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Jornal 73: Propostas socialistas de luta para mudar o país!


17 de outubro de 2014

Apesar do ambiente viciado das eleições burguesas, vêm aflorando debates sobre alguns temas importantes, mesmo que de modo distorcido e sem aprofundamento.
Entre esses temas se destacam: a crise de representação e do sistema político, a questão da independência do Banco Central, do casamento homoafetivo, a descriminalização e legalização do aborto, as drogas, a questão da mobilidade urbana, da segurança pública e a crise da água.
Essa maior “politização” das eleições expressam – ainda que de modo distorcido – a nova situação de polarização social e política pós movimentos de junho/2013.
A crise econômica, a busca pela burguesia (e seus candidatos) de uma saída para o próximo período, o recrudescimento mais aberto das tendências de direita, aliados ao fato de que o PT teve que adotar uma postura mais ofensiva perante a candidatura Marina; isso tudo fez com que, contraditoriamente, se abrissem alguns debates políticos e programáticos. Os candidatos tiveram que vir a público e se posicionar mais abertamente, diferente de outras eleições.
É dever dos ativistas e militantes intervirmos nesse debate não para escolhermos entre as saídas defendidas pelos candidatos burgueses ou a lógica do mal menor,mas para mostrarmos as reais causas dos problemas sociais e políticos e as soluções estruturais do ponto de vista dos interesses dos trabalhadores.

QUAL O RUMO QUE O PAÍS VAI SEGUIR?

É nítido o esgotamento do modelo econômico impulsionado pelo PT, baseado na produção de matérias primas (commodities) para exportação, incentivo ao crédito, isenções de impostos para alguns nichos de empresas, apostando no mercado interno.
O empresariado cobra muito mais: o aprofundamento brutal dos ataques sobre os trabalhadores, o corte drástico dos gastos do Estado de modo a sobrar mais dinheiro para os juros e amortizações da Dívida Pública (O Orçamento Federal de 2015, prevê um total de despesas de R$ 2,863 trilhões, das quais R$ 1,356 trilhão (47%) serão para o pagamento da Dívida), a realização de mais obras em prol do empresariado. O empresariado também exige isenções de impostos e incentivos às empresas como um todo e não apenas para alguns setores.
Além disso, se prepara um choque econômico pós eleições. É cada vez mais provável a alta dos juros para refrear a inflação pela via da redução do consumo das massas. Isso deve aprofundar a recessão e a reestruturação das empresas. Muitas fábricas e mercados já estão demitindo, dando férias coletivas ou lay-offs. O tarifaço (aumento das contas de luz, água, telefone, transporte, combustíveis, impostos), juntamente com uma desvalorização do real frente ao dólar devem levar ao chamado “ajuste de preços” que significa uma maior apropriação da riqueza pela burguesia contra os trabalhadores. Os mínimos reajustes conseguidos em greves duras nos anos anteriores tendem a virar fumaça com o aumento geral dos preços.
É nesse contexto que se coloca a questão da independência x autonomiado banco central.

