Desde março de 2019 o Espaço Socialista e o Movimento de Organização Socialista se fundiram em uma só organização, a Emancipação Socialista. Não deixe de ler o nosso Manifesto!

A luta na USP e a necessidade do combate à repressão


22 de novembro de 2011

Fogo Monteiro e Thais Menezes

Novamente o movimento estudantil ascende na USP, trazendo à tona demandas e pautas de luta que buscam não apenas garantir a liberdade de organização dos estudantes que lutam, mas também responder a atual conjuntura de intensificação das politicas de repressão e ataques aos movimentos sociais no mundo,    

Os estudantes que ocupavam desde o dia 01/11(terça-feira)  a reitoria da USP, colocaram na pauta principal das reivindicações a retirada de todos os processos judiciais e adiministrativos contra estudantes, professores e ,  e também a retirada do convênio assinado pela reitoria da USP que garante a presença da PM no campus, reabrindo assim o debate quanto ao papel da polícia enquanto instituição constituida historicamente para reprimir e controlar a classe trabalhadora garantindo a manutenção do modelo de sociedade capitalista, por meio do Estado burgues.

Exigir a retirada da polícia do campus também nos remete a um passado recente, quando nos períodos sombrios da ditadura militar estudantes e trabalhadores eram duramente reprimidos e investigados e neste contexto a instalação de bases policiais em universidades e fábricas foi um importante instrumento para a repressão. Desde o fim da ditadura militar e a reconstrução dos órgãos estudantis, professores e estudantes já tinham conseguido garantir a retirada da polícia das universidades e assim evitar investigações e dificultar a repressão politica, portanto, o convenio assinado com a PM pela reitoria da USP é claramente um retrocesso.

A ocupação da reitoria teve ainda um desfecho mais esclarecedor com a desocupação (desnecessariamente cinametográfica) da reitoria pela polícia militar e com a inédita prisão e indiciamento criminal de 73 estudantes que participavam da luta, mostrando assim um triste aspecto da conjuntura atual, que mesmo sob a égide traiçoeira da democracia burguesa não consegue esconder sua face sombria e autoritária.

Mesmo sem apresentar resistência os estudantes foram tratados com truculência durante o período em que eram detidos ainda na reitoria. Assédio moral e até agressões físicas a estudantes que nem sequer resistiam deram o tom da arbitrariedade. Enquanto eram revistados, os estudantes puderam ouvir impossiblitados de qualquer reação, os gritos da colega que era agredida/torturada fisicamente em uma sala próxima. Dentro dos ônibus/camburões que levavam os estudantes até a delegacia ofensas de todo o tipo e ameaças de toda ordem foram proferidas pelos brutamontes da tropa de choque e como se não bastasse   estudantes  foram forçados a ficar horas sentados no ônibus com a cabeça entre as pernas, posição esta que dificulta a respiração e provoca horríveis dores em toda a coluna, numa clara intenção de tortura física e psicológica.

Os abusos policiais só conseguem ser menores do que os abusos do governo do estado de São Paulo, expondo de forma ainda mais categórica o fundamento político das detenções. Os estudantes detidos assinariam até então um termo circunstaciado na delegacia e seriam liberados, porém por ordem do governador Geraldo Alkmin os estudantes foram indiciados criminalmente por danos aos patrimonio público e desobediência à ordem judicial, criminalizando assim a luta política dos estudantes.

Os estudantes passaram cerca de 24 horas como presos políticos, aprisionados nos ônibus que os trouxeram (a delegacia sequer tinha espaço para receber tantos presos) onde a falta de espaço, o forte calor, a falta de comida e água debilitaram ainda mais fisica e psicologicamente os 73 presos políticos.

Tal situação porém, não foi assistida com passividade pelos estudantes da USP. Enquanto a polícia prendia os ocupados, outros estudantes lutavam com a polícia do lado de fora da reitoria e exigiam sua imediata soltura.

Durante a tarde se organizaram novamente e marcharam em manifestação da cidade universitária até a delegacia, onde somados à familiares de vários estudantes presos, exigiram em um ato maravilhoso a soltura de todos os companheiros durante quase 15 horas, boa parte em pé, debaixo de Sol forte, sem comida e água.

Na USP uma assembleia estudantil se constituiu durante a parte da tarde e mostrou a força que o movimento acumulou neste período, reunindo mais de 3 mil estudantes que mostraram combatividade e solidariedade, ao votarem pela greve geral e unanimemente votarem como uma das reivindicações pricipais a retirada de todos os processos criminais e administrativos contra os presos pela repressão.

A campanha movida pela mídia burguesa, que busca desmoralizar a luta movida pelos estudantes da USP, apresentando-os como “maconheiros”, ou ainda como “bichos-grilo mimados” nada mais é do que um esforço desesperado para tentar esconder a realidade das universidades públicas do país e a luta dos estudantes contra seu sucateamento e privatização.

Não têm sido veiculado na imprensa as lutas que estes estudantes e professores travam ano após ano pela abertura de mais vagas, pela construção de mais universidades públicas para os trabalhadores, por uma estrutura adequada de ensino, contra o ensino à distância, por cotas raciais, contra a homofobia e contra toda forma de opressão.

A luta dos estudantes da USP deve inserir-se no quadro geral da repressão a estudantes e trabalhadores pela qual a burguesia vem buscando garantir seus lucrosl. Deve sensibilizar lutadores e lutadoras de todo o país, chamando para a luta estudantes e trabalhadores em unidade contra os ataques do capital e contra a política autoritária que novamente vêm se instaurando em nosso país.

 

  •    Todo apoio aos estudantes/lutadores da USP
  •  Revogação imediata do convênio USP-PM
  • Fim de todos os processos administrativos e judiciais contra estudantes, funcionários e professores
  •  Não a criminalização dos movimentos sociais
  •  Fora Rodas! Por uma gestão democrática na USP! Por uma forma democrática de eleição da direção!
  •    Não aos projetos de privatização nas universidades públicas!
  •  Por uma sociedade sem exploração, sem repressão, sem polícia, sem classes sociais; por uma sociedade socialista

FORA PM DO CAMPUS E DO MUNDO!!!