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Unir professores e demais trabalhadores nas lutas gerais do cotidiano – Abril/2012


15 de outubro de 2013

Este artigo foi publicado originalmente na edição nº 49 do Jornal do Espaço Socialista – Abril/2012

 

As medidas jurídicas a partir da adoção de um conjunto de decretos, resoluções e novas leis estruturaram as redes de Ensino Público no Brasil, sobretudo, no estado de São Paulo.

Enfatizamos São Paulo pelo fato de ser a matriz ou o modelo seguido por todo o Brasil.

Tais medidas têm repercutido nas escolas e nas dificuldades diárias do trabalho docente produzidas pela intensificação e precarização do trabalho, retirada de direitos e, consequentemente, altos índices de doenças do trabalho.

Tudo isso gera conflitos diários que se agravam com o ”assédio moral” e o ”autoritarismo”, sofridos pelos professores.

É evidente que se manifestam de modo desigual, pois a profissão de professores apresenta várias classificações na rede pública de ensino como efetivos, estáveis, contratados F e O. Todos com salários diferentes, embora sofrendo os mesmos problemas, após a perda da isonomia salarial. E as escolas também estão estratificadas por receberam ou não investimentos e estes serem diferenciados a critério do governo. Isto é, as que mais estão visíveis ou nos centros são privilegiadas em relação as de periferia.

Os professores têm reagido a esse projeto educacional brasileiro aplicado profundamente pelo estado de São Paulo e bastante perverso para o magistério e demais trabalhadores. Em 2011 ocorreram várias greves em vários estados. E São Paulo, em 2010, abriu esse processo com 33 dias de greve.

Os sindicatos de trabalhadores da educação pública

Primeiro, a maioria dos Sindicatos de Trabalhadores da Educação Pública são dirigidos por correntes ligadas ao governo federal – Articulação Sindical e CTB – e não questionam o projeto educacional nacional, ou seja, atuam nos estados e municípios até certo limite para não se confrontarem com a política educacional do governo Dilma.

Governos estaduais e municipais aplicam, em comum acordo, aquilo que o governo federal também defende para a Educação Pública.

Em segundo lugar, essas direções governistas têm uma atuação conservadora e burocratizada, buscam restringir a luta contra os problemas educacionais à categoria de professores, pois assim fazem com que a escola atenda a demanda da ordem capitalista em vigor sem que os demais trabalhadores participem ou questionem. Defendem uma Educação que forme e seja gerida
não mais por educadores e sim por técnicos, administradores de empresas e economistas que defendem os interesses do mercado e não dos seres humanos.

A luta dos professores é a luta de todos os trabalhadores!

 

Precisamos que os problemas das escolas públicas sejam compreendidos por todos para lutarmos em conjunto com os pais e alunos. A luta por Educação Pública, com qualidade e que atenda os interesses dos trabalhadores, não pode ser uma luta somente dos professores.
Os problemas enfrentados pelos professores das escolas públicas estão vinculados também ao descaso e a falta de investimentos nos serviços públicos.

Nesse sentido, não só os professores são afetados, mas também os demais trabalhadores e seus filhos.
Dessa forma, todos os sindicatos do funcionalismo público deveriam defender boa qualidade nos serviços públicos, com boas condições de trabalho para o servidor e que cada categoria pudesse apoiar a luta de cada trabalhador com solidariedade em greves, paralisações e reivindicações.

 

A CSP-Conlutas e a oposição precisam fazer a diferença!

Os Sindicatos dirigidos pelas maiores correntes de oposição precisam priorizar a atuação conjunta da classe trabalhadora. A Educação Pública com qualidade deve ser defendida na prática pelos sindicatos dos trabalhadores da saúde, do judiciário, Correios, dos
metalúrgicos, etc. assim como as correntes de oposição em professores devem buscar efetivamente a solidariedade entre os professores às lutas dessas e outras categorias.
A realidade nos possibilita ter uma prática diferenciada das direções governistas. Essa diferenciação tem sido de pouca expressão pelas correntes de oposição e pela própria CSP-Conlutas.
Foi assim nas greves de professores que se alastraram no Brasil em 2011. Essas lutas foram tratadas de modo fragmentado e sem a preocupação de unifica-las, sabedores de que a CNTE não faria. As dificuldades e sofrimentos de professores e alunos, diante desse
projeto educacional que necessita de decretos, resoluções e novas leis a cada dia para prejudicar os trabalhadores, são únicos no Brasil.
A direção da CSP-CONLUTAS deveria ter chamado um Encontro Nacional de Educadores para tentar apontar um rumo unitário para essas lutas ou no mínimo um Seminário Nacional para discutir a Política Educacional implantada no Brasil que é única com uma ou outra alteração na implementação pelos estados e pelo governo federal.
As Assembleias de Professores são fóruns privilegiados que nos possibilitam a defesa de propostas que diferenciam nossos objetivos do projeto dos governos e permitem que os professores, principalmente os que estão chegando, percebam que fazemos oposição e que
lutamos por um outro tipo de escola. Cada corrente que constrói a CSPConlutas, especialmente as majoritárias, têm que ter o compromisso de não vacilar nesses momentos e não cair nas armadilhas das direções governistas comprometidas em evitar as lutas.

 

Por um sindicalismo inovador e que unifique os trabalhadores!

 

A atual prática sindical no Brasil precisa de urgentes mudanças. Os desafios atuais são maiores e nos colocam a necessidade de unidade das categorias de trabalhadores na luta e na solidariedade de classe.

Quem utiliza o serviço público é o trabalhador. Qualidade nesses serviços é fundamental para uma vida menos dura.
Todos devemos defender, na prática, bons serviços públicos na Educação, Saúde, Moradia, Transporte Coletivo, dentre outros. A luta corporativa está cada vez mais fadada a derrotas.

O sindicalismo que está ao lado dos governos jamais lutará, na prática, para a redução do valor das passagens, por mais ônibus com menos passageiros, por salas de aula com menos alunos, a favor das ocupações, por mais postos públicos de saúde, etc. Estará em
constante estado de omissão quanto a aplicação de decretos, resoluções e novas leis. E continuará esperando que os Tribunais de Justiça julguem com o mais intenso rigor da lei todos os casos que saírem do controle.
Estabelecer essa relação entre a necessidade cotidianas dos trabalhadores e as lutas deve ser o papel da CSPConlutas e de todas as correntes que a compõe.

É necessária uma prática sindical que não reproduza os vícios, que combata o conformismo e que unifique as categorias de trabalhadores na luta por melhores condições de trabalho e de vida.

Nesse sentido, nossa luta deve assumir um caráter emancipatório e fraternal entre os trabalhadores! Que a Educação Pública com qualidade seja um bem comum defendido por todos e para todos os trabalhadores!