PSDB E PT PRIVATIZAM, A DIFERENÇA É APENAS NAS FORMAS E MEDIAÇÕES

O PT com Lula e Dilma tentam se apresentar como defensores do patrimônio público, contra as privatizações, impulsionadas pelos tucanos.
De fato, o período dos tucanos foi farto em privatizações de várias empresas extremamente lucrativas vendidas muito abaixo de seu valor, com o Estado bancando a compra, pois os grupos compradores podiam pegar empréstimos no BNDES a juros irrisórios e prazos de décadas, além de outros artifícios e tramóias no que veio a se chamar a Privataria Tucana. O maior símbolo foi a privatização da Vale do Rio Doce, a gigante brasileira de mineração, vendida por menos de um décimo de seu valor.
Já o PT realizou e realiza outra forma de privatização, mais complexa e mais mediada, mas não menos danosa. A chamada concessão, por até 30 anos!
O maior exemplo foi a concessão do Campo de Libra, o maior já descoberto na história da Petrobrás. Foi entregue a transnacionais do petróleo para exploração por 30 anos, quando então não haverá mais petróleo.
Além disso, ao contrário do que dizem, os governos de Lula e Dilma aprofundaram a privatização da Petrobrás, Banco do Brasil e outras estatais mantendo e ampliando os lotes das ações mais rentáveis nas mãos de empresas e fundos de pensões. Também aumentaram a terceirização e a lógica empresarial no interior dessas empresas, que hoje pouco se diferenciam de empresas privadas. Na Petrobrás desde 2003, o número de terceirizados saltou de 121 mil para 360 mil, um crescimento de quase 200%. Foram sete vezes mais contratados indiretamente do que o total de concursados efetivados.
No caso das rodovias e ferrovias, portos, aeroportos e estádios, o investimento foi do Estado e a empresa que recebe a concessão também pode pagar com dinheiro financiado pelo BNDES. Mas o lucro é das empresas que assumem o controle. Já as tarifas são para os usuários.
Da mesma forma a compra de vagas nas universidades privadas de qualidade questionável ao invés de expandir as universidades públicas, através do PROUNI ou do PRONATEC, é ou não também uma forma de privatização?
Também sob o PT, assim como sob o PSDB temos assistido a uma privatização na lógica de funcionamento do Estado, em prol dos interesses do capital. É assim que o Estado tem bancado isenções de impostos, crédito farto praticamente sem juros e obras para montadoras, bancos e agronegócio ano após ano.
Vemos então que tanto o PSDB como o PT privatizaram e no próximo governo vão querer privatizar ainda mais para atender a sede de lucros no marco de um capitalismo em crise estrutural. Sua diferença é apenas nas formas e mediações. Enquanto o PSDB privatiza de modo aberto, escancarado, a burocracia (base social) do PT privatiza sem entregar diretamente todo o patrimônio público para o empresariado de modo a preservar parte do controle e dos rendimentos para o Estado de onde aufere seus rendimentos e privilégios.
Mas em ambos os casos temos o direcionamento do dinheiro público para o empresariado e ao mesmo tempo o tratamento de empresa privada no interior das estatais que ainda sobraram e até mesmo do próprio Estado com as políticas de meritocracia e de ir atacando/minando a estabilidade dos funcionários públicos.
Por outro lado, a maioria das correntes de esquerda (incluso o PSTU e o PSOL) cobra a estatização ou reestatização das empresas privatizadas, mas sem realçar a importância do controle dos trabalhadores. Isso é uma grave capitulação ao estatismo e aos interesses de uma possível burocracia de esquerda.
Como ficou demonstrado nas experiências da União Soviética e demais países do Leste Europeu, a estatização sem o controle dos trabalhadores não conduz à superação do capital, apenas a uma outra forma de extração da riqueza dos trabalhadores mesmo que sem a figura do patrão individual, mas do Estado.
Assim, nossa posição é a Reestatização Integral sob controle dos trabalhadores das Empresas Privatizadas durante os governos FHC, Lula e Dilma com a reversão das concessões e colocação de todos esses ramos e empresas a partir de uma lógica voltada para os interesses e necessidades coletivas e não do capital.

