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Todo apoio às lutas em curso! Dia 12/06: Todos às ruas! Sem direitos, sem copa!


5 de junho de 2014

Desde o exemplo dado pelos garis do Rio, vemos importantes greves que se espalham pelo país. As mais recentes e que tem chamado a atenção foram as dos cobradores e motoristas descontentes com o acordo assinado pelo sindicato pelego e os patrões.

A essas lutas que passam por cima das direções pelegas veio se somar a greve dos professores da rede municipal de São Paulo (com manifestações a cada três dias, travando av. Paulista e acampamento em frente à prefeitura), vigilantes e rodoviários do Rio de Janeiro, professores dos Institutos Federais de Educação, técnicos administrativos das universidades e dos institutos federais, Judiciário Federal, trabalhadores das universidades públicas de São Paulo e tantas outras categorias que estão em greve ou fizeram recentemente.

São centenas de milhares de trabalhadores lutando, se tornando um dos principais ascensos de luta da classe trabalhadora brasileira nos últimos anos.

Se por um lado essas lutas são reforçadas pelos ventos das jornadas de junho, por outro representam um salto qualitativo porque colocam em movimento setores importantes da classe trabalhadora mais poderosa da América Latina.

Lutas salariais, mas que trazem outros elementos importantes, como o questionamento da política econômica vigente no país há muitos anos e também porque são movimentos que começam a questionar os pelegos.

O 15 de maio foi um momento importante deste ciclo de lutas com as manifestações contra a Copa. Passeatas, enfrentamento com a polícia, manifestações do movimento popular foram alguns dos atos que vêm acontecendo pelo país.

O movimento popular também tem protagonizado fortes lutas principalmente na cidade de São Paulo e Grande São Paulo. São várias ocupações urbanas que envolvem milhares de trabalhadores sem teto. Os atos e bloqueios de ruas e avenidas já fazem parte do cotidiano da cidade.

A juventude dá os seus primeiros passos. Os estudantes da USP entraramm em greve junto com os professores das universidades públicas paulistas. Os estudantes da UFAL lutam contra a precarização dos cursos e contra a presença da PM no campus.

Precisamos divulgar e romper o cerco e os ataques que a mídia vem fazendo a esses movimentos. É preciso disseminar todas as lutas e apoiá-las, seja por e-mail, Facebook, WhatsApp, etc. O Movimento Contra a Copa deve assumir o apoio e as pautas gerais das greves que estão acontecendo, particularmente da Educação e demais serviços públicos, pois se ligam às demandas levantadas em junho. O MPL também deve se somar!

No dia 12/06 vamos sair às ruas! Sem Direitos, Sem Copa!

A burguesia e o governo Dilma querem fazer da Copa uma ostentação e uma festa que só existe para eles, pois a grande maioria enfrenta cada vez mais dificuldades para viver. Os gastos (mais de 33 bilhões), as obras e as remoções da Copa mostram nitidamente que essa Copa é do Patrão!

Mas os trabalhadores, a juventude e os movimentos populares vamos fazer outra festa, de luta. O dia 12/06 vai marcar a abertura da jornada de protestos durante e contra a Copa e certamente haverá novas greves, ocupações, paralisações e bloqueios.

As condições de vida pioram

O aumento de vários itens básicos consumidos pelos trabalhadores, dos alugueres, o endividamento de uma parte importante dos trabalhadores, o aumento da inflação são alguns dos problemas que a classe trabalhadora tem enfrentando. Essas lutas são uma resposta a essa situação.

Além disso, os gastos com a Copa, o pagamento dos juros da Dívida Pública agravam os problemas nos serviços públicos (saúde, educação, transporte, etc), deixam poucas margens para alguma esperança de que as coisas mudem sem luta.

A corrupção continua dando as regras nas licitações, os corruptos e corruptores continuam livres. Desvia-se dinheiro público para o capital de todos os lados.

No funcionalismo público federal muitas categorias estão ou submetidas ao congelamento salarial ou tiveram aumentos menores do que a inflação. Mesmo com o quadro de greve crescendo, até agora a resposta do governo foi de que só em 2016 haverá negociações, até lá… nada…

Pelegos e burocratas se cuidem….

Uma experiência prática de luta vale mais do que milhares de palavras. É na luta prática que a classe trabalhadora faz a experiência e avança a sua consciência.

