Desde março de 2019 o Espaço Socialista e o Movimento de Organização Socialista se fundiram em uma só organização, a Emancipação Socialista. Não deixe de ler o nosso Manifesto!

Entre governo e patrão somos classe trabalhadora


13 de março de 2013

lugar.de.mulher.é.na.luta

O capitalismo, como sistema de exploração e opressão, para facilitar a sua dominação, cria na classe trabalhadora diferenciações entre sexo, cor da pele e orientação sexual. É assim para não haver união entre nós, que produzimos a riqueza.  Enquanto isso acontece a burguesia domina e vai enriquecendo cada vez mais.

Para sustentar isso – e para fazer com que nós, oprimidos, aceitemos essa condição – cria-se a ideia de que alguns são inferiores aos outros. Com isso se desvaloriza a nossa força de trabalho. E as consequências são salários mais baixos e piores condições de trabalho em relação aos outros trabalhadores, que também já ganham pouco.

O capitalismo é um sistema que, além de nos explorar, também oprime a classe trabalhadora. Procura nos tratar como coisas, que não têm direito nem de viver como seres humanos.

Toda forma de opressão é parte da exploração do capitalismo.

Essas condições que já geram muito sofrimento contam também com o machismo que nos humilha ainda mais. Ser mulher e trabalhadora na sociedade capitalista é um fardo pesado de se carregar. Somos consideradas inferiores, subestimadas, consideradas incapazes e, muitas vezes, motivos de preconceitos e piadas.

A exploração, a opressão, a posição de inferioridade (que muitas religiões pregam), o machismo, a violência (física e psicológica) a que estamos submetidas não são natural do ser humano. Tudo isso faz parte do funcionamento capitalista, para manter a nossa dominação.

LUTAR CONTRA O MACHISMO E O CAPITALISMO

Ninguém nasce machista. Isso é construído cotidianamente pelo sistema, que vai fazendo com que o comportamento das pessoas chegue ao machismo, racismo e à intolerância aos homossexuais, homofobia. Façamos diferente. É importante combater para mudar, também em casa, práticas como essas. A família com o trabalho doméstico, que não é pago, também cria situações de humilhação que contribuem para o sistema capitalista continuar nos explorando.

Para auxiliar em nossa emancipação e contra todo tipo de violência presente no sistema capitalista a mulher deve decidir sobre o seu próprio corpo em todos os sentidos, inclusive se deve ser mãe ou não, se deve abortar ou não. A obrigação do Estado é amparar com serviços de saúde pública e com qualidade. Ser contra isso (como tagarelam certos políticos, padres, bispos e pastores) significa compactuar com a morte de milhares de mulheres por falta de condições adequadas em hospitais públicos. Apegam-se na questão do aborto para não lutar por melhores condições nos serviços públicos, para continuar controlando a vida da mulher e para manter o sistema capitalista funcionando em favor dos empresários dos planos de saúde.

Pelo direito a uma vida com qualidade.

A pressão a que a mulher está submetida, a dupla jornada de trabalho, a responsabilidade pelos filhos e pela casa estão entre as causas das inúmeras doenças a que as mulheres estão sujeitas. Por um sistema de saúde público com hospitais, postos de saúde e atendimento 24 horas com qualidade.

A FUNÇÃO DA VIOLÊNCIA

Estupros, assassinatos, agressões por companheiros, morte por aborto clandestino, assédio sexual, violência psicológica, etc. são tipos de violência a que estamos submetidas. Somente em 2010 foram assassinadas 4465 mulheres no Brasil. Um aumento de 230%, muitas foram assassinadas dentro da própria casa. Já sabemos até de casos de estupros coletivos por banda de música. Veja onde estamos chegando!

A Lei Maria da Penha, que surgiu para “combater” à violência contra a mulher não é cumprida como deveria. Não temos sequer Delegacias da Mulher em todos os municípios brasileiros. Onde têm, não funcionam no final da semana e nem são abertas 24 horas. Não têm casas-abrigo suficientes. Os hospitais públicos não são preparados para receber uma mulher violentada. Os serviços de corpo de delito não têm atendimento com qualidade e preocupação com a situação da mulher.

A violência contra as mulheres é para “mostrar quem é que manda”. Assim é a sociedade machista e patriarcal. É obediente ao sistema capitalista, que precisa humilhar para poder explorar à vontade. Isso é o que está por trás, é a ideologia, das práticas de violência.

A luta contra a violência à mulher é intensa e necessária. O Estado (governo, leis, judiciário, etc.) tem que adotar medidas concretas e urgentes para garantir a vida e a proteção da mulher, além de punir, de fato, os agressores. Precisamos impor isso! Não podemos esperar! Precisamos de mulheres vivas!

UMA LUTA DE TODOS E TODAS AS TRABALHADORAS

Unir a classe trabalhadora para a luta em defesa de nossas necessidades de sobrevivência, contra o machismo e contra a opressão é uma das tarefas mais importantes que temos pela frente. Além de aumentar a nossa luta por direitos e por vida temos que lutar também contra o capitalismo, responsável pela nossa terrível situação e que somente se movimenta para lucrar, mesmo destruindo nossas vidas.

A luta é por todas as necessidades da classe trabalhadora. Mas lutamos também contra situações que atingem profundamente a mulher, como a violência doméstica e o assédio moral ou sexual.

Lutamos para que as mulheres desenvolvam uma consciência socialista nos movimentos organizados que procuram trazer mais mulheres para lutar. Não esperamos que Dilma faça algo melhor para nós! Unimos-nos, nos vários cantos do país, porque já percebemos que a situação não mudou e para conquistarmos outras e outros, que enfrentam a dura realidade cotidiana, para essa imensa luta!