CORRUPÇÃO: PT E PSDB, O SUJO FALANDO DO MAL LAVADO

Em matéria de corrupção é difícil saber quem está mais enlameado. Do PSDB sabemos casos clássicos como a compra pelo governo dos deputados que receberam cada um 200 mil reais para votar a favor da emenda da Reeleição. O PT deu prosseguimento à prática com o mensalão, que o PSDB também fez em Minas. Não precisamos falar do escândalo da Petrobrás, enquanto Alckmin é acusado de corrupção no caso dos Metrôs. Realmente a competição é acirrada.
A questão é que a corrupção é parte do sistema político logo a partir do financiamento das campanhas, pois as “doações” das empresas são na verdade investimentos que depois são cobrados em valores muito maiores. Além disso, o sistema de democracia representativa sem a participação direta e o controle dos trabalhadores esconde as decisões e propicia a corrupção.
Defendemos a prisão dos corruptos e corruptores e a confiscação de seus bens, bem como o fim da reeleição, das doações de empresas às campanhas, o fim do Congresso Burguês e a criação em seu lugar de um Congresso de representantes dos trabalhadores e seus movimentos de luta. Que recebam o mesmo salário médio de um trabalhador e com mandatos revogáveis pelas assembleias que os elegeram. Isso só é possível a partir de um alto nível de acirramento e mobilização de massas capazes de gerar organismos de base e ampla participação, que dêem suporte a esse poder dos trabalhadores em que a corrupção não tenha espaço para se desenvolver, onde o controle seja coletivo e não haja privilégios individuais ou de grupos.

PARA OS TRABALHADORES SÓ HÁ SAÍDA ROMPENDO COM A LÓGICA DO CAPITAL…

A questão é: como poderíamos ter uma política econômica – e mais do que isso, um sistema social – a serviço das necessidades dos trabalhadores, que produzem a riqueza social, mas não têm o direito de decidir nada de realmente importante no país?
Qualquer mudança real nas prioridades do Orçamento passa por uma luta e uma ruptura com os interesses do capital de modo a termos o dinheiro para os investimentos necessários na Educação e Saúde Públicas e demais serviços públicos.

POR UM PLANO ECONÔMICO DOS TRABALHADORES!

Da mesma forma, ambos os candidatos falam em combater a inflação. Mas, o que temos é a sua disparada, se anunciam uma série de reajustes de tarifas e preços para o próximo ano e que devido às eleições estão “represados”. É o chamado “ajuste de preços” que já está acontecendo e tende a aumentar tornando a vida de muitos trabalhadores insustentável. Tanto Dilma quanto Aécio se omitem perante esses aumentos e certamente implementarão o tarifaço após as eleições
É preciso um congelamento dos preços sob controle dos trabalhadores. Para garantir a produção e impedir o lockout (boicote patronal), que já ocorreu outras vezes, seria preciso o controle dos trabalhadores sobre a produção e distribuição da riqueza, das fábricas, hipermercados.
Como forma de termos uma elevação radical do poder de compra dos trabalhadores é preciso um aumento geral dos salários. Salário Mínimo do DIEESE (R$ 2861,55), valor necessário para sustentar uma família de 4 pessoas.
Não aceitamos a falsa alegação da redução do custo Brasil como forma de favorecer os lucros do empresariado em um contexto de crise estrutural do capital. Nenhuma redução ou flexibilização de direitos trabalhistas!
Nenhuma demissão! Pela redução da Jornada de Trabalho sem Redução dos Salários!
Fim do fator previdenciário: criado no governo FHC e mantido pelo PT com a alegação de que a Previdência não suportaria o gasto. Agora, tanto Dilma quanto Aécio descaradamente dizem defender o fim do fator Previdenciário, mas o que escondem é que preparam uma nova Reforma da Previdência que pretende aumentar a idade dos trabalhadores para se aposentar.
Um programa para a previdência teria que acabar com o fator Previdenciário e cancelar as contra-Reformas realizadas nos anos de FHC e Lula. Defendemos a aposentadoria exclusivamente por tempo de trabalho.
Para aumentar a produção de alimentos e diminuir seu preço defendemos uma Reforma/Revolução Agrária com expropriação do agronegócio sob controle dos trabalhadores, o fim o latifúndio e utilização da terra sob controle dos trabalhadores.
Para solucionar a questão da moradia defendemos a expropriação dos imóveis hoje vazios e utilizados para especulação e sua utilização sob controle dos movimentos de luta pela moradia

PARA MUDAR O BRASIL DE VERDADE, SÓ ROMPENDO COM O CAPITALISMO
A “DÍVIDA PÚBLICA” NÃO É PÚBLICA E JÁ FOI PAGA!

