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CONTRA O GENOCÍDIO DO POVO PALESTINO NAS GARRAS DO ESTADO DE ISRAEL


16 de julho de 2014

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CONTRA GENOCÍDIO DO POVO PALESTINO NAS GARRAS DO ESTADO DE ISRAEL

Há exatamente um ano, era anunciado mais um acordo de paz entre a Autoridade Nacional Palestina e o Estado de Israel. Mais uma vez os Estados Unidos apoiavam uma “negociação de paz” na região do Oriente Médio, depósito de 60% das reservas mundiais de petróleo.

Durante nove meses a partir de agosto de 2013 deveriam ser negociados os 05 pontos vitais de interesses Palestinos e Israelenses:

1) que todos os assentamentos israelenses, construídos no território palestino, fossem abandonados;

2) que houvesse a devolução da região Leste de Jerusalém;

3) que as demais terras, Cisjordânia e Gaza, tomadas em 1967, fossem reconhecidas legalmente como parte do Estado Palestino;

4) que os refugiados palestinos retornassem para suas casas;

5) que os árabes fossem responsáveis pelas medidas de controle de segurança no Vale do Rio Jordão.

Desde o anúncio do acordo, o primeiro ministro israelense Benjamin Netanyahu acusou a Autoridade Nacional Palestina de não representar a totalidade dos palestinos devido à divisão de poder entre Fatah (descendente da Organização para Libertação da Palestina e governo da Cisjordânia) e o Hamas (governo eleito da Faixa de Gaza). E mesmo com o anúncio, Israel seguiu impulsionando os assentamentos judeus em território palestino e a construção dos 760 km de barreiras com muros e arames farpados que constituem, na prática, a expansão da fronteira física sobre fontes d’água, terras férteis e mão de obra palestina.

A chamada Primavera Árabe e os diversos movimentos populares, nos países da região, obrigaram Israel e seus aliados a aceitar o início das negociações do acordo que nunca desejaram cumprir. Mas com o refluxo desses movimentos os líderes sionistas perceberam a chance de legitimar novos ataques sobre o povo palestino.

Nesse cenário, a frágil aliança entre Hamas e Fatah na construção do governo de unidade da Autoridade Nacional Palestina constituiu perigoso obstáculo. Coincidentemente, o recente sequestro de três jovens israelenses na Faixa de Gaza garantiu um tal “honrado” motivo para Israel voltar suas artilharias e bombardeios contra todos os moradores de Gaza, mesmo sem o Hamas ter assumido o sequestro e o Fatah ter anunciado que os sequestradores são inimigos da causa palestina.

A espiral de violência desencadeada pela propaganda de vingança promovida pelas autoridades de Israel, além de inspirar as tropas, serviu também para que cidadãos israelenses sequestrassem e queimassem vivo um adolescente palestino.

 

Os senhores da guerra não podem acordar a paz

Desde a primeira Intifada, em 1987 – quando jovens palestinos se armaram de pedras, paus e indignação para tomar as ruas da Palestina contra a ocupação israelense e tiveram seus ossos quebrados por soldados de Israel – até as negociações de paz de julho de 2013, muitos acordos foram anunciados, reafirmados e sumariamente descumpridos.

Em meio aos acordos há muitos desacordos, inclusive o ex-general e primeiro ministro israelense Yitzhak Rabin (apelidado de “Quebra-Ossos” por ordenar a prática de fraturar manifestantes palestinos da I Intifada) que foi assassinado por um estudante de direita contrário a qualquer acordo de paz.

Portanto, nenhuma negociação que busca manter os trabalhadores divididos entre os estados de Israel e Palestino põe fim aos conflitos na região. Pois, manter a paz não é a necessidade expressa nos acordos, mas sim conservar os interesses da burguesia e impedir qualquer levante que unifique os trabalhadores da região e do mundo árabe.

 

Acordo de paz somente entre o povo trabalhador

O surgimento do Movimento Tamarod (Rebelem-se) Palestino, inspirado na Primavera Árabe e formado por jovens árabes e judeus, impulsionou críticas e resistências tanto ao Hamas em Gaza e ao Fatah na Cisjordânia quanto à ocupação israelense. E foi um dos elementos que provocou o anúncio em junho passado da unidade entre Hamas e Fatah. O estímulo à rivalidade semeada durante décadas pelo estado de Israel e pelos Sheiks árabes já não é capaz de garantir a velha tática de “dividir para dominar”.

A Primavera Árabe deixou lições entre os mais jovens. Lições que se expressam dos dois lados do “muro da vergonha” e apontam a perigosa possibilidade de todos os explorados reconhecerem seus exploradores. Nesse sentido a juventude israelense superou o movimento dos REFUZNIKS (movimento de militares israelenses que se recusam a combater nos territórios ocupados) e anunciou em 9 de julho o movimento SERUV 2014 (Recusa). Os jovens desse movimento publicaram uma carta ao primeiro ministro israelense se recusando publicamente a prestar o serviço militar obrigatório, assumindo todas as consequências legais e real em solidariedade à luta do povo palestino.

 

Exterminar o povo palestino é o objetivo de Israel

 São mais de 600 palestinos sequestrados e presos. São quase 200 mortes (muitas mulheres e crianças), são mais de 1000 feridos com corpos mutilados e marcas profundas, queimados pelo uso do fósforo branco (arma proibida). São mais de 17 mil palestinos procurando abrigos como refugiados. Resultado da artilharia e das quase 1000 toneladas de bombas lançadas sobre Gaza.

O poder bélico de Israel, a denominação pelos EUA de grupo terrorista ao Hamas, a disputa pelo poder e pelo controle da região, a falta de unidade da classe trabalhadora têm transformado os palestinos em vítimas de um dos maiores massacres já realizados na região, sem que haja uma morte em Israel.

Israel e EUA não querem apenas dominar um território, querem exterminar o povo palestino, a sua cultura, a sua arte, a sua reprodução e a produção de riqueza.

 

A unidade da classe trabalhadora palestina e israelense é urgente

Os interesses históricos, econômicos e culturais dos povos árabes e judeus foram construídos em um mesmo território. A vida, os sonhos e os anseios cabem na região da Palestina.

A necessidade de controlar as fontes de energia e recursos naturais, a divisão do território, a imposição da criação do Estado de Israel, a instituição do assassinato, do racismo e da xenofobia criados pelo sionismo transformaram tudo em disputa de interesses para favorecer o governo israelense e o norte-americano e esse “acordo” é para manter a esse tipo de “paz”.

Para transformar a região em um território que coexista palestinos e israelenses é urgente a dissolução do Estado de Israel e a criação de um Estado laico e democrático, sem fronteiras, com a  destruição do muro e pela livre mobilidade.

Para uma vida livre da opressão somente a unidade e a solidariedade da classe trabalhadora palestina e israelense com a juventude pela construção de um acordo que possibilite transformar a realidade na região e em todo o Oriente Médio, pôr fim a exploração imperialista e capitalista para termos paz.

 

Pela suspensão imediata dos bombardeios contra o povo Palestino!

Fora Israel da Palestina, fim do Estado de Israel, por um Estado laico e multiétnico que reúna o proletariado israelense e palestino!

Pela unidade dos trabalhadores palestinos e israelenses contra a burguesia israelense!

Pelo fortalecimento das lutas da juventude contra o massacre aos Palestinos!

Pelo desarmamento das potências imperialistas e desmantelamento dos arsenais de armas de destruição em massa, nucleares, químicas e biológicas!

 

Espaço Socialista, Julho de 2014.