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A Luta dos Operários na Alemanha e a Redução da Jornada de trabalho para 28 horas


5 de março de 2018

Em meio a tantos retrocessos que o capital tem imposto aos trabalhadores especialmente nesses últimos anos – como a Reforma Trabalhista aprovada na França e no Brasil que acaba com diversos direitos trabalhistas – vemos uma ponta de esperança na luta dos operários na Alemanha.
Após diversas mobilizações, greves e negociações os trabalhadores do ramo industrial do estado de Baden-Wuerttemberg conquistaram parcialmente suas reivindicações.
Após diversas reuniões entre patronal e sindicato (IG Metall com mais de 2 milhões de filiados de trabalhadores das principais empresas do país como a BMW, Daimler, Porsche, Volkswagen, Audi, Siemens, Thyssen-Krupp, Airbus e Bosch) chegaram a um acordo. Foram seis reuniões com mobilizações, como greves de alerta e de curto prazo que ocorreram em mais de 250 empresas.
As lutas buscavam garantir uma participação justa no sucesso econômico da indústria, mais autodeterminação no horário de trabalho, uma melhor compatibilidade entre família e trabalho e alívio no trabalho por turnos. Os operários das indústrias de metal e de eletricidade conseguiram também o reajuste salarial de 4.3% para abril (abaixo dos 6% reivindicados). E outros tiveram reajustes com pagamentos distribuídos em 27 meses: 100 euros no primeiro trimestre de 2018 e a partir de 2019 um valor adicional de 400 euros.

A redução da jornada de trabalho sem redução do salário

Importantíssima reivindicação do movimento de trabalhadores, os operários alemães de Baden-Wuerttemberg conquistaram parcialmente o direito de reduzir a jornada de trabalho. Isso significa que os trabalhadores com mais de dois anos empregado numa mesma empresa poderão reduzir sua jornada de trabalho de 35h para 28h semanais, por um período de seis meses a dois anos desde que comprovem a necessidade de cuidados com crianças, parentes doentes ou idosos. No entanto, terão a redução salarial.
As empresas, para não saírem perdendo, forçaram uma mediação que será um importante precedente na contratação de novos trabalhadores: poderão admitir com a carga horária de 40 horas (ao invés da obrigatoriedade de carga horária de 35 horas, conquistada na histórica greve de 1984) para compensar essa redução.

A luta não acabou…

Com reivindicações para garantir maior tempo livre visando uma melhor qualidade de vida, o operariado alemão, junto com o sindicato IG Metall, conseguiu realizar intensas mobilizações no país. Como afirma um dos dirigentes sindicais, Zitzelsberger: “criamos liberdade para tarefas sociais importantes e facilitamos a reconciliação do trabalho e da vida privada”.
Porém cabe ressaltar que apesar de importante, essa conquista no tempo de trabalho para uma parcela de trabalhadores, poderá ser (possivelmente será) utilizada contra os trabalhadores, coisa que os ricos têm procurando sempre fazer.
A redução para 28 horas com redução de salário para alguns trabalhadores e trabalhadoras por um tempo determinado “em troca” da possibilidade de poder contratar novos trabalhadores ou trabalhadoras aumentando (ainda que restrito) a jornada de trabalho para 40 horas semanais poderá ser usada, então, para ampliar a jornada de trabalho e precarizar ainda mais as condições no chão de fábrica.
Mas, embora a reivindicação histórica da classe trabalhado seja a redução da jornada de trabalho sem redução do salário, que mexe diretamente na extração da mais-valia e do lucro do empresariado, essa conquista poderá também abrir essa possibilidade com o avanço da luta, sua disseminação para o restante do país, o envolvimento de todo o operariado alemão e a classe trabalhadora de conjunto.
Para tanto, é necessário o fortalecimento e a intensificação da luta com a unidade da classe trabalhadora. Nesse sentido, observando o histórico das lutas sindicais, o sindicato IG Metall poderá contribuir para um ou para o outro caminho. Mas, deverá ser a luta da classe trabalhadora a buscar derrotar os capitalistas e seus capachos e não o inverso até que conquiste de fato o que lhe é merecido. Viva a luta da classe operária alemã!!!!!