A questão da Dívida é central no orçamento brasileiro, mas Aécio e Dilma sequer tocam no assunto. E não é à toa. Mexer com a Dívida é mexer com os interesses dos seus doadores, pois hoje mesmo as empresas ditas produtivas têm parte importante do seu capital investido nos títulos da Dívida Pública, recebendo enormes fortunas de juros todo ano.
O gráfico abaixo é dos percentuais do Orçamento Federal para o ano de 2014. Mas, no ano que vem o montante previsto para pagamento da Dívida será ainda maior!
Segundo o site Auditoria Cidadã da Dívida, “O Orçamento Federal de 2015, prevê um total de despesas de R$ 2,863 trilhões, das quais R$ 1,356 trilhão (47%) destinam-se ao pagamento de juros e amortizações da Dívida Pública. Esse valor representa 13 vezes mais que os recursos previstos para a Saúde, 13 vezes mais que os recursos previstos para Educação, ou 54 vezes os recursos previstos para transporte.
Vemos que a Dívida Pública se tornou um mecanismo permanente e crescente de extração da riqueza produzida pelos trabalhadores e dos serviços públicos para os agiotas da banca financeira nacional e internacional.
Muito mais do que apenas uma drástica redução da taxa de juros, é preciso retomar e aprofundarmos uma campanha pelo Não Pagamento da Dívida Pública. Qualquer proposta de mudança de fato para melhorar os problemas sociais, do salário mínimo e dos serviços públicos passa inevitavelmente pelo direcionar os recursos que estão indo para os banqueiros e agiotas medidas que mudem de fato a vida dos trabalhadores.
Junto com o não pagamento da dívida deve-se adotar a proibição da remessa de lucros para o exterior e estatização do sistema financeiro sob controle dos trabalhadores.

POR SERVIÇOS PÚBLICOS, GRATUITOS E DE QUALIDADE!

Temos visto por parte dos candidatos a defesa do aumento do número de Escolas de Tempo Integral, mas sabemos que sem recursos, sem equipamentos, salário, jornada paga para preparação e correção de atividades e sem incentivo profissional e de emprego aos alunos essas escolas tornam-se apenas semipresídios para contenção e repressão da juventude. A defesa, por eles, da qualificação dos professores e da meritocracia visa passar a ideia de que a crise educacional é culpa dos professores que “não possuem qualificação” ou “não se esforçam”.
Ao mesmo tempo, tanto Dilma quanto Aécio praticam uma política educacional que desenvolve apenas as habilidades mínimas para formar uma mão de obra precária e que venha a ser super-explorada nos piores trabalhos. Defendem também parcerias com as empresas e as formas de terceirização e contratação temporária. Não podemos esperar qualquer melhoria na Educação nem de Dilma (PT) e muito menos de Aécio (PSDB).
Só a luta de professores, alunos, pais e demais trabalhadores pode reverter o desmantelamento, precarização e privatização dos serviços públicos, em especial da Educação e da Saúde.
No caso da Educação, não podemos nos conformar com as promessas ilusórias para 2020! É preciso o investimento dos 10% do PIB para a Educação Pública Já! A estatização do ensino privado e sua transformação em Ensino Público e sob controle dos trabalhadores.
A definição democrática entre professores, alunos e pais sobre o Currículo, o funcionamento das escolas e universidades com eleição pela base de todos os cargos e funções de poder.
Manutenção das Disciplinas de Sociologia e Filosofia nas escolas e universidades! Por Conselhos Universitários e Escolares soberanos e de luta com eleição direta!
Não ao aumento da repressão dentro das escolas e universidades! Os problemas de disciplina são de raiz social e não caso de polícia. Não à instalação de câmeras, grades e a presença da polícia no interior das universidades e escolas! Pela abertura das universidades e escolas às atividades das comunidades!
Fim do vestibular com a expansão das vagas para todos! Enquanto isso não ocorra, cotas proporcionais para negros e indígenas e maioria das vagas para jovens das escolas públicas.
Combater a crise da água com a construção de obras de captação. Reestatização Integral da SABESP e outras companhias de água. Combate à poluição ambiental para combater o desequilíbrio climático. Que o racionamento da água seja sob controle dos trabalhadores, cortando os supergastos da burguesia e classes privilegiadas.