DILMA É MULHER, MAS ESTÁ COM A CLASSE DOMINANTE

Para nós, o fato de o atual governo brasileiro ser uma mulher não muda nada em relação à exploração da mulher. Continua sendo um governo dos ricos. Continua com a mesma política econômica, que explora a classe trabalhadora. Mantém o pagamento da dívida pública, que retira bilhões dos serviços públicos (principalmente daqueles que deveriam atender as necessidades das mulheres) e tantas outras medidas, que pioram ainda mais a vida de quem precisa trabalhar para sobreviver.

Dilma, não governa para a classe trabalhadora, prioriza os empresários. Esse é o motivo de nossa oposição, à esquerda, ao governo. Entendemos que os movimentos de luta, feministas e por direitos das mulheres não deveriam apoiar um governo que não investe em Saúde pública, Educação pública, moradia e em tudo que nós, mulheres trabalhadoras, necessitamos para diminuirmos o nosso sofrimento.

Decidirmos o nosso lado é importante porque a burguesia tem tentado nos fazer acreditar que ao chegar uma mulher no poder tudo está resolvido, coisa impossível na sociedade capitalista. Mas o sofrimento da mulher poderia ser diminuído se Dilma governasse para a classe trabalhadora.

Não temos outra saída, somente com a luta independente das mulheres trabalhadoras, contra as medidas dos governos e dos empresários, é que manteremos algumas conquistas e conseguiremos outras.

Organizações de esquerda, ativistas e mulheres que lutam em oposição à Dilma, aos governos e aos empresários contra esse sistema não podem construir atos e atividades que buscam barrar as lutas e esconder que não se prioriza as necessidades da mulher trabalhadora. Precisamos da unidade de ação da classe trabalhadora no Dia Internacional de Luta da Mulher e em todas as lutas.

SEM DÚVIDA E SEM CONFUSÃO, SOMOS TRABALHADORAS

Em São Paulo e em outros estados a CSP-Conlutas, central sindical e popular de oposição, que conta com o Movimento de Mulheres em Luta (MML) optou em organizar marchas e atos com setores governistas, CUT e até Força Sindical, central sindical que apoia governos e empresariado (sempre dispostos a retirar os nossos direitos trabalhistas).

Em um momento de ataques do governo e da patronal para cortar direitos (que atingem mais intensidade as mulheres) e reprimir os movimentos sociais e estudantis já passou da hora de construirmos uma alternativa que dê suporte à mulher trabalhadora.

As experiências de mulheres – que se organizam para denunciar a nossa situação e exigir condições de vida e de trabalho – em vários lugares do Brasil como em RGS, Alagoas, RGN, etc. são muito importantes para essa luta. No ABC Paulista, o sindicato dos professores da rede estadual, o Renovar Pela Luta, o Espaço Socialista, a maioria do MML, outras organizações e entidades estamos considerando a necessidade de nossa unidade de ação para lutarmos contra tudo e todos que nos exploram e oprimem.

O Dia Internacional de Luta da Mulher tem que ser um dia de luta da classe trabalhadora para nos unirmos contra esse tipo de sociedade e para melhorar as nossas condições de vida. Para isso, defendemos:

Jornada de trabalho: Por mais tempo livre dos trabalhos domésticos!

1.      Redução da jornada de trabalho, sem redução do salário, sem dupla jornada e com cotas proporcionais para as mulheres negras;

2.      Divisão das tarefas domésticas entre todos os membros da casa;

Violência contra a mulher: Por uma vida digna e justa para a nossa classe!

1.      Pela descriminalização e legalização do aborto. Pela obrigatoriedade do atendimento pelo SUS e planos de saúde.

2.      A mulher deve decidir sobre o seu próprio corpo, em todos os sentidos;

3.      Apoio psicológico e políticas de inclusão ou recolocação no mercado de trabalho para as mulheres vítimas de violência doméstica, além das medidas de assistência social.

4.      Pela união civil homossexual, inclusive com direitos à adoção;

5.      Por uma sexualidade livre dos preconceitos religiosos, de raça, de orientação sexual e não submetida às imposições do sistema capitalista.

Emprego: Pela não dependência financeira que humilha e maltrata!

1.      Redução da Jornada de trabalho com salário mínimo do Dieese para todas as mães do campo e da cidade que trabalham fora, com cotas proporcionais para as mulheres negras;

2.      Carteira assinada e com todos os direitos trabalhistas a todas mulheres que trabalham em situações precárias e terceirizadas. Exemplo: estagiárias, operadoras de telemarketing, empregadas domésticas, trabalhadoras do campo, etc;

3.      Não a discriminação da mulher negra.

4.      Pela diminuição da idade de aposentaria para a mulher que trabalha fora ou dentro de casa. A mulher, da nossa classe, trabalha a vida inteira. O tempo de contribuição não pode ser um impedimento para a sua aposentadoria. Se a mulher está vivendo mais, certamente está trabalhando mais;

5.      Licença Gestante de 6 meses para todas as trabalhadoras, tempo ideal para a amamentação exclusiva, com redução da jornada após a volta ao trabalho (entrar uma hora mais tarde e sair uma hora mais cedo) para complementar com o leite materno a alimentação da criança até completar dois anos e meio.

6.      Contra o Acordo Coletivo Especial (ACE) que retirará os direitos que ainda nos restam, como o direito à amamentação no local de trabalho, como o direito ao pré-natal, etc.