa e a estratégia da revolução brasileira.

O segundo texto aborda um tema fundamental para a compreensão do processo de acumulação do capital no Brasil e sua relação – de dependência – com o mercado mundial. O texto faz uma importante diferenciação entre o conceito da Teoria da Dependência de corte marxista daquele defendido pelos economistas da CEPAL, para os quais bastaria um país subdesenvolvido adotar certas medidas econômicas para alcançar a condição de desenvolvido. Já para a Teoria Marxista da Dependência, elaborada principalmente Ruy Mauro Marini, a economia mundial capitalista é uma mesma totalidade sob qual a existência de países desenvolvidos somente pode ser explicada pela existência de países subdesenvolvidos.

De estreita relação com esse tema está o conceito de subimperialismo, também estudado por Ruy Mauro Marini. Esse conceito tem por base o fato de entre os países subdesenvolvidos existirem desigualdades. Por exemplo, não se pode colocar no mesmo patamar de desenvolvimento países como Brasil e Bolívia. Apesar de ambos serem subdesenvolvidos e terem com os países centrais uma relação de dependência, alguns países – nesse exemplo o Brasil – são economias que desempenham, por conta de algumas particularidades históricas na relação com o imperialismo, um papel de “subpotências” regionais. Novamente ressaltamos que esse conceito somente pode ser plenamente compreendido considerando a economia mundial como uma só totalidade.

O texto de Alex Brasil debate uma questão que consideramos fundamental que é o papel desempenhado pelas instituições, daquilo que os marxistas tratam como regime democrático-burguês no Brasil. A gravidade da crise econômica no país produziu outra de natureza política tão grave quanto a econômica, rompendo o pacto político firmado no processo de redemocratização do país e até então mantido pelos governos petistas. Essa ruptura, como era de se esperar, impossibilitou uma solução pela política e a partir desse momento o Judiciário chama para si o protagonismo político, dando embasamento jurídico-legal para várias das medidas necessárias ao capital como o impeachment de Dilma (que já não atendia às necessidades da burguesia brasileira), a Reforma Trabalhista e a lei liberando a terceirização de forma ampla.

Entendemos que o momento político é marcado por uma outra crise também bastante grave e somente a classe trabalhadora – em especial a parte operária – poderia apresentar uma saída para essas crises. É a classe que produz a riqueza e, portanto, poderia direcionar toda a riqueza para benefício de toda sociedade. Para isso precisaria derrotar a burguesia e impor o poder operário. Para levar adiante um projeto de mundo alternativo ao da burguesia faz-se necessária uma consciência com força para que a classe trabalhadora compreenda a causa de sua situação de miséria. Mas, temos um problema: a consciência de classe da classe trabalhadora está muito atrasada. A guinada de um setor importante para a direita nesse processo eleitoral é uma demonstração disso. No texto “Elementos à compreensão da crise de consciência da classe trabalhadora”, elaborado a partir de discussões nos organismos do Espaço Socialista, buscarmos apresentar algumas questões para uma reflexão sobre o tema.

Como a Revista também tem um caráter de debates entre os ativistas, a pedido, publicamos o texto “Processo bolivariano ou programa de transição”, escrito pelo professor Luís César do Rio de Janeiro. É importante deixar demarcado que não temos acordo político com o texto, mas o consideramos importante para refletirmos sobre um tema tão caro à América Latina.

Por fim, queremos agradecer, a Cristina Paniago, Zilas Nogueira e Adriano Nascimento que, mesmo não fazendo parte do projeto da Revista, dedicaram horas importantes de suas vidas para contribuir com os textos apresentados nessa edição.

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