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Nota sobre a eleição do DCE da UFAL – Juventude Alagoas


18 de novembro de 2014

Estudantes, nos dias 25 e 26 de Novembro, ocorrerá a votação para a eleição da nova gestão do Diretório Central dos Estudantes da UFAL, o DCE Quilombo dos Palmares. Neste texto, nós, da juventude do Espaço Socialista, apresentamos a nossa posição acerca do processo eleitoral.

Inicialmente, nós observamos que o período de campanha começou a partir do momento em que as chapas se inscreveram no período entre 13 a 24 de Outubro. Porém, pouco está se vendo de debate político na universidade. Até agora só houve um debate entre as chapas no campus de Maceió! Nesse debate, a maioria dos presentes eram os membros das chapas. Infelizmente, o debate não foi divulgado ao ponto de conseguir aglutinar muitos estudantes.

O que se tem é uma prática viciosa no ME: lotar a chapa de alunos para inscrevê-la com o maior número possível de pessoas, mas sem discutir a fundo com os estudantes as questões pertinentes à universidade. O debate e a movimentação durante as eleições servem para que os estudantes saibam discernir as propostas dos programas das chapas em disputa. Infelizmente, a pura propaganda eleitoral se sobrepôs ao diálogo com a base sobre as questões que perpassam a educação superior atualmente.

Acreditamos que, se os estudantes não conhecem o histórico político das forças que compõem as chapas, bem como se eles não participam desse momento de disputa, discutindo as pautas do movimento estudantil, há um processo eleitoral marcado pela apatia política. Afinal, do que adianta inscrever uma chapa com mais de 100 estudantes, quando apenas uma pequena parte dela compreende minimamente o que está sendo proposto em seu programa?

Diante de três candidaturas, é importante que os estudantes saibam quem é quem nessa eleição. O PC do B, através da sua juventude, a UJS (União da Juventude Socialista), forma a chapa “Viração”. Mais uma vez, este partido, o qual conduz, majoritariamente, a degenerada UNE (União Nacional dos Estudantes), coloca-se no pleito como uma novidade para o movimento estudantil. Contudo, não é preciso ir a fundo nas pesquisas, para saber que a UJS não representa nem de longe uma juventude combativa.

A UJS defendeu, sem fazer nenhuma crítica, o projeto da reforma universitária, feito pelo governo do PT. É uma corrente política de um partido governista, que não tem independência financeira, visto que recebe dinheiro do governo federal e dos empresários. É uma corrente política de um partido que fez e faz alianças com outros partidos da ordem burguesa. O apoio deles a candidatura do Collor ao Senado nessas eleições ilustra bem de que lado a UJS está. Além do mais, eles mantém com mãos de ferro o aparelhamento da União Nacional dos Estudantes. Esta que já teve um passado glorioso ao longo do período da ditadura civil-militar, mas que há tempos se demonstra corrompida e distante da base estudantil.

Portanto, nós compreendemos que a chapa “Viração” é completamente danosa ao conjunto do ME. Sua candidatura representa o que há de mais rebaixado em termos de luta discente. Pelegagem, oportunismo e despolitização são suas principais características.

A Correnteza, movimento articulado pelo PCR (Partido Comunista Revolucionário), ainda defende, através da oposição de esquerda, a disputa da UNE. O movimento foi gestão do DCE durante três anos consecutivos, mesmo só havendo duas eleições. Lamentavelmente, mantiveram a prática tão combatida por aqueles estudantes que querem romper com os vícios do ME: participação mínima nas lutas concretas, tocadas pelos centros e diretórios acadêmicos; apenas se mobilizando para levar um monte de estudante para os congressos da UNE.

Nesse sentido, o trabalho de base era desconsiderado em prol de um oportunismo eleitoreiro. Ao longo dos três anos de gestão, realizou poucos Conselhos de Entidades de Base, teve uma força de mobilização pequena durante a maior greve das IFES em 2012 e mantiveram a prática de realizar reuniões ordinárias sem divulgar amplamente o que estava sendo discutido. A preocupação da Correnteza sempre foi a de levar os estudantes “a pá e a rodo” para os congressos da UNE.

