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Jornal 71: Por Um Voto de Classe: Voto crítico no PCB, PSTU ou Nulo de Esquerda!


2 de setembro de 2014

A partir da crise de 2008, temos visto em todo o mundo a retomada dos enfrentamentos radicalizados que são muito promissores enquanto experiências iniciais após décadas de retrocesso político/ideológico.
No entanto, esse processo ainda em seu início também é cheio de contradições e desafios. Faz com se abram espaços para a esquerda, mas também para a direita. Temos presenciado de modo até surpreendente uma onda conservadora em vários países.

Nas eleições, as massas buscam mesmo sem êxitos duradouros impor “votos-castigos” aos governantes e partidos de plantão. Esse “voto-castigo” ora vai à esquerda, mas também à direita levando muitas vezes ao crescimento inclusive de setores fascistas.

No Brasil, temos visto que os protestos de junho de 2103, adotaram a forma de “manifestações-castigo”, expondo demandas acumuladas em décadas, atingindo negativamente todos os governos e partidos, embora com muito mais força o PT por estar há anos no governo federal, por representar o contrário do que sempre defendeu e também pelos interesses da grande mídia e da direita em tomar proveito das mobilizações para capitalizá-las eleitoralmente.

Se por um lado aumentou o espaço para a esquerda, também vimos o surgimento e fortalecimento de grupos como os skinheads, o PMB (Partido Militarista Brasileiro), o PSC (Partido Social-Cristão), com o Pastor Everaldo, etc.

De lá para cá, a conjuntura sofreu mudanças e é impossível não vermos a onda de direita e dos aspectos repressivos do estado na sociedade em geral. Nesse sentido, nossa tarefa é mais complexa do que pensam alguns: por um lado devemos denunciar e combater a democracia burguesa por seu caráter limitado e de regime de dominação de classe. Mas por outro devemos defender os espaços de debate e de liberdade mínimos que a democracia burguesa foi obrigada a conceder devido às lutas de décadas anteriores, particularmente o direito de greve e de manifestação, mas também do debate das alternativas políticas para o país. Assim, nesse momento, a tática do Voto Nulo não deságua necessariamente em avanço da consciência das massas que ao ser complementada pela propaganda ou agitação política tomaria quase que automaticamente um conteúdo de esquerda.

Para além de um setor que irá votar nulo pela esquerda (setor esse que continua ultraminoritário no contingente total de votos nulos), há também um setor irá votar nulo pela direita, e que embora também minoritário, cresceu depois de junho indicando a tendência de polarização social e política. Por último há um setor, que é a maioria, que é cético, rejeita qualquer participação política, mesmo a de esquerda.

Assim, a agitação política e propaganda em torno do Voto Nulo não é uma tarefa isenta de problemas, pelo contrário guarda várias contradições práticas e ideológicas a serem enfrentadas.

Por outro lado chamar o voto nos partidos que se colocam como representações dos trabalhadores tampouco é uma tarefa simples e fácil.

1) O PSOL já passou a linha da independência de classe, tanto programaticamente, quanto pelas alianças e pela aceitação de doações de empresas. Portanto coloca-se como inviável chamar o voto no PSOL.

2) O PCO, por mais que faça um discurso à ultra-esquerda, em muitos momentos acaba atuando como 5ª coluna (auxiliar) da Articulação/PT.

3) O PSTU embora apresente aspectos importantes como o classismo, sua ligação com os movimentos sociais, etc., vem adotando um curso mais à direita, com uma intervenção rebaixada e imediatista nas eleições, não denunciando o capitalismo, a democracia burguesa e nem defendendo o socialismo em seus materiais de campanha.

4) O PCB parece o partido com uma intervenção menos problemática nas eleições, equilibrando melhor a defesa do programa socialista com uma intervenção mais profunda e qualificada. Mas do ponto de vista prático também apresenta problemas, como sua pouca ligação aos movimentos e ter chamado o Voto na Dilma no segundo turno das eleições passadas.

Ajudar os Trabalhadores a se reconhecerem como Classe também nas eleições!

Nessas eleições o centro para a esquerda deve ser intervir e se enraizar nos movimentos, combatendo a direita e ajudando os trabalhadores a reconstruir sua identidade de classe e seu projeto alternativo de sociedade.

Para isso, devemos concentrar nossos esforços nos termos das questões estratégicas colocadas atualmente e não focarmos tanto na defesa desta ou daquela candidatura ou no Voto Nulo.

Para nós, a tática que melhor possibilita levar a cabo essa intervenção seria um Voto de Classe: Voto Crítico no PCB, PSTU ou Nulo de Esquerda! Essa tática também ajudaria a dar uma coloração vermelha ao Voto Nulo.

A principal questão é conseguir estabelecer um critério de classe e socialista para disputar, mesmo em um terreno desfavorável, um setor de massas e não apenas sua vanguarda contra o ceticismo apolítico e a direita. Ao mesmo tempo dialogar com aqueles trabalhadores e ativistas que pretendam votar no PSTU, PCB como alternativa de esquerda, citando sua importância, mas também seus limites.

Assim, realizarmos a crítica dos partidos de esquerda, mas não nos colocarmos de fora do processo como os únicos que têm a verdade e não ajuda, nesse sentido, a fortalecer e unificar a classe.