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Declaração sobre as Eleições e o Golpe No Egito


26 de junho de 2012

Declaração sobre as Eleições e o Golpe No Egito

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A Junta Militar, para se manter no controle e evitar a mudança real do regime, que abriria condições mais favoráveis para as lutas dos trabalhadores e a da juventude desempregada, deu um verdadeiro golpe miltar, em meio ao processo eleitoral.

Primeiro a Suprema Corte (em que a Junta tem o controle) cancelou (dissolveu) o parlamento em que a Irmandade Muçulmana tinha obtido maioria, após as eleições de novembro passado, e proclamou a Junta Miltar o poder legislativo no país. A Junta Militar irá convocar novas eleições parlamentares apenas depois de pronta a nova Constituição, que será escrita… sob o controle da mesma Junta.    

Em seguida, prevendo que seu candidato (um ex-primeiro ministro do governo Mubárak) seria derrotado, a Junta militar na prática esvaziou o cargo de presidente das suas funções, transferindo-as para si própria.

Por último, assim que a apuração mostrou a vitória de Mohamed Mursi, o candidato da Irmandade Muçulmana, a Junta Militar recusou-se a divulgar o resultado, a fim ganhar tempo para pressionar o presidente eleito a aceitar os termos de governo da Junta Militar.

Assim, o Egito tem hoje um presidente figurativo, pois todo o poder de fato está concentrado nas mãos do Exército.

 

O Exército do Egito representa sua burguesia, associada ao imperialismo. O próprio Exército como instituição é dono direta ou indiretamente de cerca de 33% da economia do país, e tem receio de que o governo da Irmandade Muçulmana queira de alguma forma diminuir esse controle.

 

O Exército do Egito recebe ajuda dos Estados Unidos (2ª maior verba no mundo depois da que é destinada a Israel). Por sua parte o Exército é fiador dos acordos com o imperialismo americano e com Israel.

 

A Irmandade Muçulmana

Os 30 anos da ditadura de Mubárak sufocaram o desenvolvimento da organziação independente dos trabalhadores, e então a oposição ao regime foi capitalizada pela Irmandade Muçumana, uma organização islâmica, que também representa setores da burguesia e da classe média do Egito que têm alguns conflitos de interesses com os EUA e Israel, mesmo que no marco da manutenção da exploração e submissão dos trabalhadores.

A maioria dos trabalhadores e jovens, que protagonizaram as grandes mobilizações de 25 de janeiro de 2011, que derrubaram Mubárak e obrigaram os militares a tolerarem greves e lutas e a chamarem eleições, depositaram suas esperanças nos candidatos da Irmandade Muçulmana, tanto nas eleições parlamentares quanto na presidencial.

Fizeram isso esperando que esse partido enfrentasse os acordos com o imperialismo e Israel e tomasse medidas para resolver os problemas sociais, entre eles o desemprego e os baixíssimos salários, em um pais com uma das principais economias da região e que exporta grande quantidade de petróleo.

Nesse sentido, por trás da Irmandade Muculmana estavam as massas com suas reivindicações, que poderiam levar ou a uma esquerdização mínima desse partido ou ainda a serem ultrapasados pelas mobilizações em um curto espaço de tempo, à medida em que fizessem a experiência com os limites de um govenro da Irmandade.

A liberdade de mobilização e de organização conquistada a partir da Rebelião/Revolução Democrática de 2011 trazia imensas preocupações à burguesia e ao imperialismo e por isso devia ser contida e retrocedida.

Essa tendência de retrocesso na liberdades democráticas dos trabalhadores vêm se dando em vários países e expressa o fato de que o capital em crise estrutural precisa impor níveis de exploração cada vez mais intensos e é incapaz de conceder as liberdades democráticas mínimas, pois tendem a ser utilizadas pelos trabalhasdors e jovens para questionar e ameaçar jsutamente esse padrão de exploração necessário ao capital.

Dessa forma, mais do que temer um governo da própria Irmandade, o imperialismo e a burguesia temem a mobilização popular que pode vir a ultrapassar esse partido e que assim já havia feito nas mobilizações de 2011.   

Para ganhar posições no Estado, a Irmandade, aceitou covardemente o golpe, não chamando à mobilização quando o movimento estava disposto a resistir, em meio ao processo eleitoal. Preferiu o jogo de cena que no último desenlace levou à sua completa capitulação à Junta Militar para que pudesse “assumir” a presidência, quando o poder real permanece com os militares.          

 

De fato, a Irmandade Muçulmana, não vai mobilizar a população contra o regime, pois agora faz parte dele, em posição submissa. 

O golpe pretende ir fechando gradualmente os espaços democráticos de mobilização pelas demandas populares. Resta saber se conseguirão, pois nenhum dos grandes problemas sociais que levaram milhões às ruas e às praças foram atacados. A situação social segue agravando-se. Não se pode esperar estabilidade, pelo menos por enquanto.

Assim, a situação do Egito só pode ter um desenlace positivo para os trabalhadores e a juventude pobre e desempregada se não interromperem sua luta, se conseguirem impor na prática a liberdade de organização e de manifestação que os militares devem buscar sufocar e reprimir, com a conivência da Irmandade.

Abre-se um novo período em que os trabalhadores e a juventude devem apostar no desenvolvimento de suas lutas e formas independentes de organização, dessa vez enfrentando mais diretamente o capital e seus representantes: a Junta militar e a Irmandade Muçulmana.    

 

        Abaixo o Golpe Militar!

        Fora a Junta Militar e a Suprema Corte!

        Por um governo dos trabalhadores surgido e apoiado nos movimentos e nas suas organizações de luta.

        Redução da jornada de trabalho sem redução dos salários!

        Aumento geral dos salários!   

        Ruptura dos acordos com os EUA e com Israel!