TRANSPORTE PÚBLICO E MOBILIDADE URBANA.

O transporte urbano não pode mais ser meio de realização dos lucros tanto das grandes montadoras de veículos como das empresas de ônibus. A Prioridade deve ser para os transportes coletivos e formas combinadas de transporte públicos, gratuitos e de qualidade.
Não ao aumento das passagens, redução das tarifas rumo à tarifa zero!
Integração gratuita em todos os terminais! Definição dos itinerários pelos trabalhadores e usuários!
Passe livre para estudantes e desempregados!
Para garantir essas medidas: estatização do sistema de transporte sob controle dos trabalhadores!
Incentivos aos bicicletários públicos para utilização e devolução de bicicletas em integração com trens e metrôs!
Replanejamento urbano de modo que diminua o intenso deslocamento das pessoas para o trabalho e estudo.

RESGATAR E REDEFINIR O PAPEL DO FUNCIONALISMO PÚBLICO!

O funcionalismo é considerado o grande vilão do Estado, ao passo que os verdadeiros culpados pela crise do serviço público se isentam.
Todos os candidatos falam em “meritocracia”, defendem transformar parte significativa do salário em bônus e gratificações, a fim de acabar com a garantia de remuneração mínima (salário base). Além disso aumentam de modo vertiginoso as terceirizações, com consequências cruéis para os direitos, os salários e as lutas.
O Funcionalismo deve buscar a unidade entre as diversas categorias e com os demais trabalhadores com o objetivo de construir a resistência contra essa destruição e privatização dos serviços públicos e os ataques às condições de contratação e de trabalho.
Estabilidade no emprego para todos! Efetivação dos terceirizados e temporários com os mesmos direitos dos demais trabalhadores! Fim da política de meritocracia! Salários e condições dignas de trabalho para todos!

AS QUESTÕES SOBRE HOMOFOBIA, MACHISMO E RACISMO

Apesar de se acusarem mutuamente, as candidaturas são conservadoras quanto a essas questões tão caras hoje em dia aos trabalhadores. Do PSDB nem se fala, jamais se preocupou com os trabalhadores. Agora vai afinar o discurso para tentar ganhar a benção e os votos dos pastores e bispos fundamentalistas e reacionários (como Malafaia), que estiveram junto com Marina, e não ameaçar a estrutura social e familiar patriarcal e opressiva.
Já Dilma apesar de se apresentar como modernizadora e defensora do avanço das relações entre os sexos também se omite perante o casamento homoafetivo. Além disso, nas eleições de 2010 recuou abertamente da defesa da descriminalização e legalização do aborto por um acordo com a cúpula das igrejas católica e evangélicas. Em seu governo mandou suspender o kit Anti-homofobia e engavetou os projetos que propunham a descriminalização e legalização do aborto e das drogas.
O que une as candidaturas da burguesia e os setores da igreja (seus pastores, bispos e papa) é a manutenção da estrutura social e familiar patriarcal. Enquanto isso, as mortes por aborto clandestino, a violência e o assassinato de mulheres e LGBTs seguem crescendo.
Nessas eleições, a pauta LGBT está em voga e, como se pode ver, da pior maneira possível. Os direitos LGBT viraram moeda de troca nas campanhas para vangloriar votos, seja a favor ou contra. Além disso, tem tido a exposição de discursos de candidatos não somente homofóbicos, mas propagadores de ódio e que conclamam o extermínio de pessoas (como se a LGBTfobia já não matasse impiedosamente essa população). Isso tudo prova a necessidade da luta e a da sensibilização das pessoas quanto a garantia de direitos iguais para LGBTs.
E se não bastassem a criminalização e a ilegalidade do aborto, também não há Delegacias da Mulher em todos os municípios e nem funcionamento necessário, faltam casas-abrigo e assistência de fato às mulheres que sofrem violência. Muitos violentadores, estupradores e assassinos continuam impunes.
Também antes e durante a Copa houve vista grossa para a intensificação da exploração sexual e da prostituição, inclusive de menores, para atrair capital e turistas para o país.
As várias formas de violência contra a mulher buscam impor a subordinação ao ambiente de trabalho, ao trabalho domésticos (dupla ou tripla jornada), e mecanismos de controle hierárquico do homem para que continue procriando, trabalhe em empregos precários, receba salários mais baixos, realize o trabalho não pago de criação e cuidado da casa e dos filhos para que o conjunto da mão de obra tenha o menor custo possível para o capital.
Precisamos de Educação Sexual nas escolas e políticas públicas (prevenção, contracepção e Saúde), do casamento homoafetivo, da descriminalização e legalização do aborto, da Criminalização da homofobia (Aprovação da PLC 122) e do machismo.
O racismo também continua humilhando e matando parte considerável da população negra da classe trabalhadora. As periferias no Brasil têm vivido verdadeiro genocídio da juventude negra. As lutas por emprego, salário, fim da precarização, moradia digna, Educação e Saúde de qualidade têm sido sistematicamente reprimidas. Enquanto que não se avança na aplicação das cotas proporcionais nas universidades públicas, escolas técnicas, concursos públicos e demais empregos e programas sociais. Tão pouco se avançou no ensino de História e Literatura da África com a capacitação dos professores, a obrigatoriedade de planejamento e da execução desse ponto no currículo e nas aulas das universidades e escolas em geral. O enfrentamento ao racismo tem que ser prático e no cotidiano, o que nenhum governo ou candidato da burguesia tem feito.