De uma “simples” luta salarial/sindical a consciência dos trabalhadores pode dar um salto. Foi assim com as campanhas salariais dos metalúrgicos do ABC em fins da década de 70 que deram impulso à luta contra a ditadura e à construção do PT e da CUT (hoje completamente adaptados a gestão do capital).

A greve dos garis no Rio de Janeiro entrou para a histórica não só pela sua espetacular vitória econômica, mas pelas lições que deixou. A pelegada tinha feito um acordo com a prefeitura, não aceito pelos trabalhadores que foram às ruas passando por cima da direção sindical e conquistando 37% de aumento salarial.

A partir dessa vitória (ensinando que a força da luta está na classe trabalhadora mobilizada) outras categorias (garis de Niterói, rodoviários do RJ e agora os de São Paulo) passam a se mobilizar contra acordos rebaixados, formando comandos de greve e elegendo seus próprios representantes para as negociações, ignorando ou rechaçando os dirigentes sindicais pelegos.

Outro elemento importante dessas lutas são que os tradicionais (e eficazes) métodos de luta da classe retornaram a cena: os piquetes de base.

A burocracia quando é obrigada a ir a greve sempre tem a preocupação de mantê-las sob controle incentivando a “greve de pijama” ou aquelas bem pacíficas, sem os piquetes para garantir o cumprimento das decisões dos trabalhadores.

Rodoviários de Porto Alegre, do Rio de Janeiro, de São Paulo; Garis do Rio de Janeiro e de outras cidades, Construção Civil de Belém, foram greves construídas pela base e com a participação de centenas de trabalhadores construindo efetivamente a greve.

Reapropriar/Revolucionar os sindicatos pela e para a classe trabalhadora

Os sindicatos são instrumentos importantes de luta para a classe trabalhadora. Historicamente construídos para lutar pela valorização da força de trabalho; hoje, nas mãos dos pelegos, muitas vezes, nem esse papel desempenham.

As lutas que ocorrem “apesar da direção sindical” têm se deparado com a falta de estrutura mínima para fazer frente às medidas dos governos e da patronal, como é o caso das medidas judiciais tentando por fim ao movimento.

Os piquetes, as greves, a disposição de luta, a experiência com o governo do PT e com a CUT, o repúdio aos dirigentes sindicais pelegos são elementos de uma nova realidade no interior da classe trabalhadora brasileira, de maneira que essas mobilizações colocam objetivamente a possibilidade do surgimento de uma nova vanguarda da classe trabalhadora que possa reconstruir as suas entidades e lutas contra a patronal.

Uma das principais tarefas que se colocam é a reapropriação dos sindicatos pelos trabalhadores colocando-os a serviço das lutas e da reorganização da classe trabalhadora brasileira.

É preciso construir movimentos de oposição sindical classistas, de luta e democráticos na base das categorias, com caráter permanente, funcionamento regular, que se reúnam periodicamente para discutir os problemas e organizar os trabalhadores para as lutas cotidianas e as campanhas salariais, e de modo a fornecer a sustentação para chapas capazes de retomar os sindicatos.

Colocamos as nossas forças a disposição deste movimento, movendo apoio e solidariedade para que se generalizem entre os trabalhadores esses aprendizados.

A Copa é só a ponta do iceberg. Precisamos lutar contra o capitalismo como um todo!

Além dos gastos com a Copa, o estado concede aos empresários isenções de impostos, crédito barato e a perder de vista, obras de interesse dos empresários, concessões de portos, aeroportos, rodovias, etc. No topo desse mecanismo de extração do dinheiro público pelo capital reina soberana Dívida Pública que anualmente consome em juros mais de 1 trilhão (mais de 40% do Orçamento Federal).

Na verdade o capitalismo em sua crise estrutural só se sustenta sugando massas trilionárias e cada vez maiores de recursos públicos, levando uma brutal piora das condições básicas de vida dos trabalhadores e da população pelo mundo afora.

Além disso, vivenciamos a destruição e desequilíbrio ambiental, o caos urbano e o retrocesso dos valores humanos mais básicos. O capitalismo está levando a humanidade à barbárie e à guerra permanente!

Assim, é preciso questionarmos o próprio capitalismo e lutarmos por outra sociabilidade.

Precisamos de uma revolução em que o poder passe às organizações de luta dos trabalhadores, em que a riqueza seja produzida em base às necessidades coletivas e em equilíbrio com o ambiente e não para sustentar a lógica do lucro. Precisamos resgatar e reatualizar a alternativa socialista!