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Sexo e as Negas, de novo a mídia racista


15 de setembro de 2014

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Novamente a Rede Globo, como representante maior da imprensa televisiva no Brasil, demonstra o papel que a mídia burguesa cumpre com seu jornalismo, novelas e programas. Insiste, dentre outros aspectos de nossas vidas, em nos fazer perpetuar estereótipos em relação à população negra.

Com a série Sexo e as Negas um homem branco e da elite busca transportar para as telas o seu próprio imaginário em relação às mulheres negras. O que vivencia ele da vida real dessas mulheres nas periferias? Que artista consagrado é esse capaz de expressar a nossa essência com sua trajetória de “cala boca, Magda!” e “eu odeio pobre”? Quem é Miguel Falabella para querer contar a nossa história?

Enquanto a Rede Globo carrega dia após dia o seu racismo naturalizado e violento – em que tenta fazer a população acreditar que negrxs vivem apenas de samba, funk e cerveja e por isso são faveladxs com pouca capacidade para “se dar bem na vida” – vivemos o extermínio da população negra nas periferias pela Polícia Militar (132% a mais de assassinatos do que de brancos) e com a conivência do Estado brasileiro e de toda a mídia burguesa.

Sofremos, como parte da população negra da classe trabalhadora, como aquelxs que recebem os mais baixos salários (42,6% menor que a dos brancos), que mais pagam impostos (53,7% do arrecadado), mesmo sendo a maioria entre os 10% mais pobres no país. Enquanto que o dinheiro arrecadado desses impostos é utilizado para pagar uma dívida pública que não fomos nós que fizemos, as periferias convivem com a falta de creches, escolas e hospitais públicos e áreas de lazer. O nosso dia a dia de trabalho (geralmente em empregos precários) é árduo para sobrevivermos, estudarmos (em escolas públicas e universidades privadas) e lutarmos por uma sociedade justa!

Não, não deformamos nossa identidade! A nossa resistência histórica é por transformar essa sociedade burguesa medíocre, capaz de todo esse racismo institucionalizado e que ainda quer que o nosso corpo e a nossa voz sirvam para o imaginário e a satisfação sexual do homem branco.

Não, não aceitamos que a sexualização da imagem da mulher negra e a insistência em mantê-la “tipo exportação ou “da cor do pecado” sirvam para desprezar a nossa história de luta. Não, não aceitamos a caracterização e a caricaturização da vida real de trabalhadoras camareiras, cozinheiras, operárias e costureiras como quer a Rede Globo com as personagens de Sexo e as Negas.

Nós podemos contar a nossa história e seguiremos resistindo para construirmos uma sociedade sem classes sociais e sem exploração em que não haverá essa pseudo arte. E as criações artísticas não servirão para subjugar quem trabalha e nem para buscar perpetuar o racismo e o machismo necessários na sociedade capitalista.

A nossa luta atual por cotas proporcionais no mercado de trabalho, nos concursos públicos, escolas técnicas e universidades, por salário igual para trabalho igual, pelo não pagamento da dívida pública e aplicação desses recursos em benefício da classe trabalhadora, a denúncia e a exigência do fim do extermínio da população negra nas periferias a Rede Globo jamais vai defender. Não precisamos da mídia burguesa!

Não basta boicotar! Defendemos a cassação da concessão pública para todas as emissoras que não prestam serviços de utilidade pública, que promovem várias formas de violência e sobrevivem de perpetuar o racismo, o machismo e a homofobia próprios do sistema capitalista. Fora Rede Globo!