Já a atual gestão do DCE, promovida pelo PSTU, à qual estamos declarando o nosso apoio crítico nessa eleição, também não deixa de ter limitações. Porém, é a única força política com a qual compartilhamos a posição de crítica ao governo do PT e do projeto educacional por ele erigido.

Esclarecemos que as reivindicações feitas pelos estudantes que tocam o ME na UFAL, foram alavancadas não só pela gestão “Para balançar o chão da praça”, como é o caso da luta dos estudantes da Residência Universitária. As reivindicações da RUA foram articuladas pelos próprios estudantes residentes e não do DCE, nem dessa gestão, nem das anteriores.

Porém, entendemos que a gestão esteve presente nas mobilizações dos estudantes, a exemplo da luta contra a adesão do Hospital Universitário à EBSERH; na assembleia em que discutimos a instalação da Polícia Militar no campus; nos dois atos que foram feitos dentro da universidade, nos quais exigíamos uma assistência estudantil com qualidade e uma melhor infraestrutura em todos os campi; na batalha pelo novo Restaurante Universitário; no comitê dos bolsistas; também apoiaram a luta pelo transporte público para os estudantes de Arapiraca e de Palmeira dos Índios e estiveram presentes na luta dos estudantes do pólo de Santana do Ipanema, os quais reivindicavam um local apropriado para poderem estudar, visto que, até então, eles dividiam o prédio com uma escola pública.

O que é importante compreender é que todas as lutas são lutas de acúmulo do movimento e não uma conquista da gestão x ou y, ou seja, apenas de uma determinada força política. Relacionado a isso, nós pensamos que os estudantes precisam estar atentos para uma ação que é muito danosa ao conjunto do ME: o aparelhamento da entidade estudantil por parte de uma específica força política.

O DCE é um instrumento de luta, que serve para organizar os estudantes no cotidiano universitário, a fim de que as pautas sejam tocadas e debatidas da maneira mais democrática o possível. A militância partidária é legítima, mas o DCE não pode pertencer a um partido, ou seja, as pautas e reivindicações concretas do conjunto dos estudantes não podem ser subsumida às pautas do partido que porventura esteja dirigindo à entidade.

Não estamos dizendo que os problemas do ME decorram da existência da militância partidária na universidade. Muito pelo contrário! Estar organizado politicamente possibilita ao estudante ter uma atuação mais consciente da dinâmica que rege o processo de mobilização e de luta estudantil.

Contudo, é importante esclarecer que o DCE não é e não pertence à ANEL (Assembleia Nacional dos Estudantes Livres) e nem pertence à UNE. Estatutariamente, como aprovado no último ConDCE (Congresso do DCE), em 2013, o DCE não tem a obrigação de construir nem a UNE e nem a ANEL. O que está posto para o ME a nível nacional faz parte de um processo de reorganização que está em curso desde que a UNE se corrompeu, acatando às medidas do governo federal e dos megaempresários. Os estudantes têm autonomia para se organizarem nacionalmente, independente da UNE e da ANEL. Afinal, a luta pela educação pública, gratuita e de qualidade, socialmente referenciada pelos interesses da classe trabalhadora, também é uma luta que é tocada por diversos coletivos, executivas de curso e entidades de base que não estão participando de nenhuma das duas organizações.

Por fim, nós defendemos que seja construído um DCE livre, compromissado com o debate crítico sobre as condições da educação superior brasileira. O nosso apoio crítico à chapa 2, também é um convite para que os estudantes acompanhem ativamente às discussões e as deliberações que são tomadas nas reuniões do DCE. Afinal, o DCE é um instrumento de luta coletivo com muita potencialidade para instigar os estudantes a se indignarem com o que está posto para a Universidade no presente momento histórico.

Por um DCE combativo e efetivamente inserido no cotidiano dos estudantes!