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O método autoritário – Pedro Guerra


10 de outubro de 2011

 Este texto é uma contribuição individual, não necessariamente expressa a opinião da organização e por este motivo se apresenta assinado por seu autor.


O método autoritário

Camaradas, num ambiente democrático e aberto à reflexão, como o é o ESPAÇO SOCIALISTA, pretendo, com toda modéstia, traçar os aspectos mais comuns da prática autoritária. Pensei numa temática constante, ainda mais para nós, mulheres e homens da esquerda revolucionária: o autoritarismo. Vamos lá. Não seria fácil conceituar e fazer todas as necessárias referências históricas, contudo se fazem suficientes alguns traços bastante marcantes: agressividade contra a democracia, repúdio à reflexão crítica e o nacionalismo exacerbado. Eventualmente, ainda o autoritarismo pode se valer do clamor religioso, arrogando-se o cumprimento da vontade de Deus. Está armada, assim, uma das mais infelizes práticas sociais, cuja incidência, para nossa tristeza, se reproduz continuamente. Em sua crítica à democracia, o autoritarismo reclama da desordem, ausência de hierarquia e disciplina perpretadas na democracia. Ouvem-se críticas ao estilo “na democracia, tudo é bagunça e as pessoas discutem eternamente, sem solução prática para nada”. Como numa democracia se vive o respeito à pluralidade de ideias, fazem-se necessárias reuniões e discussões, acarretando conflitos de ideias, o que é precipitadamente alcunhado de desordem. Mas não o é. A democracia, permitindo-me uma metáfora, não são límpidos céus, mas sim os enérgicos ventos do exercício do poder popular. Ainda se testemunham ataques como “na democracia, as pessoas não respeitam as autoridades!” Ora, a soberania legítima é do tipo popular, de maneira que a verdadeira relação entre povo e autoridade pública é aquela em que esta última se submete ao primeiro e não ao contrário. Outra característica típica do autoritarismo é seu antiintelectualismo, ou seja, seu repúdio à crítica social e seu elogio à prática sem reflexão. Zela-se o saber técnico-profissionalizante, prático e imediatista, renegando-se a importância das leituras filosóficas questionadoras. Suas falas são do tipo “filosofia não serve para nada, pois não cai no vestibular!” ou ainda “só quero saber dos assuntos que usarei na minha profissão!”. Certo é que existem conhecimento práticos essenciais e indispensáveis ao mundo, no entanto, rejeitar os saberes humanizadores esteriliza a possibilidade de amadurecimento político-democrático, ensejando práticas autoritárias. Ainda, é bastante comum o ufanismo, isto é, o patriotismo exagerado, sendo usual se ouvir a exclamação “meu país acima de tudo!”. Ora, diletos leitores, justamente governos que sobrepõem interesses particulares aos das demais nações faz com que, por exemplo, exista a arrogante ingerência estadunidense em outros países. Deve haver harmonia nas relações internacionais e não interesses de uns “acima de tudo”. Numa próxima oportunidade, pretendo desenvolver mais e melhor tais reflexões. Até lá.

Pedro Guerra é militante do Espaço Socialista