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A CSP-Conlutas está correndo risco?


26 de maio de 2018

Nota-panfleto distribuido na Reunião da Coordenação Nacional da CSP-Conlutas no dia 26.05.2018.

Mais e mais ataques aos nossos direitos

Já é acordo entre nós que essa crise econômica é uma das mais graves da história do capitalismo e, como parte da crise estrutural do capital (Meszáros), até mesmo a burguesia sabe da impossibilidade de encontrar saída consistente e duradoura.

Todas as medidas para solucionar essa crise têm caráter temporário e de curta duração, pois se esgotam rapidamente. Por isso os ataques à classe trabalhadora não cessam. Foi a Reforma Trabalhista, a intensificação da Terceirização, a restrição para benefício previdenciário e seguro desemprego, dentre outros tantos ataques. E virão muitos outros.

Dos candidatos com alguma chance eleitoral, qualquer um que for eleito vai continuar com essas medidas.

Há lutas importantes, mas a realidade está cheia de contradições

Nos últimos dias têm tido lutas importantes em curso como professores das redes pública e privada, petroleiros, metalúrgicos e, agora, caminhoneiros.

Mas, essa é só uma parte da realidade. Há contradições importantes que precisam ser reconhecidas para melhor prepararmos a nossa intervenção.

A greve de caminhoneiros, por exemplo, se de um lado têm aqueles que são motoristas contratados, têm aqueles que pagam as prestações de seu caminhão, etc. e são setores muito prejudicados. Por outro lado, têm os interesses da patronal, das grandes e pequenas empresas do setor, que controlam o transporte das commodities e exploram milhares de trabalhadores.

A greve dos professores mineiros é heroica, pois enfrenta governo, polícia e direções sindicais pelegas.

No entanto, essas lutas – algumas com vitória como o caso da Mercedes em São Bernardo – ainda são isoladas, parciais ou somente com reivindicações econômicas e não avançaram para reivindicações políticas. Contam também com muitas dúvidas e com o medo no interior da classe trabalhadora pela ameaça do desemprego e do descaso das direções sindicais pelegas.

Também nas questões políticas temos outro campo recheado de contradições. A esquerda ainda não é vista como alternativa, o petismo/lulismo ainda mostra alguma força e candidatos de direita, como Bolsonaro, têm conseguido atrair setores da classe trabalhadora, sobretudo a juventude.

A CUT volta para disputar…

Em uma realidade como essa, a questão da construção de uma direção sindical e política capaz de construir uma alternativa em conjunto com a classe trabalhadora é uma das principais tarefas colocadas.

O grande desafio da nossa central é se qualificar diante da classe trabalhadora, ganhar a sua confiança e se colocar como alternativa para os próximos desafios.

Mas, como a realidade é bastante contraditória, há um novo elemento: uma maior presença da CUT em várias disputas sindicais e organizando, de forma controlada, mais lutas. Esse fortalecimento se expressou em eleições sindicais como os congressos da FASUBRA, SINASEFE, Construção Civil de Fortaleza e do ANDES-SN.

Seu objetivo tem sido reconquistar o apoio que perdeu junto a classe e ganhar maior força para negociar com a patronal. Ou seja, o fortalecimento da CUT (e demais burocracias) é mais um obstáculo para as lutas e para a própria construção de uma alternativa de esquerda.

É preciso reconstruir a unidade na CSP

Nesse processo também temos presenciado uma perigosa divisão no interior da central. São várias disputas com mais de uma chapa que se reivindicam da nossa central.

E não nos parece que há razões políticas que justifiquem essa divisão. Nem mesmo as divergências políticas.

Na história da esquerda revolucionária todos reivindicamos a tradição democrática, a liberdade de debates, a realidade concreta como o espaço de comprovação ou rejeição de nossas teses.

Na verdade, os debates políticos são fundamentais para o nosso crescimento teórico. São as críticas, as reflexões e suas experimentações na luta de classes que permitem o marxismo seguir e se desenvolver. A história tem mostrado isso.

No entanto, é o stalinismo e as burocracias que defendem entidades monolíticas, sem democracia e sem debates.

Portanto, as divergências não podem ser um problema entre nós.

Mas, quando vamos para uma disputa sindical com duas chapas, com ataques morais e sem provas, o que aparece para a base das categorias é a disputa somente pelo controle do aparato.

E, no nosso modo de ver, isso não leva em conta em nenhum momento as necessidades da categoria e a necessária unidade para enfrentar a patronal, etc. A nossa divisão, na prática, ajuda a patronal e a burocracia.

E no caso dos sindicatos de iniciativa privada ainda têm o agravante de que o ativista desprotegido é demitido.

Acabar com as disputas burocráticas

É a luta de classes que vai confirmar ou negar as nossas teses. E até o momento nenhum setor – a não ser os arrogantes – pode dizer que suas teses foram confirmadas. É um processo em aberto. Então as divergências políticas não podem ser desculpa para as divisões.

Ao seguir esse rumo a existência da nossa central poderá ser colocada em xeque. E seria uma derrota histórica para nós e para a classe trabalhadora. Transformá-la também em uma colateral dessa ou aquela organização, mesmo mantendo a sua existência formal, também seria uma derrota.

É preciso uma política para reverter essa dinâmica. E a direção da central pode e deve atuar sobre essa questão porque não se trata da autonomia das entidades, mas, sim das correntes que compõem as instâncias da nossa central.

Por isso, nós propomos que as chapas que reivindicam a CSP-Conlutas devem ser construídas em convenção democrática, em que se vote o programa e a composição da chapa. E que seja aplicada a proporcionalidade conforme o peso de cada setor na categoria.

Assim, mantemos a nossa unidade e nos fortalecemos para ganhar a classe trabalhadora, para enfrentar a patronal e o governo.