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Voto nulo contra o capitalismo! Com organização de base dos trabalhadores, ação direta nas ruas e socialismo!


1 de outubro de 2014

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Nota conjunta do Espaço Socialista e Movimento Revolucionário Socialista sobre as eleições 2014

 

Nestas eleições os trabalhadores não têm candidatos que os representem. Há uma imensidão de candidatos ficha-suja, corruptos, oportunistas, vigaristas e, principalmente, exploradores! Há fazendeiros, grandes empresários, madeireiros, sindicalistas vendidos e políticos de carreira, que há tanto tempo se sustentam sendo políticos que já nem se sabe mais o que já foram um dia. Apesar de terem nomes diferentes, números diferentes e rostos diferentes, eles são todos iguais! Mudam as siglas, mas praticamente todos os partidos que se apresentam nesta eleição defendem o sistema atual de coisas, perpetuam a exploração e defendem o capitalismo, de uma forma ou outra.

Os principais candidatos à presidência – Dilma, Marina e Aécio – são sustentados pelas mesmas empreiteiras, banqueiros e patrões, e vão governar para a burguesia, contra os trabalhadores. Ganhe quem ganhar, vão aumentar impostos, cortar gastos com a saúde e a educação, implantar ataques trabalhistas e à Previdência. Todos são representantes dos mesmos interesses contrários aos dos negros, das mulheres, dos LGBTs e dos trabalhadores em geral. Todos defendem um Banco Central que segue ordens dos banqueiros.

Quando não são originários da classe burguesa, os políticos se comportam como seus funcionários, abrindo as portas do dinheiro público (dos trabalhadores) para a apropriação privada nas negociatas da corrupção. As campanhas dos políticos são bancadas por empresários, que depois de terem seus candidatos eleitos, recebem em troca rendosos contratos com o Estado.

Dentre os demais candidatos, há fundamentalistas religiosos, candidatos burgueses sem representação nenhuma e 4 candidaturas de partidos de esquerda. Mas, também estes 4 partidos, PSOL, PSTU, PCB e PCO, concorrem à presidência sem apresentar um programa claramente de ruptura com o capitalismo e com o próprio processo eleitoral e esta democracia de mentira em que vivemos. 2 destas candidaturas defendem pagar a dívida pública (PSOL e PCB); uma ganha dinheiro da burguesia e se alia ao PSDB de Aécio em Alagoas (PSOL), sendo que outra, apesar disso, apoia o PSOL de norte a sul (PSTU) e a última (PCO) sustenta a CUT, central governista e traidora.

A incapacidade dos partidos de esquerda de apresentar uma candidatura capaz de representar os trabalhadores nas eleições é consequência de algo ainda mais grave, a sua incapacidade de construir um projeto para os trabalhadores naquele que é o seu terreno, o da luta de classes. As eleições são um terreno da burguesia, em que são reciclados os dirigentes do Estado, que como diziam Marx e Engels, é o “comitê gestor dos negócios da classe dominante”. Os trabalhadores não podem contar com mudanças a partir do Estado burguês e sim da sua mobilização e luta. Os partidos de esquerda tinham como tarefa construir um projeto, um fórum nacional de lutas, um programa que unificasse as reivindicações, e que pudesse se apresentar como alternativa para os trabalhadores desde o processo das jornadas de junho de 2013. Ao fracassar nessa tarefa, a sua participação nas eleições os rebaixa ao papel de apenas buscar votos, legitimando o Estado burguês e não colaborando para a sua negação.

Ou seja, não há nenhum partido que coloque suas candidaturas como parte de um processo de educação política das massas, mobilizando os trabalhadores contra o capitalismo e a exploração e denunciando os inimigos de nossa classe, além das instituições capitalistas que nos massacram: a Justiça, a Polícia, o Congresso, a imprensa, os governos! Muito menos que faça a discussão da alternativa socialista de forma séria e a partir das necessidades diárias dos trabalhadores, cheios de dívidas, com arrocho salarial, vítimas da inflação crescente e de péssimos serviços públicos.

Apoiar as greves, lutas sociais e comitês populares de luta

Não acreditamos que as eleições sempre devam ser tratadas com o voto nulo. Ainda que sejam controladas pelos patrões, sejam somente uma simulação de democracia, que não existe no capitalismo e consistam num jogo de cartas marcadas, muitas vezes é importante que os revolucionários apresentem suas candidaturas, ou que apoiem alguma que exista. O sistema eleitoral burguês, porém, veda a possibilidade de candidaturas avulsas, e impõem restrições quase inatingíveis para o registro de novos partidos. Da mesma forma, as candidaturas da esquerda, por mais que não possam ser consideradas completamente iguais às demais, tampouco expressam a ruptura com o capitalismo, não servindo para organizar e difundir as lutas concretas levadas pelos trabalhadores.

Por isto, neste momento, de profundo descrédito com as instituições capitalistas e com um ânimo renovado de luta por parte dos explorados, defendemos um voto nulo classista e socialista! Um Voto Nulo baseado em comitês de luta, que estruturem, nos bairros, escolas e empresas a resistência contra os ataques do capitalismo.

Nosso voto nulo é oposto ao voto nulo da direita antidemocrática, ou do voto nulo alienado, que só se nega a participar da política. Nós negamos, sim, os partidos eleitoreiros, a compra de votos, as coligações sem princípios e o vale-tudo eleitoral em que os partidos hoje se afundam, incluindo os de esquerda. Mas negamos isso tudo ao mesmo tempo em que defendemos um programa alternativo.

É preciso romper com o pagamento da dívida pública (externa e interna), realizar reformas agrária e urbana radicais, sob controle dos trabalhadores; estatizar todas as empresas privatizadas e estratégicas, aumentar o salário mínimo para R$ 3 mil (mínimo do Dieese), reduzir a jornada de trabalho para 36h semanais; criminalizar a homofobia; combater também o racismo e o machismo; acabar com a PM; garantir 10% do PIB para a educação pública; nenhuma autonomia ao BC, com a estatização total do sistema financeiro, sem indenizações.

E nada disso poderá ser feito por dentro do capitalismo, nem pelo processo eleitoral. Por isso, propomos que os comitês do voto nulo, que já são o que existe de mais progressivo nestas eleições, se transformem em comitês e blocos de luta, e que se somem aos comitês de luta que já existem desde 2013, unificando as lutas populares com as lutas operárias, com as greves e com outras manifestações de luta, como a dos sem-terra e sem-teto.

Sozinho, o voto nulo não resolve coisa alguma. Como nenhum outro voto resolve. Mas é o voto nulo quem mais corresponde à luta contra a farsa da democracia burguesa e os ataques do capitalismo, como parte das lutas das jornadas de junho passado, e por um futuro sem exploração, sem preconceitos e baseado na igualdade: um futuro socialista, controlado pela base dos trabalhadores.

Espaço Socialista e Movimento Revolucionário Socialista