CONTRA A REPRESSÃO! MAIS DO QUE DEMOCRACIA POLÍTICA QUEREMOS DEMOCRACIA SOCIAL!

Independente de quem ganhe, se Dilma ou Aécio, a tendência é que a repressão aumente sobre as lutas, os ativistas e organizações na sociedade como um todo. O capital precisa de um grande endurecimento para impor taxas de exploração mais brutais e não vai refrear sua tendência. A tendência à repressão é parte da chamada Onda Conservadora e tem como expressão o endurecimento das penas e a formação de um banco de dados dos ativistas e militantes para aumentar o controle e as punições.
É preciso que nos preparemos desde já. Precisamos constituir e fortalecer Fóruns Unitários de Luta e contra a repressão e realizar campanha permanente pelo direito de greve, de manifestação, pela democracia social como direito dos trabalhadores, jovens e dos movimentos de periferia e setoriais de se organizarem e irem à luta por suas necessidades.
Não queremos apenas a democracia política burguesa, limitada. Pela democracia social dos trabalhadores!

É PRECISO SUPERAR A SOCIEDADE DE CLASSES, O SISTEMA CAPITALISTA, O GOVERNO BURGUÊS…

As candidaturas fazem promessas, “propostas” para resolver os problemas do país. Levantam questões éticas e morais de honestidade e combate a corrupção. Mas, de fato o que está por trás dos problemas?
Não se trata apenas se um governo é honesto, se sabe administrar melhor, mas para quem e quais interesses busca atender de fato. Não vai ser com um governo burguês, por mais honesto que seja, que iremos resolver qualquer um desses problemas. Vivemos em uma sociedade dividida em classe e a classe dominante, os grandes capitalistas e seus agentes estão nos governos, no parlamento e no judiciário, seja do partido A, B ou C.
Todas as medidas visam garantir o lucro das grandes empresas, dos bancos, do agronegócio, das construtoras, e a exploração da classe trabalhadora em primeiro lugar; a manutenção e reprodução do sistema capitalista, a começar pela subordinação e dependência ao capital internacional.
Nesses tempos de crise, qualquer melhoria é fruto de muita luta para arrancar alguma concessão, por mais que possa parecer que seja pela boa vontade de quem está no poder. Não podemos nos esquecer, que de fato, todo o dinheiro arrecadado pelos impostos e que deveria ser destinado a atender as necessidades da população, é fruto do trabalho.
Portanto, para que haja de fato uma mudança é necessário um Governo Revolucionário dos Trabalhadores, que ordene o funcionamento da sociedade a partir dos interesses da classe trabalhadora e de decisões tomadas coletivamente em suas organizações de base e de luta. As lutas que travamos hoje contra os problemas imediatos devem servir também para elevar a consciência e organização, para a necessidade de tomar e exercer o poder e na perspectiva do socialismo.

