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Jornal 96: A UERJ não pode fechar!


29 de janeiro de 2017

Rodrigo Menezes Meireles (Estudante de Matemática da UERJ)

Não é de hoje que os estudantes, professores e técnicos administrativos fazem denúncias sobre o desmonte da universidade e da Educação públicas. A crise da UERJ começou a dar sinais em 2014 e se agravou no ano de 2015. Em novembro daquele ano, denunciando o atraso no salário dos terceirizados, das bolsas dos alunos cotistas e de iniciação científica, os estudantes iniciaram a Ocupação do prédio principal da universidade. O movimento que durou 18 dias, mesmo com suas debilidades, conseguiu chamar a atenção da sociedade para a questão da precarização da UERJ, acelerada pelo PMDB. No ano passado, uma greve de cinco meses lutou contra o desmonte da universidade, que afeta também dramaticamente o Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), de cujo atendimento dependem milhares de pessoas.

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A universidade resistiu durante todos esses anos, enquanto sua verba de custeio e investimento era dilacerada anualmente, sobretudo em 2016. Hoje, essa crise ameaça fechar as portas da universidade, questão admitida publicamente pela reitoria atual e pelos anteriores, em documento assinado por eles intitulado “A Uerj e o Futuro do Rio de Janeiro”. Nele, o reitor afirma que “desprezar o ensino superior, a pós-graduação e a pesquisa é apostar na miséria, na violência e num futuro sem perspectivas positivas”. O reitor diz ainda que “forçar o fechamento da Uerj é não pensar no futuro de nosso estado e de nosso país”. O texto afirma, ainda, que “a Uerj está sendo sucateada, numa absoluta falta de visão estratégica por parte dos governantes do nosso estado, a quem incumbe o financiamento de uma universidade pública e inclusiva como a nossa”.  Entretanto, se a reitoria da UERJ estivesse de fato preocupada com o fechamento de uma das maiores universidades do país não faria uma carta tão genérica e desprovida de indignação. A carta na verdade é apenas uma forma indireta de pressionar o governador, já que não o cita diretamente.

A UERJ é uma das poucas universidades públicas em que os filhos da classe trabalhadora conseguem ter mais acesso, pois, ainda que se mantenha o filtro elitista e racista do vestibular, foi a primeira universidade do país a implementar o sistema de cotas e seu corpo discente expressa isso. É uma universidade com uma grande composição de negros e trabalhadores, diferente de tantas outras universidades públicas em que esses quase não conseguem entrar. A luta em defesa da UERJ é uma luta pela democratização da Educação, é uma luta de todos os trabalhadores.

Muitos têm lamentado a possibilidade de fechamento da UERJ, que tem causado comoção em setores que vão muito além dos que trabalham e estudam ali. Precisamos transformar esse sentimento de medo e solidariedade em uma forte campanha que lute pela manutenção da universidade, com o imediato pagamento de todos os salários atrasados, de trabalhadores efetivos e terceirizados, e de todas as bolsas atrasadas dos estudantes.

As ocupações de escola e universidades em todo o país, nos últimos anos, bem como a importante greve que foi feita na UERJ demonstram que existe muita disposição de luta. Os funcionários técnico-administrativos estão em greve desde o dia 16 de janeiro. Até que os repasses sejam normalizados. No dia 23 de janeiro, os docentes, com indicativo de greve, realizaram sua assembleia para discutir a situação.

O que precisamos hoje é de uma organização e um programa à altura da crise para podermos impedir o fechamento da UERJ. O DCE da universidade, infelizmente, não tem ajudado em nada para mobilizar os estudantes e muito menos a UNE.

Mas, também não podemos nos restringir à luta na UERJ: a crise que está ameaçando a universidade de fechar suas portas é uma crise do Estado, ligada à crise nacional. Por isso, essa luta tem que se aliar aos demais setores em luta, como os servidores que hoje lutam contra os ataques de Pezão. O STF e os governos estadual e federal preparam um pacote de ataques a todos os trabalhadores e aos serviços públicos, o que inclui a privatização de empresas como a CEDAE. Enquanto isso, Picciani quer se livrar da UERJ dizendo a Pezão que a passe para o governo federal, o que é só uma forma velada de dizer que defende a privatização da UERJ, já que é isso que Temer quer fazer com todas as estatais fluminenses.