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Jornal 79: Saúde ameaçada: trabalhadores do Banco do Brasil enfrentam a austeridade


16 de junho de 2015

 

FIGURACHASSI

Thais – Bancária do Banco do Brasil

A Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil, a CASSI, foi criada há quase um século pelos trabalhadores do Banco do Brasil, como resultado da solidariedade, capacidade de unidade e organização construídas pelo movimento dos trabalhadores da categoria.
Foi a CASSI que garantiu a assistência à saúde dos bancários do BB, frente à falta de serviços públicos que atendessem às necessidades dos trabalhadores de conjunto.
Ao longo dos anos, com o aprofundamento geral da lógica de sobreposição dos interesses privados sobre os interesses públicos, a CASSI foi incorporada ao Banco do Brasil e é hoje uma empresa autônoma, sustentada por contribuições do banco e dos funcionários. Tem uma gestão partilhada, ou seja, o Banco também (e é quem mais) determina atualmente os seus rumos.
Em 2007, os funcionários do BB passaram a se deparar com a imposição de terem que pagar em coparticipação consultas, exames e procedimentos. Ao compararmos com o valor de um convênio médico hoje, poderíamos dizer que os custos são considerados baixos e, de fato, a arrecadação pode até ser considerada pequena se comparada com a inflação geral, mas ao considerarmos os baixíssimos salários, torna-se o máximo que um bancário do BB pode pagar.
Em um momento decisivo para os governos, em particular no Brasil, vemos diversos ataques aos direitos dos trabalhadores. Para salvaguardar os lucros do empresariado, as empresas demitem, os governos retiram direitos e fazem cortes nas áreas sociais, o que faz com que a crise somente afete, de fato, os trabalhadores. Enquanto isso, os lucros dos empresários são poupados e em alguns casos até aumentam, como é o caso do Banco do Brasil. Nesse primeiro trimestre o banco anunciou um lucro de R$ 5,8 bilhões, 117,3% a mais em relação ao mesmo período de 2014.
Nesse contexto de ataques em 2015 foi anunciada recentemente a existência de uma crise na CASSI. O Banco alega que caso nada seja feito as reservas da Caixa de Assistência se esgotarão em Agosto.
Dançando conforme a música dos patrões em geral, a Direção do BB iniciou, desde Março, uma ofensiva para jogar os problemas de arrecadação da CASSI nas costas dos bancários.
Essa ofensiva se concretizou em uma proposta do banco para resolver a suposta crise. A proposta é astuciosa e não coloca o aumento da contribuição por parte dos funcionários como a proposta principal, pois seria, com certeza, rechaçada pelos bancários.
O banco possui um provisionamento de cerca de 5,8 bilhões para garantir a assistência à saúde dos trabalhadores que se aposentam. A proposta do banco é criar um fundo para esse valor, que seja liberado para que a BBDTVM (Empresa subsidiária do banco) – a mesma que aplica valores destinados ao lucro dos acionistas da empresa, que opera visando meramente o lucro e com distinta lógica para uma caixa de assistência – aplique no mercado financeiro, inclusive em ações.
Além disso, o banco propõe que, caso haja déficit em um ano, o valor seja rateado no ano seguinte, em 12 parcelas, para todos os funcionários, apurado individualmente pela quantidade de dependentes vinculados. Como alternativas a isso, propõe ainda implementar uma contribuição por dependentes.
Contribuímos com 3,0% do nosso salário para compor a arrecadação. No entanto, a categoria de bancários já acumula atualmente cerca de 90% de perda salarial, resultado do arrocho de décadas.
Portanto, a única alternativa que encontramos para aumentar a arrecadação da CASSI é o aumento salarial. Mas, infelizmente, o Banco acena na direção contrária e ameaça cortar direitos mesmo com esse intenso aumento nos lucros.
Esse tipo de ameaça aos direitos à saúde dos trabalhadores se alastra por diversas categorias. Isso vem acontecendo com os trabalhadores da Caixa Econômica Federal e dos Correios, também com enormes déficits jogados em suas costas. Os Hospitais Universitários – que além de referência em pesquisa na área da Saúde, são alternativa pública de atendimento para trabalhador que é obrigado a utilizar o SUS – também sofrem há algum tempo incisivas ameaças com a tentativa de terceirização pela implantação da EBSERH (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares). No Estado de São Paulo, o governo também vem sucateando o IAMSPE (Instituto de Assistência Médica do Servidor Público) e os funcionários públicos estaduais têm sofrido as consequências com a qualidade e corte de serviços.
Participando de tudo isso, o Governo Federal dá passos e anuncia em Maio o corte de mais de R$ 11 bilhões para Saúde.
Essa situação demonstra que, nos momentos de ameaça aos lucros da patronal, o capitalismo só tem a nos oferecer a miséria. Temos que ter claro também nesse debate qual deve ser o nosso lado na sociedade.
Para salvar a CASSI – entre diminuir o lucro do Banco do Brasil, por exemplo, e retirar do já humilhante salário dos bancários – defendemos o aumento dos salários de quem faz o banco funcionar, os trabalhadores, e que se retire o que for preciso do lucro dos acionistas. Nas demais categorias é preciso pensar também formas semelhantes para manter os serviços de saúde dos trabalhadores.
Não podemos arcar com a crise dos patrões, muito menos à custa de nossa saúde e de nossas vidas! Não vamos arcar com os déficits das Caixas de Assistência, enquanto os empresários triplicam seus lucros! Não vamos arcar com o sucateamento da Saúde pública, enquanto o Governo favorece os empresários! Em defesa dos direitos dos trabalhadores de todas as categorias, enfrentar na luta os ataques já!