INDEPENDÊNCIA X AUTONOMIA DO BANCO CENTRAL…

O Banco Central é o banco dos bancos. Tem a função de emitir dinheiro, fixar a taxa de juros básica, que serve de parâmetro para as demais taxas de juro do mercado. Também atua no mercado de câmbio das moedas, sendo o principal responsável, pela cotação do dólar e do euro. O BC ainda coordena os depósitos compulsórios, feitos obrigatoriamente pelos bancos junto ao BC para garantir que pelo menos uma parte do valor que os bancos movimentam “exista de verdade” como um lastro. Por último o Banco Central também empresta dinheiro a bancos em dificuldades.
A independência do Banco Central (proposta abertamente por Marina e sua equipe econômica) significa que o presidente do BC seria nomeado pelo Congresso (Câmara e Senado), casas de controle indiscutível do empresariado. Essa equipe dirigente do BC não poderia ser demitida pelo governo, reportando-se apenas ao Congresso.
A independência do BC significa maior rigidez no cumprimento das metas que o mercado financeiro anseia para ver seus altíssimos ganhos rentistas garantidos. Por outro lado pode desagradar setores do empresariado industrial, agronegócio e serviços que em muitos momentos dependem justamente da possibilidade do governo poder intervir na economia e flexibilizar essas metas, direcionando dinheiro para ajudá-los. Um exemplo foi a intervenção do governo impulsionando o crédito para a compra de imóveis e veículos, e para a safra anual, etc.

NO GOVERNO DO PT O BC JÁ TEM AUTONOMIA DE FATO

Em seu programa de TV o PT fez uma paródia mostrando uma mesa em que o presidente do BC aparece reunido com os banqueiros que vão definindo as diretrizes econômicas. Mas o que o programa não mostra é que, embora de modo mais indireto, isso já acontece no governo do PT.
Hoje o Banco Central tem autonomia operacional. O governo nomeia o presidente do BC e sua equipe, que a partir daí agem consultando/se submetendo (a)os grandes fundos de pensões, bancos e suas consultorias, de modo a sintonizar o BC com as demandas do mercado financeiro.
Durante os 8 anos de mandato, Lula manteve como presidente do Banco Central ninguém menos que Henrique Meirelles, herdado do governo Fernando Henrique e de absoluta “confiança” do mercado financeiro.
A taxa básica de juros por exemplo (taxa Selic) embora seja definida pelo governo, só ocorre após consultas ao chamado Boletim Focus que expressa as previsões das 100 principais agências de consultoria. Tirando alguns momentos, as reuniões do COPOM (Comitê de Política Monetária) praticamente oficializaram as expectativas de juros que já haviam no mercado.
Em seu governo, Dilma substituiu Meirelles por Alexandre Tombini. As dificuldades econômicas, levaram o governo a intervir, baixando a taxa de juros através dos Bancos Públicos do BC o que recompôs momentaneamente o consumo. Os movimentos do ano passado e a proximidade das eleições também fizeram com que o governo flexibilizasse um pouco as metas. Mas Dilma já sinaliza com uma reconciliação após as eleições, prometendo trocar a equipe econômica atual e praticar uma política econômica “austera”… com os trabalhadores. Bastou essa declaração para que as doações para sua campanha dessem um salto.
Assim, seja com independência ou autonomia o Banco Central já está e continuará a serviço e sob controle do capital, especialmente do capital financeiro, sua fração mais concentrada e elitista.